quinta-feira, junho 28, 2018
O Mal está na crueldade cotidiana no filme "Experimentos"
quinta-feira, junho 28, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A velha questão permanece: como são possíveis holocaustos e genocídios,
sistemática e profissionalmente organizados seja na guerra ou em sistemas
metódicos cotidianos? Quem são essas pessoas que executam as ordens? Burocratas
que apenas obedecem superiores ou monstros frios e maus? No filme
“Experimentos” (“Experimenter”, 2016), sobre os célebres experimentos sobre
autoridade e obediência realizados pelo psicólogo social Stanley Milgram em
1961, a resposta é paradoxal: nem uma coisa e nem outra, intuiu Milgram. Para
entender o jogo da autoridade que cria ilusões, somente criando uma outra
ilusão: uma experiência de simulação no qual o voluntário era colocado em um
dilema moral – é possível obedecer ordens mesmo que confrontem convicções
íntimas? “Experimentos” mostra como o insight gnóstico muitas vezes está
presente na Ciência: a ilusão pode definir um cenário no qual a verdade pode
ser revelada – a “banalidade do mal”, que é mais cotidiana do que podemos
imaginar.
domingo, junho 24, 2018
Neymar + efeito Heisenberg = outro ovo da serpente chocado
domingo, junho 24, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Observe leitor a fotografia que abre essa postagem. Ela poderá explicar
bastante o futuro que talvez esteja reservado para a Seleção brasileira nessa
Copa. A imagem mostra Neymar Jr. correspondendo às câmeras em um flagrante do
chamado “efeito Heisenberg” midiático – o jogador tenta criar algum tipo de empatia
após desfilar, nos minutos anteriores ao achar que estava tudo perdido,
arrogância e xingamentos que sobraram até mesmo para o próprio capitão do time,
Thiago Silva. O mesmo efeito Heisenberg (no qual a mídia transmite nada mais do
que os próprios efeitos que ela cria ao cobrir eventos) que levou o Brasil às
cordas frente à Alemanha em 2014 (choros, hinos a capela, etc.), agora leva
sincronicamente o dublê de técnico e pastor motivacional Tite e o astro Neymar
Jr. ao chão: um tropeço e logo depois o choro como marcas publicitárias. Assim
como muitos outros ovos de serpente chocados nos anos de neodesenvolvimentismo
dos governos petistas, Neymar Jr. é mais um. Com a leniência da grande mídia e
do mercado publicitário.
sexta-feira, junho 22, 2018
Em "Rebirth" a liquefação das seitas no marketing e nas empresas
sexta-feira, junho 22, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A produção Netflix “Rebirth” (2016) é mais uma dentro da recente onda
de filmes sobre seitas ou cultos. Aos fazer constantes alusões a clássicos como
“Vidas Jogo”, “Clube da Luta” e à série “Black Mirror”, o filme em alguns momentos
torna-se previsível. Mas a grande virtude de “Rebirth” é mostrar como na
atualidade as seitas estão se “liquefazendo” – deixam de serem exclusivas a
grupos sectários místicos ou religiosos para se tornarem ferramentas
motivacionais nas empresas, marketing e estratégia de vendas. Técnicas de
manipulação como “breaking sessions”, “temor e intimidação”, “controle do
tempo”, “love bombing” etc. integram-se ao cotidiano de empresas e marketing de
rede. Enquanto assistimos na TV notícias sobre líderes malucos que levam grupos
ao suicídio, sem sabermos podemos estar trabalhando agora mesmo em uma seita.
domingo, junho 17, 2018
Terço abençoado pelo Papa faz agência de checagem Lupa exigir "Deus ex-machina"
domingo, junho 17, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Parido pela guerra híbrida (que em uma das suas etapas criou a base
etnográfica de jovens neoconservadores através da confluência entre mídia e
universidades privadas), o jornalismo hipster costuma reciclar velhas ideias
por meio de eufemismos embalados em high tech. Agora é o “hip” das fake news e “agências
checadoras”, com nítidos conflitos de interesses, sob o frisson de algo tão
antigo quanto o jornalismo: as notícias falsas. A polêmica criada pela Agência
Lupa em torno de um prosaico terço benzido pelo Papa Francisco para ser
entregue a Lula revelou o quanto são arbitrárias as “etiquetas de checagem”
supostamente técnicas e objetivas. Quando colocadas em xeque por desmentido de
um site de notícias do Vaticano, a Lupa recorreu a um quase literal “Deus ex-machina”
(velho truque de roteiros de cinema mal feitos): “então, que o Vaticano ou o
próprio Papa façam um “posicionamento oficial” para que a agência ponha a
etiqueta “Verdade!”, exigiu a agência em
esclarecimento. Mesmo preso, Lula ainda não sai da cabeça da Direita. Porque
algo falhou na narrativa imposta pós-impeachment: não foi entregue o
crescimento econômico prometido. Resta à grande mídia requentar um prato frio: mais uma vez bater em Lula.
E ensaiar uma nova forma de censura à mídia independente.
quinta-feira, junho 14, 2018
Copa do Mundo na Rússia enfia grande mídia em dupla saia justa
quinta-feira, junho 14, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Definitivamente essa é uma Copa
do Mundo curiosa: a grande mídia está nesse momento lidando com uma dupla saia
justa. De um lado, o risco de humanizar demais os russos. Afinal, tanto o
cinema como o jornalismo os celebrizaram como “RAVs” (Russos, Árabes e Vilões
em geral) – terra dos soviéticos, comunas, terroristas e hackers que mudam
resultados eleitorais de outros países. Como cobrir a Copa, evitando que eles
pareçam gente como a gente? E do outro lado, o recorde de desinteresse dos brasileiros
com o evento, divulgado pelas últimas pesquisas. Ainda o rescaldo do tiro no pé
do “Não vai ter Copa!” de 2014 e numa situação em que os brasileiros estão
pensando muito mais na própria sobrevivência. Por isso, assistimos ao esforço em
vinhetas e chamadas na TV para didaticamente tentar ensinar ao brasileiro que ele
é torcedor! E promover os jogadores (tão “alienígenas” quanto os russos) a
modelos mérito-empreendedores de sucesso para motivar a massa deprimida a sair
do buraco.
quarta-feira, junho 13, 2018
Cinegnose discute bombas semióticas e guerra híbrida na FACIP/Universidade de Uberlândia
quarta-feira, junho 13, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Na noite da última quinta-feira, 07/06, no Anfiteatro I do Bloco B da Faculdade
de Ciências Integradas do Pontal/UFU – Universidade de Uberlândia – este humilde
editor do “Cinegnose” ministrou a palestra de abertura do Curso “O Golpe de
2016 e o futuro da democracia”. “Guerra Híbrida e Bombas Semióticas” foi o tema
discutido depois que esse blogueiro estoicamente enfrentou o pânico de avião. A
contribuição que a Semiótica e as ciências da comunicação podem dar como
ferramenta para dissecar a ação da grande mídia na guerra híbrida e as
detonações das chamadas “bombas semióticas” que transformam opinião pública em “clima
de opinião”. E também como referência para ações anárquicas anti-mídia, tendo
em vista a centralidade da grande mídia e da judicialização da vida pública
brasileira.
domingo, junho 10, 2018
Mulheres com testosterona demais para fazer Ciência em "Aniquilação"
domingo, junho 10, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O que de imediato é notável em “Aniquilação” (“Annihilation”, 2018) é o
elenco de protagonistas totalmente feminino e alusão à ficção científica
soviética de “Stalker” do mestre Andrei Tarkovsky. Mas estamos numa produção
hollywoodiana de um estúdio traumatizado com o fracasso do filme “Mãe!” no ano
passado – uma reflexão gnóstica e metafísica fora da curva. Por isso, o que era para seguir uma reflexão
metafísica (a queda de um meteoro cria uma área de distorção magnética e
biológica que se expande), resultou em um sci-fi com mais armas e militares do
que Ciência e Filosofia. Um grupo de cientistas forma uma expedição para tentar
desvendar o enigma da “Cintilação”. Mas elas passam a maior parte do tempo
dando tiros. Mulheres com testosterona demais para fazer Ciência.
quarta-feira, junho 06, 2018
Editor do Cinegnose abre curso sobre "Golpe de 2016" na Universidade Federal de Uberlândia
quarta-feira, junho 06, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Este
humilde blogueiro fará nessa quinta-feira, 07/06, a palestra de abertura do
curso “O Golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil” na Universidade
Federal de Uberlândia (UFU), Campus Pontal, em Ituiutaba, Minas Gerais.
O tema será “ “Guerras Híbridas e
Bombas Semióticas midiáticas: por que aquilo deu nisso?". O evento começa às
19 horas no Anfiteatro I, Bloco B, FACIP/UFU.
O evento não será
transmitido ao vivo. Porém, será gravado e disponibilizado posteriormente on line. Tão logo seja disponibilizado,
o Cinegnose divulgará o vídeo para os
leitores.
A palestra
A palestra pretende descrever como foi possível uma ação midiática organizada ter não só
desestabilizado um governo para jogar o País numa surreal crise política, mas
também ter envenenado psiquicamente a esfera pública de opinião, travando o
debate político racional pelo ódio e intolerância.
Através da articulação dos conceitos de “Bomba Semiótica” e
“Guerra Híbrida” podemos entender os momentos em que a grande mídia nacional
interveio politicamente, desde o golpe militar de 1964 até os atuais movimentos
táticos da Guerra Híbrida. Como se forma uma engenharia de opinião pública e as
possíveis táticas de “guerrilha antimídia”.
Os efeitos socialmente letais daquilo das “bombas semióticas” dentro de
uma guerra geopolítica mais ampla – a “Guerra Híbrida”, nesse momento
impactando o contínuo midiático nacional e por trás das diversas “primaveras”
que rondaram o planeta nos últimos anos.
E também uma avaliação das oportunidades de contra-hegemonia perdidas e
a possibilidade de uma guerrilha semiótica anti-mídia. Mas, principalmente,
entender: afinal, por que aquilo deu nisso?
Para acessar a programação completa do curso, clique
aqui.
domingo, junho 03, 2018
Curta da semana: "The Cut-Ups" - o filme que fez pesoas fugirem desorientadas do cinema
domingo, junho 03, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Esse curta metragem é para cinéfilos aventureiros e corajosos. Numa
parceria entre o escritor norte-americano “beatnik” William Burroughs e o
distribuidor de filmes de terror B Anthony Balch, o curta “The Cut-Ups” (1966)
foi exibido por duas semanas em Londres naquele ano, causando uma
“desorientação de sentidos” na plateia pega de surpresa. Pessoas corriam da
sala de projeção largando seus pertences, com sensações de náusea, nojo e desorientação.
Burroughs conhecia a técnica dadaísta do “cut-up” (recorte) de justaposição
aleatória de recortes. Então, o escritor resolveu aplicar em outras mídias como
fitas de áudio e cinema. Para ele, a
técnica (muito usada depois por compositores do rock como David
Bowie) ajudaria a nos libertarmos das formas de controle da linguagem que nos
tranca em formas tradicionais de pensamento. Seria a saída para uma questão
semiótica: se o que chamamos de real é apenas o signo do real, o que existe lá
fora, para além dos signos?
sábado, junho 02, 2018
Toda a democracia que o dinheiro pode inventar em "Terra Prometida"
sábado, junho 02, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Era para ser mais uma operação comercial de rotina: convencer os
moradores de uma pequena cidade a venderam suas terras para uma grande
corporação extrair gás natural sob a cidade, por meio de uma técnica de alto
risco ambiental. Mas tudo se complica quando um professor mostra para os
moradores evidências de catástrofes ambientais ocorridas anteriormente: envenenamento do
gado e das águas. E para complicar, chega na cidade um ativista ambiental que
rastreia as atividades escusas da empresa. Além disso, a tensão cresce com a
proximidade do dia da eleição na qual os moradores devem decidir se aceitam a
oferta de compra. “Terra Prometida” (Promised Land, 2012) de Gus Van Sant
discute até que ponto a opinião pública se confunde com propaganda – as
modernas estratégias de engenharia de opinião pública na qual as grande
corporações têm gigantescos interesses financeiros. Muito dinheiro para ficarem
à mercê do imponderável dos resultados eleitorais. Quanto dinheiro é necessário
para simular uma discussão pública e democrática? Confrontado com a atual crise
política brasileira, fruto da guerra hibrida e geopolítica do petróleo, “Terra
Prometida” dá no quê pensar...
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