segunda-feira, outubro 31, 2016

A Guerra Total de Donald Trump, UFOs e o hoax "Operação Firesign"


Aproveitando-se do impacto do dilúvio de e-mails liberados pelo “Wikileaks” em outubro (muitos dos quais associados ao tema UFO) e pelas declarações de Hillary Clinton de que o Governo liberaria informações sobre a questão ufológica, Donald Trump partiu para a típica estratégia Smart Power de guerra total: um documento intitulado “Programa de Salvamento” produzido por uma empresa de Inteligência e estratégia dos EUA, supostamente vazado pelos hacker ativistas “Anonymus” e viralizando na Internet,  prevê cenários de False Flag que permitiriam suspender as eleições. Um deles, seria a “Operação Firesign” criada pela NASA – por meio de hologramas 3D projetados na alta atmosfera simular uma invasão extraterrestre. Na verdade, plágio explícito de um episódio da série “Star Trek: A Nova Geração”. Tudo parece bizarro e risível, não fosse parte da tendência da “Smart Power” na Política atual – tornar crível ou ambíguo e viral estratégias políticas por meio de narrativas ficcionais da indústria do entretenimento. Por todos os lados vemos a chegada da estetização midiática da política. No Brasil, Doria Jr., Crivella, Temer etc., todos baseados em personagens e narrativas de entretenimento.

domingo, outubro 30, 2016

Curta da Semana: "How to Make A Nightmare" - De onde vêm os pesadelos?


O Halloween está chegando, uma data festiva criada midiaticamente a partir da matéria-prima dos nossos pesadelos. E de onde eles vêm? Do inconsciente? Ou... alguém ou alguma coisa os produz para ao mesmo tempo se alimentar do nosso medo e nos manter “na linha” nesse mundo? O curta “How To Make A Nightmare” (2014) pretende abordar essa questão. O curta é mais uma evidência de como a sensibilidade gnóstica vem transformando gêneros como o terror e ficção-científica – se esses gêneros foram tributários do viés da psicanálise freudiana, nos últimos tempos tudo está mudando: sonhos e pesadelos não são mais produtos do inconsciente mas agora construções elaboradas por alguém que não nos ama.

sábado, outubro 29, 2016

Não há fronteiras entre vivos e mortos em "Cemetery of Splendour"


Soldados em uma pequena cidade na Tailândia sofrem de uma estranha doença do sono. Todos estão em uma enfermaria ligados a máquinas que ajudam a ter “bons sonhos” – máquinas supostamente usadas pelo exército dos EUA no Afeganistão. Voluntários e uma sensitiva tentam se comunicar com os soldados para compreender essa estranha narcolepsia. Enquanto uma empresa de cabeamento escava buracos no entorno do hospital, a sensitiva descobre que séculos atrás o local foi cenário de sangrentas batalhas que ainda não terminaram no mundo espiritual: se perpetuam e sugam a energia dos vivos. Esse é o filme “Cemetery of Splendour” (2015) do diretor tailandês Apichatpong Weerasethakul cuja filmografia é permeada pelos temas sobre vidas passadas, reencarnação e memórias. Passado e futuro se misturam até questionarmos as fronteiras entre os vivos e os mortos, seja no dia-a-dia, seja até na política.

sexta-feira, outubro 28, 2016

O bizarro show da abertura do túnel suíço: sintoma da cultura do narcisismo


A bizarra e polêmica cerimônia de inauguração do Gothard Base Tunnel (o maior túnel ferroviário do mundo ligando Suíça à Alemanha) está rendendo comentários aqui no blog. O “Cinegnose” interpretou o evento pelo viés do “Sincromisticismo” e do “ecumenismo pós-moderno”. Nosso leitor Wilton Cardoso propôs mais uma interpretação, dessa vez associando a um sintoma psíquico da atual sociedade de consumo: a chamada “Cultura do Narcisismo”, tese do norte-americano Christopher Lasch – haveria uma linha de continuidade entre o pastiche religioso-mítico-ocultista da cerimônia do túnel suíço e o pastiche de produtos como “Harry Potter”, “Senhor dos Anéis” etc.

quarta-feira, outubro 26, 2016

Bizarro show da abertura de túnel na Suíça: Satanismo? Illuminatis? Ou evento sincromístico?


Depois de 17 anos de construção do túnel ferroviário mais longo do planeta que atravessa a base dos Alpes suíços, ligando aquele país à Alemanha, foi inaugurado no dia 01 de junho desse ano o “Gotthard Base Tunnel”. A cerimônia foi transmitida ao vivo pela grande mídia europeia como um grande show teatral multi-mídia. E o que críticos e espectadores descreveram nas redes sociais como “a cerimônia mais bizarra e confusa da História”: “ritual ocultista bizarro”, “satânico”, “manifestação pós-cristã da Nova Ordem Mundial”, “celebração Illuminati” diante de espectadores formados pelos mais altos dignitários da elite política europeia . Não precisa dizer que o evento incendiou a imaginação dos teóricos da conspiração. O fato é que o espetáculo teatral pareceu alguma coisa entre o “Teatro da Crueldade” de Artaud e a performance do grupo catalão “La Fura dels Baus. E turbinado por uma massiva simbologia hermética, pagã e religiosa. Sabemos que não é a primeira que lemos notícias sobre membros da elite global assistindo a rituais ou cerimônias ocultistas. Como interpretar esse estranho evento midiático, sem cair em um conspiracionismo rasteiro? Algumas hipóteses do Cinegnose: Sincromisticismo e Ecumenismo Pós-Moderno. Pauta sugerida pelo nosso leitor Antonio Manuel da Silva Filho.

segunda-feira, outubro 24, 2016

Uma viagem no tempo quântica e noir em "Synchronicity"


Nos últimos anos, os filmes sci-fi de baixo orçamento estão apresentando uma verdadeira revolução na abordagem do tema viagem no tempo: caros efeitos especiais digitais são substituídos por roteiros desafiadores e inteligentes; e a abordagem relativística (Einstein) do tempo é trocada pelos desafios e paradoxos do tempo quântico: dimensões paralelas com um número infinito de possibilidades coincidindo simultaneamente. O filme “Synchronicity” (2015) é mais um exemplo dessa tendência no gênero. O tema da viagem no tempo com referencias ao “sci-fi noir” do clássico “Blade Runner”, de Ridley Scott. Como nos filmes “noir” clássico, “Synchronicity” faz a narrativa girar em torno da mulher fatal, que é a encarnação cinematográfica do mito gnóstico de Sophia – uma mulher que serve de ponte para o protagonista atravessar os diversos mundos dimensionais em busca de si mesmo, enfrentando seus diversos “duplos”.

sexta-feira, outubro 21, 2016

"Computers for Everyone": houve uma falha na Matrix em 1965?


Em 1965, uma obscura revista de história em quadrinhos inglesa para crianças e jovens chamada “Eagle” publicou um artigo intitulado “Computers For Everyone”. O texto previa com assombrosa exatidão o surgimento dos motores de busca na Internet para os anos 1990 e serviços análogos aos atuais Netflix, Kindle e Skype. Isso, cinco anos antes da pré-história da moderna Internet, a Arpanet em 1969. O que espanta é que foram profecias bem diferentes daquelas famosas de escritores como Júlio Verne ou H.G. Wells: em pleno mundo analógico dos anos 1960, o artigo previa gadgets digitais como a Internet das Coisas. Apenas boa futurologia? Ou haveria uma outra narrativa para a história da ciência e tecnologia? Todas as invenções que irão estruturar o futuro já foram descobertas e patenteadas. Elas são “desovadas” aos poucos, de acordo com necessidades estratégicas de mercado, políticas ou militares. Poderiam assombrosas visões do futuro como essas publicadas em um comic book isolado ser uma falha na Matrix? Um verdadeiro déjà-vu?

quinta-feira, outubro 20, 2016

Netflix, Operação Lava Jato e o "Smart Power"


O Netflix anunciou para o ano que vem uma série baseada na atual Operação Lava Jato, em cartaz na grande mídia desde 2014, estrelada pelo protagonista Sergio Moro. Curioso sincronismo entre uma operação, cujas ações sempre foram pautadas por simbolismos e timing midiático, e uma série ficcional inspirada em evento real ainda em evolução. Desde “House of Cards”, o Netflix vem protagonizando recorrentes “coincidências significativas” – parece que suas produções pontuam e até interveem na atual crise política brasileira. Coincidência? Ou estamos testemunhando a nova política externa da chamada “Smart Power” (Hard Power + Soft Power) implementada por Hilary Clinton no Departamento de Estado dos EUA em 2009? Armas e bombas + indústria do entretenimento, produções midiáticas que estariam além da mera imposição ideológica. Agora, sofisticada engenharia de opinião pública onde eventos reais dialogam com narrativas ficcionais, até que paradoxalmente a realidade se torne verossímil por meio da ficção: se virou série, então é verdade!

terça-feira, outubro 18, 2016

O futuro já está entre nós no filme "Metropia"


Em um futuro não muito distante a Europa foi interligada por uma massiva rede de metro, o Estado sumiu e foi substituído por uma gigantesca corporação após o crash financeiro e a crise energética e climática. Enquanto isso, as pessoas isoladas nas suas casas se divertem vendo um game show televisivo com refugiados que disputam visto para legalizarem a situação na Europa. Quem perde é ejetado para o mar. Parece com algo familiar? Essa é a animação sueca “Metropia” (2009) uma paradoxal ficção científica na qual a sensação de futuro deixa de existir. “Metropia” é uma “hipo-utopia”: o futuro já está entre nós, no presente. Diferente das tradicionais distopias, essa animação é uma “hipo-utopia”, a exemplo de filmes como “Distrito 9”: o futuro nada mais é do que uma projeção hiperbólica das mazelas do presente – precarização do trabalho, deterioração urbana, lavagem cerebral midiática, racismo e xenofobia. 

sábado, outubro 15, 2016

O fim do Cine Brasília em Santos e o projeto oculto da grande mídia


O Cine Brasília, em Santos, litoral de São Paulo, foi o último cinema de bairro da cidade a fechar suas portas. Com sua estética modernista que procurava emular a Brasília de Oscar Niemeyer e, assim como todos os outros cinemas de bairro, foi corroído por dois fatores que ajudaram a implantar no País o projeto da grande mídia idealizado pelo Golpe Militar de 1964: concentração do lazer exclusivamente na TV e, principalmente, a recessão econômica e hiperinflação. Não é à toa que cinemas de bairro viraram supermercados, igrejas evangélicas ou bingos – explorar a desesperança oferecendo alguma possibilidade de salvação, seja para o bolso ou para a alma. Esse é o projeto oculto: quanto pior o País, melhor para a grande mídia. Assim, sempre terá uma audiência deprimida e amedrontada. Por isso, fiel e isolada dentro de suas casas diante do neuroléptico da TV. Sem renda para usufruir do verdadeiro lazer, entretenimento e cultura oferecidos por cinemas e teatros.

sexta-feira, outubro 14, 2016

Curta da Semana: "A Bicycle Trip" e "Velodrool" - Bikes e a viagem física e espiritual


A bicicleta, tanto como prática desportiva ou meio de transporte, propicia um duplo sentido de viagem: tanto espiritual quanto física. É sintomático que o Dia Mundial da Bicicleta (19 de abril) nasceu após uma “viagem”: a celebração do experimento científico do químico Albert Hofmann, o primeiro a sintetizar o LSD e ingerir propositalmente o ácido antes de retornar para sua casa de bike. Dois curtas celebram essa conexão entre o físico e o espiritual no ciclismo: o curta de animação italiano “A Bicycle Trip” (2007) e o curta também de animação estoniano “Velodrool” (2016), ambos trabalhos de conclusão de curso em cinema. O primeiro tenta recriar a experiência de Hofmann. E “Velodrool”, o conflito entre o lúdico e espiritual contra os interesses por trás da dopagem de atletas. Tudo em uma narrativa delirante e surreal.

quinta-feira, outubro 13, 2016

Leitor do Cinegnose desconstrói nota informativa do Bank of America sobre a Matrix


Como explicar a adesão de profissionais dos mercados financeiros à hipótese de que vivemos em uma grande simulação computacional – a Matrix? Em postagem anterior o “Cinegnose” discutia quatro hipóteses que explicam o porquê de um anúncio sobre a probabilidade de vivermos em uma Matrix contida em nota informativa para clientes emitida pelo Bank of America Merrill Lynch no mês passado. Nosso leitor Wilson Cardoso sugeriu uma quinta hipótese bem interessante: mecanismo psíquico de projeção à nossa submissão ao capital financeiro.

quarta-feira, outubro 12, 2016

Tautismo agora ronda telenovelas da Globo


Depois do telejornalismo e do esporte, agora o tautismo (autismo+tautologia) chega às telenovelas da Globo. Em crise de audiência pelo desgaste do gênero e a concorrência das séries em streaming na Internet, a emissora apela para a autofagia tautista ao escalar os atores Luís Melo e Giovana Antonelli para o núcleo japonês de “Sol Nascente”, gerando protestos: atores brasileiros se passando por japoneses? "Yellowfaces" e preconceito?. A Globo manda às favas a verossimilhança, a própria essência de um roteiro ficcional, e prefere a sinergia entre o folhetim eletrônico e o mercado publicitário como reação desesperada à crise da telenovelas. Uma sinergia tautista que começa até a criar “coincidências significativas” e ricas de simbolismos como o ator Murilo Benício transformado em garoto-propaganda de uma empresa de investimentos. Sinal dos novos tempos: sai o Tufão (o desajeitado ícone da “Classe C” da Era Lula) e entra o investidor yuppie elegante.

terça-feira, outubro 11, 2016

Cineteratologia: a ciência dos monstros no Cinema


Assim como a Teratologia, ramo da ciência médica conhecida também como “ciência dos monstros” (o estudo de como o meio ambiente pode produzir deformações pré-natal), seria necessário um estudo sobre como as transformações dos ambientes sócio-culturais alteram as expressões da monstruosidade e a sensibilidade ao terror e o horror no cinema e audiovisual – a Cineteratologia. A partir de “A Noite dos Mortos Vivos” (1968), de George Romero, acompanhamos a quebra o paradigma da monstruosidade clássica e a criação de uma nova galeria de monstros com mudanças estéticas (não são mais “disformes”, mas agora “informes” – os chamados “monstros moles”) e éticas – o comportamento violento é inimputável de qualquer julgamento moral. São apenas manifestações virais ou predadores que lutam para sobreviver. Por que essa alteração na natureza da monstruosidade moderna?

segunda-feira, outubro 10, 2016

Bank Of America anuncia probabilidade de estarmos vivendo na Matrix


Vivemos em uma gigantesca simulação semelhante à Matrix e nesse momento bilionários estão financiando cientistas que pensam em uma saída. Essa afirmação não foi feita por algum escritor de ficção científica, teórico da conspiração ou filósofo. Ao contrário, foi anunciado como uma variável em cenários futuros de investimentos em uma nota informativa distribuída para clientes do Bank of America Merryl Lynch, uma das maiores instituições financeiras dos EUA. Como assim? Profissionais supostamente realistas e pragmáticos do mundo dos negócios levando à sério hipóteses de filósofos como Nick Bostrom ou de físicos teóricos? Quais os efeitos dessa variável em um cenário futuro de negócios em games, computadores, Realidade Virtual e Realidade Aumentada? Alívio cômico em uma sisuda nota informativa? Sintoma de um espírito de época? Ou além dos cientistas, os próprios operadores financeiros esbarraram em alguma anomalia nos algoritmos que pilotam operações em milissegundos?

sábado, outubro 08, 2016

A armadilha quântica do tempo no filme "Arq"


Em um cenário distópico num mundo em crise energética e ambiental, um engenheiro cria uma máquina que produz energia ilimitada. Mas que também produz um efeito colateral imprevisto: o tempo ilimitado – um loop temporal que aprisiona todos os personagens em uma torsão tempo-espaço. Esse é a produção Netflix “Arq” (2016), um inteligente mix de “Feitiço do Tempo”, “Contra o Tempo” e “Efeito Borboleta”. Mas o moto-contínuo de “Arq” é muito mais do que uma máquina do tempo: os personagens são prisioneiros da própria “gravidade quântica” – o mesmo acontecimento repetido diversas vezes cria uma “nuvem” de possibilidades, assim como elétrons em torno do núcleo de um átomo. E somente a memória e “déjà-vus” poderão tirar os protagonistas dessa nuvem, fazendo emergir a seta do tempo nesse filme CronoGnóstico.

quarta-feira, outubro 05, 2016

Deus é um homem que enlouqueceu em "On The Silver Globe"


Astronautas chegam a um planeta parecido com a Terra com a missão de povoá-lo e recriar a humanidade a partir do zero. Mas ao invés de se tornarem livres, repetem, numa versão caricata e sombria, as mesmas mazelas que deixaram na Terra: a religião, guerras santas, hierarquias, violência e o hedonismo das drogas alucinógenas. Muitos críticos consideram o filme polonês “On The Silver Globe" ("Na srebrnym globie"1988) um “Star Wars com LSD”. Censurado pelo regime comunista polonês em 1977, o diretor Andrej Zulawski conseguiu finalizá-lo em 1988, mesmo com a filmagem incompleta. Para solucionar o problema, o diretor transformou o filme em um “found footage”. Por isso, as duas horas e meia do filme são para espectadores curiosos e corajosos: Zulawski faz um mergulho caótico e lisérgico no psiquismo de astronautas que tinham tudo para serem livres. Mas apenas contaminaram aquele planeta com a “peste” que trazemos em cada um de nós.

segunda-feira, outubro 03, 2016

Com Doria Jr. mídia não quer mais intermediários


Desde a chamada “crise hídrica”, o Estado de São Paulo é o laboratório de testes para tudo aquilo que espera o restante do País para o futuro. Lá, foi a engenharia de opinião pública para demonstrar que a água é um bem escasso e que, portanto, deve ser regulado pelo mercado como uma mercadoria qualquer. E o Parque Victor Civita na cidade de São Paulo foi o seu showroom. Agora, o teste bem sucedido do primeiro “gestor-midiático” vitorioso nas eleições municipais de São Paulo. João Doria Jr. representa a impaciência da grande mídia em cumprir sua agenda: chega de intermediários! Políticos tradicionais, com a sua melodramática “mise-en-scène teatral”, não têm timing midiático. Doria Jr. é o novo espécime da transpolítica futura: egresso do mundo da mídia e publicidade, aquele que nega a si mesmo como político. Assim como aquela campanha publicitária de um banco que foi adquirido pelo Itaú: “nem parece banco...”. Enquanto isso, as esquerdas lamentam mais uma “revolução traída”.

domingo, outubro 02, 2016

A banalidade do Mal do ocultismo nazi no filme "O Cremador"


Um operador de um crematório na antiga Tchecoslováquia, às vésperas da invasão nazista, é um respeitado e aparentemente equilibrado chefe de família que recita nos jantares teses do Livro Tibetano dos Mortos, é obcecado em budismo e reencarnação. E também acredita na missão messiânica da sua profissão: acelerar o trabalho de Deus de fazer o homem retornar ao pó. Essa mistura de cristianismo e budismo na sua cabeça vai encontrar o esoterismo nazi que começa a se espalhar pelo país – a pureza da raça ariana cujas origens milenares estariam no Tibete e a sabedoria guardada pelos lamas. O filme “O Cremador” (Spalovac Mrtvol, 1969) do diretor tcheco Juraj Herz é um mergulho no psiquismo da chamada “banalizadade do Mal”, motor psicológico do nazi-fascismo: como um homem aparentemente equilibrado e sem precedentes violentos mistura cristianismo, budismo e ocultismo nazi para se auto-investir com um propósito sinistro: eliminar a dor e a impureza desse mundo através das fornalhas do seu crematório.

sábado, outubro 01, 2016

Curta da Semana: "Waltz For One" - o medo do futuro


Enquanto EUA e URSS disputam a corrida espacial dos anos 1960, um excêntrico milionário financia sua própria viagem espacial buscando quebrar o recorde de permanência solitária em orbita da Terra. Mas um irritante “beep” de mau funcionamento do sistema somado à claustrofobia e delírio no interior de uma minúscula cápsula ameaçam a missão. Esse é o curta “Waltz For One”  (“Valsa para Um”, 2012), lançado pelo coletivo de artistas “Intellectual Propaganda”.  É muito mais do que uma paródia aos cânones de filmes do gênero (entre eles, “2001” de Kubrick): é uma melancólica desconstrução do gênero ficção científica, enfraquecido na pós-modernidade porque perdeu a própria essência que o constituía - a visão confiante e utópica no futuro. O sintoma de uma sensibilidade atual marcada pela incerteza e temor em relação ao futuro.

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