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sábado, setembro 21, 2024

O horror da tentação darwinista social no filme 'Cuckoo'


Todo filme de terror explora os simbolismos mais recônditos da humanidade. Mas “Cuckoo” (2024), escrito e dirigido pelo alemão Tilman Singer, vai resgatar um simbolismo inusitado: o do passarinho cuco, notabilizado pelo relógio clássico – uma ave parasita e imitadora. Uma adolescente se muda para os Alpes alemães com o pai, madrasta e meia-irmã. Ao lado de um resort remoto e vazio. Sabemos que desde “O Iluminado” isso não traz bons pressentimentos. “Cuckoo” é um conto humano-aviário fantasmagórico que se transforma em puro show de aberrações e horror corporal. Mas que dá uma alerta: a tentação darwinista social presente nas formas mais inesperadas e surpreendentes na História – a aspiração totalitária pela busca de uma suposta pureza deixada por nós em algum paraíso natural perdido. E que a todo custo teria que ser recuperado.  

sexta-feira, setembro 13, 2024

A subversão contra a fascinação e o tédio no entretenimento em 'Yannick'


Desde que filmou um pneu serial killer rodando pelo deserto se vingando dos humanos que o descartaram em “Rubber” (2010), o diretor francês Quantin Dupieux é obcecado pela ideia da desconstrução todas as regras que regem o roteiro de cinema (principalmente a ideia de verossimilhança). Em "Yannick" (2023, em exibição na MUBI), dessa vez Dupieux volta a desconstrução para a relação do público com o entretenimento – no caso, uma plateia e os atores no palco de um pequeno teatro em Paris. Um espectador insatisfeito resolve fazer justiça com as próprias mãos – confronta os atores e, num ousado exercício metalinguístico, decide reescrever a peça em tempo real e dirigir os atores. Com uma arma na mão, pega todos como reféns da sua fúria crítica. Um filme deliciosamente subversivo que tematiza os sentimentos conflitantes de fascinação e tédio que envolvem o consumo do entretenimento comercial.

sexta-feira, setembro 06, 2024

'Tipos de Gentileza': as relações de dominação atuais estão muito além da sociedade disciplinar


Depois dos filmes narratologicamente “normais” como “The Favorite” e “Poor Things”, o diretor grego Yorgos Lanthimos retorna ao modo provocativo com o filme “Tipo de Gentileza” (Kinds of Kindness, 2024) – a retomada do tema que marca sua filmografia: o fascínio pela dinâmica brutal de poder que governa as relações humanas. Os três episódios que compõem as quase três horas de metragem ecoam teses como a da “servidão voluntária” de Éttiene de La Boétie ou do “medo à liberdade” de Erich Fromm. O filme é sobre dominação e controle, mas numa perspectiva que passa longe da “sociedade disciplinar” de Foulcault. É sobre a atual sociedade da positividade, do desempenho. E, como no informa o título, marcada por “gentilezas” que permeiam as relações de submissão – todas são dominadas por uma atmosfera de educação, delicadeza, onde o controlador vivamente demonstra empatia e interesse no bem-estar do submisso. Até a atmosfera carregada entrar em combustão e explodir. 

sexta-feira, agosto 30, 2024

Empreendedorismo e motivação coach explodem em violência no filme 'Crumb Catcher'


Estamos vivendo a época da combinação infernal entre empreendedorismo e motivação coach – o paroxismo de toda a literatura de autoajuda, desde o seminal livro “Como Fazer Amigo e Influenciar Pessoas” de 1936. O resultado disso é mostrado na comédia dramática de humor negro “Crumb Catcher” (2023): ressentimento motiva um idoso garçom que se considera um “empreendedor e inventor” que tenta encontrar um investidor para sua última aposta: um dispositivo para limpar migalhas das mesas de restaurantes. E um casal de noivos, aparentemente ricos, sai da sua festa de casamento seguido pelo “garçom empreendedor” que pretende convencê-los a investir no negócio. Nem que seja à base da chantagem e extorsão. Porém, o casal vive a sua própria tensão das diferenças de classes sociais. Uma combinação explosiva: luta de classes e a polidez eufemista da propaganda coach que a qualquer momento pode se transformar numa explosão de violência. 

sexta-feira, agosto 02, 2024

'As Bicicletas de Belleville': a animação que anteviu o que viria nesse século


Imagine se o Monsieur Hulot (personagem icônico de Jacques Tati) conhecesse Tim Burton; e Marquês de Sade se encontrasse com o infame ciclista flagrado dopado na Tour de France, Lance Armstrong. O resultado é a excêntrica, estranha, selvagem e mágica animação francesa “As Bicicletas de Belleville” (Les Triplettes de Belleville, 2003). É uma animação muito estranha para ser enquadrada em qualquer tradição estabelecida. A máfia francesa monta em “Belleville” (uma representação expressionista de Nova York) uma bizarra casa de apostas com ciclistas sequestrados da Tour de France. O animador Sylvain Chomet parece ter antevisto muitos aspectos do século que se iniciava: a hipertrofia comercial da Tour de France, a cooptação geopolítica da França (e de resto, da Europa inteira) pelos EUA na Guerra Fria 2.0 atual contra a Rússia, e a ascensão do universo das apostas com o domínio da tecnologia e financeirização.

terça-feira, julho 23, 2024

O gnóstico brilho catódico da tela de televisão em 'I Saw the TV Glow'



Este filme é para cinéfilos aventureiros. Um filme estranho. “I Saw the TV Glow” (2024) é um curioso drama de amadurecimento, não apenas de um casal de jovens em um típico subúrbio daqueles do sonho americano. Mas da própria mídia: da sensação de pertencimento entre os pixels analógicos de séries de nichos dos anos 1990 à experiência customizada pelos algoritmos das plataformas de streaming do século XXI. O drama da adolescência que se recusa a aceitar o mundo adulto vê numa série chamada “Pink Opaque” uma mitologia pop que se cruza com elementos gnósticos. Veem no brilho catódico da TV a única maneira de escapar de uma realidade opressiva que é a quintessência do sonho americano.

sexta-feira, julho 19, 2024

Um estranho aparelho de TV no início da era da televisão no filme 'The Twonky"



Cada invenção de um veículo de comunicação sempre foi recebida com estranhamento e resistência. E com a televisão não foi diferente: recebida com desconfiança e medo. Considerado um dos mais estranhos filmes de ficção científica, “The Twonky” (1953) é uma amostra do zeitgeist do início da era da televisão – um professor de filosofia se confronta com um estranho aparelho de TV comprado pela sua esposa. E que revela ter vida própria, revelando sua estratégia: no início parece benevolente, criando dependência. Para depois manipulá-lo, não conseguindo fazer mais nada por si mesmo. “The Twonky” é uma fábula divertida e maluca sobre a invenção que moldou a segunda metade do século passado. Mas com poderosas metáforas que pautarão os futuros filmes críticos à televisão. 

quinta-feira, maio 09, 2024

'Exte: Hair Extensions': no J-Horror os cabelos querem vingar sua mercantilização


O sucesso do J-Horror (o horror japonês) foi trazer na virada de milênio uma abordagem do gênero distante do Ocidente: ao invés da tradicional matriz edipiana, histórias de fantasmas prisioneiros no mundo físico em busca de vingança devido a traumas ou fortes emoções que não lhes permitem passar para um outro plano. Um fantasma conhecido como “onryō”, uma jovem que foi muito injustiçada por um homem na vida e agora busca vingança sobre os vivos. Marcada pela figura icônica dos cabelos pretos longos e pegajosos.  “Exte: Hair Extensions” (Ekusute, 2007), de Sion Sono (Suicide Club), parece ser uma síntese desse gênero japonês, ao mesmo tempo em que faz uma piada interna contra o próprio J-Horror: os cabelos se transformam numa entidade com vida própria, em busca de vingança... em salões de beleza que vendem apliques feitos com fios de cabelos humanos. Sion Sono faz uma crítica social: a mercantilização do próprio corpo humano.

sexta-feira, maio 03, 2024

Em 'Track 29' a Europa é a consciência de culpa da América



Nos anos 1980 um curioso subgênero prosperou em Hollywood: o “desconstruindo o Yuppie”: um protagonista certinho, careta e financeiramente bem-sucedido que tem a sua rotina quebrada por uma figura disruptiva ou sequência de eventos descontrolados que o desorienta e o desconstrói. “Track 29” (1988), do britânico Nicolas Roeg e produzido pelo ex-Beatle George Harrison, trouxe novidades: um olhar europeu para a América profunda a partir do olhar de um estrangeiro que chega a uma pequena cidade para literalmente fazer tudo sair dos trilhos: uma dona de casa entediada e frustrada é casada com um médico bem-sucedido e respeitável que só tem olhares para sua amante dominatrix e o ferromodelismo como uma metáfora nostálgica de uma América que deve “voltar aos trilhos”. “Track 29” é a Europa como consciência de culpa da América.

quinta-feira, maio 02, 2024

'Stopmotion': se somos modelos de animação, quem nos controla?


O século XXI está testemunhando o despertar da antiga e trabalhosa técnica de animação chamada “stop-motion”. De simples efeito especial no século XX, agora se torna uma expressão animada em longa-metragem. Por um lado, o páthos da stop-motion reside em dar vida àquilo que é inanimado, como no mito de Golem e Pigmaleão. Mas também se conecta com a simbologia de bonecos e fantoches como expressão da condição gnóstica nesse mundo. O filme britânico “Stopmotion” (2023) é uma espécie de terror metalinguístico que tem como atração principal a fusão de live action com a stop-motion na qual inocentes fantoches sem vida passam a ganhar propriedades sobrenaturais que começam a invadir a vida de uma animadora que fica à mercê das suas criaturas artesanais. Um filme PsicoGnóstico no qual não é o mundo onírico e alucinações que borram as fronteiras com a realidade: é a stop-motion que invade a vida cotidiana, sugerindo que todos nós poderíamos ser meros modelos de animação. Mas controlados por quem?

sexta-feira, março 15, 2024

'Beau Tem Medo': o adulto é uma criança crescida em um Édipo arrasado


Nascemos pelados, sem nenhum pelo no corpo, desdentados, descoordenados, meio cegos, pensamentos confusos e nos sentindo afogados até os pulmões começarem a funcionar através do nosso próprio grito de terror. Chegamos a esse mundo com medo e vamos embora também com medo. Tudo isso é descompactado nas três horas do humor negro surreal de “Beau Tem Medo” (Beau is Afraid, 2023) do diretor/roteirista Ari Aster (“Hereditário”, “Midsommar”). Joaquim Phoenix faz uma odisseia épica de seu apartamento solitário (em um bairro assustador com crimes à luz do dia) para uma visita a sua mãe no dia do aniversário da morte de seu pai. É o gatilho que faz disparar medo e ansiedade, além da culpa edipiana de um homem na meia idade. Ameaças e perigos pulam por todos os lados. Metáforas de uma consequência freudiana: o adulto não passa de uma criança crescida, carregando medos e culpas de um Édipo arrasado.

quinta-feira, março 14, 2024

'O Astronauta': por que a humanidade quer ir para o espaço se todas as respostas estão na Terra?


Com a reativação do imaginário da conquista espacial no século XXI com projetos privados como os da SpaceX ou Virgin Galactic ressurge a questão: o que a humanidade tanto procura lá fora se tudo o que encontramos é o vazio, desolação, desertos ou infernos vulcânicos e mares ácidos? Quando tudo o que precisamos conquistar ou salvar está aqui no nosso planeta. Essa é a questão de fundo na produção disponível na Netflix “O Astronauta” (Spaceman, 2024). Um abatido e solitário cosmonauta da república comunista da Techecoslováquia ruma solitário para as cercanias de Júpiter para capturar amostras de uma misteriosa nuvem cósmica que passou a tomar conta dos céus terrestres. Mas descobre que não está só: uma aranha gigante alienígena curiosa quer mergulhar nas memórias do astronauta. Quer entender o que o faz se submeter a uma solidão auto infligida. “O Astronauta” é uma perfeita esquisitice espacial que trabalha com a simbologia esotérica dos chamados “registros akáshicos” e com a mitologia indo-europeia das aranhas.

quinta-feira, março 07, 2024

A imortalidade de uma divindade hedonista enlouquecida em 'Divinity'


O que aconteceria com uma sociedade cuja tecnociência descobrisse a droga da imortalidade? Do corpo, não da mente, que continuaria em seu natural processo de envelhecimento. Resultado: o ser humano se tornaria uma divindade hedonista e enlouquecida através do poder fálico  eterno proporcionado por uma droga vendida como produto para poucos em comerciais na TV. “Divinity” (2023) é uma estranha ficção científica em p&b, uma alegoria enigmática de horror corporal com uma estética que faz homenagem ao expressionismo alemão de Fritz Lang. Sobre a descoberta da imortalidade que, de alguma forma, prejudicará o equilíbrio cósmico. Que fará o acerto de contas contra o cientista inventor do elixir. Um filme estranho para cinéfilos aventureiros.

sexta-feira, janeiro 26, 2024

Um manifesto ciborgue e a reconfiguração do feminismo em 'Pobres Criaturas'


Yorgos Lanthimos, o diretor líder daquilo que os cinéfilos chamam de “onda estranha grega”, mais uma vez em “Pobres Criaturas” (Poor Things, 2023, com onze indicações ao Oscar) lança mão da estranheza. Com um tema obsessivo na sua obra, desde “Dente Canino” (2009): personagens totalmente incongruentes entre si no qual violência, amor, culpa, erotismo, misticismo e horror se misturam em espaços claustrofóbicos ou famílias que se transformam em prisões. Dessa vez, Lanthimos foca sua lente estranha nas questões de identidade e gênero numa espécie de releitura feminista do Frankenstein de Mary Shelley, adaptando o livro “Poor Things” de Alasdair Gray. Livro que certamente se inspirou no “Manifesto Ciborgue” que reconfigurou o feminismo ao se apropriar da figura hipermasculinizada do Ciborgue na cultura pop - a mulher como ser híbrido, parte biológica e que precisa se recompor com a parte técnica, para encontrar a si mesma.

domingo, dezembro 24, 2023

Em 'Paisagem com Mão Invisível' o Capitalismo é extraterrestre



O filme “Paisagem com Mão Invisível” (Landscape with Invisible Hand, 2023, disponível na Amazon Prime Video), adaptação do livro homônimo de M.T. Anderson, é um curioso mix de Economia Política e ficção científica. Fazendo alusões a duas coisas bem atuais: exclusão e precarização do trabalho no novo salto tecnológico do capitalismo; e as teses de estudiosos do fenômeno Ovni de que governos e elites econômicas não só sabem da presença alien nesse planeta, como também o salto tecnológico das últimas décadas veio da colaboração dessas elites com extraterrestres. Uma conspiração entre a elite e aliens contra a maioria dos seres humanos tornados obsoletos por hologramas e Inteligência Artificial. O filme é uma sátira sombria de um contexto que o Fórum Econômico Mundial define como “Grande Reset Global do Capitalismo”.

sexta-feira, dezembro 22, 2023

'O Homem dos Sonhos': quando as redes sociais se transformam no inconsciente coletivo


Quando o psicanalista suíço Jung formulou a teoria dos arquétipos e do inconsciente coletivo, não pensava que um dia haveria uma tradução eletrônica desse campo onírico coletivo: a Internet e as redes sociais. Uma tradução tão irônica que o diretor e escritor norueguês Kristoffer Borgli (“Sick of Myself”) imaginou uma curiosa metáfora: sem fazer o menor esforço, um homem torna-se viral ao aparecer recorrentemente nos sonhos de um número crescente de pessoas, um estranho fenômeno análogo ao déjà vu ou uma espécie de “Efeito Mandela”. Transforma-se numa celebridade involuntária sem o menor controle sobre sua imagem. Até o momento em que os sonhos começam a se transformar em pesadelos. Este é o filme “O Homem dos Sonhos" (Dream Scenario, 2023), no qual mais uma vez Nicolas Cage cria meta camadas de si mesmo. As coisas se complicam quando agências de marketing digital e uma startup tecnológica começam a se interessar pelo fenômeno, criando cenários bizarros de uma comercialização selvagem.

quinta-feira, setembro 28, 2023

Turismo, provincianismo globalizado e morte no filme 'Um Efeito Ótico'


Seguindo a trilha do surrealismo do cinema de David Lynch, Charlie Kaufman e Spike Jonze, “Um Efeito Ótico” (Un Efecto Óptico, 2020, disponível na HBO Max), do diretor espanhol Juan Cavestany, vai ficando cada vez mais estranho e desafiador ao espectador na medida em que a narrativa avança. Um casal espanhol decide viajar para Nova York para “desconectar-se” do seu cotidiano. Após o embarque, começam a sentir que provavelmente a cidade não é aquela que a agência de turismo lhes vendeu. O que começa como uma crítica ao provincianismo globalizado que se tornou a experiência do turista na atualidade, aos poucos começa a transitar para uma atmosfera gnóstica: morte, cinema e a experiência da “tela mental”.

quinta-feira, setembro 21, 2023

Pinochet, vampiros e teratopolítica no filme 'O Conde'


No aniversário de 50 anos do violento golpe militar do Chile (que em 1973 derrubou o governo socialista de Salvador Allende), estão sendo exibidos muitos filmes e documentários sobre aqueles acontecimentos. Mas nada se compara à produção Netflix “O Conde” (El Conde, 2023):  Augusto Pinochet, assume a forma de um monstro político, um vampiro centenário condenado a viver para sempre escondido depois de fingir a própria morte, para evitar a punição merecida depois de anos de assassinatos e corrupção. Um fascista-vampiro que passou séculos lutando contra qualquer revolução socialista ou democrática. E uma freira-exorcista decide extirpar o Mal daquele corpo, para livrar o mundo do golpismo diabólico. “O Conde” é um exemplo da estratégia semiótica da “teratopolítica”: demonizar o inimigo político até transformá-lo em uma anormalidade, aberração e perigoso veículo de contágio de ódio e violência. Uma estratégia ambígua que pode despolitizar cenários políticos complexos.

sexta-feira, setembro 08, 2023

Uma invasão alienígena ambígua e fora do tempo no filme 'Sob a Pele'


O filme “Sob a Pele” foi lançado em 2013, mas tem o sabor dos filmes sci-fi cult dos anos 1970: intensidade visual subjetiva, montagens dissociativas e estranhos efeitos sonoros. Estamos aqui no velho tema da invasão alienígena. Porém, narrado de uma forma ambígua: um alien travestido de mulher sexy e misteriosa vaga pelas ruas de Glasgow, Escócia, dirigindo uma van e atraindo homens para o que parece ser uma dança de acasalamento fatal. O que está acontecendo? Qual é o plano? A vanguarda de um plano de invasão alienígena? Ou algum tipo de turismo sexual intergaláctico? Como nos informa o título, o filme explora a dualidade entre o interior e o exterior do ser. E, como superfície, a pele é a grande metáfora.

sábado, julho 15, 2023

Uma epidemia esotérica de espirais no filme 'Uzumaki'


Esta é para os cinéfilos amantes dos filmes estranhos: a produção japonesa “Uzumaki” (“Espiral”, 2000), do diretor Akihiro Higuchi (aka Higuchinsky), baseada em uma série de mangá. No auge do J-Horror de final de século, “Uzumaki” é um exemplar estranho: não há um monstro definido ou qualquer tipo de vilão aterrorizante. Tudo o que temos é uma espécie de epidemia de espirais: como os habitantes vão do fascínio inexplicável pela forma até o ponto em que o próprio corpo começa a se retorcer em espiral ou pessoas desenvolvem conchas de caracol em suas costas, começando a subir paredes e prédios. “Uzumaki” segue uma longa tradição simbólica da espiral no cinema, desde “O Mágico de Oz” – um símbolo de ondulação com intrincado significado esotérico e ocultista.

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