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sexta-feira, novembro 15, 2024

'A Besta': somos como atores em um fundo verde contracenando com o vazio


Um amor que não consegue se consumar através dos tempos. Um romance interdimensional condenado a repetir o mesmo erro, sob roupagens diferentes. Um casal prisioneiro naquilo que o budismo chama de “Roda do Samsara”: o ciclo vicioso de lágrimas e sofrimento das sucessivas encarnações. Vivemos no esquecimento de quem já fomos, cuja melhor metáfora é a do ator atuando num fundo verde sendo dirigidos por uma voz fora do plano que vai nos descrevendo os monstros e os perigos para atuarmos com o vazio. Essa é a metáfora do diretor francês Bertrand Bonello no audacioso sci-fi  " A Besta” (“La Bête”, 2023) sobre um romance preso em um loop entre 1910, 2014 e 2044 – o mundo futuro de trabalhos precarizados. Para ter uma melhor oportunidade, deve-se se submeter ao “processo de purificação”: deletar os traumas e emoções das outras vidas que carregamos inconscientemente. Para nos tornar tão assertivos quanto uma IA.  

quinta-feira, outubro 31, 2024

O pesadelo do espaço relativístico em 'Slingshot'


Desde que roteiristas e escritores abandonaram aquele modelo de sistema solar análogo a imagem do átomo com elétrons girando em torno do núcleo, adotando a perspectiva relativística (órbitas como quedas na deformação do espaço-tempo produzida massa do Sol, o espaço deixou de ser “a fronteira final” – como se referiam sci-fi clássicos como “Jornada nas Estrelas”. O espaço virou um pesadelo logístico (buraco de minhoca, velocidade wrap, efeitos estilingue gravitacional etc.) e existencial: no espaço não encontramos nada, a não ser nossos próprios pesadelos que trazemos da Terra. “Slingshot” (2024) é uma pequena joia sci-fi de baixo orçamento sobre um trio de astronautas que mergulha no atoleiro da loucura do isolamento, paranoia e ansiedade. Tentam manter a lucidez à medida que se aproximam de uma correção de curso assistida pela gravidade de Júpiter – o “estilingue”. 

sexta-feira, outubro 11, 2024

Em 'Megalópolis', a Nova Roma construída através da economia, jornalismo e sex appeal


 
A América atual é como o império romano e está destinada a ser derrubada pela ganância e arrogância de alguns homens loucos pelo poder. Essa é a ideia central da loucura retro-futurista de Coppola “Megalópolis” (Megalopolis, 2024). Em uma Nova York alternativa, transformada na Nova Roma, um prefeito conservador e um arquiteto visionário estão em confronto: um apenas quer se manter no poder; e o outro, projetar a Utopia cujo otimismo está na relação direta da sua arrogância. Duas concepções diferentes sobre a inerência humana: ela é má ou boa? Uma de inspiração hobbesiana contra a rousseauniana. Ambas pode dar resultados sinistros: a Economia, o Jornalismo e o Sex Appeal – draconianas medidas de austeridade que sufocam uma metrópole, os escândalos midiáticos que desviam a atenção dos problemas fundamentais e a ilusão hedonista sedutora.

sexta-feira, agosto 16, 2024

Série 'Sunny': incomunicabilidade e solidão na sociedade das tecnologias da informação



Como explicar o paradoxo de vivermos na sociedade das tecnologias da comunicação e informação na qual solidão, solipsismo e incomunicabilidade são problemas endêmicos? E para acrescentar mais uma variável nessa equação, temos agora a Inteligência Artificial, capaz de mascarar a experiência do luto e da finitude nas nossas vidas. De forma inusitada e divertida, a série Apple TV+ “Sunny” (2024 - ) aborda essas questões, no melhor lugar: o Japão, um país combinação entre tradições feudais com o dinamismo cultural e econômico do Capitalismo Tardio. Num futuro próximo no Japão, uma mulher tenta resolver o enigma do desaparecimento do marido e filho num acidente aéreo. Com a ajuda de um pequeno robô, cuja IA foi codificada pelo próprio marido para diluir o luto da futura perda. Uma descida para o submundo dominado por uma máfia Yakuza hightech.

sábado, julho 27, 2024

Descendo pela toca do coelho da cismogênese política em 'Sombra Lunar'



A produção Netflix “Sombra Lunar” (In the Shadow of the Moon, 2019) é peculiar. Primeiro, que é impossível fazer uma análise sem incorrer em spoilers, pela sua natureza: reflexo do zeitgeist político atual de cismogênese. Segundo, porque o filme é um mush-up arriscado: imagine cruzar o filme “Seven” com o “Exterminador do Futuro”. Por isso, “Sombra Lunar” vai do típico trillher policial noir para a ficção científica. Em 1988, um policial, aspirante à detetive, depara-se com uma série de assassinatos estranhos e simultâneos. Enquanto sua esposa está na maternidade tendo sua filha. Fatos cujas consequências marcarão o restante da sua vida. Série de assassinatos que se repetirão a cada nove anos, acompanhando o ciclo da chamada “Lua sangrenta”. Quanto mais os ciclos se sucedem, mais profunda é a decida pela toca do coelho. 

terça-feira, julho 23, 2024

O gnóstico brilho catódico da tela de televisão em 'I Saw the TV Glow'



Este filme é para cinéfilos aventureiros. Um filme estranho. “I Saw the TV Glow” (2024) é um curioso drama de amadurecimento, não apenas de um casal de jovens em um típico subúrbio daqueles do sonho americano. Mas da própria mídia: da sensação de pertencimento entre os pixels analógicos de séries de nichos dos anos 1990 à experiência customizada pelos algoritmos das plataformas de streaming do século XXI. O drama da adolescência que se recusa a aceitar o mundo adulto vê numa série chamada “Pink Opaque” uma mitologia pop que se cruza com elementos gnósticos. Veem no brilho catódico da TV a única maneira de escapar de uma realidade opressiva que é a quintessência do sonho americano.

sexta-feira, julho 19, 2024

Um estranho aparelho de TV no início da era da televisão no filme 'The Twonky"



Cada invenção de um veículo de comunicação sempre foi recebida com estranhamento e resistência. E com a televisão não foi diferente: recebida com desconfiança e medo. Considerado um dos mais estranhos filmes de ficção científica, “The Twonky” (1953) é uma amostra do zeitgeist do início da era da televisão – um professor de filosofia se confronta com um estranho aparelho de TV comprado pela sua esposa. E que revela ter vida própria, revelando sua estratégia: no início parece benevolente, criando dependência. Para depois manipulá-lo, não conseguindo fazer mais nada por si mesmo. “The Twonky” é uma fábula divertida e maluca sobre a invenção que moldou a segunda metade do século passado. Mas com poderosas metáforas que pautarão os futuros filmes críticos à televisão. 

quinta-feira, junho 20, 2024

O Medo e a ansiedade coletiva europeia no filme 'Sob as Águas do Sena'


A premissa da produção Netflix francesa “Sob as Águas do Sena” (Sous la Seine, 2024) é seriamente abusurda. Mas esse é praticamente um pré-requisito dos filmes de tubarões nos dias de hoje - em um mundo pós-Jaws (premiado clássico de Spielberg), não há chance de fazer o maior filme de tubarões de todos os tempos. Então, em vez disso, os cineastas apostam em argumentos involuntariamente engraçados: fugindo das mudanças climáticas e do plástico jogado nos oceanos, um enorme tubarão evolui, adapta-se à agua doce, e aparece no rio Sena, em plena Paris, às vésperas de uma competição de triatlo com cobertura mundial. Filme-catástrofe é um subgênero hollywoodiano por excelência. Mas quando vemos uma produção francesa abraçando todo os tropos do subgênero, torna-se significativo: é o reflexo de um zeitgeist que assola a Europa: medo e ansiedade coletiva de um continente na sombra da ameaça da conflagração de uma Guerra Fria que poderá se tornar muito quente num futuro próximo.

quinta-feira, junho 13, 2024

Amor, família e catástrofe do tempo na Era Reagan em 'Peggy Sue - Seu Passado a Espera'


Depois de vários anos de experimentos estilísticos com novos processos cinematográficos e resultados desiguais, em 1986 Francis Ford Coppola decidiu fazer apenas um filme: “Peggy Sue – O Seu Passado a Espera” (Peggy Sue Got Married). Seguindo a receita narrativa de Spielberg e Zemeckis (histórias contadas para “crianças de qualquer idade”), Coppola embarca num enredo semelhante a “De Volta para o Futuro”, mas em um tom de conto de fadas adulto: uma mulher participa do baile comemorativo dos 25 anos da turma de formatura do ensino médio e desmaia. Quando acorda, descobre que voltou a 1960 e habita seu próprio corpo adolescente, mas com a consciência adulta. É a oportunidade da segunda chance para dirimir os arrependimentos do presente. Como produto da neoconservadora Era Reagan, “Peggy Sue” quer mostrar que o amor e a família estão além da catástrofe do tempo.

sexta-feira, junho 07, 2024

Realismo capitalista e capitalismo distópico de Musk na série 'Fallout'


Seja no cinema como no audiovisual, o fim do mundo está ficando cada vez mais estranho. O fascínio de sabermos o que aconteceria após o apocalipse permanece. Porém, não temos mais o tom épico do apocalipse do século XX. Hoje impõem-se uma leitura mais introspectiva: como o que que restou da humanidade se comportaria sob pressão. O resultado é passagem do tom épico para o propagandístico: o fim do mundo sob olhar capitalista distópico do tipo Elon Musk e o realismo capitalista. É o exemplo da série Amazon Prime adaptada do videogame “Fallout” (2024-). Esteticamente é um mush-up dos arquétipos pop do século XX, de David Lynch ao western spaghetti de Sergio Leoni. Mas, dois séculos no futuro, mesmo depois do fim, o que restou mantém a viciosidade capitalista: guerras por fontes de energias não renováveis. Paz e fontes de energia livre não estão nos planos. Porque não geram lucros.

quinta-feira, junho 06, 2024

Alienígenas, acobertamento geopolítico e privatização no espaço na série 'O Sinal'


Enquanto o Oriente faz pousos bem-sucedidos de sondas na Lua, o Ocidente aposta na privatização das missões espaciais por bilionários como Musk, Bezos e Branson. Desde “Alien” (1979), o cinema e audiovisual vem narrando as consequências muitas vezes catastróficas dos interesses corporativos nas missões espaciais. A minissérie alemã Netflix “O Sinal” (Das Signal, 2024) é outra produção que entra nessa lista, colocando mais um ingrediente: no meio de uma missão privada na Estação Espacial Internacional (financiada por uma bilionária indiana), um sinal repetido chega do espaço profundo, uma voz infantil falando “olá”. É o início de conspirações no melhor estilo “Arquivo-X” que revela uma questão fundamental: como um mundo dividido entre interesses geopolíticos dos governos e a concentração da riqueza planetária numa casta de bilionários, como esse mundo poderá criar um consenso em torno de quem representará a Terra num possível contato com uma inteligência extraterrestre? 

quinta-feira, maio 30, 2024

'O Podcast': MacGuffin, luta de classes e paranoia viral audível



Uma jornalista perde a credibilidade e o emprego depois de uma reportagem catastrófica.  Tenta salvar sua carreira aceitando uma tarefa ignóbil e humilhante: começar um podcast. Um “podcast click bait” sobre mistérios e conspirações. Até que acaba tropeçando em um e-mail com um número de telefone que será a descida na toca do coelho de uma suposta conspiração global sobre “tijolos pretos” que surgem do nada, governos ou, quem sabe, aliens.  Esse é o filme australiano “O Podcast” (Monolith, 2022, disponível no Max) que utiliza o célebre recurso narrativo de Hitchcock: o “objeto McGuffin”- os “tijolos pretos” são apenas pretextos para evidenciar a ansiosa e paranoica viralidade audível podcast e a intrusão dos ressentimentos da luta de classes na bolha digital.  

quinta-feira, maio 23, 2024

'Alice Através do Espelho' de Lewis Carroll vai ao multiverso quântico na série 'Constelação'


Vários efeitos colaterais da viagem ao espaço são estudados, dos efeitos da radiação cósmica na cognição e visão dos astronautas, à perda de massa óssea, muscular e alto risco de câncer. Além de misteriosos relatos de visões de luzes cegantes provenientes de aparições no espaço semelhantes a anjos. A série Apple TV+ “Constelação” (2024-) dá a sua interpretação para tudo isso. E na atual onda de produções sci-fi, somente pode ser dentro do campo dos multiversos quânticos. Mas aqui, a “sobreposição quântica” na verdade é a sobreposição da ficção-científica com o conto de fadas: a Alice de “Alice Através do Espelho” de Lewis Carroll encontra-se com o experimento imaginário de Schödinger do gato numa caixa ao mesmo tempo morto e vivo.

quinta-feira, maio 16, 2024

Série 'Matéria Escura': por que o século XXI está tão obcecado pelo multiverso?


A vida é feita de escolhas que fazemos em momentos cruciais que irão nos definir para sempre. Desde que os paradoxos da mecânica quântica, o experimento imaginário do gato de Schrödinger e a sua interpretação de Hugh Everett que abriu a possibilidade da existência de muitos mundos com diferentes versões de nós mesmos, parece que a angústia do “para sempre” ficou ainda maior, na literatura e no cinema: será que fiz a escolha certa? E se fosse possível ver a escolha da minha outra versão? Poderia ter uma segunda chance? A série Apple TV “Matéria Escura” (Dark Matter, 2024-) é mais uma produção na onda atual de filmes sobre multiverso. Embora o impacto cultural dos enigmas quânticos esteja no século XX, é nesse século que a angústia da escolha é ampliada, no estranho zeitgeist que domina a atualidade. Um gênio da física bem-sucedido cria uma maneira de viajar pelo multiverso para trocar de lugar com o sua outra versão menos bem-sucedida, invertendo a premissa tradicional do gênero.

Essa não é minha linda casa/Essa não é minha linda esposa
Meu Deus! O que eu fiz?
(“Once a Lifetime”, Talking Heads)

quinta-feira, abril 18, 2024

Filme 'State of Consciousness' e o zeitgeist neurocientífico do século XXI


State of Consciousness” (2022) é uma curiosa produção B italiana, uma espécie de mistura de “Amnésia” de Christopher Nolan e “Westworld”. Um homem se vê injustamente condenado por assassinato. Para escapar da pena de morte, aceita ser diagnosticado como “esquizofrênico paranoico” e é enviado para um manicômio judiciário. Acorda 18 meses depois sem se lembrar de nada, mas pronto para ser reintegrado à sociedade. Mas algo está errado quando se vê prisioneiro num pesadelo PsicoGnóstico. “State of Consciousness” retorna ao tema da “Técnica Ludovico” do clássico “Laranja Mecânica”. Porém, com uma abordagem diferente que representa o atual zeitgeist neurocientífico que domina as abordagens cognitivas humanas no século XXI.

sexta-feira, março 29, 2024

Viagem no tempo vira ferramenta para consertar a vida ordinária em 'Questão de Tempo'


Richard Curtis é um especialista em filmes levemente românticos e supostamente cômicos como “Notting Hill”, “Quatro Casamentos e um Funeral” e “O Diário de Bridget Jones”. Quando o tema da viagem no tempo cai nas suas mãos, o desfecho não poderia ser outro. Um tema potencialmente tão disruptivo acaba se diluindo naquilo que exatamente o tema desafia: a realidade institucional. No filme de Curtis “Questão de Tempo” (About Time, 2013) a viagem no tempo se transforma numa ferramenta para consertar as desordens da vida ordinária do presente, incorrendo no velho clichê da “quebra-da-ordem-retorno-à-ordem”. Tão conservador que a mecânica temporal do filme ainda funciona dentro da causalidade newtoniana, ignorando os paradoxos quânticos que caracterizam a abordagem fílmica e literária contemporâneas do tema. Tim descobre que os homens da sua família têm o exclusivo poder de viajar para o passado. Então, decide transformar o mundo num lugar melhor. Para começar arranjando uma namorada.

quinta-feira, março 14, 2024

'O Astronauta': por que a humanidade quer ir para o espaço se todas as respostas estão na Terra?


Com a reativação do imaginário da conquista espacial no século XXI com projetos privados como os da SpaceX ou Virgin Galactic ressurge a questão: o que a humanidade tanto procura lá fora se tudo o que encontramos é o vazio, desolação, desertos ou infernos vulcânicos e mares ácidos? Quando tudo o que precisamos conquistar ou salvar está aqui no nosso planeta. Essa é a questão de fundo na produção disponível na Netflix “O Astronauta” (Spaceman, 2024). Um abatido e solitário cosmonauta da república comunista da Techecoslováquia ruma solitário para as cercanias de Júpiter para capturar amostras de uma misteriosa nuvem cósmica que passou a tomar conta dos céus terrestres. Mas descobre que não está só: uma aranha gigante alienígena curiosa quer mergulhar nas memórias do astronauta. Quer entender o que o faz se submeter a uma solidão auto infligida. “O Astronauta” é uma perfeita esquisitice espacial que trabalha com a simbologia esotérica dos chamados “registros akáshicos” e com a mitologia indo-europeia das aranhas.

sexta-feira, março 08, 2024

Do "gato de Schrödinger" à parapolítica no filme 'Infinitum: Subject Unkown'


O famoso experimento imaginário do “Gato de Schrödinger” proposto pelo físico quântico em 1935 incendiou a imaginação tanto literária quanto cinematográfica: mundos paralelos coexistindo no mesmo tempo-espaço. O filme experimental “Infinitum: Subject Unkown” (2021, disponível na AmazonPrime Video), feito em pleno lockdown da Covid em Londres com um Iphone por uma equipe remota, é mais um exemplo. Conecta Schrödinger com especulações de como todas as grandes potências mundiais têm trabalhado em universos paralelos e telecinesia por décadas - operações geopolíticas através da parapolítica. Uma mulher acorda em um sótão estranho, amarrada a uma cadeira, ela não tem ideia de onde está ou quem é. Está presa também em um loop temporal. Escapa e embarca em uma jornada por um mundo paralelo vazio, levando-a a um laboratório de pesquisa de ciência quântica no meio do nada. Um quebra-cabeças que terá que resolver para encontrar a verdade. Seja em que mundo for.

quinta-feira, março 07, 2024

A imortalidade de uma divindade hedonista enlouquecida em 'Divinity'


O que aconteceria com uma sociedade cuja tecnociência descobrisse a droga da imortalidade? Do corpo, não da mente, que continuaria em seu natural processo de envelhecimento. Resultado: o ser humano se tornaria uma divindade hedonista e enlouquecida através do poder fálico  eterno proporcionado por uma droga vendida como produto para poucos em comerciais na TV. “Divinity” (2023) é uma estranha ficção científica em p&b, uma alegoria enigmática de horror corporal com uma estética que faz homenagem ao expressionismo alemão de Fritz Lang. Sobre a descoberta da imortalidade que, de alguma forma, prejudicará o equilíbrio cósmico. Que fará o acerto de contas contra o cientista inventor do elixir. Um filme estranho para cinéfilos aventureiros.

sexta-feira, fevereiro 09, 2024

A filosofia e geopolítica da inteligência artificial em 'Resistência'


Narrativas sobre inteligência artificial, robôs e replicantes nunca terminam bem no cinema. Principalmente com o discurso do Capitalismo High Tech Distópico de Elon Musk que inspira nove em cada dez roteiros sci-fi atuais. Mas “Resistência” (The Creator, 2023) é essa exceção, indo para além do maniqueísmo homem X máquina. O olhar do filme é tanto filosófico quanto geopolítico. Um soldado é recrutado para localizar e matar o Criador - misterioso arquiteto responsável por desenvolver uma arma capaz de acabar com um confronto mundial em que o Ocidente declarou guerra a toda forma de IA. Principalmente a IA da “Nova Ásia”: diferente do pensamento dualista ocidental, a nova IA oriental quer ser livre ao lado dos humanos. Entrando num embate militar com os EUA, um império decadente em 2070. “Resistência” ecoa o atual conflito EUA vs. China.

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