segunda-feira, outubro 31, 2011
Confirme o Seu Exemplar do Livro "Cinegnose"
segunda-feira, outubro 31, 2011
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Esses são os nossos leitores que receberão um exemplar do livro "Cinegnose":
01- Cristiano Ferreira
02- Fabrício Franco
03- Victor de Oliveira Iemini
04- Thiago Lima
05- Felipe Monteiro Vazami
06- Conrado Moreno
07- Fábio Hofnik
08- Henrique A. Conti
No formulário abaixo de envio de comentários insira os dados de destinatário para o envio do exemplar do livro e... VALEU PELA PARTICIPAÇÃO!
Enviaremos o livro pelo correio em até 7 dias úteis.
Sorteio de Aniversário: 10 exemplares do livro "Cinegnose" para nossos Seguidores
segunda-feira, outubro 31, 2011
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Bom Ano Novo para nossos seguidores e leitores!!!
Para comemorar o segundo aniversário do “Cinema Secreto:
Cinegnose” e mais um ano que se inicia estamos lançando o sorteio de 10 exemplares do livro “Cinegnose: A Recorrência de
Elementos Gnósticos na Recente Produção Cinematográfica Norte-americana 1995 a
2005” da Livrus Editora (clique aqui para um resumo e conteúdo do livro).
Essas são as regras de participação do sorteio:
Essas são as regras de participação do sorteio:
1 - Os exemplares serão entregues pelo correio em até 7 dias úteis após o sorteio que será realizado às 18h do dia 17 de janeiro
de 2012;
2 - Poderão participar do sorteio somente os seguidores do blog. Portanto, participe blog "Cinema Secreto: Cinegnose" e torne-se um seguidor (clique no botão "participar desse site" na segunda coluna do blog, aí ao lado desse post);
3 – Para o seguidor iniciar a participação, faça um comentário no formulário deste
post de divulgação do sorteio deixando seu nome e e-mail de contato;
4 - As inscrições poderão ser realizadas até as 12h da
data do sorteio (17/01/2012). Após este horário todas as inscrições serão descartadas;
5 - Cada participante receberá um numero em ordem
crescente de comentários e o sorteio será realizado pelo gerador online de
sorteio RANDON ORG. Oportunamente será divulgada a lista de participantes e seus números correspondentes para o sorteio;
6 - Cada participante poderá realizar apenas uma
inscrição. Comentários duplicados serão excluídos;
7 - Após a realização do sorteio o ganhador terá 3 dias
para recorrer ao prêmio, realizando um comentário no post de divulgação do
resultado do sorteio, para que todos vejam que ele recorreu ao prêmio dentro do
prazo estipulado. Caso o mesmo não entre em contato no tempo
estipulado realizaremos novo sorteio entre as pessoas inscritas.
sexta-feira, outubro 28, 2011
Um Manual de Manipulação no Filme "Como Fazer Carreira em Publicidade"
sexta-feira, outubro 28, 2011
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em plena era triunfal do Neoliberalismo de Margaret Thatcher e Ronald Reagan, o filme "Como Fazer Carreira em Publicidade" (How to Get Ahead in Advertising, 1989) foi muito mais do que uma voz dissonante. Apresenta de forma didática um verdadeiro manual de táticas de manipulação e de engenharia de opinião pública.“Porque sou aquele que tira o fedor de tudo, exceto da merda”. Essa é uma das definições dadas para a Publicidade nessa provocadora comédia de humor negro. Um filme obrigatório para ser visto e discutido em qualquer curso de Comunicação Social.
sábado, outubro 22, 2011
A mitologia pop de aliens, sexo, drogas e euforia no filme "Liquid Sky"
sábado, outubro 22, 2011
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em meio a euforia da onda Punk e New Wave no mundo da Moda do começo dos anos 1980, turbinada pela heroína e cocaína, um pequeno disco voador pousa na cobertura de um prédio em Nova York. Aliens invisíveis estão em busca de uma substância única liberada pelo cérebro humano durante a euforia lisérgica. Mas descobriram que a mente humana também produz a mesma substância durante o orgasmo. Sexo torna-se mortal naquele pequeno mundo de artistas e modelos. Após cinco anos nos EUA, o russo Slava Tsukerman decidiu fazer um filme independente que explorasse a mitologia pop contemporânea sobre sexo, euforia, drogas e alienígenas do espaço sideral. É "Liquid Sky" (1982), um filme sobre exilados e estrangeiros, assim como ele. Um olhar sobre a condição humana contemporânea dominada pelo sentimento de desamparo e alienação em um mundo governado por novos Demiurgos: alienígenas e a indústria do entretenimento.
quarta-feira, outubro 19, 2011
China proíbe "Viagem no Tempo": a experiência cinematográfica pode ser "perigosa"
quarta-feira, outubro 19, 2011
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Autoridades chinesas de mídia proíbem filmes com o tema "viagem no tempo" e exigem que produtores e escritores lançem "produções realistas da Revolução Chinesa". Falta aos chineses abandonar a truculência estalinista para compreender os sutis mecanismos hollywoodianos de controle onde se é capaz de oferecer uma grande liberdade temática, porém confinada pelas rígidas normas de forma e conteúdo. Mecanismos sutis que convergem para o mesmo objetivo das preocupadas autoridades chinesas: evitar que a experiência fílmica produza no espectador uma ruptura com o princípio de realidade.
No ano da comemoração do 90° aniversário
do Partido Comunista da China, as autoridades de mídia do país resolveram
proibir quaisquer filmes ou seriados que tenham como tema viagens no tempo. Em
um país com a maior audiência de televisão do mundo e o mercado de cinema em
franca expansão, a decisão foi justificada pelo “desrespeito histórico” que
esse tema de ficção científica mostraria (leia notícia aqui).
Um dos maiores sucessos na China, o seriado "Jade Palace Lock
Heart" (onde oa protagonista volta à época da China antiga onde encontra o amor
e a felicidade - veja imagem acima) é avaliado pela Administração Estadual de Rádio, Filme e
Televisão como uma representação da história “frívola e que não pode ser mais
encorajado”. E transmitiu a seguinte mensagem para os produtores e escritores
do país: “Sigam o espírito do Partido Comunista para celebrar o seu 90o
aniversário. Todos os níveis devem se preparar para lançar reproduções
realistas da Revolução Chinesa.” Em outras palavras, as autoridades cobram das produções
audiovisuais e cinematográficas maior realismo, seja no campo ficcional ou
documentário.
Em primeiro lugar, encontramos nessa notícia ecos do chamado
realismo socialista de orientação comunista ortodoxa e de inspiração stalinista
que dominou a arte e estética soviéticas onde as produções deveriam ser
instrumentos de exaltação do regime ao representar de forma “realista” o
heroísmo proletário. Por exemplo, diretores russos como Tarkovsky com temas
metafísicos e espirituais dentro do gênero sci fi em filmes como “Solaris” (1972) e “Stalker” (1979) sofreram forte repressão do Estado, obrigando o diretor a sair da URSS em 1983.
Mas há algo a mais nessa proibição sobre “viagens no tempo” no
cinema e audiovisual chineses. Acredito que a justificativa do “desrespeito
histórico” é um mero pretexto para exercer um controle que há muito tempo
Hollywood já fez ao enquadrar suas produções desde o final da fase dos filmes “slapstick”:
a imposição da verossimilhança ou “realismo cinematográfico” na narrativa para impedir que a experiência cinematográfica possa produzir o “acontecimento comunicacional”,
isto é, uma experiência que produza a transformação do espectador, a transcendência ou a possibilidade de
ruptura psíquica com a rotina do dia-a-dia após sair do cinema.
sábado, outubro 15, 2011
A Transparência do Mal em "Saló ou os 120 Dias de Sodoma" de Pasolini
sábado, outubro 15, 2011
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A primeira vez que assisti ao filme “Saló ou os 120 dias de
Sodoma” de Pasolini foi dentro da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
no extinto cine Paramount (hoje Teatro Abril) lá pela década 1980. Naquela
noite, enquanto o filme era exibido, vi espectadores correndo para o banheiro
com as mãos levadas à boca, aparentemente com ânsia de vômito; muitos
simplesmente se levantando e indo embora e os demais com os rostos crispados de
horror e repugnância (o meu, inclusive). Resultado: restaram ao final das quase
duas horas de projeção eu e mais quatro espectadores.
Em meio a “snuff movies”, “slasher movies”, “pornôs hardcore”,
“nazi-exploitation” etc. atuais que acabaram moldando uma sensibilidade mais
fria e apática diante do Mal, Saló permanece um filme instigante, provocativo e
chocante. Por que? Olhando em perspectiva o conteúdo das diversas cenas,
encontramos até muitos cenas que se tornaram clichês presentes nos gêneros
cinematográficos citados acima. Mas, mesmo assim, as sevícias, torturas e
mutilações em “Saló” ainda horrorizam, mas de uma forma radical: certamente
este filme de Pasolini foi o que melhor soube representar a radicalidade do Mal
proposta pela obra de Marquês de Sade – a reversibilidade do Mal e o Inumano.
Isto é, o Mal que não pode ser racionalizado, explicado,
deduzido, porque originado da própria Razão e dos seus instrumentos que
deveriam impedi-lo de existir.
O filme segue fielmente a obra “Os 120 dias de Sodoma” de
Marquês de Sade, associando a narrativa sadeana ao momento histórico da criação
de uma nova república fascista na cidade setentrional de Saló em 1943 por
Mussolini após sua deposição do governo do país com a invasão das tropas
aliadas e a revolta popular.
Em Saló, quatro poderosos (o Duque, representando a nobreza;
o Bispo, a Igreja; o Presidente, o Estado laico; o Magistrado, a corrupção e a
parcialidade da Justiça) decidem juntar sua fortunas para realizar a maior
orgia já concebida pela mente humana: em um castelo isolado é formado um grupo
de 8 garotos, 8 garotas, 4 narradoras, 4 putas velhas, 8 garanhões, 4 criadas,
6 cozinheiras e as 4 filhas dos libertinos, casadas entre eles.
quarta-feira, outubro 12, 2011
O "Inumano" no Filme "A Centopeia Humana"
quarta-feira, outubro 12, 2011
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Se os gêneros ficção científica e Terror exploram principalmente os temas do Pós-Humano e do Desumano, em "A Centopéia Humana" do holandês Tom Six temos uma novidade: o tema do Inumano, poucas vezes trazido para as telas do cinema pela sua maneira radical e perturbadora de encarar o Mal. Não se trata mais de impingir o horror, sofrimento e a morte final à vítima. Mas retirar dela toda sua humanidade ao fazê-la regredir à condição animal por meio dos próprios intrumentos da evolução humana: Ciência, Técnica e Razão.
O tema do Desumano conta ainda com uma “hermenêutica do
Mal”: psicopatas como Jason e Fred Krueger são assassinos seriais e cruéis por
decorrência de traumas do passado que marcaram para sempre suas personalidades.
As narrativas procuram racionalizar o Mal buscando uma explicação no psiquismo
humano.
O tema do Pós-humano é recorrente no cruzamento
entre ficção científica e terror: desde a estória de Frankenstein, passando por
filmes como “Robocop” (RoboCop, 1987) para chegarmos aos pesadelos do diretor
Cronenberg como em “Videodrome” (1983) e eXistenZ (1999) : fantasias
cabalísticas onde o homem quer ser Deus e tenta produzir vida a partir de um “golem”;
seres híbridos de carne, sistemas eletrônicos e servomecanismos para superar as
limitações corporais humanas; interfaces biológicas com redes digitais onde o
Eu transcenda o corpóreo etc. No
pós-humano há o desejo gnóstico-cabalístico da superação das limitações
existenciais e corporais humanas (finitude, temporalidade e senso de
fragilidade corporal). O elemento do horror é a presença da ambiguidade do
pós-humano, a diluição das fronteiras entre homem e máquina, espírito e matéria
e orgânico e inorgânico. E horror de vermos o inorgânico e sem vida ganhar
consciência e dominar o espírito humano.
Já o Desumano está no campo da moralidade
e da “hermenêutica do mal”. Torturas, humilhações e assassinatos são impingidos
por um serial killer, um monstro sobrenatural ou um psicopata. Pense num filme
como “Jogos Mortais” (Saw, 2004): o vilão aprisiona pessoas em elaborados
dispositivos e jogos para punir atos pregressos imorais ou anti-éticos das vítimas. Ou
ainda, sanguinário personagem Alex do
filme “Laranja Mecânica” (Clockwork Orange, 1971) que sabe que suas atrocidades são puníveis pelo Estado e
Polícia. Teme a lei e foge para não ser preso. Alex e o Jigsaw são, portanto,
imorais.
Portanto, podemos denominar a condição da vítima como
“desumana” porque há ainda no horizonte referências como o Humanismo, a Ética e
a Moral.
A novidade do filme “A Centopéia Humana” (The Human Centipede - First Sequence, 2009) é trazer para o
gênero terror o tema do Inumano: não se trata mais de subjugar,
humilhar ou destruir o psiquismo da vítima pelo horror, medo ou tensão. E,
muito menos, se trata de querer punir a vítima com o sofrimento e a morte
final. Trata-se muito mais de anular qualquer humanidade ao fazer a vítima
retroceder ao estágio animal, morficamente falando e não no sentido figurado.
sábado, outubro 08, 2011
Em "Contraponto" a "Alice" de Lewis Carroll se encontra com "Psicose" de Hitchcock
sábado, outubro 08, 2011
Wilson Roberto Vieira Ferreira
"Contraponto" (Tideland, 2005) é uma mistura de "Alice no País das Maravilhas" de Lewis Carroll com "Psicose" de Hitchcock. Com uma atmosfera sombria, agressiva e crua com a tradicional câmera inquieta com ângulos delirantes, o ex-Monty Python Terry Gilliam parece querer fazer um acerto de contas com a sua geração:se um dia os jovens de Maio de 1968 pretendiam que a imaginação chegasse ao poder, agora a imaginação pode criar monstros e pesadelos numa geração marcada pela "ausência dos pais".
Ex- integrante do histórico grupo inglês de humor o Monty Python,
Terry Gilliam é de uma geração cujo senso de humor estava sintonizado com a
cena vivida à época: contracultura, movimentos estudantis e utopias
revolucionárias na década de 60. Seu humor anárquico e “non sense” trazia a
pretensão secreta de a arte e a estética desmontar o poder e todos os pilares
conservadores da sociedade. Em outras palavras: a “imaginação no Poder”,
palavra de ordem da geração da Revolução Estudantil de Maio de 1968 na França.
Com a extinção do Monty Python, a carreira cinematográfica
como diretor continuou a levantar essa bandeira em filmes como “Brazil – O Filme”
(Brazil, 1985)” e “As Aventuras do Barão de Munchausen” (The Adventures of
Baron Munchausen, 1988), sempre com personagens e temas recorrentes: o herói
proveniente de um universo onírico que consegue, a partir da força dos sonhos e
fantasias, enfrentar uma realidade opressiva e derrotar demiurgo e sistemas
autoritários.
Mas tudo isso acaba com o filme “Contraponto” (Tideland,
2007) onde Gilliam parece fazer um acerto de contas com a sua geração ao
mostrar que os sonhos e fantasias podem se transformar no contrário, isto é,
escapismo e negação da realidade. O psicodélico universo onírico pode se transformar
em sombrios pesadelos. Algo em torno da atmosfera que inspira o filme
“Contraponto”: um cruzamento entre “Alice no País das Maravilhas” de Lewis
Carroll com “Psicose” de Hitchcok.
Ao apresentar como um conto de “terror poético” a estória de
uma menina que vive num mundo escapista de fantasias para negar a realidade de
pais negligentes e viciados em heroína, Terry Gilliam insere o filme no
contexto de discussões sociológicas sobre a chamada “geração sem pais”, os
chamados “baby boomers”, e os reflexos em gerações posteriores.
quarta-feira, outubro 05, 2011
O ceticismo gnóstico de Jean Baudrillard (parte 3): a "Pura Aparência" em "Show de Truman"
quarta-feira, outubro 05, 2011
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Certa vez em um Simpósio Internacional de Comunicação na USP, lá pelo final da década de 1980, após uma palestra de
Baudrillard, a comissão organizadora quis levá-lo para um almoço e posterior
passeio pela cidade. Sabendo que Baudrillard já havia visitado São Paulo
anteriormente, perguntaram-lhe o que gostaria de
conhecer dessa vez. Perguntado, Baudrillard falou: “Quero ver bundas!”. Todos
ficaram atônitos, sem saber bem o que o francês queria dizer, enquanto ele ria
de todos. Reformulada a pergunta, Baudrillard foi ainda mais enfático: “Quero
ver bundas, bundas do tamanho de um prédio!!!”
Depois dele se divertir da cara de espanto de todos,
Baudrillard explicou que queria fotografar (a fotografia era uma das suas
paixões) os outdoors que ocupavam laterais inteiras de prédios ao lado do
chamado “minhocão” (o imenso elevado “Costa e Silva” no centro da cidade).
Literalmente viam-se bundas do tamanho de um prédio em diversos outdoors de
roupas íntimas femininas. As fotos dessas paisagens urbanas bizarras de São Paulo eram famosas na Europa e Baudrillard queria realizar suas próprias fotos delas.
Esse exemplo demonstra a obsessão de Baudrillard em refletir
sobre o que ele chamava de “profundo abismo das aparências", isto é, e como as imagens ocultam o
fato de que elas não têm nada a esconder: por trás daquelas bundas nada
encontramos, a não ser um “dublê de corpo” que talvez nem seja do sexo
feminino. As imagens nada revelam, a não ser de que o real é tão ilusório
quanto as aparências que ele produz .
domingo, outubro 02, 2011
O Ceticismo Gnóstico de Jean Baudrillard (parte 2): os simulacros nada têm a esconder
domingo, outubro 02, 2011
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Sucesso de público e de crítica, as
palavras “simulacro” e “simulação” foram a parte mais mal compreendida do
pensamento de Jean Baudrillard. Ele jamais procurou encontrar a “realidade”
ou a “verdade” por trás das ilusões do mundo como faz a crítica ideológica
tradicional. Seu projeto era de um ceticismo mais radical: denunciar
os discursos que afirmam dizer sobre alguma coisa, mas que, na verdade, apenas
escondem que nada têm a esconder, seja na Política, Economia ou na Mídia.
Simulacro e simulação
tornaram-se os mais conhecidos conceitos dentro do pensamento de Baudrillard,
chegando até ao mainstream
hollywoodiano na célebre passagem do filme Matrix (1999) onde o protagonista, Neo, esconde programas piratas dentro de
um livro oco cuja capa é do célebre livro “Simulacros e Simulações”. Talvez o
sucesso de público desses conceitos se deva menos à compreensão dentro da
teoria não materialista da linguagem defendida pelo autor e, muito mais, pela
sua tradução feita pelo tradicional discurso da crítica da ideologia como falsa
consciência. Muitos autores ignoram a idéia da simulação original, preferindo
interpretar a bem conhecida três ordens do simulacro através de uma leitura
ortodoxa como abaixo:
“Baudrillard argumenta que há três níveis na simulação, onde o primeiro nível é uma óbvia cópia da realidade e o segundo nível uma cópia tão boa que suspende as fronteiras entre realidade e representação. O terceiro nível é a da produção da realidade sem se basear em qualquer elemento do mundo real. O melhor exemplo é provavelmente a ‘realidade virtual’ onde um mundo é gerado por meio de linguagens ou códigos.”[1]
É como se, no início existisse a
realidade e o signo que fizesse sua cópia por meio da representação. A partir daí é como se a espiral dos
simulacros e da simulação se apossasse dos signos, corrompendo-os, instaurando
uma representação ideológica do mundo. O simulacro e a simulação, além de serem
tomados como sinônimos, passam a ser interpretados como uma disjunção entre
forma e conteúdo, infraestrutura e superestrutura. Ou seja, estes conceitos são
aprisionados dentro da crítica da dissimulação, da manipulação, da mentira, da denúncia contra todas as formas
de falsa consciência.
Porém, como vimos até aqui, não existe
uma teoria da representação em Baudrillard. Portanto , não há propriamente uma
crítica ideológica, pelo menos não no sentido de crítica à falsa consciência.
sábado, outubro 01, 2011
O Ceticismo Gnóstico de Jean Baudrillard (parte 1)
sábado, outubro 01, 2011
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Falecido em 2007 aos 77 anos, intelectual iconoclasta e provocador, influenciou o cinema (homenageado no filme "Matrix" na sequência do livro oco cuja capa é o título de uma obra de Baudrillard), televisão, web art e duas gerações na sociologia. Mas, o que é pouco conhecida, é a matriz gnóstica do pensamento no qual se baseia suas obras das três últimas décadas. Para ele a realidade do mundo fora seduzida pelo Mal e acreditava na impossibilidade do conhecimento através de algum princípio racional ou materialista.
Sempre o
pensamento de Baudrillard esteve associado a uma crítica materialista da
sociedade de consumo e da cultura midiática. Se nos primeiros livros encontramos
um pesquisador sóbrio e cuidadoso com os conceitos envolvidos nos estudos sobre
signos e a semiologia, nas três últimas décadas encontramos livros de um
pensador com insólitos paradoxos, provocações, aforismas hiperbólicos,
paroxismos.
De repente Baudrillard parece ter sido tomado por um “terrorismo
metafísico”: “Para mim a realidade do mundo
foi seduzida, e isso é o que é fundamentalmente maniqueísta em meu trabalho.
Tal como os Maniqueos, não acredito na possibilidade de conhecer o mundo
através de algum princípio racional ou materialista – daí a diferença entre o meu trabalho e o
processo de evocar a dúvida radical em Descartes”[1]
Desde a década de
1980 Baudrillard empreendeu uma rigorosa demolição, através de um ceticismo
radical, de todo e qualquer referencial empírico ou real seja no pensamento
científico ou na própria sociedade: a Economia se converte em ritual Potlach;
a escala de necessidades humanas que justificaria a sociedade de consumo jamais
existiu; Guerra do Golfo ou o atentado aéreo ao WTC em 11 de setembro de 2001
foi um “não-acontecimento”, simulacro midiático; o real foi assassinado
através de um “crime perfeito”: a hegemonia do imaginário da presunção da catástrofe, mais
mobilizador do que o imaginário do progresso.
Baudrillard viu
por todos os lados a “sedução da realidade do mundo” pelo Mal. É evidente nessa
lógica a influência do pensamento gnóstico, principalmente de Mani como
demonstra essa outra declaração: “O mundo não é dialético, ele tende para extremos, não para
equilíbrio, tende para o antagonismo radical. Esse é também o princípio do Mal.”[2]
Portanto, vamos iniciar nessa
primeira postagem uma investigação sobre as conexões entre o pensamento de Jean
Baudrillard e o Gnosticismo.
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