sexta-feira, abril 07, 2023
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Com um delay de mais de 30 anos, grande mídia agora dá ouvidos a estudiosos e muda política de cobertura a ataques como a da escola em São Paulo e a creche em Blumenau (SC): evitar o chamado “efeito copycat” de imitação de criminosos a partir da repercussão que a mídia oferece a esse tipo de notícia. Mas sabemos que o jornalismo corporativo não dá ponto sem nó. Destaca apenas as medidas do governo (estadual ou federal) para o aumento do patrulhamento e a criação de “protocolos” nas escolas contra esse tipo de crime. Com o seu notório empirismo grosseiro, sob o álibi de não querer dar visibilidade a criminosos, não quer ligar lé com cré: o sincronismo entre o crescimento de células nazistas e neonazistas nas redes sociais e a escalada de ataques a creches e escolas. Por quê? Para manter em stand by um dos seus principais ativos: o Exército Psíquico de Reserva. Uma espécie de exército de zumbis, útil num passado recente, e sempre a postos para entrar em ação a cada “apito de cachorro”.
sexta-feira, junho 10, 2022
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Do nada, uma senhora começou fazer ofensas racistas contra uma família negra que entrou em um vagão do metrô em Belo Horizonte. Foi repercutido pela grande mídia e redes sociais como mais um caso de uma escalada de racismo, intolerância e ódio no País. Visivelmente os ataques partiram de uma pessoa que sofria de transtornos mentais. Esse não é um caso isolado: por que, na sua esmagadora maioria dos casos, os transtornos mentais se expressam através de significantes de extrema-direita? Por que o ódio, intolerância, racismo, preconceito, estereotipagem do outro etc. são signos aderentes aos transtornos psíquicos? Alguém já viu um psicótico tendo surtos “esquerdistas” de intolerância contra a classe dominante? Há uma farta bibliografia sobre pesquisas que conectam transtornos mentais com extremismo de direita. As mais recentes são sobre a hipótese da “cognição socialmente motivada” – quando casos como esse criam visibilidade midiática cria-se um paradoxal “efeito copycat”: o efeito de imitação como feedback, matéria prima psíquica da cismogênese da guerra híbrida.
sábado, abril 16, 2022
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Schopenhauer acreditava que num mundo sem sentido, a vontade seria a fonte de todo sofrimento. Nietzsche não concordava: “não há vida fora da vontade”, acreditava o filósofo. Nem que seja para ter vontade do nada quando não há nada mais para querer. O filme australiano “Nitram” (2021), do cineasta Justin Kurzel, confirma essa tese de Nietzsche ao fazer uma perturbadora radiografia do atirador em massa do trágico episódio conhecido como “massacre de Port Arthur”, na Austrália, em 1996. Kurzel revisita todas as teses mais batidas em filmes e documentários sobre atiradores em massa (bullying, a “criança diabólica”, pais insensíveis etc.) para se concentrar na responsabilidade das instituições, legislações e nos “efeitos copycat” desencadeados pela cobertura midiática sensacionalista. As formas como a sociedade pode desencadear mecanismos que canalizem a “vontade do nada” presente na doença humana.
“O homem preferirá ainda a vontade do nada ao nada de vontade”
(Friedrich Nietzsche, “Genealogia da Moral”)
Nietzsche considerava o homem um animal doente. E a sua doença é perceber que o mundo não tem sentido. E o ascetismo é uma tentativa de cura. O ideal ascético (humildade, pobreza e castidade) é uma tentativa de o sofredor manter-se vivo, criando um sentido para a existência através do próprio sofrimento.
Com isso, Nietzsche queria dar uma resposta a Schopenhauer em seu “Mundo como Vontade e Representação:” para o filósofo, o ascetismo seria uma forma de tentar anular a vontade que, ao final, seria a fonte de todo o sofrimento numa existência sem sentido.
Porém Nietzsche discordava: a vontade pelo nada pode ser o último lugar para onde se queira apontar, a última salvação. Para Nietzsche, não há vida fora da vontade: é possível querer o nada, mas é impossível deixar de querer.
O ascetismo pode ser uma faca de dois gumes: a solidão pode dar o poder de se concentrar, “onde os espíritos fortes, os homens cultos, precisam se isolar”. Mas também a vida ascética pode ser dominada pelo ressentimento – o desejo de dominar a própria vontade pode se revoltar na repressão fisiológica, autoflagelo e autossacrifício, pode resultar na destruição da própria existência como o último objeto da vontade.
O filme australiano Nitram (2021), do cineasta Justin Kurzel (Snowtown), faz lembrar essas reflexões nietzschianas sobre a vontade e o nada. Kurzel retorna ao subgênero dos filmes sobre atiradores em massa com uma inquietante dissecação dos motivos que levaram Martin Bryant a cometer uma onde de assassinatos, conhecidos como o Massacre de Port Arthur, Austrália, 1996.
O massacre, no qual morreram 35 pessoas e mais 23 feridas, ocorreu principalmente na antiga colônia penal de Port Arthur, que foi recuperado e se tornou uma local turístico popular no sudoeste da Tasmânia – o único caso de atirador na história do país.
Em quase duas horas de duração, Kurzel revisita todos os tropos dos filmes e documentários sobre atiradores em massa como Elephant (Guz Van Sant) e Precisamos Falar Sobre Kevin (Lynne Ramsay), tornando o roteiro de Shaun Grant uma narrativa autoconsciente.
Para começar, o nome do atirador nunca é mencionado no filme, apenas o seu apelido, refletindo a abordagem atual que visa evitar a notoriedade aos agressores. Ao longo do filme vai revisitando todas as teses clássicas: Nitram queria comprar uma prancha de surf e a mãe o desencorajou de forma ambígua: “eu te amo, mas surfar não é para você”. Será que isso teria um significado especial? Assim como, se Hitler fosse admitido na escola de arte, não ocorreria a Segunda Guerra Mundial?
Há a questão dos problemas psiquiátricos: Nitram tomava antidepressivos – a doença mental poderia ser uma justificativa? Uma pária menosprezado vítima de bullying? Ou a ideia de que, desde tenra idade, era uma “criança demoníaca” – a ideia do Mal sugerida pelo filme do diretor Lynne Ramsay.
Kurzel atravessa todas essas possibilidades, de forma cerebral e autoconsciente, sem tomar partido. Porém, o diretor destaca a questão da violência em si, como o único objetivo ou sentido que restou ao protagonista. Como fica claro na sequência em que seu pai está deitado no sofá em um estupor depressivo, após um negócio malsucedido. Nitram ataca violentamente seu pai com tapas e socos. Quando a mãe lhe pergunta por que fez isso, ele responde de forma enigmática: “Isso é o que você deveria fazer... Então, é isso que você faz”.
Nitram é um estudo arrepiante desse tipo de mentalidade simplista que vê a violência como uma maneira de desencadear algum tipo de resposta. Por isso, o estudo de Kurzel lembra o diagnóstico nietzschiano: de repente a vontade do nada através da violência pode conceder sentido a uma existência sem sentido.
O Filme
Na primeira sequência vemos o menino Bryant, na ala de queimado de um hospital, sendo indagado se aprendeu a lição sobre brincar com fogos de artifício. “Sim... mas ainda continuo brincando com eles”, responde o menino. É um toque inteligente, porque, desde o início, o filme estabelece que o protagonista entende as repercussões de suas ações, colocando-se a questão da amoralidade.
O personagem principal é chamado "Nitram" (o primeiro nome do criminoso real soletrado ao inverso) é interpretado por Caleb Landry Jones. Nitram mora com seus pais (Judy Davis e Anthony LaPaglia), ambos cansados do esforço de manter um olho vigilante em seu filho crescido perigosamente errático. Incapaz de manter um emprego convencional, Nitram conhece Helen (Essie Davis) quando está rondando o bairro, oferecendo cortar grama em troca de dinheiro. Ao contrário da maioria das pessoas que ele encontra, Helen - uma excêntrica ex-atriz, embora menos ameaçadora - o convida a morar na sua casa, e os dois embarcam em um romance incomum. Por um tempo, os dois desajustados alcançam um equilíbrio frágil.
Então a tragédia se abate, deixando Nitram sozinho em um grande casarão na companhia de vários cães. Ele herda de Helen mais de meio milhão de dólares. Mas isso torna o protagonista ainda mais errático – ele decide conhecer Los Angeles e Hollywood. E na volta, após o traumático suicídio do pai depressivo, começa a alimentar a ideia de que a violência é a única maneira de conseguir uma resposta em uma existência vazia.
A partir de então, Nitram marcha inflexivelmente em direção ao final que sabemos que está chegando.
Nitram de Justin Kurzel caracteriza-se pela neutralidade e isenção emocional. Preocupações da crítica de que o filme teria pena do assassino, que ele se tornaria algum tipo de herói incompreendido que não teria escolhido um caminho tão terrível se não tivesse sofrido bullying na escola ou fosse mais amado por seus pais, rapidamente se provam infundadas.
Nitram também não trata o seu protagonista como alguém perturbado ou caricaturalmente maligno. Nunca temos a sensação de que Kurzel está tentando nos impor como deveríamos sentir em relação a Nitram. Somos apenas solicitados a observar, não a julgar. Em um filme centrado em um evento tão traumático, a manutenção de uma perspectiva não ofuscada pela intensidade da emoção é uma característica notável da narrativa.
Outra armadilha potencial evitada está no retrato dos pais de Nitram, a quem o filme trata com muito mais simpatia do que culpa. Desde o instante em que os conhecemos, a pura exaustão de cuidar constantemente de seu filho aterrorizante está estampada em seus rostos. Embora a mãe de Nitram seja severa e seu pai permissivo (pais exaustos e incompatíveis), ambos claramente amam seu filho. Eles tentam fazee o melhor para ele, enquanto lutam com a crescente percepção de que seu melhor nunca será bom o suficiente.
Efeito Copycat
Na verdade, o foco de Nitram está num sistema que permitiu que um jovem claramente desequilibrado com uma mochilacontendo meio milhão de dólares saísse de uma loja de armas com armamento suficiente para um pequeno exército. A sequência central da loja de armas se destaca por sua banalidade repugnante; a amabilidade descontraída dos vendedores é quase tão desconcertante quanto as poucas cenas de violência aberta.
Aqui e ali no filme, Kurzel sugere o fator midiático na influência comportamental do atirador em massa. De início, o desejo do protagonista querer conhecer Hollywood, após a morte de sua companheira e de ter herdado sua fortuna. Em outra passagem, percebemos que a TV da casa dos pais de Nitram está transmitindo um telejornal que dá notícias de um massacre famoso naquele momento: o massacre da escola de Dunblane, na Escócia, em que um atirador matou 16 crianças e uma professora. Muitos acreditam num “efeito copycat” (efeito de imitação), teoria de que o efeito de saturação da cobertura sensacionalista da mídia dá o incentivo a que indivíduos disfuncionais repitam o crime – clique aqui.
E no final do filme, antes do protagonista iniciar o massacre, ele coloca uma filmadora na mesa do restaurante e liga. Dando início ao atentado.
A descrição de vida de Nitram como uma espécie de monotonia claustrofóbica é a chave de compreensão do filme: seu isolamento e ascetismo (reforçado ainda pelo antagonista mundano, um surfista bem-sucedido cuja namorada o esnobou em uma importante cena que sugere o ressentimento) são cuidadosamente cultivados até se transformar na vontade nietzschiana pelo nada final.
A mensagem de Kurzel está nos créditos finais do filme mostrando as consequências: como o massacre estimulou na Austrália a “Lei de Implementação do Programa Nacional de Armas de Fogo de 1996”, restringindo a propriedade privada de espingardas semiautomáticas de alta capacidade, espingardas de caça semiautomáticas e espingardas de pressão, assim como introduziu a licença padronizada para compra de armas de fogo.
Ficha Técnica
Título: Nitram
Diretor: Justin Kurzel
Roteiro: Shaun Grant
Elenco: Caleb Landry Jones, Judy Davis, Anthony LaPaglia, Essie Davis
Produção: GoodThings Productions, Melbourne International Film Festival
sexta-feira, abril 01, 2022
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Pouco depois dos atentados de 2001 nos EUA, o Governo Bush reuniu-se com os chefões da indústria do entretenimento, em um hotel de Beverly Hills, definindo uma Agenda Hollywood para os próximos 20 anos com as linhas gerais para produção de conteúdos. Entre elas, a intensificação das franquias de super-heróis das franquias Marvel e DC Comics. Mais do que impor valores americanos, a estratégia era de criar o “neurocinema”: através do universo expandido das franquias, criar um “mind set” necessário para as “revoluções híbridas” planetárias da geopolítica dos EUA. “Batman” (The Batman, 2022) de Matt Reeves é a produção mais acabada dessa Agenda – como o senso particular de justiça de Batman criou um monstro: uma versão Incel do Charada numa Gotham doente e decadente, no qual ressentimento e o senso de antipolítica pavimentam a ingovernabilidade necessária para todas as “revoluções coloridas” globais.
sábado, julho 03, 2021
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Se no início do cinema os primeiros gêneros de sucesso que alavancaram a nascente indústria cinematográfica foram pornografia e filmes sobre a Paixão de Cristo, na era do vídeo VHS dos anos 1980 foram os filmes slasher, horror gore, nazi exploitation e terror hardcore – os chamados “vídeos nasty” ou “vídeos nojentos”. Na Grã-Bretanha de Margaret Thatcher passaram a ser responsabilizados pelo aumento da criminalidade e ameaça à saúde mental. “Censor” (2021) acompanha Enid, uma censora da British Board of Censors que é responsabilizada pela opinião pública por um crime com requintes de canibalismo, supostamente inspirado por um filme slasher que ela liberou apenas com cortes. Será que os filmes teriam esse poder hipodérmico de influência? Ou seriam apenas “gatilhos cognitivos”? “Efeitos Copycat” de imitação que poderiam ser manipulados politicamente como bombas semióticas.
terça-feira, outubro 15, 2019
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Para muitos pesquisadores em Sincromisticismo, desde que o Coringa surgiu em 1940 nas HQs, o personagem transformou-se em uma forma-pensamento autônoma, um arquétipo que paira sobre o tempo. Mas como produto da indústria do entretenimento, ele também reflete o espírito de cada época, do Coringa bufão de Cesar Romero nos anos 1960 psicodélicos à inteligência sinistra do Coringa de Heath Ledger. Em “Coringa” (Joker, 2019) o Príncipe Palhaço do Crime ganha uma atualização, dessa vez um “spin off”: as origens do Coringa numa Gotham City vintage, mas que pode muito bem ser o espelho da nossa época. O Coringa de Joaquim Phoenix (numa interpretação assustadora onde, mais uma vez, um ator pagou o preço psíquico para encarnar o personagem) reflete a atual onda de ódio e ressentimento articulados pela Deep Web, fóruns e chans na Internet e pelo populismo de direita. Coringa é a persona da cultura copycat e cosplay atual dominada por um ciclo de feedback de identificações equivocadas que fogem do controle.
terça-feira, outubro 08, 2019
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O atentado de um procurador da Fazenda Federal contra uma juíza do TRF-3 em São Paulo revela a existência de um mundo crepuscular de sinais e símbolos (“formas-pensamento”) do qual o Bolsonarismo e a direita alternativa se nutrem – uma psico-esfera nacional psiquicamente envenenada resultante da guerra híbrida e anos de “Efeito Copycat” e “Efeito Heisenberg”. Efeitos midiáticos da saturação do discurso anticorrupção que, de tão ambíguo ou polissêmico, criou um perverso “acontecimento comunicacional”: o encontro da narrativa midiática com a jornada pessoal de receptores - todo um subconjunto de pessoas vulneráveis, homicidas e suicidas em um nível inconsciente quem podem infectar a população em geral a acreditar que a “meganhagem” e “justiçamento” são o paradigma tanto para as soluções nacionais como para as mazelas pessoais afetivas, emocionais e familiares.
sexta-feira, outubro 13, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O atirador de Las Vegas; o vigia que
ateou fogo em crianças numa creche em Minas Gerais; o ex-vereador que se
passava como policial federal e produtor da TV Globo para extorquir e estuprar
e, diz, ainda pretende ser presidente do Brasil para “acabar com a corrupção”.
Lá nos EUA como aqui no Brasil o gênio foi tirado da garrafa para eleger um
presidente e desestabilizar governos. A grande mídia cobre esses casos como
eventos isolados, inexplicáveis, como “fatos diversos” da irracionalidade
humana reforçado pelos indefectíveis “especialistas-informação-de-pauta” de
plantão. Mas tanto lá como aqui são confirmações de que os pensamentos são
coisas: formas-pensamento autônomas que dão ao “mal estar da civilização” (através da grande mídia em seus momentos de
conflagração político-ideológica, oposição e guerra para desestabilização
política)uma narrativa, lógica e com
sentido. Para o gênio sincromístico sair da garrafa e nunca mais querer voltar.
quarta-feira, março 29, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O palhaço do crime está de volta. Só nesse mês de março, dois episódios
em países diferentes tiveram o Coringa como elemento motivador em situações
violentas: um adolescente abriu fogo em uma escola na França após posar armado
e mascarado como o Coringa em fotos no Facebook; e um homem carregando uma
espada e maquiado e fantasiado como o vilão do Batman foi preso pela polícia caminhando
ameaçadoramente pelas ruas em uma cidade na Virginia, EUA. São mais casos de
uma extensa lista daquilo que os psicólogos chamam de “Efeito Copycat” (efeito
de imitação) iniciado com o filme "Batman: O Cavaleiro das Trevas" (2008) e a
controversa morte de Heath Ledger que interpretava o Coringa. Uma extensa lista
cujo caso mais famoso foi o Massacre de Aurora (2012) no qual o atirador dizia
ser “o verdadeiro Coringa”. Pesquisadores em Sincromisticismo acreditam que o Coringa é
um arquétipo vivo, uma forma-pensamento. Se no passado, esses arquétipos eram
dissipados em rituais sagrados, hoje tornam-se narrativas midiáticas
repetitivas cuja energia psíquica procura receptores vulneráveis para serem
“descarregadas” em ações catastróficas e imprevisíveis.
quinta-feira, março 23, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Mais um atentado, desta vez em Londres com
atropelamento em série de civis e invasão dos jardins do Parlamento Britânico
por um homem armado com duas facas. O local é ao mesmo tempo icônico e
sincrônico: escolhido pelos roteiristas para as cenas mais espetaculares do
filme “V de Vingança”, cuja famosa máscara foi inspirada em Guy Fawkes, líder
da “Conspiração da Pólvora” no século XVII – considerada a primeira “False
Flag” da História, que pretendia mandar pelos ares o rei junto com o
Parlamento como parte de uma propaganda de guerra. Novamente o ataque revela as mesmas recorrências e anomalias dos
atentados desde o ataque ao WTC em 2001: a execução final do vilão, o “lobo
solitário”, as conclusões rápidas da mídia e da polícia e a “coincidência” de
72 horas antes do ataque exercícios antiterror foram realizados no rio Tâmisa,
com lanchas rápidas, resgatando hipotéticas vítimas civis. Assim como aconteceu
no atentado “real”. Mais uma vez, o atentado “não aconteceu”: foi uma forma de
meta-terrorismo para irradiação midiática.
quinta-feira, outubro 20, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O
Netflix anunciou para o ano que vem uma série baseada na atual Operação Lava
Jato, em cartaz na grande mídia desde 2014, estrelada pelo protagonista Sergio
Moro. Curioso sincronismo entre uma operação, cujas ações sempre foram pautadas
por simbolismos e timing midiático, e uma série ficcional inspirada em evento
real ainda em evolução. Desde “House of Cards”, o Netflix vem protagonizando
recorrentes “coincidências significativas” – parece que suas produções pontuam
e até interveem na atual crise política brasileira. Coincidência? Ou estamos
testemunhando a nova política externa da chamada “Smart Power” (Hard Power +
Soft Power) implementada por Hilary Clinton no Departamento de Estado dos EUA
em 2009? Armas e bombas + indústria do entretenimento, produções midiáticas que
estariam além da mera imposição ideológica. Agora, sofisticada engenharia de
opinião pública onde eventos reais dialogam com narrativas ficcionais, até que
paradoxalmente a realidade se torne verossímil por meio da ficção: se virou
série, então é verdade!
sexta-feira, setembro 23, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A cidade de Bridgend (no fundo de vales no sul do País de Gales) no
passado sustentou o império britânico com o seu carvão, para depois ser
esquecida pela História e pelo mundo. Até que, desde 2007, uma inexplicável onda
de suicídios de jovens por enforcamento (79 mortes até hoje) tomou conta da
região. Para a mídia, tornou-se a “cidade da morte” e seus jovens
estigmatizados. O filme Bridgend (2015) do dinamarquês Jeppe RØnde baseia-se nesse caso misterioso: uma adolescente retorna para Bridgend
junto com seu pai, um policial que investiga a causa da onda de suicídios. Um
culto suicida na Internet? Efeito copycat motivado pelo sensacionalismo como a
mídia trata o assunto? Efeito no sistema nervoso central das ondas UHF do
sistema de rádio de emergência da polícia do Reino Unido? Ou um acerto de
contas dos jovens contra a civilização? - quando a existência fica vazia, a
morte pode se tornar o único sentido para a vida. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.
sábado, julho 30, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Diante da sequência de ataques ocorridos na Alemanha, o site da Deutsche
Welle (empresa de radiodifusão alemã) cogitou a possibilidade de o país estar
sofrendo uma sequência de “assassinatos copycat”, efeito de contágio
desencadeado por uma “fórmula dramatúrgica” através da qual a mídia vem
tratando diferentes eventos. Atentados terroristas genuínos e ataques de
assassinos solitários são descritos dentro de um mesmo script sensacionalista,
criando um gigantesco “efeito Heisenberg”: a mídia está cada vez mais cobrindo
a si mesma e os seus efeitos sobre as pessoas.
segunda-feira, julho 18, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Atualmente
ataques e atentados parecem se tornar relações públicas de si mesmos: buscam
sempre a máxima repercussão e visibilidade. Dos “frames” escolhidos pelos
fotógrafos até a própria tragédia, tudo é retoricamente tão saturado que entra
no campo das mitologias midiáticas. A narrativa é sempre a mesma: o ataque de um “lobo solitário”; a ação
que interrompe festas, prazer e diversão, o timing, o oportunismo e,
finalmente, a morte/suicídio final do
terrorista. O ataque em Nice mais uma vez repetiu o plot. Porém dessa vez
acrescentou mais um elemento: a ambiguidade – ataque terrorista? Apenas um
louco que odeia o mundo? Por isso no ataque em Nice podem ser encontrados
elementos tanto de "Operação Bandeira Falsa" (“False Flag”) como do chamado “efeito Copycat” (imitação). E
a coincidência da estreia do filme de ação “Bastille Day” (cujo plot é a luta para impedir um atentado em Paris) no dia do ataque
reforça essa hipótese.
sexta-feira, abril 15, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Loren Coleman, pesquisador norte-americano em Sincromisticismo e os
chamados “efeitos copycat” midiáticos, dá um “alerta vermelho” para o mês de
abril. O quarto mês do ano historicamente é marcado por “coincidências
significativas”. Homicidas e terroristas parecem querer conferir notoriedade a
seus atos ao aproximá-los de datas marcadas por acontecimentos tragicamente
históricos, dentro de um efeito de imitação (efeito copycat). Também como
evento planejado e roteirizado para produzir rendimento midiático, a votação do
impeachment em abril também guarda “coincidências” que acabam se tornando muito
significativas. As diversas coincidências no planejamento das datas da votação
do impeachment sugerem que poderíamos estar diante de um evento que vai para além da Ciência Política para entrar no campo esotérico da Parapolítica.
Cinegnose participa do programa Poros da Comunicação na FAPCOM
Este humilde blogueiro participou da edição de número seis do programa “Poros da Comunicação” no canal do YouTube TV FAPCOM, cujo tema foi “Tecnologia e o Sagrado: um novo obscurantismo?
Esse humilde blogueiro participou da 9a. Fatecnologia na Faculdade de Tecnologia de São Caetano do Sul (SP) em 11/05 onde discutiu os seguintes temas: cinema gnóstico; Gnosticismo nas ciências e nos jogos digitais; As mito-narrativas gnósticas e as transformações da Jornada do Herói nas HQs e no Cinema; As semióticas das narrativas como ferramentas de produção de roteiros.
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Coleção Curtas da Semana
Lista semanalmente atualizada com curtas que celebram o Gnóstico, o Estranho e o Surreal
Após cinco temporadas, a premiada série televisiva de dramas, crimes e thriller “Breaking Bad” (2008-2013) ingressou na lista de filmes d...
Bem Vindo
"Cinema Secreto: Cinegnose" é um Blog dedicado à divulgação e discussões sobre pesquisas e insights em torno das relações entre Gnosticismo, Sincromisticismo, Semiótica e Psicanálise com Cinema e cultura pop.
A lista atualizada dos filmes gnósticos do Blog
No Oitavo Aniversário o Cinegnose atualiza lista com 101 filmes: CosmoGnósticos, PsicoGnósticos, TecnoGnósticos, AstroGnósticos e CronoGnósticos.
Esse humilde blogueiro participou do Hangout Gnóstico da Sociedade Gnóstica Internacional de Curitiba (PR) em 03/03 desse ano onde pude descrever a trajetória do blog "Cinema Secreto: Cinegnose" e a sua contribuição no campo da pesquisa das conexões entre Cinema e Gnosticismo.
Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, organizado pelo Prof. Dr. Ciro Marcondes Filho e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.
Neste trabalho analiso a produção cinematográfica norte-americana (1995 a 2005) onde é marcante a recorrência de elementos temáticos inspirados nas narrativas míticas do Gnosticismo.>>> Leia mais>>>
"O Caos Semiótico"
Composto por seis capítulos, o livro é estruturado em duas partes distintas: a primeira parte a “Psicanálise da Comunicação” e, a segunda, “Da Semiótica ao Pós-Moderno >>>>> Leia mais>>>