Paul Finelli, roteirista que nunca teve uma obra adaptada por algum
estúdio de Hollywood, escreve em 2010 outro roteiro, dessa vez sobre a morte do
líder da Al-Qaeda Osama Bin Laden. Roteiro que tinha tudo para ser engavetado.
Até que, um ano depois, Paul Finelli assistiu perplexo na TV as imagens da
morte de Bin Landen por SEALs da Marinha dos EUA no Paquistão. A narrativa dos
eventos era quase um espelho do seu roteiro. A realidade imitando a ficção foi o
início da produção do filme “Harodim: Olhe Mais Perto” (2012), uma produção
austríaca do Terra Mater, estúdio que afinal se interessou pelo roteiro de
Finelli. O líder terrorista mais procurado do mundo é capturado e levado por um
ex-especialista em black-ops da Inteligência dos EUA para um lugar desconhecido
no metrô de Viena. Lá assistimos a uma hora e meia de interrogatório onde serão feitas aterrorizantes revelações sobre
fatos da história recente desde os atentados do 11 de setembro nos EUA. E que
há forças por trás da nossa vida ordinária que estão muito além do
livre-arbítrio. Filme sugerido pelo nosso leitor Romeu.
Paul Finelli é
um roteirista que passou vários anos trabalhando em Los Angeles. Apesar de
várias sondagens, nenhum dos seus roteiros acabou adaptado por algum estúdio de
Hollywood. O que o levou a se mudar para Pittsburg, Pennsylvania.
Lá, em 2011,
Finelli experimentou um verdadeiro evento sincromístico: assistiu na TV a
notícia da morte de Osama Bin Laden por forças americanas especiais no
Paquistão. O que o abalou é que a notícia aproximou-se da narrativa de um
roteiro escrito por ele em 2010 – era quase um espelho dos fatos relatos pela
mídia. Para ele, o roteiro dos episódios traumáticos de 09/11 precisava de um
fechamento emocional depois de uma década e, por isso, escreveu um roteiro
sobre isso.
Para Finelli, a
coisa mais assustadora foi ver no noticiário a ficção sendo materializada
através da ação dos SEAL da Marinha naquela operação de busca de Bin Laden.
Antes disso
Finelli tinha feito uma ponta no filme The Breath of Heaven (2010) do
cineasta austríaco Reïhold Bilgieri. O que fez conhecer o produtor Thomas
Feldkicher da Terra Mater Studios. Sob esse impacto sincromístico (a
“coincidência” entre a realidade e a ficção), Fedkicher topou produzir o
roteiro de Finelli de 2010 e rodar o filme Harodim (2012).
O filme Harodim
poderia facilmente entrar na lista de mais uma teoria da conspiração sobre os
eventos que cercaram os atentados de 2001 nos EUA. Porém, o que torna o filme
atual e obrigatório são as denúncias do ano passado feitas pelo jornalista
ganhado do Prêmio Pulitzer Seymour Hersh de que a morte de Bin Laden não foi
alvo de uma operação arriscada e secreta, mas de uma execução fria com a
colaboração entre EUA e Paquistão, país onde o terrorista estava escondido há
cinco anos – sobre isso clique aqui.
O que se
aproxima da narrativa de Harodim: Bin Laden teria sido útil no “trabalho
Interno” de 09/11 para reconfigurar a política internacional pós-Guerra Fria –
a implementação em escala global da ameaça do “terrorismo internacional” com o
fim do bicho-papão da URSS e do Comunismo. Sadam Hussein teria sido um ensaio
dessa nova estratégia durante a Guerra do Golfo, em 1991. Quando Al-Qaeda e Bin
Laden deixaram de ser úteis, foram friamente eliminados. Hoje temos a ameaça do
ISIS.
O Filme
Para evitar que
Harodim terminasse como mais uma obra na lista das teorias da conspiração,
Finelli evitou seguir a linha documental com uso exclusivo de notícias e imagens de
arquivos. Para a ideia do filme funcionar, a narrativa deveria ser convincente
de outra maneira. Em uma linha que apagasse a fronteira entre realidade e
ficção e acusar a mídia utilizando o seu próprio material jornalístico.
Por isso,
Finelli preferiu a linguagem live action, uma forma mais humana e ao
mesmo tempo metafórica. A narrativa se desenrola como fosse uma peça de teatro,
confinado em um local (uma sala no subterrâneo do metrô de Viena), onde os
personagens interagem criando uma sensação de intimidade. Mas, ao mesmo tempo,
mediado por imagens documentais e midiáticas da história recente.
Lazarus Fell
(Travis Fimmel) é um ex-SEAL da Marinha, um expert em operações secretas (black-ops) e que
busca vingar o seu pai, Salomon Fell (Peter Fonda) que pertencia a Inteligência
militar dos EUA, presumivelmente morto no atentado ao WTC em 2001.
Lazarus
abandonou a Marinha, filhos e esposa, simulando sua própria morte, para dedicar
a sua vida na busca do líder da Al-Qaeda que planejou os atentados: o
Terrorista (Michael Dessant) – a narrativa sugere implicitamente que o
Terrorista seria o próprio Osama Bin Laden, após submeter-se a uma cirurgia
plástica, tornando-se irreconhecível para os seus propósitos de fuga.
Após mais de dez
anos de busca, Lazarus consegue capturar o Terrorista para leva-lo a um quarto
subterrâneo em algum lugar no metrô de Viena. Lá o interrogará para descobrir
toda a verdade, gravar um vídeo desse interrogatório enquanto torce para que
seu prisioneiro fuja para ter o pretexto de matá-lo.
Mas se a agenda
de Lazarus é a vingança, para o Terrorista é tentar convencer ao seu algoz que
ele nada mais foi do que um peão sem vontade nas mãos de sociedades secretas
cujo poder emanaria da política e do mundo das finanças internacionais,
responsáveis por eventos desde o
incêndio no Reichstag de 1933 (que levou Hitler ao poder) passando pela Guerra
Fria, Al-Qaeda e aquecimento global.
Para o
Terrorista o tempo está esgotando: se a sua morte não for pelas mão de Lazarus,
será pelas mãos dessa elite que constrói a Nova Ordem Mundial. Por isso o
espectador assiste a uma hora e meia de diálogos intimistas, argumentações,
exercício de lógica e retórica onde Lazarus perplexo ouve as revelações e as
comprova ao hackear arquivos da Inteligência norte-americana em seu laptop.
A jornada pela busca da Verdade
O que torna a
narrativa do filme interessante é que a jornada em busca da verdade de Lazarus
é também a viagem do próprio espectador. Ele representa uma espécie de pureza e
inocência (bom filho e obediente que busca vigar a morte presumida do pai e
revelar a verdade ao mundo através da sua gravação) diante da terríveis
revelações de uma elite onde os fins justificam os meios.
A queda das
torres gêmeas sacrificando milhares de almas, guerras bélicas e biológicas com
o propósito de eliminar 80% da população mundial para proteger o planeta da
explosão populacional (para a elite, a verdadeira causa do aquecimento global e da crise energética é a explosão populacional) etc. , demonstram que os maiores males da História foram
perpetrados por homens que viram um suposto bem maior. E que por trás de cada
ação para realizar esse bem, estava a violência, o hediondo e o cruel.
Como próprio
diretor afirma, ele não é um teórico da conspiração. Embora o título do filme,
“Harodim” seja um termo maçônico que designava os supervisores e
superintendentes dos trabalhos durante a construção do Templo de Salomão, ou
seja, os Oficiais Superiores de uma loja maçônica.
O seu propósito
com o filme é fazer o espectador rever esse modus operandi presente em
toda História humana: os maiores crimes são sempre praticados em nome de ideais
nobres. Aliás, ideais que sempre foram meros pretextos para um objetivo muito maior do que dominar corações e mentes: para as pesquisas em Parapolítica, dominar as almas com a aproximação do mundo etérico (o "Umbral") com o mundo terrestre através da qual falanges do mundo espiritual disporiam mais energias para-psíquicas para submeter o astral da humanidade - sobre isso clique aqui.
Além disso, o filme pretende fazer o espectador pensar o quão simplista e conveniente é a visão da História passada pelos meios de comunicação.
Além disso, o filme pretende fazer o espectador pensar o quão simplista e conveniente é a visão da História passada pelos meios de comunicação.
Osama Bin Laden: ficção e realidade
Daí a ideia de
tornar o personagem ambíguo: a sua
trajetória narrada no filme (de uma família rica saudita, educado em
universidades ocidentais e com negócios no setor petrolífero e de armamentos
com famílias de magnatas norte-americanos) é parecida com a suposta vida de
Osama Bin Laden. Aliás, segundo o
próprio diretor, em suas pesquisas nada encontrou de real em Bin Laden. Não
havia nenhuma indicação de qualquer ser humano real por trás de qualidades
quase supra-humanas, sejam de habilidades ou de crueldade.
Por isso, Paul
Finelli propõe um interessante jogo para o espectador: a partir de um
personagem ficcional convertido em monstro mitológico pela mídia, encontrar
nele alguma humanidade paradoxalmente em um personagem de uma obra , a
princípio, de ficção.
Dessa maneira, Harodim
transita o tempo inteiro entre os gêneros Thriller e Documentário. O filme
cruza totalmente a classificação por gêneros: parte do evento real de 11 de
setembro de 2001, entrelaçando com a vida de três personagens fictícios
permeado com imagens de arquivo de telejornais e documentários.
Harodim é mais
uma obra que é o sintoma de uma sociedade que desconfia de si mesma. Um filme
que pode ser facilmente estereotipado como “teoria da conspiração” da linha de
produções como Zeitgeist, JFK de Oliver Stone ou Anjos e Demônios.
Mas se toda
ideologia teve o seu momento de verdade, as teorias da conspiração não podem
ser simplesmente descartadas como mentira ou delírio. No mínimo, é o sintoma de
uma íntima desconfiança gnóstica de que a vida cotidiana é governada por forças
que vão além do nosso livre-arbítrio.
Ficha Técnica |
Título: Harodim:
Olhe Mais Perto
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Diretor: Paul Finelli
|
Roteiro: Paul Finelli
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Elenco: Peter Fonda, Michael Dessante,
Travis Fimmel
|
Produção: Terra Mater Factual Studios
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Distribuição:
Terra Mater Factual Studios
|
Ano:
2012
|
País:
Austria
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