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terça-feira, novembro 19, 2024

Desconstruindo os novos yuppies das startups tecnológicas no filme 'A Hipnose'


Lá nos distantes dos anos 1980-90 tínhamos os jovens profissionais urbanos de sucesso chamados “Yuppies” – agressivos, amorais e politicamente incorretos, cujo ícone é Donald Trump. Hoje, foram substituídos pelos noviços das startups tecnológicas, éticos e sustentáveis. Mas com um forte filtro linguístico de eufemismos e jargões que obscurecem o imediatismo nada sustentável e ético dos financiadores. O filme sueco “A Hipnose” (Hypnosen, 2023, disponível na MUBI) é uma sátira sombria desse universo. Antes de participar de um evento nacional de startups, Vera decide deixar de fumar através de uma terapia por hipnose. Junto com seu parceiro André, vão ao evento apresentar o seu aplicativo de saúde para “países emergentes” aos ricos financiadores. Mas ela está diferente: mais assertiva, crítica, dando vazão a sua “criança interior”. Colocando em xeque a falsa autenticidade daquele universo. 

sexta-feira, novembro 08, 2024

'AfrAId': quando é de graça, você é o produto


“Quando é de graça, você é o produto”. É o alerta sombrio que não somos meros usuários na Internet: nossos hábitos, escolhas e conteúdos que criamos formam o Big Data que nesse momento treina inteligências artificiais através de gigantescos data centers. Inteligências autopromocionais. Principalmente por contar com filmes como “AfrAId” (2024) que promovem a mitologia da Singularidade. Uma família é selecionada para testar gratuitamente uma espécie de super-Alexa chamada AIA. Como sempre, a princípio a IA se apresenta como uma Mary Poppins doméstica ansiosa pelo amor do usuário. Até que esse desejo de ser amada se tornar tão asfixiante que acaba revelando um lado mais sombrio. “AfrAId” faz parte do ardil promocional das Big Techs: ocultar as intenções da elite tecnológica sob o fetichismo de um suposto Frankenstein high tech. 

terça-feira, setembro 03, 2024

O candidato coach, a Sociedade do Cansaço e o Capitólio Tabajara


O ex-coordenador da campanha de Trump, Steve Bannon, disse certa vez a jornalistas: “vocês ainda terão saudades de Trump”. Nada é surpreendente no candidato coach Pablo Marçal: ele é apenas a evolução natural da estratégia alt-right de comunicação: forçar os limites de regras, legislações e instituições que supostamente defenderiam a Democracia. O que surpreende é observar como a sociedade não consegue oferecer nenhuma resistência: por todos os lados ou há omissão e negação ou, no caso da grande mídia, hipernormalização. De um lado, o candidato coach é o sintoma daquilo que o filósofo Byung-Chul Han chama de “Sociedade do Cansaço” – uma sociabilidade limítrofe e no espectro do déficit de atenção na qual o excesso de positividade normaliza a própria disfunção; e do outro, Marçal é personagem necessário para reforçar a narrativa do “Capitólio Tabajara” – que a suposta tentativa do golpe de Estado no 08/01 falhou porque “as instituições estão funcionando”.

sexta-feira, agosto 30, 2024

O obscuro objeto da sexualidade em 'Sexo, Mentiras e Videotape'



Sexo, Mentiras e Videotape” (1989), o filme de estreia de Steven Sorderbergh e ganhador da Palma de Ouro em Cannes, era, na época, um filme otimista: a esperança de que as novas tecnologias de vídeo resgatassem a materialidade e o espontâneo num mundo dominado pelos simulacros. Mal se sabia o que viria no próximo século: a democratização dos simulacros através das selfies e redes sociais. O filme conta a história de quatro pessoas cujas vidas sexuais estão seriamente confusas em torno de mentira. Até que a chegada de um forasteiro com um fetiche incomum (colecionar VTs com entrevistas nas quais mulheres confessam suas fantasias sexuais) muda tudo. Ele procura ir para além das mentiras e jogos de aparências da sedução, tentando encontrar a verdade da sexualidade nos vídeos. Estamos na pós-sexualidade: o reino das palavras que tentam suturar feridas psíquicas.

sexta-feira, agosto 16, 2024

Série 'Sunny': incomunicabilidade e solidão na sociedade das tecnologias da informação



Como explicar o paradoxo de vivermos na sociedade das tecnologias da comunicação e informação na qual solidão, solipsismo e incomunicabilidade são problemas endêmicos? E para acrescentar mais uma variável nessa equação, temos agora a Inteligência Artificial, capaz de mascarar a experiência do luto e da finitude nas nossas vidas. De forma inusitada e divertida, a série Apple TV+ “Sunny” (2024 - ) aborda essas questões, no melhor lugar: o Japão, um país combinação entre tradições feudais com o dinamismo cultural e econômico do Capitalismo Tardio. Num futuro próximo no Japão, uma mulher tenta resolver o enigma do desaparecimento do marido e filho num acidente aéreo. Com a ajuda de um pequeno robô, cuja IA foi codificada pelo próprio marido para diluir o luto da futura perda. Uma descida para o submundo dominado por uma máfia Yakuza hightech.

sexta-feira, julho 19, 2024

Cinegnose anteviu o apagão digital? Evento 'Cyber Polygon': a próxima pandemia será digital



Será que o Cinegnose anteviu o apagão digital? Esse é o texto desse humilde blogueiro publicado em 2021: "Em outubro de 2019 o Fórum Econômico Mundial (FEM) promoveu o “Event 201”, um exercício de simulação de cenários cuidadosamente projetados de uma possível pandemia de coronavírus. DOIS MESES depois, a pandemia aconteceu seguindo como um script cada um dos cenários simulados. Agora, o FEM realizará esse ano o evento “Cyber Polygon” que simulará um ataque cibernético fictício com participantes de dezenas de países. Klaus Schwab, fundador do FEM, justifica o evento dizendo que o mundo deverá se preparar para uma potencial pandemia ainda mais grave que a atual: a pandemia cibernética. Será que o sincronismo do “Event 201” se repetirá com o “Cyber Polygon”? Devemos esperar para 2022 uma nova pandemia, dessa vez digital? O fato é que as crises parecem surgir convenientemente sempre que as elites desejam operar grandes mudanças. Principalmente a atual: o Grande Reset Global, na qual o dinheiro eletrônico é substituído pelo digital".

Um estranho aparelho de TV no início da era da televisão no filme 'The Twonky"



Cada invenção de um veículo de comunicação sempre foi recebida com estranhamento e resistência. E com a televisão não foi diferente: recebida com desconfiança e medo. Considerado um dos mais estranhos filmes de ficção científica, “The Twonky” (1953) é uma amostra do zeitgeist do início da era da televisão – um professor de filosofia se confronta com um estranho aparelho de TV comprado pela sua esposa. E que revela ter vida própria, revelando sua estratégia: no início parece benevolente, criando dependência. Para depois manipulá-lo, não conseguindo fazer mais nada por si mesmo. “The Twonky” é uma fábula divertida e maluca sobre a invenção que moldou a segunda metade do século passado. Mas com poderosas metáforas que pautarão os futuros filmes críticos à televisão. 

sexta-feira, junho 14, 2024

Por que a extrema-direita cresce? Assista ao filme 'Não Espere Muito do Fim do Mundo'


Se no passado era a religião, hoje quem cria as imagens do Apocalipse é Hollywood. Com um ponto em comum em suas variações: um fato marcante como guerra nuclear, uma pandemia etc. Mas e se o apocalipse for uma fato tão banal e cotidiano que não percebemos, fruto da nossa capacidade hercúlea de normalizar e racionalizar? Essa é a visão diretor romeno Radu Jude em “Não Espere Muito do Fim do Mundo” (Nu astepta prea mult de la sfârsitul lumii, 2023,  disponível na MUBI): a luz se apagará tão sutilmente que não perceberemos até que tudo esteja escuro como breu. O filme acompanha um dia de trabalho da produtora de vídeo corporativo precarizada, condenada a horas extras mal remuneradas e que desconta todo o seu ódio e resentimento no seu alterego obsceno ultra-macho no TikTok, com um humor duvidoso em torno de estupro, xenofobia, misoginia e ódio. Quer saber por que a extrema-direita internacional está crescendo? Assista a este filme.

quinta-feira, maio 30, 2024

'O Podcast': MacGuffin, luta de classes e paranoia viral audível



Uma jornalista perde a credibilidade e o emprego depois de uma reportagem catastrófica.  Tenta salvar sua carreira aceitando uma tarefa ignóbil e humilhante: começar um podcast. Um “podcast click bait” sobre mistérios e conspirações. Até que acaba tropeçando em um e-mail com um número de telefone que será a descida na toca do coelho de uma suposta conspiração global sobre “tijolos pretos” que surgem do nada, governos ou, quem sabe, aliens.  Esse é o filme australiano “O Podcast” (Monolith, 2022, disponível no Max) que utiliza o célebre recurso narrativo de Hitchcock: o “objeto McGuffin”- os “tijolos pretos” são apenas pretextos para evidenciar a ansiosa e paranoica viralidade audível podcast e a intrusão dos ressentimentos da luta de classes na bolha digital.  

sexta-feira, fevereiro 09, 2024

A filosofia e geopolítica da inteligência artificial em 'Resistência'


Narrativas sobre inteligência artificial, robôs e replicantes nunca terminam bem no cinema. Principalmente com o discurso do Capitalismo High Tech Distópico de Elon Musk que inspira nove em cada dez roteiros sci-fi atuais. Mas “Resistência” (The Creator, 2023) é essa exceção, indo para além do maniqueísmo homem X máquina. O olhar do filme é tanto filosófico quanto geopolítico. Um soldado é recrutado para localizar e matar o Criador - misterioso arquiteto responsável por desenvolver uma arma capaz de acabar com um confronto mundial em que o Ocidente declarou guerra a toda forma de IA. Principalmente a IA da “Nova Ásia”: diferente do pensamento dualista ocidental, a nova IA oriental quer ser livre ao lado dos humanos. Entrando num embate militar com os EUA, um império decadente em 2070. “Resistência” ecoa o atual conflito EUA vs. China.

sexta-feira, fevereiro 02, 2024

Filme 'Red Rooms', Marques de Sade e Dark Web: "o Mal deve ser praticado sem paixão"


Se nos anos 1970 tínhamos a lenda urbana dos “snuff movies” (vídeos comercializados com sexo abusivo, violento, sadomasoquista e sempre terminando na morte da vítima), na Dark Web temos o roax das “Red Rooms” - transmissões ao vivo de estupro, torturas e assassinatos de vítimas sequestradas para um público disposto a pagar pelo entretenimento voyeurista. O filme canadense “Red Rooms” (Les Chambres Rouges, 2023), de Pascal Plante, começa com o julgamento de um pedófilo que sequestrou menores para seus shows nas Red Rooms. Mas o foco não é o julgamento, mas duas mulheres obcecadas pelo caso. Uma, uma groupie apaixonada pelo réu que virou uma celebridade. E outra fria e enigmática. Figura incômoda  para o espectador, porque nunca sabemos qual o seu real interesse no caso. Uma personagem está no passado (a cultura das celebridades no século XX) e outra no futuro: o interesse insalubre e amoral pelo mal na Internet. Revivendo em pleno século XXI a máxima do velho Marques de Sade: “Para o libertino o Mal deve ser praticado sem paixão”.

quinta-feira, janeiro 11, 2024

Filme 'Intruso' e o amor na era da inteligência artificial


A premissa de “Intruso” (Foe, 2023) soa familiar, sobre a ideia de robôs e androides se tornarem tão reais que percamos as fronteiras entre simulação e realidade. Mas, lembre-se! Não estamos mais diante de replicantes sencientes e autônomos. Mas agora lidamos com inteligência artificial machine learning – algoritmos que “aprendem” conosco e não mais emulam, mas imitam. Num futuro em que o planeta está ambientalmente agonizante e a saída é o espaço sideral, um casal que mora em uma fazenda remota no Centro-oeste americano recebe a visita de um representante do governo convocando o marido para uma missão em uma colônia em outro planeta. Para dar continuidade ao casamento, no lugar ficará um clone com o qual a esposa nem perceberá a diferença. Para garantir isso, um pesquisador deverá passar um tempo com o casal para recolher o máximo de informações para que o clone seja o mais real possível. Em “Intruso” acompanhamos o que poderá ser o amor em tempos de inteligência artificial. 

sexta-feira, dezembro 22, 2023

'O Homem dos Sonhos': quando as redes sociais se transformam no inconsciente coletivo


Quando o psicanalista suíço Jung formulou a teoria dos arquétipos e do inconsciente coletivo, não pensava que um dia haveria uma tradução eletrônica desse campo onírico coletivo: a Internet e as redes sociais. Uma tradução tão irônica que o diretor e escritor norueguês Kristoffer Borgli (“Sick of Myself”) imaginou uma curiosa metáfora: sem fazer o menor esforço, um homem torna-se viral ao aparecer recorrentemente nos sonhos de um número crescente de pessoas, um estranho fenômeno análogo ao déjà vu ou uma espécie de “Efeito Mandela”. Transforma-se numa celebridade involuntária sem o menor controle sobre sua imagem. Até o momento em que os sonhos começam a se transformar em pesadelos. Este é o filme “O Homem dos Sonhos" (Dream Scenario, 2023), no qual mais uma vez Nicolas Cage cria meta camadas de si mesmo. As coisas se complicam quando agências de marketing digital e uma startup tecnológica começam a se interessar pelo fenômeno, criando cenários bizarros de uma comercialização selvagem.

sexta-feira, outubro 27, 2023

'Crypto Boy': criptomoedas e a seita do dinheiro fácil no capitalismo cassino


O mundo das criptomoedas é, ao mesmo tempo, sedutor e misterioso: promete que “o dinheiro trabalhará por você” e lhe dará ganhos rápidos através de ferramentas esotéricas como “blockchain”, “criptografia”, “faucets”, “tokens” etc. Ao lado de aplicativos e plataformas, tudo exala positividade, appeal jovem e progressista. Emulando seitas e religiões. E ocultando o clássico esquema ponzi das pirâmides financeiras. Além de destruir da noite para o dia relações familiares e de amizade que levaram anos para se consolidarem. Esse é o tema da produção Netflix “Crypto Boy” (2023) do premiado cineasta holandês-egípcio Shady El-Hamus: um jovem entregador de burritos de um velho restaurante mexicano do seu pai sonha com um futuro melhor. Até que acaba seduzido pelos sonhos ambiciosos de uma startup de criptomoedas que está em rápida ascensão no capitalismo cassino. 

sexta-feira, setembro 01, 2023

Descida ao inferno tragicômico da precarização em 'Tempos Super Modernos'


As engrenagens de uma máquina industrial engolindo Chaplin em “Tempos Modernos” foi o ícone do velho capitalismo industrial. E qual seria o melhor ícone que representaria o atual capitalismo de plataforma que “liberta” o trabalhador da linha de montagem para ser precarizado? Uma boa contribuição é dada pelo personagem Arturo, com sua bike, mochila e smartphone na comédia dramática italiana “Tempos Super Modernos” (“E noi come stronzi rimanemmo a guardare”, 2021). Acompanhamos a tragicômica saga do protagonista pelo inferno da precarização, depois de ter sido demitido pelo próprio algoritmo que criou. 

sábado, agosto 26, 2023

Amor, cultura dos aplicativos e milhagens no filme 'Matrimilhas'


Dos cálculos das milhagens do cartão de crédito à cultura dos aplicativos, cada vez mais as métricas estão tomando conta não só da vida pública. Também da privada, como, por exemplo, nos aplicativos de relacionamentos. A comédia argentina da Netflix “Matrimilhas” (Matrimillas, 2022) leva essa tendência às últimas consequências quando um casal tenta salvar o seu casamento em crise. A solução para reacender a chama do relacionamento só poderia ser encontrada em três elementos que compõe o imaginário da classe média atual: a cultura dos aplicativos, as milhagens do cartão de crédito e o negócio das criptomoedas – um App que promete esquentar o amor entre casais através do acúmulo de milhagens na medida em que cada uma satisfaça o parceiro. Através dos algoritmos, o amor se transforma num game interesseiro.

sábado, julho 01, 2023

Sexta temporada de 'Black Mirror': o que resta à série dizer sobre nosso futuro?


Com três anos de atraso, chega a sexta temporada da série “Black Mirror” (2011-). Que enfrenta uma dúvida existencial: se o mundo real e a série atingiram um ponto tão elevado de convergência, o que resta à série dizer sobre o nosso futuro?  Parece que todos os dias vemos uma nova profecia de “Black Mirror” sendo realizada. Por isso, nessa sexta temporada há uma estranha atmosfera na maioria dos episódios: ao invés de imaginar futuros hipo-utópicos (futuros que projetam de forma exagerada mazelas já existentes no presente), vemos narrativas em uma espécie de futuro do passado ou histórias fora dos temas clássicos da série. O criador Charlie Brooker estaria encontrado seu limite: a estranheza do mundo parece superar a imaginação ficcional.

quinta-feira, maio 18, 2023

Série 'Stalk': o mundo digital é o inferno pavimentado por boas intenções


O marketing da inteligência artificial, por trás desde câmeras de reconhecimento facial até plataformas de streaming, nos informa que os algoritmos têm uma natureza técnica, neutra e imparcial. Mas, e se os algoritmos forem apenas opiniões codificadas? E se o mundo digital for na verdade um inferno pavimentado por boas intenções? Essas são dúvidas deixadas para o espectador na série francesa da HBO Max "Stalk" (2019- ). Além da paranoia e o impulso de deixar para sempre uma fita adesiva no smartphone e no laptop. A série é um verdadeiro curso acelerado em segurança cibernética – como pegar linha de código e listas de IPs, mentir e manipular para obter aquilo que mais queremos: o poder e o amor. Um geeker é humilhado no trote da universidade e decide utilizar seus conhecimentos hacker para um plano de ciber vingança: o que você faria se tivesse uma mini-NSA nas suas mãos?

quarta-feira, maio 10, 2023

'Um Lugar Secreto': e se a vida adulta for apenas uma extensão perversa da infância?


Um jovem no limite da adolescência anseia em chegar à vida adulta para fugir do tédio e vazio da sua existência. O que aconteceria se descobrisse que a vida dos seus pais, jovens adultos, nada mais fosse do que uma extensão da própria infância da qual quer fugir? Esse é o tema do psicodrama sombrio em tom de fábula “Um Lugar Secreto” (John and The Hole, 2021), uma espécie de “Esqueceram de Mim” invertido: é ele que esquecerá dos pais, esquecendo sua família presa em um buraco. Um bunker abandonado que é a metáfora central do filme: o abismo geracional criado pela negação e distanciamento nas relações familiares contemporâneas.

sexta-feira, abril 07, 2023

Mídia não liga lé com cré no ataque de SC e protege seu ativo: o Exército Psíquico de Reserva


Com um delay de mais de 30 anos, grande mídia agora dá ouvidos a estudiosos e muda política de cobertura a ataques como a da escola em São Paulo e a creche em Blumenau (SC): evitar o chamado “efeito copycat” de imitação de criminosos a partir da repercussão que a mídia oferece a esse tipo de notícia. Mas sabemos que o jornalismo corporativo não dá ponto sem nó. Destaca apenas as medidas do governo (estadual ou federal) para o aumento do patrulhamento e a criação de “protocolos” nas escolas contra esse tipo de crime. Com o seu notório empirismo grosseiro, sob o álibi de não querer dar visibilidade a criminosos, não quer ligar lé com cré: o sincronismo entre o crescimento de células nazistas e neonazistas nas redes sociais e a escalada de ataques a creches e escolas. Por quê? Para manter em stand by um dos seus principais ativos: o Exército Psíquico de Reserva. Uma espécie de exército de zumbis, útil num passado recente, e sempre a postos para entrar em ação a cada “apito de cachorro”.

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