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sexta-feira, fevereiro 16, 2024

Bolsonaro-Tamagotchi NÃO pode ser preso! Deve ser esquecido


Bolsonaro NÃO pode ser preso! Calma! Esse humilde blogueiro não trocou de lado. Hoje a grande mídia faz a pergunta para os indefectíveis especialistas: “Bolsonaro pode ser preso?” Ela já está calculando a mais-valia semiótica que ganhará com a prisão. Como parte de uma Operação Psicológica de guerra híbrida da inteligência das Forças Armadas: todas as etapas do projeto manchuriano Bolsonaro (iniciado em 2014) podem ser encontradas no “Manual de Campanha de Operações Psicológicas” do Estado-Maior do Exército, de 1999. Tal como aquele bichinho virtual, o Tamagotchi, que precisava ser alimentado, a Op Psi Bolsonaro precisa ser alimentada midiaticamente, através da hipernormalização do jornalismo corporativo. Tamagotchi morria quando era esquecido. Esse é o único antídoto contra esse golpe militar híbrido. Mas como esquecer (isto é, pular fora de uma agenda criada pelo próprio inimigo) se a própria mídia progressista está sendo alegremente conduzida para esse desfecho?

sexta-feira, dezembro 01, 2023

A esquerda também precisa de loucos


A esquerda precisa de loucos! Este humilde blogueiro não está se referindo à opção existencial de ser esquerdista ou mesmo professor – que, sabemos, exige uma grande dose de loucura. O que este “Cinegnose” se refere é a recorrência de personagens caricaturais e canastrões promovidos pelas estratégias semióticas alt-right: Trump, Milei, Bolsonaro, Zelensky et caterva. São loucos, mas com método: o marketing político storytelling. Eles performam personagens arquetípicos (para ocultar suas verdadeiras agendas) que viram bombas semióticas – a única coisa que fura as bolhas digitais que flutuam no mar do “contínuo midiático atmosférico”, a transmutação atual da velha esfera pública. Não vivemos mais na “sociedade do espetáculo”, mas na “media life”: o que chamamos de “realidade” é aquilo que mais se assemelha às imagens e narrativas ficcionais. Por que a esquerda não faz o mesmo? Por que não fazer a extrema direita sentir o gosto do próprio veneno? Criar seus próprios Mileis, Bolsonaros e Zelenskys? Criar seus próprios loucos, mas com sinais trocados.

quarta-feira, agosto 23, 2023

Comunicação 'alt-right' cria dissonâncias cognitivas para aloprar cenário político


O escândalo das joias das arábias. Um militar ajudante de ordens operador financeiro e vendedor de muambas, além de não saber deletar arquivos do celular. Um hacker contratado para um trabalho inútil: hackear urnas eletrônicas sem ligação com Internet. O presidente que atiça o golpe com empresários no WhatsApp. Bem-vindos ao primeiro golpe de Estado anunciado à luz do dia na História! O “gênio” da comunicação alt-right é “aloprar” o cenário político. Criar uma profusão de acontecimentos, reviravoltas, desmentidos, vazamentos, delações, “caneladas”. Em síntese, criar uma atmosfera de dissonância cognitiva. Acelerar o tempo político para coincidir com o tempo midiático da velocidade e instantaneidade com não-acontecimentos que simulam suposta tentativa de golpe para criar dissonâncias cognitivas e ocultar o verdadeiro golpe militar híbrido que já aconteceu. Esconder os rastros das FFAA e fazer a esquerda reagir com o fígado.

sábado, junho 24, 2023

Pedagogia do medo e o não-acontecimento do golpe tabajara


Como assim? Um golpe de Estado sendo discutido em um grupo de WhatsApp? E o roteiro encontrado no celular do ajudante de ordens de Bolsonaro? Golpe Tabajara? jornalistas acreditam em qualquer coisa, talvez por assistirem a muitos filmes da Netflix. Ou porque estão dominados pelo vício epistemológico de que as notícias só podem ser fatos grandiloquentes. Dominados por esse empirismo grosseiro, são incapazes de entende um cenário de guerra híbrida. Isto é, golpes como PROCESSOS. Mas, principalmente, o fato de que a guerra (principalmente informacional) é a arte do engano. “Vazou” um plano de golpe de Estado? É a não-notícia, estratégia difusa da pedagogia do medo para criar a paralisia estratégica no oponente – mais um tijolo para tentar emparedar o governo Lula. Aquele mal-agradecido, por não reconhecer que Biden salvou a nossa “frágil” democracia... de um golpe tabajara.

“A arte da guerra se baseia no engano” (Sun Tzu)

sábado, abril 01, 2023

Guerra do controle da agenda e arcabouço fiscal: grande mídia tem o tempo a seu favor


Depois dos anos de governos do PT prisioneiros do chamado “efeito fliperama” (sempre reativo à agenda midiática – como bolinhas que batem num fliperama – sem conseguir impor agenda própria), nessas últimas semana o Governo parece ter aprendido: conseguiu reagir à agenda de judicialização e meganhagem que iniciava e conseguiu impor a agenda econômica com anúncio do arcabouço fiscal (no dia da volta de Bolsonaro ao país, evento que “flopou”). Com a ajuda do contra-ataque do depoimento do advogado Tacla Duran incriminando Sérgio Moro. Porém, o tempo está do lado da grande mídia – a âncora fiscal de Haddad precisará combinar com os russos: queda dos juros para o crescimento econômico e da receita; e a colaboração do Congresso para medidas de saneamento fiscal. Rentista, grande mídia avisa que o arcabouço fiscal será uma “longa jornada” e nada será “da noite para o dia”. Isto é, mídia aposta na crise econômica e no “terceiro turno” no Congresso.

“A longo prazo, estaremos todos mortos” (John Maynard Keynes)


O que já estava em germe na obra de Walter Lippmannn “Opinião Pública” (1922), os pesquisadores Maxwell McCombs e Donald Shaw, na década de 1970, tornaram explícita com a teoria Agenda Setting ou “Agendamento”: consumidores de notícias tendem a considerar mais importantes os assuntos que são mais pautados e destacados na cobertura jornalística.

Lippmann falava como “nossas imagens mentais” (a “opinião pública”) eram formadas por um “pseudoambiente” a partir do embate de diferentes agendas de grupos de interesses, líderes de opinião e meios de comunicação. A teoria da Agenda Setting comprovou empiricamente essa tese de Lippmann no estudo em uma cidade da Carolina do Norte para verificar a correlação entre a agenda midiática, a agenda da opinião pública e a agenda dos candidatos nas eleições presidenciais.

De Lippmann à teoria do agendamento de Shaw/McCombs, o que resultou foi a sofisticação da engenharia da opinião pública e a percepção de que a “opinião pública” nada mais seria do que o resultado da uma luta entre os grupos de interesses pela hegemonia da agenda midiática – uma batalha na qual conceitos como timing, acumulação, consonância e onipresença são fundamentais na guerra da modelagem do “pseudoambiente”.

Nos treze anos os governos do PT nunca conseguiram impor uma agenda própria, para fazer um movimento anticíclico contra a grande mídia. Acabou caindo na armadilha daquilo que chamamos “efeito fliperama” (ou “pinball”) – limitou-se compulsivamente ou à reatividade ou a pura e simples estratégia de controle dos danos sucessivos provocados pelas agendas criadas pela mídia e replicada pela oposição parlamentar.

O que criava efeito análogo ao fliperama: com a mesma dinâmica da diversão eletrônica, a grande mídia disparava a bolinha que começava a rebater em pinos e flips, somando pontos - mensalão; caos aéreo; a descontrolada inflação do tomate; as manifestações de rua do “gigante que acordou”; o “terceiro turno”; o “petrolão” etc. – clique aqui.

Elas rebatiam aleatoriamente nos pinos e flips criando ressonância, recursividade, loopings: numa estratégia reativa de controle de danos o governo era obrigado a dar respostas em notas aqui e ali. Dando legitimidade e pertinência ao jogo... e as bolas batiam e rebatiam... tlim!... tlim!... tlim!.... E pontos eram somados num ciclo vicioso infernal.


Controle da agenda

Depois de todos esses anos de guerra híbrida, pelo menos o PT aprendeu uma lição: a guerra da comunicação começa pelo controle da agenda.

Estratégia que a direita alternativa (alt right) conhece desde sempre: controlar a agenda através do caos como método. Basta ver a máquina de promoção semanal de “caneladas” do governo Bolsonaro com o vice Mourão como a “tecla SAP” para traduzir os coices do presidente nos jornalistas no “cercadinho”, a crise do “golden shower” no Carnaval de 2019 que ganhou capa na revista Veja, esporros nas lives semanais, participação em atos golpistas, motociatas, o “manifesto do apocalipse” compartilhado por Bolsonaro nas redes sociais (clique aqui), Xvideos compartilhados pelo Carluxo no perfil do presidente etc.

 Aquilo que o linguista Chomsky falou sobre a estratégia de Trump, facilmente aplica-se a Bolsonaro:

Olhe a televisão e as primeiras páginas dos jornais. Não há nada mais que Trump, Trump, Trump. A mídia caiu na estratégia traçada por Trump. Todo dia ele lhes dá um estímulo ou uma mentira para se manter sob os holofotes e ser o centro da atenção. Enquanto isso, o flanco selvagem dos republicanos vai desenvolvendo sua política de extrema direita, cortando direitos dos trabalhadores e abandonando a luta contra a mudança climática, que é precisamente aquilo que pode acabar com todos nós – clique aqui.

Mesmo fora do Governo (auto exilou-se na Flórida para não passar a faixa presidencial a Lula), Bolsonaro não sai das escaladas dos telejornais e capas de jornais: vídeo fazendo compras num mercado e supostamente sinalizando um “apito de cachorro”; o ex-presidente teria estimulado a invasão de Brasília no 08/01? A denúncia do senador Marcos “Swat” do Val sugerindo a participação do ex-presidente numa “tentativa de golpe de Estado”; o episódio da “minuta do golpe”; Bolsonaro discursa em eventos de extrema direita nos EUA; e finalmente o escândalo das joias das arábias – Bolsonaro será preso quando voltar para o Brasil? Não percam os próximos episódios!


Ilustração: Roberto Negreiros, 2019

Agenda de Governo, Agenda de Estado

Desde o Gabinete do Governo de Transição, a grande mídia dava sinais de que não iria respeitar o tal handicap dos “cem dias”: já partiu para o ataque com lobby de jornalistas em frente ao CCBB montando a chantagem da “responsabilidade fiscal”.

O divisor de águas certamente foram os episódios do 08/01: a princípio, os ataques aos prédios dos três poderes deveria ser o evento que complementaria o emparedamento do governo, forçando-o a cair mais uma vez no efeito fliperama: sempre reagir ao invés de pro-agir. 

Lula contra-ataca com mais um evento de forte poder simbólico: cruzar a Praça dos Três Poderes caminhando lado a lado com governadores e políticos de todo espectro político, ao vivo nos canais de notícia, todos indo na direção do prédio do STF destruído. Lula ao lado da presidenta do STF Rosa Weber.

Tudo num dia em que presidentes de vários países, além de um telefonema de Biden a Lula, deram apoio irrestrito ao governo eleito.

Resultado: por algumas semanas, Lula passou a ter uma agenda não só de Governo, mas principalmente de Estado.

As duas últimas semanas o timing dos plot twists para reverter a agenda da grande mídia foram perfeitos. 

Seguindo o modus operandi de outros episódios (p.ex., o dia da aprovação da Reforma da previdência no Congresso), a Juíza lava-jatista Gabriela Hardt e a PF do Paraná desfecharam a “Operação Sequaz” para desarticular um plano do PCC para sequestrar e matar autoridades, supostamente envolvendo também o senador ex-juiz Sérgio Moro. Foi o contra-ataque lavajatista para responder à hegemonia da pauta econômica que dominava a agenda midiática: primeiro, pelos ataques de Lula ao Banco Central e os juros altos; e depois, o aprofundamento da discussão econômica com evento no BNDES que promoveu o retorno da pauta econômica em alto nível na grande mídia, com debates em torno das críticas à racionalidade da taxa Selic em 13.75% feitas pelo prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz e pelo economista de renome mundial Jeffrey Sachs.

Voltava para a ribalta midiática a judicialização e a meganhagem com o bordão “policiais nas ruas!” exortado por apresentadores na TV.

Apesar do “bate cabeças” entre Flávio Dino e Lula (Lula sugeriu armação na operação da PF... mas Dino tinha conhecimento da ação meses antes), o ministro da Justiça respondeu com a impecável performance na sabatina na CCJ da Câmara. 

E Lula saindo sincronicamente de cena acometido por uma “pneumonia leve”, após uma semana de “caneladas” contra o governo. 

“Colonistas” da grande mídia festejaram o destempero de Lula e o ex-juiz Moro, até então condenado ao esquecimento pela sua intrínseca mediocridade como “marreco de Maringá”, foi revivido como o cruzado anticrime. 



O contra-ataque da agenda econômica

Mas o contra-ataque governista veio já na segunda-feira (27) quando o advogado Tacla Duran prestou depoimento ao juiz Eduardo Appio no âmbito do processo em que é réu por lavagem de dinheiro para a empreiteira Odebrecht. O advogado apresentou provas incriminando Sérgio Moro em práticas criminosas de extorsão na Lava Jato.    

Embora escondido nas prime time da grande mídia, o depoimento foi o suficiente para a grande mídia esquecer Moro e retornar à agenda econômica do chamado “arcabouço fiscal” – a demora do anúncio da âncora fiscal parece que foi até proposital: só alimentou a ansiedade dos “colonistas” que quiseram ver nisso uma “crise” interna no governo. A isca foi jogada e a pauta da economia permaneceu na semana.

E, por último e não menos importante, o Dia D do anúncio do “arcabouço fiscal” pelo ministro Haddad (quinta-feira, 30) propositalmente colocado no mesmo dia da chegada de Bolsonaro ao Brasil, esvaziou a estratégia de comunicação do PL. Bolsonaro apostava em mais um momento de caos: ser recebido por milhares de bolsonaristas enlouquecidos, dominando as manchetes e as redes sociais. Alguns até apostavam que algum juiz de primeira instância decretaria a prisão do ex-presidente, propositalmente para criar um fato político explosivo. 

Mas a agenda econômica, prioridade para Lula, dominou - estudo realizado pela consultoria Genial Quaest revelou que as novas regras fiscais do país foram mais comentadas nas redes sociais do que o retorno do ex-presidente.

De acordo com o levantamento, a chegada de Bolsonaro ao Brasil foi o assunto mais comentado das redes até as 10h. Porém, foi superado pelo arcabouço fiscal, que foi anunciado em coletiva de Fernando Haddad por volta das 12h – clique aqui.



Projeções

A luta do controle da agenda das últimas semanas entre o Governo e bolsonarismo/lavajatismo leva a algumas projeções:

(a) Grande mídia tem uma predileção pelo lavajatismo. Tanto pela retórica da judicialização e meganhagem (a despolitização é uma das ideologias midiáticas) mas, principalmente, porque seus “colonistas” jamais farão a mea culpa (quem sabe, só daqui a 60 anos – p. ex., Globo News só AGORA está apresentando documentário sobre o Golpe de 1964 sob a perspectiva da intervenção da CIA) sob pena de perderem definitivamente a credibilidade. Moro poderá ser um fusível a ser queimado para salvar a Lava Jato – esse movimento já começa a ser feito por alguns analistas;

(b) Mas também a grande mídia é rentista e os grupos midiáticos cada vez mais se tornam holding financeiras – a Globo, p. ex., apresentou em 2022 receita financeira de R$ 2,1 bi e lucro líquido inferior de R$1,2 bi – clique aqui. Por isso é sensível à agenda econômica como arena de combate em defesa do hiperliberalismo, da independência do Banco Central e da estratégia dos juros elevados como única forma de combater a inflação.

Essa é a isca para o Governo manter a agenda econômica na pauta do dia, acentuando a contradição do jornalismo corporativo: de um lado, forçosamente admite que juros altos prejudicam o desenvolvimento; por outro, aceitam a ortodoxia do BC como fatalidade e tecnicalidade.

Mas a mídia corporativa joga com o tempo a seu favor: o discurso é que a âncora fiscal não terá efeito a curto prazo, que será o início de uma "longa jornada", apostando que o atual viés ortodoxo do BC só mudará no ano que vem. Como dizia o economista John Maynard Keynes, “a longo prazo, estaremos todos mortos” – o jornalismo corporativo aposta na crise econômica com os juros elevados para desgastar do governo Lula, principalmente junto àqueles que o elegeram: a faixa de até dois salários-mínimos, mais sensível às crises.

Anteve-se até o futuro mote dos "colonistas": "Lula não entrega promessas de campanha"...

(c) Os “colonistas” da grande mídia sabem que o arcabouço fiscal costurado por Haddad é frágil porque depende da combinação com os “russos”: primeiro, que os juros caiam para possibilitar crescimento econômico e aumento da receita; segundo, que o Congresso apoie as medidas de saneamento fiscal (fazer aqueles que não pagam impostos começarem a pagar). 

O Governo parte do wishifull thinking de que o Congresso não poderá ficar contra as medidas que beneficiam a Nação (medidas que até volátil mercado financeiro deu, pelo menos nesse início, sinalização positiva). Mas pode! A ex-presidenta Dilma Rousseff sentiu na pele como a grande mídia pode transformar a batalha no Congresso em uma espécie de terceiro turno eleitoral. 

 

 

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sábado, julho 30, 2022

PsyOp militar da pedagogia do medo e a 'Carta em Defesa da Democracia'


As psyOps da guerra híbrida militar veem a sociedade civil e a opinião pública como um “palco de operações” numa analogia à guerra convencional: false flags, guerra criptografada, abordagens informacionais indiretas, controle total de espectro etc. são mobilizados com um objetivo: criar a simulação de que “as instituições estão funcionando”. E seu efeito residual é a “pedagogia do medo”, o medo de que um golpe possa ocorrer a qualquer momento. Ocultando o fato de que o golpe já aconteceu. Mas foi híbrido, mantendo abertamente sob tutela as instituições civis. A Carta em Defesa da Democracia (já com mais de 400 mil signatários) partilha dessa ilusão criada pelo “palco de operações”, com a ajuda midiática que ressuscita na tela fotos e vídeos da velha ditadura militar. Como um fantasma que pudesse voltar. Paralisando a esquerda que, temerosa, permanece pacata, protocolar e institucional. Mesmo sabendo que as instituições foram aparelhadas pelo golpe militar híbrido.

terça-feira, julho 19, 2022

Urnas eletrônicas: das teorias conspiratórias às dúvidas justificadas


A pantomima do chefe do Executivo diante de embaixadores atacando as urnas eletrônicas, com inacreditáveis powerpoints by Dallagnol sobre inescrutáveis “malwares maliciosos”, foi mais um jogo de dissimulação e simulação (blefe) de um fusível para ser queimado. Tal como o jogo de prestidigitação do mágico (que com uma mão distrai o distinto público e com a outra puxa a carta secreta da manga), Bolsonaro não diz o mais importante de qualquer crítica consequente às tecnologias adotadas pelo TSE: o problema não é auditabilidade ou impressão de votos, mas de conflito de interesses e soberania: segurança criptográfica, armazenamento e contagem estão nas mãos de uma multinacional brasileira ligada visceralmente às Forças Armadas e outra com ligações comprovadas com CIA e NSA. O capitão da reserva distrai a patuleia com teorias conspiratórias. Enquanto as dúvidas justificáveis são ocultadas.

sábado, julho 02, 2022

Continuamos com a corda no pescoço, mas... deixamos de discutir Economia


O filósofo José Arthur Giannotti escreveu certa vez: “Nunca se discutiu tanto Economia entre nós. Pudera, estamos com a corda no pescoço”. Isso foi em 1984. Hoje, continuamos com a corda no pescoço. Mas a Economia desapareceu da pauta da grande mídia. PMiG (Partido Militar Golpista) e grande mídia convergem na mesma estratégia semiótica: a guerra permanente informacional militar cria semanalmente crises que ajudam a ocultar a crise econômica sistêmica que a grande mídia embaralha com estratégias semióticas de pulverização, deslocamento, naturalização e despolitização. Telecatchs de Bolsonaro contra a Petrobrás e PF e o fusível queimado de Pedro Guimarães na Caixa ajudam a pulverizar a relevância de qualquer debate econômico e, do outro lado, dá munição à grande mídia para esconder a crise econômica debaixo do tapete e tornar como fato consumado a agenda de privatizações.

quinta-feira, junho 23, 2022

Do Vale do Javari ao cárcere da PF: as estratégias semióticas de ocultamento e blefe do PMiG



Esses últimos quinze dias foram caóticos: os assassinatos de Dom e Bruno no Vale do Javari; o reajuste dos combustíveis e a renúncia do presidente da Petrobrás com a previsível reação “nervosa” dos “mercados”; prisão do ex-ministro do MEC Milton Ribeiro pela PF. Para, no dia seguinte, ser solto por um desembargador do cárcere da PF em São Paulo. Porém, esse aparente frenesi de notícias é apenas superfície. Há um modus operandi semiótico do Partido Militar Golpista (PMiG): o timing do encadeamento dos eventos, dissimulação (ocultamento das operações do PMiG) e simulação (blefes de não-notícias) com o objetivo de sequestrar a pauta da mídia (grande e independente) que sempre anda a reboque dessa central do PMiG, por ação e reação.

sexta-feira, maio 20, 2022

Bandeira "woke exploitation" da TV Globo não passa da página dois


Ao vivo, com imagens aéreas, o telejornal local da TV Globo acompanhou a reintegração de posse no Centro de São Paulo: sob a truculência de escudos e armas antimotim da PM, 250 famílias foram despejadas às vésperas do dia mais frio do ano. Em sua maioria, mulheres e crianças negras, pobres. A cobertura foi anódina, sem repercussão nacional, apesar do termômetro do jornalismo da emissora, o dominical Fantástico, ter se convertido em um show de “woke exploitation” e as questões identitárias terem tomado a pauta. A bandeira woke da emissora não passa da página dois: negros, trans, mulheres etc. podem se organizar, protestar e levantar suas bandeiras. Tudo, menos fazer a mesma coisa no campo político da luta de classes por direitos civis e econômicos. No fundo, é uma estratégia de comunicação casada com a de Bolsonaro: empurrar as eleições para a guerra cultural. Mas também, outras pautas da grande mídia não têm passado da página dois: a terceira via e a urgência climática da União Europeia.

sábado, maio 07, 2022

Agenda setting e a profecia autorrealizável do "golpe" ou... como fazer Paulo Guedes sumir


Sobe a temperatura de um país em transe, aterrorizado pela iminência de um golpe militar contra as eleições Enquanto isso, nas telas da grande mídia os “colonistas”, agora com sangue nos olhos depois que Lula virou capa da revista Time, gritam que ele só “erra”, está “fora de forma” e sua campanha está “em crise”. Aproveitando a bagunça, o ministro Paulo Guedes sai de fininho, aliviado por não lhe cobrarem a conta da fome, desemprego e inflação. Mais uma vez, jornalismo corporativo e PMiG põem em ação as estratégias de comunicação de “agenda setting” e “profecia autorrealizável”. Deu certo no golpe contra o segundo governo Dilma ao criarem a crise econômica autorrealizável. E agora repetem num ano eleitoral para aloprar o cenário político com um telecatch que oculta duas coisas: desde 2018 as eleições já estão tuteladas pelo PMiG (o golpe militar já ocorreu e as instituições não funcionam mais) e a crise econômica neoliberal – transformada em catástrofe natural pela grande mídia. 

quinta-feira, abril 28, 2022

Lula deve fugir de dois ardis semióticos do xadrez eleitoral: comunicação indireta e dilema midiático


As últimas pesquisas mostram diminuição da diferença entre Lula e Bolsonaro. Não por acaso, o PMiG (Partido Militar Golpista) intensifica a PsyOp “telecatch” do script da “crise entre poderes”, com a colaboração da grande mídia que simula fazer oposição a Bolsonaro: há uma semana só se fala em Daniel Silveira que, desinibido, desfila para as lentes das câmeras com o “indulto” em uma moldura verde-amarela. Na entrevista com youtubers e veículos alternativos, Lula mostrou-se consciente desse jogo. Porém, o panorama geral é frio: ruas vazias, sem manifestações ou protestos. Diferente do Chile, sem uma onda a partir das bases sociais, o PT conta unicamente com as armas semióticas de Lula: Carisma, Retórica, Memória e Rejeição. Como amplificar essa munição semiótica do líder político? Evitar as duas armadilhas das estratégias de comunicação alt-right de Bolsonaro e sua trupe calculadamente aloprada: a “comunicação indireta” e o “dilema midiático”.

quinta-feira, abril 14, 2022

PsyOps do PMiG: do viagra ao súbito interesse cívico no primeiro voto do jovem


Desde o primeiro dia, toda semana, incansavelmente, o governo Bolsonaro e o PMiG (Partido Militar Golpista) inventam uma crise. Uma operação psicológica chamada “guerra criptografada de Informações” com um objetivo geral de “aloprar” o cenário político do momento, aproveitando-se da perigosa ingenuidade dos jornalistas e do fígado sempre reativo da esquerda. Apagar as digitais do PMiG e ocultar os fundamentos neoliberais do governo são algumas das metas dessa psyOp. Depois que a guerra na Ucrânia perdeu a audiência na grande mídia, o PMiG voltou com tudo: crise na Petrobrás e no ministério da Educação. E, nessa semana, a compra milionária de viagra e próteses penianas para a caserna. Em todo esse embaralhamento de informações, está passando despercebido o porquê do súbito interesse “cívico” do TSE no primeiro título de eleitor do jovem – a natureza do voto dessa faixa etária será um prato cheio para o ardil semiótico alt-right. 

sexta-feira, fevereiro 18, 2022

Midiacentrismo da cobertura Bolsonaro-Putin oculta digitais do hackeamento eleitoral do PMiG



O jornalismo corporativo é midiacêntrico e tautista: os fatos só acontecem para serem transmitidos e noticiados, numa espécie de auto lisonja do jornalismo corporativo. Disso decorre uma perigosa ingenuidade: acreditam que a verdade só pode estar no próprio fato que noticiam. Ignoram que muitas vezes os acontecimentos são diversionistas (simulações, não-acontecimentos, factoides etc.) para desviar a atenção de todos da verdadeira cena. A escalada da crise Rússia-OTAN-EUA e a visita de Bolsonaro ao líder russo Putin revelou tudo isso: como jornalistas e “colonistas” são capazes de acreditar em qualquer coisa. Até em canastrices. Dia da invasão na Ucrânia com data marcada? Uma operação de hackeamento russo das eleições brasileiras feito às vistas da imprensa num encontro oficial de presidentes? Como sempre, a operação psicológica da dobradinha PMiG (Partido Militar Golpista) e mídia corporativa (no modo Alarme!). Para ocultar as digitais que comprovariam que o PMiG já deu um golpe híbrido (por isso, a mídia não viu) e que as eleições já foram hackeadas, desde 2018 – mesmo com as “pontes” construídas entre militares e civis no STF e TSE para “as instituições funcionarem”...

sexta-feira, fevereiro 04, 2022

O frango com farofa e o assassinato de Moïse: guerra semiótica sem fronteiras


Como é possível mostrar a realidade, ao mesmo tempo em que a oculta? O vídeo “vazado” nas redes sociais mostrando os maus modos de Bolsonaro à mesa (ou à bandeja) comendo frango e espalhando farofa (e o seu “bônus track”, o making off do filho Carlos dirigindo a cena bizarra) e as imagens do assassinato cruel do congolês em um quiosque na praia da Barra, RJ, guardam uma perniciosa conexão: a guerra semiótica em um ano eleitoral. A “meta-simulação” do “bônus track” (análoga ao de Biden, denunciando que a Rússia estaria criando um vídeo de simulação de ataque da Ucrânia, antecipando os próprios vídeos falsos americanos) quer apagar os rastros do PMiG (Partido Militar Golpista) na construção do personagem manchuriano Bolsonaro. Enquanto a cobertura midiática do assassinato de Moïses oculta aquilo que pavimenta todo racismo, xenofobia e o domínio do comércio por milicianos: a reforma trabalhista.

sexta-feira, janeiro 14, 2022

Partido Militar Golpista (PMiG): nota da Anvisa é bomba semiótica da simulação de crise militar



A nota do militar e dublê de Diretor Presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, contra as insinuações de que agência reguladora teria interesses escusos por trás da aprovação da vacinação infantil Covid-19, é mais um flagrante da operação psicológica da simulação de uma suposta “crise militar”. A canastrice retórica dessa bomba semiótica é tão evidente que deveria arrancar risadas e não análises sérias daqueles que conseguem encontrar verossimilhança num conflito tão fabricado. É também uma evidência de como, desde o golpe de 2016, o PIG (Partido da Imprensa Golpista – apud Paulo Henrique Amorim) saiu do modo “alarme” para entrar no modo “reprodução” para monitorar as reformas neoliberais, enquanto as Forças Armadas se assumiram como PMiG (Partido Militar Golpista), com todas as características de um verdadeiro partido político: Memória histórica e vocação institucional, Base ideológica, Pautas corporativas, Formação contínua de lideranças, Base eleitoral e militante etc.

sábado, janeiro 08, 2022

Primeira semana do ano: mídia abre kit semiótico de manipulação e PsyOp militar entra em ação


Bastou a primeira semana do ano para aparecerem os primeiros movimentos de uma guerra semiótica que promete ser pesada nesse ano eleitoral. E a grande mídia já apresenta as primeiras armas do seu kit semiótico de manipulação: diante da ação policial de busca e apreensão contra o ex-governador Márcio França, entra em ação o empirismo grosseiro da estratégia do “não-há-nada-para-se-ver-aqui!”. Também foi ativado o jornalismo metonímico para criar uma bomba semiótica, milimetricamente tardia, em torno do artigo de Guido Mantega na “Folha” e o anúncio da “revogação da reforma trabalhista” pelo PT. E a psyOp militar de dissonância cognitiva em torno da “operação padrão” do ministro da Saúde Marcelo Queiroga, os ataques de Bolsonaro à vacinação de crianças e a suposta tensão entre o chefe do Executivo e o Comando do Exército que orientou os militares a tomar medidas contra a pandemia e não espalhar fake news.

quinta-feira, dezembro 09, 2021

A operação psicológica Lula-Alckmin e um conto identitário de Natal


Se para o PT a chapa Lula-Alckmin está ainda em discussão, para a grande mídia já é realidade: “pode definir a eleição”, diz colunista de “O Globo”. Por que a grande mídia está tão entusiasmada com a aliança? A primeira pista está no destaque midiático dado pelo arquivamento pelo MPF da acusação contra Lula no caso do Triplex, após a grande mídia ficar em silêncio em todas as vitórias judiciais anteriores do ex-presidente. Há uma típica psyOp militar em andamento: dissonância cognitiva – é mais fácil enganar alguém convencendo-o de que está certo, ao invés de dizer que está errado. “Lula-Alckmin” legitima estratégia de Moro para fugir dos incômodos temas econômicos que deveriam ser discutidos no campo da economia política. E não sob o discurso do justiçamento moralista da corrupção. Também o ex-juiz conta com o discurso do identitarismo, apropriado pela grande mídia, como demonstra um verdadeiro conto de Natal distópico e identitário narrado pelo jornalismo corporativo nessa semana.

sábado, outubro 02, 2021

Grande mídia azeita a máquina semiótica do jornalismo de guerra



A imprensa corporativa começa a dar os primeiros sinais de que retornará ao modo “jornalismo de guerra”, com a proximidade das eleições e a complicada empreitada de fazer a “esperança branca” da terceira via. Começa a azeitar a máquina semiótica do jornalismo metonímico (como estratégia diversionista diante da crise energética e alta dos combustíveis) e do jornalismo de delação lavajatista para açodar efeito manada e justiçamento, como no caso Prevent Senior. Enquanto o timing da CPI da Pandemia acaba enterrando as esperanças do impeachment e virando palco para o show de extremismo assertivo de extrema direita. E mais: Bolsonaro revela o seu cálculo do “caos administrado” na guerra híbrida com o pronunciamento de que “nada está ruim que não possa piorar”.

terça-feira, setembro 21, 2021

Por que jornalismo corporativo está tão incomodado com documentário 'Bolsonaro e Adélio'?



Nesse momento, o jornalismo corporativo reage com o fígado (e com muitas falácias lógicas e adjetivos) contra o documentário “Bolsonaro e Adélio: uma fakeada no coração do Brasil”. Até o deputado arrependido, Alexandre Frota, ganhou manchetes com o seu pedido de “CPI da Facada” sob o impacto do documentário nas redes – mesmo bolsonarista arrependido, Frota continua útil na guerra criptografada de informações alt-right, ao contaminar uma CPI com sua “credibilidade”. Para além da estratégia morde-assopra da grande mídia (no fundo, Bolsonaro ainda é a sua única “esperança branca” neoliberal), há algo mais profundo: um misto de inveja e pânico ao ver um didático exemplo de jornalismo investigativo, há muito convenientemente esquecido pelos veículos corporativos de imprensa – um tipo de jornalismo preguiçoso que confunde “investigação” com “checagem” ou “apuração”, prática de um jornalismo que trabalha unicamente sentado.

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