sexta-feira, julho 31, 2015
Virada gramatical tenta curar tiro no pé da grande mídia
sexta-feira, julho 31, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Depois de décadas de jornalismo adversativo onde dominavam conjunções
como “mas”, “porém”, “contudo” etc. para minimizar impactos negativos e, com os
governos petistas como oponentes, inverter o sinal e as adversativas
minimizarem impactos positivos, a grande mídia dá uma virada gramatical:
adjuntos adverbiais de concessão como “apesar da crise, indústria cresce...” ou
“mesmo com a crise, setor de informática vende mais...” passam a se repetir ao ponto
de tornarem-se bordões ridicularizados em redes sociais. Por que essa virada gramatical? Depois de 12 anos em uma cavalgada suicida querendo provar que o
País está no abismo econômico detonando bombas semióticas da crise
autorrealizável, a grande mídia chegou ao limite: a presunção da catástrofe
volta-se contra ela própria, com queda de audiência e anunciantes. Depois do tiro no pé a grande mídia parece tentar sinalizar ao mercado:
“apesar da crise, anuncie aqui!”.
Lá pelo final do
século passado, em plena crise do Plano Real com as maxidesvalorizações logo
depois da reeleição presidencial de Fernando Henrique Cardoso, um helicóptero
da TV Globo sobrevoava os pátios lotados de veículos das montadoras da região
do ABC paulista. A voz ao vivo do repórter aéreo falava em pátios lotados,
crise e férias coletivas. Corta para o estúdio. E o apresentador Chico Pinheiro
contemporizou: “Mas quem ganhará é o consumidor com os descontos que as
concessionárias oferecerão...”.
Essa era ainda a
época do jornalismo adversativo. Embora o jornalismo sempre tenha vivido da
presunção da catástrofe (o acidente, o bizarro e o endêmico prendem a atenção
do espectador), a utilização das conjunções coordenadas adversativas (mas,
porém, contudo, todavia etc.) sempre tiveram duas funções primordiais.
terça-feira, julho 28, 2015
Em Observação: "Cosmodrama" - A metafísica no espaço
terça-feira, julho 28, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Sete astronautas despertam do sono criogênico em uma estranha espaçonave
que parece ter saído de alguma série sci fi dos anos 1960. Eles não sabem qual
o propósito de estarem ali, de onde vieram e para onde vão, e a nave parece
funcionar automaticamente Essa é a premissa do filme francês “Cosmodrama” (2015), uma
tragicomédia com uma evidente alusão sobre a condição humana nesse planeta.
Estreou esse ano no Festival Internacional de Rotterdam e a crítica
especializada vem definindo o filme como “a metafísica no espaço”. A cada cena,
a tripulação tenta formular teorias físicas, religiosas, filosóficas ou
semióticas sobre a natureza da espaçonave onde estão prisioneiros. Por isso,
“Cosmodrama” tem um evidente sabor gnóstico.
domingo, julho 26, 2015
Em Observação: "Crumbs", um filme AstroGnóstico da Etiópia
domingo, julho 26, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Uma nave alienígena paira no céu por décadas após o apocalipse que
varreu o planeta Terra. E no interior da Etiópia, um homem acredita receber um
sinal daquela nave de que deve retornar para ela, deixar a Terra e voltar para
a sua verdadeira casa. Mas terá que enfrentar o medo e vilões como guerreiros
mascarados, nazistas e... Papai Noel. Esse é “Crumbs” (2015), o primeiro filme de
ficção científica de uma nascente indústria cinematográfica da Etiópia e já premiado em festivais do cinema Fantástico nesse ano. Uma
jornada épica pós-apocalíptica com um evidente sabor AstroGnóstico. Assista ao trailer.
sábado, julho 25, 2015
Medida de redução da velocidade em SP atinge "zeitgeist" do carro e das marginais
sábado, julho 25, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Há algo além do ódio político-partidário no verdadeiro “freak out” dos
motoristas paulistanos e grande mídia contra a medida de redução a velocidades
das marginais Tietê e Pinheiros em São Paulo. Parece que a Prefeitura atingiu o coração ideológico e imaginário das verdadeiras “pièce de résistance” do enclave conservador em que se tornou a cidade: o automóvel e as marginais. No
automóvel, a representação da velocidade como o último símbolo de distinção e
poder; e nas marginais, os tristes portais de entrada na cidade que representam
uma modernidade fracassada na qual ainda os paulistanos nostalgicamente se
agarram.
FREAK OUT!!!
Talvez essa expressão em inglês (alguma
coisa entre “surtar”, “baratinar” ou “perder o bom senso”) seja a que melhor
sintetize a reação de motoristas paulistanos com a determinação da prefeitura
da cidade de São Paulo em reduzir a velocidade máxima nas vias expressas,
centrais e locais das marginas dos rios Tietê e Pinheiros – de 90 km/h para
70km/h ou até 50 km/h dependendo do local.
Reações indignadas
nas redes sociais postam vídeos com ciclistas ultrapassando automóveis nas
marginais: “quando bicicletas terão placas e restrição de velocidade?”,
protestam. Nas viciadas enquetes dos telejornais da grande mídia, selecionam
comentários como “vai travar o trânsito”, “vai piorar o trânsito”, “vou perder
tempo” e assim por diante – como se diariamente as principais vias da cidade já
não estivessem costumeiramente travadas, obrigando motoristas a andarem a menos
de 20 km/h.
terça-feira, julho 21, 2015
Cinegnose sem atualizações por tempo indeterminado
terça-feira, julho 21, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Esse humilde blogueiro encontra-se no litoral de Sao Paulo. A fonte de alimentacao do computador queimou, tornando-se impossível atualizar o blog. Retornando a Capital esse blogueiro levara a maquina para a assistência técnica... Por isso esperemos o diagnostico do tecnico. Ate la esse humilde blogueiro entrara em estado de meditação zen... e desculpe a falta de alguns acentos... o computador e emprestado.
domingo, julho 19, 2015
Alucinações pós-digitais no filme "O Congresso Futurista"
domingo, julho 19, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Se hoje discutimos o destino do cinema com a era da digitalização, o
filme “O Congresso Futurista” (The Congress, 2013) já está bem à frente: em uma
era pós-digitalização o cinema tal qual conhecemos deixaria de existir. A
indústria do entretenimento apenas forneceria estímulos químicos e eletrônicos
e o “espectador” criaria sua própria alucinação, transformando-se na
celebridade que quisesse. Em uma espécie de versão feminina do filme “Quero Ser
John Malkovich”, a atriz Robin Wright (“House of Cards”) interpreta corajosamente
sua própria carreira num híbrido de “live-action” e animação mostrando o
destino do ator num futuro onde as pessoas irão querer se exilarem numa espécie
de Caverna de Platão produzida por alucinações químicas e solipsistas.
Hollywood produz
sonhos e ilusões. Mas nem por isso deixa de viver as mazelas de uma indústria
qualquer, com os costumeiros conflitos entre capital e trabalho – no caso do
cinema, toda a estrutura que se arma em torno dos atores, a mão-de-obra do
negócio: agentes, rompimentos de contratos, drogas, depressão, fracassos,
amantes etc.
E se na indústria
convencional o capital precisa controlar o trabalho por meio da automação e
demissões, na indústria dos sonhos não é diferente: o desenvolvimento
tecnológico digital não objetiva outra coisa senão controlar o trabalho dos
atores até chegar ao ponto, num futuro bem próximo, em que o próprio ator será
um personagem digital (propriedade do estúdio), dispensando o ator real que
será despachado para o ostracismo.
quarta-feira, julho 15, 2015
Euro crise e a Metafísica vingam-se da Grécia
quarta-feira, julho 15, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Há um fantasma que assombra a História, o fantasma da Metafísica. Há uma
ironia sincromística na crise econômica de um país que contribuiu com a
Metafísica de Sócrates, Aristóteles e Platão e que agora cai de joelhos diante
da Troika (FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia), representantes de
um sistema financeiro do capital volátil e especulativo, sem lastros com a
“economia real”, mas com forte poder de destruição. Foram necessários 25
séculos de Filosofia para a Metafísica realizar-se – do “Logos” de Heráclito,
passando pela metafísica platônica e a Trindade de Santo Agostinho até chegar à
abstração das transações simultâneas, do cálculo probabilístico das transações
financeiras e equalização das tendências das bolsas de valores: tornou-se o no “Logos” (ou no álibi) em nome
do qual falam economistas ou técnicos para empurrar goela a baixo a suposta racionalidade
das austeridades. O ator Jeremy Irons parece ter percebido isso em um talkshow na TV portuguesa.
O “Não” do povo
grego em plebiscito contra as medidas de austeridade da Troika foi saudado como
a primeira intervenção da “vontade popular” contra a chantagem da receita
neoliberal da financeirização. No país que contribuiu com a Democracia para a
história da filosofia política, nada mais natural que a voz do povo vencesse o
medo e a chantagem.
Mas a renúncia do
Ministro das Finanças grego Yanis Varoufakis (figura “mal vista” pela Zona do
Euro) um dia depois do “Não” foi o prenúncio do que viria: a humilhante
capitulação final do governo grego de
Alex Tsipras diante da plutocracia financeira representada pela chanceler alemã
Angela Merkel.
domingo, julho 12, 2015
Efeito Heisenberg da mídia destrói futebol brasileiro
domingo, julho 12, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Depois de um ano do histórico vexame de 7 X 1 contra a Alemanha na Copa
do Mundo o cenário do futebol brasileiro é de decadência técnica e financeira
com um ex-presidente da CBF preso pelo FBI, estádios vazios em um campeonato
longo e desinteressante sob o rígido controle do monopólio midiático das
Organizações Globo. A imposição de datas, horários dos jogos, fórmulas de
campeonatos de acordo com os interesses comerciais da emissora é apenas a
superfície da questão. Mais do que isso, a própria transformação do futebol
brasileiro à imagem e semelhança da linguagem do telejornalismo da TV
Globo está destruindo a qualidade do próprio produto que ela pretende vender. É
o chamado “Efeito Heisenberg”, efeito midiático das coberturas extensivas onde
as mídias não retratam mais realidades, mas a si mesmas e o impacto delas sobre
os fatos.
Nesses últimos
dias a grande mídia nos lembrou por matérias especiais que há um ano o futebol
brasileiro sofreu uma das suas maiores humilhações: a derrota de 7 X 1 contra a
Alemanha em uma edição da Copa do Mundo realizada no próprio País. Um ano
depois, temos um ex-presidente da CBF preso pelo FBI na Suíça à espera de
extradição, um campeonato brasileiro acontecendo em estádios vazios com jogos
de qualidade técnica em rápido declínio e a progressiva queda de audiência dos
jogos televisionados pela TV Globo.
quarta-feira, julho 08, 2015
"Uma Aventura Lego" faz evangelho gnóstico pop
quarta-feira, julho 08, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Por trás da inocência de uma animação infantil podem estar antigas mitologias que ainda repercutem em nossos corações e mentes. “Uma Aventura Lego” (“The Lego Movie”, 2014) já foi interpretado como uma grande comercial de 100 minutos do brinquedo Lego ou uma sátira metalinguística da cultura pop atual que faz uma mistura maluca de “Matrix”, “Toy Story” e “Os Simpsons”. Mas na verdade é um evento religioso: um evangelho gnóstico pop onde é apresentada uma crítica mordaz às noções de Verdade, Deus e Salvação. Um tirano controla todos os mundos Lego passando-se como o único construtor daquele universo. Mas a resistência secreta formada pelos “mestres construtores” sabe que “o cara lá de cima” enviará um Salvador: Emmet, um operário comum com a cabeça tão vazia que, somente ele com seu "silêncio" interior, poderá ouvir a voz da Verdade.
Com as férias
escolares esse humilde blogueiro tem a oportunidade de acompanhar os filhos ao
cinema e exposições assistindo a uma série de curtas e animações, como os leitores devem já ter
percebido nas últimas postagens do Cinegnose. E assistindo a esse conjunto de
audiovisuais não dá para passar despercebido como cada vez mais produções
atuais voltadas, a princípio, para o público infanto-juvenil são baseadas em argumentos filosóficos e/ou místicos.
Uma Aventura Lego (The Lego Movie, 2014) é mais um
exemplo desse mix de entretenimento com viés gnóstico que, de início, parece
ao espectador como alguma coisa entre o non-sense e o surreal. A melhor
primeira impressão que a animação pode passar foi dada por Susan Wlosczyna no
site de crítica de cinema Roger Ebert. com:
“imagine Toy Story feito por
Mel Brooks depois de comer cogumelos mágicos enquanto lia 1984 de George Orwell”.
segunda-feira, julho 06, 2015
"Divertida Mente" transforma pesquisas de controle da mente em entretenimento
segunda-feira, julho 06, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A crítica especializada vem considerando a nova animação da Pixar, “Divertida Mente” (Inside Out, 2015), como a mais criativa e emocionante do estúdio. Certamente comprova como a Pixar é capaz de transformar em entretenimento um conteúdo politicamente sério: as pesquisas do psicólogo Paul Ekman, pioneiro dos estudos das conexões entre as emoções e expressões fisionômicas – estudos iniciados pela CIA e Departamento de Defesa dos EUA para criar modernos detectores de mentira em suspeitos de terrorismo. Dessa maneira, “Divertida Mente” é mais um produto midiático que reflete a atual agenda tecnocientífica: o projeto das cartografias e topografias da mente – criar modelos de simulação baseados nas neurociências, Cibernética e ciências da computação que desvendem o funcionamento da mente e da consciência. Por trás do entretenimento há um propósito muito mais sério: controle e manipulação da mente, seja pela via fármaco ou pelo controle de massas através de dispositivos como o Neuromarketing.
sexta-feira, julho 03, 2015
Curta "Rabbit and Deer" atualiza a Alegoria da Caverna de Platão
sexta-feira, julho 03, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O que aconteceria se indivíduos que vivem em um mundo plano e
bidimensional acidentalmente descobrissem que existe um universo alternativo
tridimensional, até então invisível para eles? Qual a reação deles ao descobrir
que seu mundo plano não passa de um fino papel que esconde uma vasta realidade
tridimensional? Essa é a proposta de um surpreendente curta de animação húngaro
“Rabbit and Deer” (2013) com mais de 100 prêmios em festivais por todo o mundo.
O curta faz uma releitura da Alegoria da Caverna de Platão por um ponto de
vista dimensional – mais uma evidência de como cresce a sensibilidade gnóstica
na indústria do entretenimento atual, desde que a Relatividade e a Mecânica
Quântica atualizaram na ciência antigas mitologias gnósticas.
O leitor deve conhecer
a Alegoria da Caverna de Platão, onde
o filósofo descreve a situação em que a humanidade se encontra e a proposta de
um caminho de salvação: a crença de que o mundo revelado pelos nossos sentidos
não é o mundo real, mas apenas uma pálida cópia – a condição humana seria como
a de prisioneiros acorrentados em uma caverna vendo sombras projetadas na parede de objetos que passam
diante de um fogo atrás deles. As sombras são tão próximas que passam a
designar nomes para elas e toma-las como fossem a própria realidade.
Agora imagine essa
alegoria por um ponto de vista dimensional: os homens acorrentados e as sombras
pertenceriam a um mundo bidimensional, enquanto o fogo e os objetos que passam
diante dele estão no plano tridimensional – mesmo que se virassem, seres da
segunda dimensão seriam incapazes de verem o fogo ardente tridimensional.
Platão dizia que o brilho do fogo os cegaria. Do ponto de vista dimensional, a
tridimensionalidade simplesmente se tornaria invisível para esses seres planos
prisioneiros das suas correntes em duas dimensões.
quarta-feira, julho 01, 2015
Pegue a pipoca vermelha: Cinegnose atualiza a lista dos melhores filmes gnósticos
quarta-feira, julho 01, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
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