terça-feira, abril 30, 2013

O Grau Zero da Política


Por que o PT é tão assertivo nas questões sociais e reticente quando se trata da Lei dos Meios e monopólios midiáticos? O verdadeiro ato falho do ministro da Educação Aloízio Mercadante ao sair em defesa ao “seu” Frias frente às denúncias da Comissão da Verdade representa aquilo que o pensador francês Jean Baudrillard chamava de “grau zero da política”: as esquerdas nunca quiseram chegar ao Poder e, dizia Baudrillard, se um dia chegassem não haveria perigo porque o poder, de fato, não existe. Ele estava sendo profético.

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      À primeira vista, talvez o tema dessa postagem (política partidária) cause estranheza ao leitor em um blog especializado na discussão sobre cinema e gnosticismo. As últimas discussões sobre a Lei dos Meios e os monopólios de mídia e a reticência do governo atual em debatê-la lembram um conceito de influência gnóstica do pensador francês Jean Baudrillard: a reversibilidade simbólica, o gênio maligno presente em todos os sistemas – todos os sistemas chegam a um ponto de desenvolvimento e complexidade que acabam inviabilizando sua própria finalidade, voltando-se contra si mesmo. É o caso do sistema político que chegaria ao chamado “grau zero”, onde a finalidade social foi substituída pela simulação e sedução. É a “transparência do Mal”.

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Em carta ao jornal Folha de São Paulo o ministro da educação Aloízio Mercadante saiu em defesa da memória de Octávio Frias de Oliveira, falecido dono da “Folha”, após um delegado dos tempos da ditadura militar dizer, na Comissão da Verdade, que ele colaborou ativamente na repressão e tortura aos “terroristas” e “subversivos”. Esse episódio parece que foi a gota d’água para muitos que ainda, pacientemente, esperavam que após 10 anos de governos de esquerda a questão do monopólio midiático no país já tivesse sido, pelo menos, confrontada.

sábado, abril 27, 2013

E o Verbo se fez carne de celebridade no filme "Antiviral"


Em um futuro próximo, a relação com as celebridades será tão obsessiva que todos desejarão entrar em "comunhão biológica" comprando vírus e enfermidades exclusivas dos famosos e comendo carne processada com células de seus ídolos. Assistindo ao filme canadense “Antiviral” (2012) percebemos que o diretor Branon Cronenberg sugere o elemento religioso por trás da nossa civilização das imagens e das celebridades. Mais precisamente, o mistério do “dogma revelado” (a misteriosa união entre o Verbo e a carne representada por Jesus Cristo) estaria motivando todo o culto fetichista pelas imagens na atual indústria do entretenimento, mas dessa vez não mais por meio de uma comunhão simbólica através da hóstia e vinho, mas agora por meios tecnológicos e mortais.

Na Bíblia o Evangelho Segundo João nos oferece dois versículos que são fundamentais para entendermos os mecanismos arquetípicos presentes na atual cultura das celebridades repercutida pela civilização das imagens: “E o Verbo se fez carne”, diz o versículo 14 do capítulo primeiro; “Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne. Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como pode este dar-nos a comer a sua própria carne? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos”, versículos 51-71 do capítulo 6.

Se o pesquisador em Midiologia, o francês Regis Debray, estiver certo de que há uma linha de continuidade entre a civilização das imagens atual e os Concílio de Nicéia no ano 787 que estabeleceu o mistério da Encarnação de Cristo (o Eterno que se tornou carne, o Infinito que se tornou finito) e a representação do Invisível por meio de imagens, então Hollywood deveria erguer uma estátua em homenagem a São João.

quarta-feira, abril 24, 2013

A ficção midiática contamina o atentado de Boston


Há uma ambiguidade nas imagens que envolveram o atentado de Boston, geradora tanto da espiral de interpretações conspiratórias (“Operação False Flag e autoterrorismo) quanto as rotineiras versões genéricas sobre terrorismo de “facções radicais”. A ambiguidade fundamental dessas imagens (jornalísticas e, ao mesmo tempo, carregadas de clichês retóricos) associada a uma série de sincronismos e coincidências revela, em seu conjunto, um estranho sintoma do verdeiro contínuo midiático atmosférico que domina a nossa cultura: a contaminação da realidade pela ficção midiática.

Para quem lida com análise fílmica e estrutura de roteiro como esse autor, é impossível não perceber um estranho mix entre ficção e realidade no incidente das bombas detonadas junto à linha de chegada na Maratona de Boston: o timing de todos os acontecimentos subsequentes até a captura dos “suspeitos” (estranha expressão porque desde já estão condenados à morte), os fatos encadeados como em um clássico roteiro com a narrativa dividida em três atos (atentado/perseguição/captura) com timing de filme de ação hollywoodiano, a facilidade de captação de imagens de toda a ação pelas mídias, e, por fim, as clássicas e emotivas imagens de velas sendo erguidas em homenagem à vítimas e pessoas histéricas gritando “USA! USA!” enquanto o “suspeito” sobrevivente era levado preso.

Impressiona como a ambiguidade dessas imagens (jornalísticas e, ao mesmo tempo, com forte carga retórica como o detalhe em close de uma sacola com a bandeira dos EUA em uma calçada manchada de sangue) acaba produzindo uma espiral de interpretações tanto conspiratórias (a “operação false flag” ou autoterrorismo) quanto um atentado arquitetado por “facções radicais”.

domingo, abril 21, 2013

Deus está nos números no filme "Número 9"


Três personagens em três episódios. Cada um em uma espécie diferente de prisão: o primeiro em uma prisão domiciliar; o segundo em um reality show; e o último preso ao vício por games de computador. Em sua estreia como diretor no filme “Número 9” (The Nines, 2007), John August  faz uma reflexão metalinguística sobre o trabalho do diretor/roteirista no cinema usando uma poderosa metáfora gnóstica do protagonista como o próprio ser humano prisioneiro na Terra, cujo planeta é visto como uma realidade mal produzida e roteirizada por um “deus ex machina”: toda vez que o protagonista começa a compreender o simbolismo místico da recorrência do número nove na sua vida, o mundo é desmanchado para recomeçar em um próximo episódio, do zero, levando o personagem principal ao esquecimento da sua verdadeira identidade.

Chris Carter, criador da série “Arquivo X”, em um comentário sobre o episódio chamado “Improbable” da nona temporada fez a seguinte detalhamento do argumento da estória: “tudo é sobre a compreensão da natureza de Deus através do uso da numerologia, sincronicidade, probabilidade, reconhecimento de padrões, física teórica ou algo parecido”.

Nesse episódio de Arquivo X a personagem Agente Scully trava um interessante diálogo com a Agente Reys:
“Scully: veja, Agente Reys, você não pode reduzir tudo na vida, toda criação, toda obra de arte, arquitetura, música, literatura... num jogo de vencedores e perdedores.
Reys: Por que não? Talvez os vencedores sejam aqueles que jogaram melhor o jogo. Eles conseguiram ver padrões e conexões, assim como nós estamos tentando fazer nesse momento.”
Pois o filme “Número 9” dirigido e escrito por John August (em seu primeiro filme como diretor depois de fazer o roteiro de diversos filmes de Tim Burton) lida diretamente com esse tema ao propor que a compreensão do simbolismo místico das coincidências e sincronicidades permitiria um ser divino escapar da sua prisão corporal. A compreensão dos significados das sincronicidades como ferramenta para a libertação.

sexta-feira, abril 19, 2013

Em Observação: "Número 9" (2007) e "Antiviral" (2012)

Paranoia pela onipresença do número 9 e um protagonista ao mesmo tempo prisioneiro e criador de mundos como um arquiteto de videogames e diretor de programas de TV. Para o pesquisador em sincromisticismo Christopher Knowles o filme "Número 9" explicitaria variantes do Gnosticismo Cristão. E no filme "Antiviral", em um futuro próximo, a relação com as celebridades será tão obsessiva que todos desejarão entrar em "comunhão biológica" comprando virus e enfermidades exclusivas dos famosos e comendo carne processada com células de seus ídolos. Dirigido por Brandon Cronenberg, filho do conhecido diretor David Cronenberg, parece seguir os passos do pai: uma crítica social ao desenvolvimento tecnológico mesclado com situações bizarras e perversas. Esses são os filmes na mira do blog nessa semana.

segunda-feira, abril 15, 2013

Somos todos aliens no filme "Earthling"


O tema “alienígenas” encontra a sua maturidade no cinema no filme indie “Earthling” (2010). Nesse filme abandonamos os temas da invasão, dominação e submissão para entrarmos em um campo mais metafísico e gnóstico: será que todos nós seríamos aliens aprisionados nesse mundo? Alienígenas aos poucos vão despertando nesse planeta e descobrem que na verdade não são quem pensavam ser. Um acidente de carro e um incidente em uma estação espacial são os acontecimentos que despertarão nos aliens humanos o desejo de retornar à suas origens. Seríamos todos nós estrangeiros nesse planeta e a nossa condição de estranhamento e alienação sintomas dessa verdade? Esse é o tema central de um subgênero que podemos nomear como filmes AstroGnósticos.

O Gnosticismo clássico nos ensinou que os seres humanos são criaturas celestes prisioneiras de um Demiurgo sádico e louco. Somos prisioneiros nesse planeta apenas para acalmar seu ego ferido. Todos nós, incluindo o Demiurgo, seriamos emanações do Pleroma ou da Plenitude e de lá fomos expulsos devido a uma espécie de terrível aborto cósmico: a Criação.

Por sua vez, o Gnosticismo Cristão nos ensina que Cristo era um ser puramente espiritual, um “aeon” que foi enviado a nós diretamente do Pleroma com o objetivo de nos despertar para a realidade de que somos prisioneiros de um Deus cego auxiliado pelos seus Arcontes. Despertarmos através do conhecimento trazido por Ele sobre a nossa verdadeira natureza e identidade.

sábado, abril 13, 2013

O "bug" da Microsoft e o mal


Como interpretar o "bug" fatal da atualização do Windows 7 que fez inúmeros computadores entrarem em looping sem conseguir iniciar o sistema operacional? Como explicar um erro em proporções exponenciais partindo de uma corporação como a Microsoft? Conspiração mercadológica para forçar a atualização para o até aqui fracasso de vendas do Windows 8? Simples erro de sintaxe algorítmica de alguma linha de comando? Talvez o "bug" revele algo que nos escapa, apesar de sentirmos os seus efeitos no dia-a-dia: o desenvolvimento tecnológico estaria se aproximando a um estágio tal de complexidade que criaria uma reversibilidade fatal e maléfica e, ao mesmo tempo, irônica: a "hipertelia".

Fui mais um dos usuários vítimas da verdadeira bomba informática que foi a atualização "2823324" do Windows 7. Sem perceber, o Windows fez uma atualização automática que criou um “fatal system error” como sinistramente diagnosticou o próprio computador para mim. O sistema operacional não mais iniciava entrando em um looping, deixando-me em xeque diante dos prazos de entrega de artigos e modelos de provas para a Universidade onde leciono.

Segundo a própria Microsoft, a atualização combateria a uma vulnerabilidade na segurança do sistema que permitiria a um atacante ter acesso físico ao computador para explorá-lo. Mas, ironicamente, a atualização feita em nome da segurança realizou o sonho de qualquer hacker: produzir um efeito viral ou sistêmico e derrubar redes e computadores.

Para aprofundar ainda mais a ironia, de fato a atualização realmente deixou o computador mais seguro, mantendo-o incomunicável não só com a Internet (a fonte da ameaça) mas com o próprio usuário que não saberia que estaria sendo invadido. Cortou o mal pela raiz!

sexta-feira, abril 12, 2013

A trivialização da catástrofe no filme "Sound Of My Voice"


Filmes cuja premissa parece ser de ficção científica como viagens no tempo ou universos alternativos. Mas esses temas são apenas o pretexto para discutir questões existenciais e relacionamentos. "Sound Of My Voice"(2011), sugerido pelo nosso leitor Fábio Hofnik, segue essa tendência que os críticos definem como "psicodramas alt.sci-fi". Aqui a narrativa sobre uma estranha seita cuja líder teria vindo do futuro põe em discussão a chamada "mentalidade da sobrevivência", forte traço da mentalidade atual: a nossa difusa sensação de abandono e insegurança em relação ao futuro que alimentaria a frenética busca contemporânea por seitas, religiões e técnicas de autoajuda e autoconhecimento alardeadas pela cultura midiática. 

Uma mulher é encontrada vagando pelas ruas de Los Angeles apenas trajando um lençol enrolado pelo corpo, sem memória e apenas trazendo como marca visível do passado uma tatuagem de uma âncora com o número 54 ao lado.
Um jovem casal decide fazer um documentário sobre uma estranha seita, cuja líder é aquela mulher que foi encontrada vagando pelas ruas. Agora ela afirma vir do futuro, mais precisamente do ano 2054 – ela teria chegado a essa conclusão depois de estranhos flahs de memória e o número 54 tatuado.
         Uma menina com traços de autismo brinca sempre solitária em seu quarto, fazendo estranhas figuras com blocos de montar.

terça-feira, abril 09, 2013

O programa "CQC" e a correia de transmissão


Iscas mirins, repórteres dublês de humorista e câmeras escondidas são hoje as principais armas de uma onda de moralismo seletivo que domina as telas de TV, como no caso exemplar que envolveu o deputado José Genoino e o programa “CQC”. Mas há algo de mais profundo nessa onda moralizante do que o atual jogo de cena político-midiático. Por trás da onda de programas televisivos representado pelo “CQC” (programas, por assim dizer, “sensacionalisticamente corretos”) esconderia a própria natureza do funcionamento da indústria cultural que no passado pesquisadores como Adorno e Horkheimer tematizaram: a ritualização de uma espécie de correia de transmissão na sociedade onde “aquele que é duro contra si mesmo adquire o direito de sê-lo com os demais e se vinga da própria dor”. O sensacionalismo seletivo que prefere despejar toda indignação nos “pequenos” que desde o início já estão derrotados e condenados do que nos poderosos seria a ritualização de um prazer voyeurista e sádico do espectador.

O episódio que protagonizou o “repórter” mirim usado como isca para que o programa "CQC" (Custe O Que Custar da TV Band) arrancasse de José Genoino algumas palavras (ele se recusa a conversar com os dublês de repórter/humorista do programa) esconde algo de mais profundo. Condenado pelo julgamento do chamado “mensalão” e exposto extensivamente ao linchamento midiático como um caso exemplar da onda de defesa da moralidade que varre o país, há algo de simbólico na figura de um político acuado em sua sala no Congresso, a portas fechadas deixando entrar uma criança oferecida como isca a alguém isolado e, talvez, carente por simpatia – a criança se dizia filho de militante do PT.

O CQC pareceu querer requentar uma notícia já passada, “chutar cachorro morto”, tentar tripudiar em cima de uma figura já julgada e condenada por chicanas jurídicas e pelo veredito midiático. Em outras palavras, ofereceu para os espectadores alguém supostamente fraco e derrotado para o deleite público da humilhação.

domingo, abril 07, 2013

A necessidade do ritual de sacrifício humano no filme "O Segredo da Cabana"


O que acontece quando o filme clássico “A Morte do Demônio” (Evil Dead) de 1981 se encontra com “Matrix” e "Show de Truman"? Temos o surpreendente filme “O Segredo da Cabana” (The Cabin in the Woods, 2011), um instigante jogo metalinguístico em múltiplos níveis que vai da sátira ao gênero “slasher movies” às origens míticas da necessidade de antigos arquétipos e mitos serem revividos e renovados em diversos formatos, da antiguidade à indústria de entretenimento contemporânea. Por que ritos antiquíssimos de sacrifícios humanos precisam ser repetidos a cada filme? Por que jovens que fazem sexo sempre morrem com requintes sadísticos em cada roteiro hollywoodiano? É o que pretende responder o diretor Drew Goddard em “O Segredo da Cabana”.

Quando Sam Reimi escreveu e dirigiu “A Morte do Demônio” (Evil Dead, 1981) certamente não imaginava que a situação de cinco jovens em uma remota cabana tomada por demônios em uma floresta se tornaria um plot prototípico de todos os chamados “slash” ou “exploited” movies - onde sempre um assassino surge do nada para atacar um grupo com requintes de tortura, sadismo e perversão sexual.

Mais do que isso, talvez não imaginasse que nesse meio tempo o mainstream hollywoodiano embarcaria em uma fase “metafísica” de auto-desconstrução como em “Show de Truman” ou de desconstrução gnóstica da própria realidade como em “Matrix” e “Vanilla Sky”. O resultado foi o surgimento de toda uma geração de roteiristas e diretores (Charlie Kaufman, Christopher Nolan, irmãos Wachowsky, Tarantino etc) com uma visão metalinguística, desconstrucionista ou de distanciamento irônico em relação aos gêneros, fórmulas ou clichês do cinema comercial.

Somente é possível compreender integralmente o filme “O Segredo da Cabana” (The Cabin in the Woods, 2011) colocando-o dentro desse contexto de produções cinematográficas cada vez mais auto-referenciais e que, por isso, permitem muitas vezes a possibilidade de expressar agudas visões críticas no meio do mainstream hollywoodiano, como no caso desse filme.

sexta-feira, abril 05, 2013

A arquitetura subliminar de Victor Gruen no documentário "Gruen Effect"


Ele criou um conceito que mudaria radicalmente a sociabilidade e a percepção humana contemporânea. Inspirado em planejamento socialista e nas memórias dos espaços de convivência europeus com seus cafés e comércio de rua, um imigrante vienense foragido do nazismo cria nos EUA os primeiros Shopping Malls na década de 1940. Ele acreditava que seria a solução para a democracia americana em meio à alienação e solidão criadas pela expansão econômica pós-guerra. O arquiteto Victor Gruen mais tarde renegaria publicamente sua invenção ao vê-la convertida em “máquinas subliminares de venda”. Mas o seu nome acabou sendo associado ao principal efeito psicológico que o design arquitetônico dos centros comerciais criaria na mente dos consumidores: o chamado “Efeito Gruen Transfer”. Esse é o tema do documentário alemão “Gruen Effect: Victor Gruen and the Shopping Mall” (2012).

Ele definitivamente associou o automóvel ao consumo e alterou drasticamente o horizonte urbano das grandes cidades do mundo. Inventou o conceito de Shopping Mall (centros comerciais) cuja arquitetura acabou involuntariamente produzindo um efeito que os pesquisadores em comunicação subliminar chamam de “Gruen Transfer”: no momento em que os consumidores entram em um shopping são envolvidos por um layout arquitetônico intencionalmente confuso, fazendo-os esquecerem das suas intenções iniciais e tornando-os vulneráveis ao bombardeio sensoriais de sons, aromas e luzes – veja RUSHKOFF, Douglas. Coerction, N. York: 2000 e HOWARD, Martin. We Know What You Want. N. YorK: Desinformation, 2005.

O termo “Gruen Transfer” refere-se ao arquiteto austríaco Victor Gruen que, sem perceber, criou conceitos que mudariam radicalmente o desenvolvimento urbano do planeta. Um imigrante europeu que de forma dramática fugiu de uma Viena controlada pelos nazistas em 1938 e que, nos EUA em plena expansão da sociedade de consumo pós-guerra e paradoxalmente inspirado no planejamento socialista e de suas memórias sobre os espaços comunais dos cafés e lojas de ruas europeias, criou os primeiros shopping centers na década de 1940.

segunda-feira, abril 01, 2013

Em Observação: "The Cabin In The Woods" (2011)


Sugerido pelo nosso leitor Marcelo Sousa, o filme “The Cabin In The Woods” é definido pela crítica como um mix de “Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado” com “Matrix”. Ele não se limita a fazer exercício de desconstrução do gênero terror, mas quer oferecer respostas: por que os assassinatos são tão ritualísticos? Por que o Mal pune os desobedientes e os bons sempre sobrevivem? O filme interessou ao Blog, pois promete questionar a própria representação do Mal nesse gênero cinematográfico: o chamado clichê da “quebra-da-ordem-e-retorno-a-ordem”.

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