sábado, dezembro 30, 2017
Mídia esvazia significado oculto do Ano Novo
sábado, dezembro 30, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Nesse
momento de contagem regressiva para o Ano Novo, cada telejornal e programa de
entretenimento recorre à pauta de sempre: as resoluções para o novo ano e as
simpatias e crendices para o reveillon. Principalmente agora, época em que desempregados
e trabalhadores temporários foram reciclados como “empreendedores” para tentar
elevar o astral da patuleia. Mas tudo isso esconde um significado oculto e
milenar das festividades de final de ano que envolve “Janus” - a divindade indo-europeia ambivalente com duas
caras, uma olhando para o futuro e a outra para o passado. De onde veio
“Janeiro”, cujo primeiro dia do mês na Roma antiga era dedicado a rituais e
sacrifícios ao deus criador das mudanças e transições, como progressão do
passado para o futuro, de uma visão para a outra, de um universo para o outro.
Janus olhava para o futuro, mas também para o passado para lembrar e aprender.
Mas para grande mídia é apenas a comemoração do fim de uma ano velho e a
celebração otimista de um ano supostamente novo. Não olhar para o passado e
repetir os mesmos erros no futuro. Celebrar o esquecimento.
quinta-feira, dezembro 28, 2017
No oitavo aniversário "Cinegnose" atualiza lista com 101 filmes gnósticos
quinta-feira, dezembro 28, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Nesse
mês o “Cinegnose” faz aniversário. Oito anos analisando filmes gnósticos e também os chamados "filmes estranhos" - "weird movies". Procurando mapear, seja nos filmes hollywoodianos, pop ou
no cinema de arte, a presença e evolução dos diversos elementos gnósticos e
simbolismos místicos ou esotéricos associados ao sincretismo do chamado
Gnosticismo Hermético. Também baixamos à terra, onde “Cinegnose” exerceu a
crítica à política da grande mídia e à cultura pop – instrumentos que perpetuam
a ilusão desse mundo. Afinal, esse é o plot central do drama cósmico narrado
pela Cosmogonia gnóstica. Para comemorar esse oitavo aniversário, o “Cinegnose”
atualizou a lista dos filmes que receberam o “Certificado de Filme Gnóstico” do
blog. Agora são 101 filmes, analisados ao longo desses anos. Certamente filmes
diante dos quais não podemos passar indiferentes. Pelo menos, enquanto
estivermos nesse mundo.
segunda-feira, dezembro 25, 2017
Os sinais silenciosos que antecedem um golpe em "The Handmaid's Tale"
segunda-feira, dezembro 25, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Para a
revista “New Yorker”, publicação dos leitores bem pensantes liberais dos EUA, a
série “Handmaid’s Tale” (2017-) é um “distópico conto feminista” da atual era
Trump. Mas enquadrar a produção da plataforma de streaming Hulu nesse clichê é
confirmar aquilo que a própria série alerta: ao qualificar os sinais do
conservadorismo apenas como excrescências religiosas de gente ignorante é mau
informada, reduzimos tudo a uma estranha normalidade, sem percebemos os sinais silenciosos cotidianos que antecedem os golpes políticos. Em “The Handmaid’s Tale” a
América foi dominada por um estado teocrático fundamentalista cristão. Um
desastre ambiental tornou a maioria das mulheres estéreis. As poucas mulheres
férteis foram subjugadas e transformadas em “servas”, reduzidas a aparelhos
reprodutores de uma elite dominante masculina. O Congresso, a Casa Branca e o
Supremo Tribunal foram massacrados e a Constituição foi substituída pela leitura
radical dos versículos da Bíblia.
domingo, dezembro 24, 2017
O espírito do tempo do Natal em "Santa Claus" e "Star Wars Holiday Special"
domingo, dezembro 24, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O que há em comum entre o filme mexicano “Santa Claus” (1959, aka “Santa Claus vs. The Devil”) e “Star Wars Holiday Special” (1978), o especial de Natal da CBS, considerado a pior coisa já feita para a TV? Cada uma dessas produções, na sua época, traduziu o Natal de acordo com o “espírito do tempo”. O primeiro, na esteira do início da corrida espacial e Guerra Fria EUA e URSS. E o segundo, no rastro do sucesso do filme de 1977, já antevendo o computador pessoal e compras e comunicação através da Internet. Contextos tecnológicos e políticos diferentes que criaram, cada um no seu tempo, formas diferentes de interpretar os simbolismos natalinos: o primeiro, global; o segundo, cósmico. Mas os destinos das produções foram diferentes: “Santa Claus” foi um dos filmes natalinos mais reprisados da TV norte americana; enquanto “Star Wars Holiday Special” foi renegado pelos atores, fãs e pelo próprio George Lucas: “eu queria apenas tempo e um martelo para destruir cada cópia”, lamentou.
quinta-feira, dezembro 21, 2017
Globo faz mais três "Contos Maravilhosos" para Natal do mérito-empreendedor
quinta-feira, dezembro 21, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Olhe
sempre para o lado brilhante da vida”, cantava um condenado à morte pelos
romanos, na cruz, no filme “A Vida de Brian” do grupo inglês de humor Monty
Python. Diante de uma realidade birrenta e teimosa que insiste em contradizer a
pauta da “retomada do crescimento econômico”, a mídia corporativa faz como Eric
Idle cantando naquele filme: tenta transformar más notícias em positivos “Contos
Maravilhosos”, conceito dos estudos de narratologia do
pesquisador Vladimir Propp – contos mágicos de perda e recompensa. Para tentar
elevar o astral da patuleia, agora convertida em mérito-empreendedores, a Globo
criou mais três edificantes contos para as festas de fim de ano: os contos
maravilhosos sobre o botijão de gás, o Conto Maravilhoso do resgate dos valores
natalinos e uma novidade – o Meta Conto Maravilhoso da jornalista demitida.
terça-feira, dezembro 19, 2017
Bebês, repolhos e Papai Noel no cruel mundo adulto de "Patch Town"
terça-feira, dezembro 19, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Bebês,
pés de repolhos e Papai Noel numa fábula sobre um mundo adulto que prepara
crianças para o futuro cruel que as espera – a exploração física e psíquica
pelo trabalho e sociedade de consumo. Um filme que combina a iconografia da era
soviética, folclore europeu oriental, a mitologia gnóstica do demiurgo, Papai
Noel e elfos. Um mundo no qual bebês são recolhidos em campos de repolhos para
serem vendidos como bonecas para crianças de todo o mundo. Para depois serem
recolhidas pelo “Coletor de Crianças”, a memória delas apagada e em seguida
exploradas em uma fábrica que produzirá mais bonecas com bebês presos em seu
interior. Tudo com pitadas de cenas musicais e dança. Este é o estranho filme
canadense “Patch Town” (2014): um cruzamento da estética “dark” de Tim Burton
com as atmosferas opressivas de Terry Gilliam.
sábado, dezembro 16, 2017
Nossas vidas são estradas e escadarias infinitas no filme "El Incidente"
sábado, dezembro 16, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Será que
na realidade somos como pobres hamsters prisioneiros de uma roda que gira
eternamente sem nos darmos conta da nossa terrível situação? Será que repetimos sempre os mesmos gestos,
em um mesmo cenário, sempre com os mesmos efeitos e as mesmas consequências?
Poderia ser essa a definição de loucura: tentar resultados diferentes repetindo
a mesma rotina? Duas estórias paralelas com personagens presos em loops
espaço-tempo eternos – um grupo em uma escadaria e uma família prisioneira em
uma estrada infinita na qual o sol nunca se põe. Esse é o filme mexicano “El
Incidente” (2014) do jovem diretor Isaac Ezban. Uma ambiciosa ficção científica
metafísica que aproxima as geometrias impossíveis de M.C. Escher com o universo conspiratória de Philip K. Dick, procurando aproximar a hipótese da existência dos mundos
paralelos da cosmogonia dos diversos
“céus” dos antigos gnósticos.
Três "Contos Maravilhosos" para novos mérito-empreendedores
sábado, dezembro 16, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Hoje a
grande mídia esforça-se para demonstrar imparcialidade para não se desmoralizar
de vez diante de telespectadores e leitores. Diante da crise econômica crônica e da
tragédia social brasileira, a mídia é obrigada a abandonar o confortável campo
semiótico da dissimulação (simplesmente mentir, omitir ou censurar) para
aplicar a estratégia mais trabalhosa da simulação: tem que mostrar as mazelas
brasileiras. Mas o desafio é transformá-las em “contos maravilhosos” no sentido
dado pelo pesquisador de narratologia, Vladimir Propp – o estudo da estrutura
narrativa recorrente em todos contos de fadas. Agora o jornalismo
corporativo tenta transformar personagens anônimos da tragédia brasileira em
protagonistas de contos de fadas pós-modernos. O “Cinegnose” analisa três contos
maravilhosos midiáticos: o conto “a economia alquímica para as massas”, o conto
do “presépio vivo de uma moradora de rua” e o conto “a virada maravilhosa de um
homem em um economia que cresceu 0,1%”.
quinta-feira, dezembro 14, 2017
Trump inventou a "Meta-False Flag" em explosão de Nova York?
quinta-feira, dezembro 14, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
À
primeira vista a explosão de uma bomba caseira atada ao corpo de
um homem em estação de ônibus e metrô em Nova York parece ser mais do mesmo: um
não-acontecimento (aqueles fatos que são relações públicas de si mesmos) com
timing, ambiguidades, anomalias, a indefectível narrativa do “lobo solitário” etc. E um
homem que se explode “acidentalmente” e sobrevive apresentando um aspecto de um
personagem de desenho animado chamuscado. Mas Donald Trump deu o toque de
novidade: imediatamente após o suposto atentado, um tweet no qual o próprio
presidente sugere que o episódio foi uma “fake news”, atacando os canais CNN e
MSNBC. Uma curiosa “Meta-False Flag”? Por que Trump acusa de “fake news” um
episódio no qual saiu ganhando? Para a grande mídia, o “atentado” foi
retaliação contra o anúncio da transferência da embaixada dos EUA para cidade
santa de Jerusalém. Ou mais um “não-acontecimento”, desta vez com objetivo de desviar a atenção
da opinião pública da derrota norte-americana diante da tática de dissuasão
nuclear da Coréia do Norte?
domingo, dezembro 10, 2017
Curta da Semana: "Where Are They Now?" - uma cilada destruiu Roger e Jessica Rabbit
domingo, dezembro 10, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Onde estão os ícones da animação
dos anos 1980 como He-Man, Roger e Jéssica Rabbit (do filme "Uma Cilada Para Roger Rabbit"), o Esqueleto, Garfield, Popeye,
Mumm-Rá, muito tempo depois do auge? Como seria a realidade das suas vidas
atuais? O animador inglês Steve Cutts (conhecido por narrativas críticas sobre
a vida moderna) os imagina viciados, obesos, compulsivos, desempregados ou
subempregados em call-centers e caixas de supermercados. Esse é o argumento do
pequeno curta “Where Are They Now?” (2014): heróis que perderam a batalha final
contra inimigos mais poderosos do que vilões desse ou do outro mundo: o mundo
corporativo, o trabalho precarizado e o desemprego crônico. E terminaram
esquecidos porque acabaram ficando parecidos demais com os espectadores.
sábado, dezembro 09, 2017
A batalha humana de lembrar e esquecer em "Marjorie Prime"
sábado, dezembro 09, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O que é a memória? Um poço
profundo no qual resgatamos lembranças? Ou apenas lembramos da últimas vez que
lembramos? Cópias de cópias de lembranças cada vez mais inexatas. E se uma
Inteligência Artificial fosse programada com nossas memórias? Seria um poço de
lembranças ou uma máquina que cobre a lacuna das nossas memórias apenas com
simulacros? Esse é o tema de “Marjorie Prime (2017) – num futuro indeterminado
foi introduzido um serviço que permite “ressuscitar” a pessoa amada de forma
holográfica, “primes” programados pelas memórias do usuário e familiares. Mas
essas próteses de memórias não serão nem humanizadas e muito menos pretenderão
nos subjugar. Serão apenas testemunhas passivas da nossa desumanização. Filme sugerido pelo nosso infalível leitor Felipe Resende.
quinta-feira, dezembro 07, 2017
Mídia dilui significado da descoberta de papiro com "ensinamentos secretos" de Jesus
quinta-feira, dezembro 07, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
As
notícias foram dadas como alguma coisa entre Indiana Jones, conspirações do
“Código da Vinci” de Dan Brown ou sobre Jesus convenientemente próximo do
Natal. As notícias sobre a descoberta do manuscrito em grego do “Primeiro Apocalipse de
Tiago” (manuscrito apócrifo gnóstico até então conhecido em linguagem copta da
chamada “Biblioteca de Nag Hammadi”), perdido no acervo da Universidade de
Oxford, foram cercadas por uma mitologia midiática que sempre é acionada para
diluir aquilo que é de mais virulento e revolucionário no Gnosticismo (razão pela qual
foi tão perseguido por toda a História): os conflitos políticos e econômicos como
parte do drama de uma luta cósmica entre o Bem e o Mal, sem superação dialética
ou solução evolutiva. A grande mídia cobriu a descoberta como “religiosa”,
diluindo a potencial ameaça às instituições desse mundo: de que Jesus não
veio para nos “salvar”, mas para nos revelar algo que já existe dentro de nós –
apenas nos fazem esquecer através de ilusões. E a mídia que “noticia” a
descoberta do manuscrito é uma delas.
terça-feira, dezembro 05, 2017
Para a Globo, vingança é um prato que se come... quente!
terça-feira, dezembro 05, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Diz o
ditado, imortalizado no livro “O Chefão”, de Mário Puzzo, na fala de Dom
Corleone: “A vingança é um prato que se come frio”. Mas para a Globo não é bem
assim: deve-se servir bem quente. Ataque e contra-ataque, retaliatório e
vingativo. O candidato à presidência Jair Bolsonaro (criatura que emergiu da lama
psíquica que a Globo remexeu para engrossar o caldo do impeachment) acusou a
emissora de “emplacar o Lula” e ameaçou, “quando chegar lá”, reduzir pela
metade a verba publicitária da emissora. Foi o bastante para de imediato o jornal “O Globo” denunciar, em
letras garrafais, o nepotismo do deputado no Congresso. Mais um episódio que comprova como o jornalismo global
nunca esteve no campo da informação – se isolou num fechado sistema tautista de
autopreservação. Quando vê ameaçado seus interesses logísticos e econômicos (da
política ao futebol), escala seus apresentadores e colunistas para colocar suas
“grifes” como ventríloquos dos “furos” que rapidamente descem da cúpula para o
piso da redação. Chamam isso de “jornalismo investigativo”.
domingo, dezembro 03, 2017
Em "Cosmodrama" Ciência, Religião e Filosofia travam duelo sem rumo
domingo, dezembro 03, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Sete
astronautas, acompanhados por um cachorro e um chipanzé, acordam em uma
espaçonave depois de saírem do estado de criogênico. Nenhum deles sabe o que
está fazendo ali ou qual o destino final da viagem. Aparentemente a nave (um
mix vintage da “Discovery” de “2001” e a “Enterprise” da série de TV “Star
Trek”) está programada para funcionar automaticamente. Eles apenas terão que
confiar na própria capacidade de observação para especular o propósito de tudo
aquilo. Logo descobrirão que cada um é especialista em um área do conhecimento:
Psicologia, Astronomia, Semiótica, Jornalismo, Filosofia, Biologia e Genética.
Esse é o filme francês “Cosmodrama” (2015) de Phillipe Fernandez. Com
delicadeza e humor, através de gags e situações absurdas, introduz o espectador
às grandes especulações cosmológicas sobre o início e o fim do Universo: o Big
Bang, a Eternidade, o design inteligente e o universo holográfico. Ciência,
Religião e Filosofia duelam entre si para entender o propósito da existência.
Porém, o mistério maior permanece: mas afinal, o quê é aquela espaçonave? Com a
colaboração do nosso infalível leitor Felipe Resende.
Tecnologia do Blogger.