quarta-feira, agosto 29, 2018
A nova bomba do laboratório de feitiçarias semióticas da Globo: "1+1=3"
quarta-feira, agosto 29, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O leitor deve conhecer ou ter ouvido
falar daquela velha cartilha escolar de alfabetização de priscas eras chamada
“Caminho Suave”, o be-a-bá do mundo das letras. Pois é nesse nível que
interesseiramente se situam as chamadas “ferramentas de fact-checking”. Tática
diversionista para desviar a atenção da opinião pública de uma outra cena na
qual as notícias de fato funcionam: não no campo da representação (verdade ou
mentira), mas no deslizamento metonímico das edições, escaladas, justaposição
narrativa para criar percepções, impressões e relações de causa e feito. Como,
por exemplo, a nova bomba que o laboratório de feitiçarias semióticas do
telejornalismo da Globo criou em ano eleitoral para blindar o seu candidato
campeão Alckmin: a bomba semiótica “1+1=3” – comece narrando uma notícia... e
de repente dê uma guinada e passe a falar de outra notícia, criando duas linhas
narrativas simultâneas e tão confusas que o telespectador começará a criar
relações de causa e efeito que acabarão criando uma terceira notícia. Aquela
verdadeira notícia que a emissora gostaria de informar para esconder uma
realidade comprometedora.
segunda-feira, agosto 27, 2018
A estrada para o Inferno está pavimentada por convites no filme "Hereditário"
segunda-feira, agosto 27, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Hereditário” (“Hereditary”, 2018) é
um filme singularmente aterrorizante. Ele não cava apenas nos abismos sombrios
do nosso inconsciente. Explora
principalmente o fenômeno bem atual da incomunicabilidade familiar e do
processo psíquico de negação. Dois plots clássicos do gênero são explorados: o
Mal que ameaça a união familiar e o elemento narrativo do “convite” através do
qual o Mal pode ter a licença para entrar em nossas casas e pavimentar o
caminho ao inferno. Mas o singular em “Hereditário” é que o Mal vem do interior
do próprio lar: uma família que se sente
desconfortável com exposições francas de qualquer coisa que possa revelar o
interior um ao outro. Silêncios e mecanismos de negação encobrem traumas do
passado que pode retornar como uma demoníaca maldição.
sábado, agosto 25, 2018
O fim do mundo é um sintoma, discute "Cinegnose" em Simpósio no Rio
sábado, agosto 25, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Quase diariamente é previsto o fim do
mundo na TV ou na Internet, enquanto no cinema narrativas ficcionais reforçam
essas previsões com protagonistas às voltas com apocalipses climáticos,
cósmicos, geológicos, tecnológicos, alienígenas etc. Por que o mundo tem que
ser destruído? Por que essa necessidade pelo fim, embalada como ficção e entretenimento
para consumo de massas? Ideologia? Manipulação político-ideológica? Ou algum
tipo de sintoma do inconsciente coletivo? Como o Gnosticismo pode oferecer uma
explicação e uma narrativa alternativa esse mistério sobre o “fim dos tempos”?
Essa foi a discussão que este humilde blogueiro levou para o Simpósio “Do Mundo
Arcaico às Cosmologias Modernas”, evento que aconteceu de 22 a 24 últimos no
Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas no Rio de Janeiro.
quarta-feira, agosto 22, 2018
Se a Globo fosse uma pessoa, como ela seria?
quarta-feira, agosto 22, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Se a sua marca fosse
uma pessoa, como ela seria?... E a sua personalidade?”. A partir dessa
pergunta, os marqueteiros especializados no chamado “Brand Persona” definem a
“essência” de uma marca: Volvo? É “seguro”... Lamborghini? É “exótico”...
Disneylândia? É “mágico”. E como seria a Organização Globo, principalmente após
a decisão da Comissão de Direitos Humanos da ONU para que Lula possa exercer
seus direitos políticos enquanto estiver na prisão? Entre simplesmente ignorar
a notícia e, depois, rebaixá-la a “fake news” (sob o silêncio das agências
“hipsters” de checagem), se a Globo fosse uma pessoa, estaria com sérios
sintomas de esquizofrenia midiática e formações reativas psíquicas que vão de
“negação” a “transbordamento”. Um malabarismo jornalístico somente possível pela fragmentação da divisão
dos blocos de notícias em seus telejornais que agora não apenas tenta ocultar
fatos. Mas também esconde a própria esquizofrenia midiática: como em um
momento ser a favor... e em outro ficar contra?
domingo, agosto 19, 2018
Em "A Harmonia Werckmeister" o eclipse da Razão que antecede tempos sombrios
domingo, agosto 19, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um circo, cuja principal atração é uma
enorme carcaça de baleia empalhada, chega a um remoto vilarejo no interior da
Hungria, gélido e envolto numa permanente neblina. E junto com o circo, medo e
presságios de crise e escassez de carvão para aquecer as casas. E o oportunismo
político espreita as incertezas e o obscurantismo local. Por que? Para um velho
musicólogo porque desde que o compositor barroco Andreas Werckmeister ofereceu
ao mundo a afinação temperada (base do sistema tonal), o mundo quebrou a harmonia
com as músicas das esferas celestes trazendo o desencanto e a desesperança.
Esse é o filme “A Harmonia Werckmeister” (Werckmeister Harmoniák, 2000) do
diretor húngaro Béla Tarr. Uma fábula política sombria filmada em longos
planos-sequência descrevendo como o mal pode se esgueirar numa comunidade
aparentemente pacífica. E a Razão ser eclipsada pelo desencantamento do mundo.
terça-feira, agosto 14, 2018
Filme "Extinção" e a Teoria Gnóstica da Intrusão Alienígena
terça-feira, agosto 14, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Devo reconhecer que esse humilde
blogueiro resistiu muito a assistir ao filme “Extinção” (Extinction, 2018).
Vendo o pôster promocional e assistindo ao trailer, tudo levava a crer que o
filme seria mais do mesmo nesse subgênero sci-fi sobre aliens invadindo a
Terra. Afinal, maniqueísmo e patriotismo marcaram as produções por décadas.
Porém, “Extinção” é a prova definitiva sobre as mudanças atuais nesse subgênero
– no caso do filme, uma narrativa com interessante ponto de virada que
claramente remete à chamada “Teoria Gnóstica da Intrusão Alienígena”. A mais
antiga teoria sobre aliens no planeta, 1.600 anos anterior a atual onda de
teorias sobre aliens e OVNIs no planeta, iniciada em 1947. Antiga teoria
baseada nos textos gnósticos raros derivados das Escolas de Mistérios da
antiguidade pré-cristã que se convencionou chamar de “Biblioteca de Nag
Hammadi”. Um protagonista com pesadelos recorrentes sobre uma violenta invasão
alienígena no planeta, até que a realidade parece materializar seus terríveis
sonhos. Mas nada será o que parece. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.
domingo, agosto 12, 2018
Série "Filhos do Caos": a combinação totalitária tecnologia, meritocracia e educação
domingo, agosto 12, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Muitos consideram a série taiwanesa
“Filhos do Caos” (“On Children”, 2018-), disponível no Netflix, como o
“Black Mirror” oriental: nos cinco episódios estão modernas tecnologias (de uma
espécie de controle remoto tempo-espaçial a neuro-dispositivos) que criam mundos
distópicos. Porém, todo o controle, disciplina e opressão recaem sobre
adolescentes – de um lado vivendo relações familiares disfuncionais de classe
média (pais que jogam nos filhos a culpa pela renúncia e sacrifício), e do
outro ambientes escolares meritocráticos e ultra competitivos onde entrar na
melhores escolas e universidades significa honrar o status da família diante da
sociedade. Cada um dos cinco episódios narra a totalitária combinação entre
valores culturais milenares com as modernas tecnologias de vigilância e
controle. Restando à juventude roubada a saída através do realismo fantástico e
o suicídio.
sexta-feira, agosto 10, 2018
Cinegnose participará do Simpósio "Do Mundo Arcaico às Cosmologias Modernas" no RJ
sexta-feira, agosto 10, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Por que o mundo tem que acabar? –
Neo-apocalíptica e Escatologias Líquidas”. Esse será o tema da palestra deste
humilde blogueiro no Simpósio “Do Mundo Arcaico às Cosmologias Modernas”,
evento organizado pela
revista eletrônica “Cosmos e Contexto” juntamente com o Centro de Estudos
Avançados de Cosmologia (CEAC). O Simpósio
acontecerá de 22 a 24 de agosto no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), Rio de Janeiro, com a
participação de filósofos, historiadores, cosmólogos, pesquisadores e
sacerdotes, procurando um saber antidogmático que questione o monopólio da
Ciência na construção da realidade.
domingo, agosto 05, 2018
"As Boas Maneiras": um lobisomem brasileiro em São Paulo num país dividido
domingo, agosto 05, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O filme brasileiro “As Boas Maneiras”
(2017), da dupla de diretores e roteiristas Juliana Rojas e Marco Dutra, parece
dialogar com o clássico expressionismo alemão Gabinete do Dr. Caligari (1919) e
o brasileiro “Que Horas Ela Volta?” (2015). Como o filme alemão, combina a
crítica social com o realismo fantástico. Mas “As Boas Maneiras” torna “Que
Horas Ela Volta” em um filme datado: o drama de uma empregada doméstica que
acompanha a estranha gravidez da sua patroa rica (que em noites de Lua cheia se
torna sonâmbula), reflete o imobilismo de uma sociedade ainda fundada na antiga
ordem escravocrata. Diferente do momento otimista do filme de 2015 (o clima de
progresso econômico e mobilidade social), tal como um sismógrafo, “As Boas
Maneiras” reflete o imobilismo e desencanto de uma sociedade dividida: o Mal
que surge das entranhas da elite do bairro do Brooklin para invandir a periferia
pobre do Capão Redondo – um lobisomem brasileiro em São Paulo.
sexta-feira, agosto 03, 2018
Bolsonaro e Neymar lucram com negatividade antimídia
sexta-feira, agosto 03, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em uma diferença de apenas 24 horas,
dois sintomas dos estranhos tempos em que vivemos: no domingo, no horário mais
caro da TV brasileira, o Fantástico da Globo, um pedido de desculpas auto-indulgente
de Neymar com o patrocínio milionário da Gillete. No dia seguinte, o candidato
à presidência de extrema-direita, Jair Bolsonaro, no programa Roda Viva da TV
Cultura, apontando uma metralhadora de cacofonias numa estudada estratégia de
confusão verbal e bate boca. Dois personagens que ganham força não pelas
virtudes (nem que seja para simulá-las) mas pela negatividade. Nesses
dois eventos o “bom senso” e a “ponderação” foram mandados à favas mostrando
uma estratégia paradoxalmente antimídia – ganham força a partir de uma
autodestruição das estratégias de enunciação que sempre ajudaram a mídia a
simular possuir algum valor de uso: “informar”, “entreter” e “educar”. As,
digamos assim, “sinceridades” de Bolsonaro (a extrema-direita em seu estado
bruto, sem as estratégias de enunciação suavizantes) e de Neymar (a negação
franca da virtuosidade do esporte – "falem o que quiser porque tenho dinheiro!")
são atos paroxistas. Se transformaram em “máquinas celibatárias” que ganham
força investindo contra a própria mídia que os promoveu.
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