Como recontar nos tempos atuais a velha estória da Branca de Neve dos Irmãos Grimm? Paradoxalmente, o diretor espanhol Pablo Berger optou narrar o conto clássico através de um filme mudo e em preto e branco. E mais: ambientada na década de 1920 do século passado. Mas com uma forte atualidade: é a década do surgimento da cultura da celebridade onde a madrasta má não tem inveja da Branca de Neve pela sua beleza. Mas porque se tornou uma toureira que ocupa mais espaço nas colunas sociais do que ela, uma celebridade fútil e vazia. “Blancanieves y el 7 Enanitos Toreros” (Branca de Neve e os 7 Anões Toureiros, 2012) é a mais surpreendente adaptação do velho conto cujo modelo atual acabou sendo a versão da Disney de 1937. Mas Pablo Berger cria uma versão mais cáustica, transitando entre o humor negro e a tragédia – como a inocência de Branca de Neve se perde na evolução da indústria do entretenimento, dos “freak shows” do século XIX para a cultura das celebridades atual.