Indicado ao Oscar de Melhor Filme, Diretor e Atriz, “Tár” (2022) é um filme sobre uma brilhante maestra e compositora chamada Lydia Tár (numa interpretação visceral de Cate Blanchett) cuja vida e carreira desabam após chegar ao topo da cadeia alimentar no circuito promocional altamente predatório da música clássica. O diretor Toddy Field quer discutir algo que vai muito além da cultura de cancelamento: como a criação artística brilhante e original pode se perder num labirinto em que a necessidade de ser personalista e arrogante faz parte essencial do negócio para acumular capital simbólico num mercado tão competitivo. Por isso a simbologia do labirinto é central (recorrente em diversas cenas): virtudes públicas e vícios privados combinados com o mix da arte, poder e influência criam o inferno para a protagonista, enquanto a genialidade vai se perdendo pelos becos sem saída de um labirinto.