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terça-feira, julho 16, 2024

Os tiros contra Donald Trump não aconteceram


Foi visível a perplexidade inicial do jornalismo corporativo diante dos disparos contra Donald Trump em um comício na Pensilvânia, tanto pela conveniência dos tiros à sua campanha quanto pela flagrante complacência do serviço secreto na segurança. Que posteriormente a mídia normalizou como “milagre” que supostamente teria salvo a vida do ex-presidente. Essa perplexidade e mal-estar são típicos quando estamos diante de não-acontecimentos, que sequer a mídia pode discutir a hipótese: põe em risco a própria matéria-prima da notícia: o acontecimento. É tudo coisa de “chapéus de alumínio”, têm que dizer para salvaguardar a própria profissão. Porém, o resultado, a mais-valia semiótica da fotografia perfeita, mais uma vez revela didaticamente as características de um não-acontecimento: timing, sincronismos, anomalias e chantagem midiática.

sexta-feira, outubro 13, 2023

Guerra Israel X Hamas: Netflix, guerra híbrida e a invenção do terrorismo islâmico



Como um típico evento terrorista do século XXI (cujo ato inaugural foi o 11 de setembro), os ataques do Hamas contra Israel mais uma vez suscitam as recorrentes questões: timming e “cui bono” (quem ganha?). Criando dúvidas justificadas: a construção do Hamas como o inimigo íntimo de Israel e a invenção do terrorismo religioso pelo atlanticismo e a doutrina dos falcões da guerra neocons dos EUA. False Flag? Inside job? Quando os acontecimentos perdem o fatalismo histórico para entrarem no campo das simulações (não-acontecimentos, pseudo-eventos etc.), precisam do efeito do real da ficção. E a Netflix torna-se a ferramenta híbrida para apagar os limites entre ficção e realidade. Tanto na guerra híbrida brasileira com as séries “House of Cards” e “O Mecanismo”; na Ucrânia, com a série “O Servo do Povo”; e agora com a série “Fauda”, o “Tropa de Elite” de Israel. 

terça-feira, janeiro 10, 2023

A invasão de Brasília não aconteceu


“Capitólio brasileiro!”, cravam os “colonistas” da grande mídia diante da invasão e destruição dos prédios dos três poderes nesse domingo. Um ardil semiótico com dois objetivos: (a) esconder a centralidade da Forças Armadas no processo ao sugerir tudo como resultante do fenômeno global da escalada da extrema-direita; (b) ocultar a natureza de não-acontecimento da invasão – acontecimento fabricado para repercussão midiática, como operação psicológica para, mais uma vez, levantar o espantalho do golpe. Como todo não-acontecimento (assim como os atentados terroristas na Europa de 2012 a 2016), apresenta características como ambiguidade, timing, além da pergunta: quem ganha? Nesse momento o jornalismo corporativo tenta reverter o tiro no pé: diante de mais uma estratégia de emparedamento, Lula consegue reverter a pauta midiática ao criar uma agenda de Estado (a defesa da Democracia) da qual a mídia corporativa é obrigada a participar. Será que Lula dobrou a aposta e pagou para ver? Tudo está menos para o Capitólio, e muito mais para o 11 de Setembro.

sexta-feira, novembro 18, 2022

Grau Zero da Política e Reset do Capitalismo mostram as garras para Lula


Bolsa derrete! Dólar sobe! De onde vai sair o dinheiro da PEC da Transição?”. Grande mídia mostra as garras e repete um velho script, vinte anos depois da primeira posse de Lula. Afinal, por que todo “freak out” depois de Lula ter sido arrastado para o segundo turno para que sua vitória tivesse um alto custo semiótico (como acompanhamos nesse momento)? Não deu tudo certo? Depois de dois mandatos, ele não seria o presidente mais previsível dos últimos anos? A verdade está em outra cena, muito além da espuma midiática. “Teto de Gastos”, “Responsabilidade Fiscal” ou as pragas do Egito das bolsas derretendo, dólar e inflação subindo são apenas racionalizações de algum imperativo mais estrutural. Imperativo que envolve a sinergia de dois fatores: o “Grau Zero da Política” e o chamado “Grande Reset do Capitalismo”.

sexta-feira, outubro 21, 2022

Perdemos a capacidade de enunciar o Mal em 'Speak No Evil'


Discursos sobre a superioridade moral do Bem nos cercam. As ideias de progresso, Democracia, positividade, racionalidade etc. criam uma sociedade asséptica, profilática, no qual a morte e a violência foram embranquecidas. Tornando-nos impotentes e vulneráveis à presença do Mal. O Mal existe porque o permitimos, ao nega-lo, seja no campo do micro-orgânico ao macropolítico. Esse é o subtexto do filme dinamarquês “Speak No Evil” (2022): uma família de classe média alta dinamarquesa, culta, polida e politicamente correta, aceita o convite de uma família holandesa que conheceu nas férias. O que poderia dar errado num idílico final de semana numa casa rural? Tudo! Quanto mais educados tentam ser diante de anfitriões que se tornam cada vez mais desagradáveis e manipuladores, mais o Mal começa a se impor. Revelando como nossa sociedade asséptica gera a própria virulência, impotente diante da presença do Mal.

quarta-feira, outubro 12, 2022

Melancolia e Resignação identitária no filme 'Não Se Preocupe, Querida'


Certa vez o pensador francês Jean Baudrillard falou que o filme “Matrix” era uma produção que a própria Matrix faria sobre si mesma. Algo parecido poderíamos dizer de “Não Se Preocupe, Querida” (Don't Worry Darling, 2022): um filme que a própria Era Joe Biden faria para si mesma. Segundo longa-metragem dirigido por Olivia Wilde, a crítica vem definindo-o como um mix de “Mad Men” com “Corra”. Acrescentaríamos mais: lembra um “Show de Truman”, porém com a melancolia e resignação da agenda identitária bancada pelos “novos democratas” do neoliberalismo progressista: Capitalismo? Ok! Desde que gerido não mais por homens sexistas e misóginos. Acompanhamos Alice, uma dona de casa em um subúrbio idílico sob o sol da Califórnia do sonho americano da década de 1950. Tudo é perfeito, com elegantes maridos que voltam do trabalho e festas incríveis regadas a martini. Enquanto as mulheres sabem muito bem qual é o seu lugar numa sociedade machista. Tudo é tão perfeito e hiper-real que algo parece estar muito errado. Esse será o buraco da toca do coelho no qual Alice entrará para encontrar uma estranha realidade.

sexta-feira, agosto 19, 2022

Vai ter golpe? A História jamais será transmitida ao vivo pela TV



Nos últimos dias, nunca se ouviu ou se leu tanto o adjetivo “histórico”. Seja na mídia hegemônica ou na progressista. Adjetivando eventos que foram transmitidos ao vivo pela TV: a leitura da Carta em Defesa da Democracia na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, SP, e o discurso do ministro Alexandre de Moraes na solenidade de posse na presidência do TSE. "Históricas" defesas da Democracia. Mas será que a TV consegue mesmo mostrar ao vivo acontecimentos históricos? Ou será que a mídia só escolhe aqueles eventos que confirmem um script pré-estabelecido que já esteja rodando? Qual script? O roteiro do “golpe-pode-estar-à-nossa-espera-na-esquina”. Pedagogia do medo diariamente alimentada por notas plantadas (“agrojornalismo”) nos espaços diários dos “colonistas” dos principais veículos de imprensa. A História é feita por acontecimentos silenciosos, à margem de qualquer representação e racionalização. Enquanto o “histórico” midiático são sempre eventos ruidosos, estridentes e emergenciais. Telecatchs canastrões. 

quarta-feira, abril 06, 2022

Massacre de Bucha repete não-acontecimento dos 'Ossários de Timisoara' de 1989


Todo o hype atual em torno das fake news parece ocultar algo mais pernicioso: os não-acontecimentos – eventos em que a informação se confunde com a fonte, tornando sem sentido a diferença entre verdade e mentira. Os “Ossários de Timisoara”, 1989, escândalo das imagens de centenas de mortos, montadas para a necrofilia televisiva e que levou ao desfecho da Revolução Romena, foi a mãe de todos os modernos não-acontecimentos, das guerras às revoluções híbridas. O “Massacre de Bucha” é mais uma não-acontecimento, com o seu timing, inconsistências, canastrice ficcional e, como sempre, um evento cuja verossimilhança não resiste a uma simples pergunta: quem ganha?

quinta-feira, dezembro 30, 2021

'Matrix Resurrections' faz narrativa cyberpunk em abismo respondendo a crítica e extrema-direita


Três coisas incomodaram as irmãs Wachowski após a “Trilogia Matrix” (1999-2003): a crítica frontal do pensador francês Jean Baudrillard (uma das fontes de inspiração da Trilogia) de que “Matrix é o filme que a Matriz teria sido capaz de produzir”; a apropriação da extrema-direita dos simbolismos de “Matrix”; e as intromissões da Warner Bros na produção do filme. Por isso, Lana Wachowski retomou para si a narrativa de Matrix na continuação “Matrix Resurrections” (2021), não só recriando o clássico universo cyberpunk, mas tornando-o ainda mais complexo na chamada "narrativa em abismo": muita metalinguagem e autorreferências: um filme dentro de um game de computador criado pela empresa que na verdade é o estúdio que produziu o filme que assistimos. Além de atualizar a mitologia gnóstica original (do CosmoGnóstico ao PsicoGnóstico), Lana fugiu da crueza esquemática de 1999 (Matrix versus deserto do real) para mergulhar na complexidade do mix hiper-real da ficção com a realidade. Incorporou as críticas de Baudrillard, além de tentar blindar o filme de quaisquer apropriações reacionárias através de uma narrativa ambígua. 

quinta-feira, setembro 16, 2021

Temer dá continuidade ao blefe da 'Operação 7 de Setembro'


O show deve continuar. Dando continuidade ao blefe da “Operação Sete de Setembro” entra em cena o “apaziguador” Michel Temer com direito a fotos do seu embarque triunfal para Brasília em avião da FAB, vídeo “vazado” e notas cuidadosamente plantadas nas colunas da imprensa corporativa. O mininistro  do STF Alexandre de Moraes “trocou uma ideia” com Temer, que “trocou uma ideia” com Bolsonaro, que “trocou uma ideia” com Alexandre de Moraes. Dessa maneira, Temer nos livrou do abismo do golpe para o qual Sérgio Reis, Zé Trovão e Batoré arrastavam a Nação. Como, no futuro, um professor de História conseguirá descrever esse melodrama tão inverossímil? Uma sequência de não-acontecimentos (dos blefes com dinheiro público ao estado da arte de um vídeo canastríssimo) que a grande mídia deu pernas, parceira das operações psicológicas que objetivam: (a) apagar rastros das próprias PsyOps militares; (b) criar a ilusão de que as “instituições que funcionam resistem ao golpe” (que já ocorreu, mas foi híbrido); (c) manter o ciclo vicioso de volatilidade política para as “sardinhas” se afogarem no mar da especulação financeira infestada de “tubarões” com informações privilegiadas.

terça-feira, julho 06, 2021

Visita do chefe da CIA no Brasil foi um não-acontecimento


Quando o “número um” da CIA visita o País, ainda mais com toques de surpresa e segredos num momento de fervura política, o chão estremece: “um espectro ronda a América Latina!”, “planejam assassinar Nicolas Maduro!”, “Bolsonaro ameaça um golpe contra a Democracia!”, e por aí vai. O problema é que o que enxergamos é o que a mídia (seja corporativa ou progressista) cobre. Porém, a importância simbólico-tática da “visita” está em outra cena: não a cena do foco das câmeras, mas a do não-acontecimento: A CIA quando aparece não age, quando age não aparece e só aparece depois. Como ocorre agora, visando diversos objetivos de guerra híbrida. O principal: apagar os rastros das psyOps que conduziram a um golpe militar que já aconteceu e ninguém viu. Por quê foi híbrido. 

terça-feira, maio 11, 2021

Filme 'Titã': a patafísica tecnológica como sintoma do nosso tempo


“Titã” (“The Titan”, 2018) é um dos piores filmes que este humilde blogueiro já assistiu, com sérios problemas com o princípio básico de qualquer roteiro: verossimilhança e suspensão da incredulidade. E com um ator protagonista tão inexpressivo que os diretores insistem em transformá-lo em híbrido ou alienígena. Um filme destinado a ficar aninhado naquela lista do Netflix “Por que você assistiu...”. E por que este Cinegnose se interessou pela produção? “Titã” revela um sintoma do espírito do nosso tempo: o momento em que a tecnologia se torna tão hipertrofiada e invasiva que acaba inviabilizando as próprias finalidades para as quais surgiu para cumprir, cruzando um “vanish point”. É a patafísica dos sistemas, quando a tecnologia se torna non sense: a “hipertelia”. O nosso planeta está acabando. Temos que fugir para uma das luas de Saturno chamada Titã. Como salvar a humanidade? Resposta patafísica: deixando de ser humanos!

quinta-feira, abril 01, 2021

Crise militar de Bolsonaro é a bomba semiótica do não-acontecimento


Desde que a Inteligência militar brasileira emulou a teoria da Guerra Híbrida dos think tanks dos EUA, traduzindo como “guerra cultural” e “operações psicológicas” (ironicamente citando pensadores como Jean Baudrillard e Umberto Eco em artigos de revistas do meio militar) acabou criando o principal protagonista político nesse século: o Partido Militar. Por isso, é absolutamente ridícula a narrativa que a grande mídia criou sobre a “crise” (na verdade, estratégia de dissonância cognitiva da guerra semiótica militar, um não-acontecimento) provocada pela “queda” do ministro da Defesa e dos comandantes das três Forças Armadas. A grande mídia liberta fantasmas e espantalhos que saem de buracos e armários numa espécie de nostalgia vintage (64’s style) da suposta ameaça de golpes ou quarteladas provocadas pelo suposto conflito entre Forças Armadas legalistas versus Bolsonaro golpista. Alguém tem que avisar aos analistas que vivem de notícias plantadas e “vazamentos” que o golpe militar já ocorreu, e não foi televisionado. Por quê?  Porque foi um golpe híbrido.

segunda-feira, março 22, 2021

'Trem do Funk': bomba semiótica expõe hipocrisia da cobertura midiática da pandemia


Na pandemia não podemos aglomerar por diversão, mas podemos apinhar no transporte público para trabalhar... claro, seguindo todos os “protocolos”. Então, se só podemos aglomerar em trens e ônibus, que tal uma balada no transporte público? Uma bomba semiótica do tipo autoignição (de combustão espontânea) foi detonada pelo “Trem do Funk da Antiga”, flash mob em um vagão dos trens da Supervia, Rio de Janeiro. Muita bebida, DJ e a maioria sem máscara. Mas com uma astúcia irônica que expôs a hipocrisia da cobertura midiática da pandemia: uma narrativa moralista na qual se expor no transporte público para trabalhar é moralmente mais correto do que para se divertir. Aglomerar para beber, dançar e ouvir música é ilegal porque não produz mais-valia, como em ônibus e trens apinhados diariamente levando gente ao trabalho. As massas não são nem sujeito nem objeto. São ardilosas. A comunicação da esquerda deveria aprender um pouco com essas bombas semióticas espontâneas.

sexta-feira, março 12, 2021

O real, o imaginário e o simbólico no xadrez da guerra semiótica da "libertação" de Lula


O quê mudou na correlação de forças para que Fachin anulasse as condenações de Lula. As ruas estão tomadas de protestos contra o governo como no Paraguai? Estamos à beira da sublevação das massas? Caminhoneiros estão à beira da paralisação nacional? Nada. Acompanhamos apenas a realização da profecia do ministro Lewandowski feita em 2014: “o século XXI é o século do Poder Judiciário”. É a judicialização da política, até aqui o principal vetor dos movimentos políticos para manter esquerda e oposições no torniquete, com a estratégias híbridas de movimento em pinça e controle total de espectro. Dentro do consórcio com a grande mídia, a “libertação” de Lula forma o xadrez da guerra semiótica que deve ser compreendida em três níveis: o real, o imaginário e o simbólico.

quinta-feira, fevereiro 25, 2021

'Wokexploitation' e tautismo são ciladas do BBB21 na guerra semiótica

Poucos lembram que o reality show “Big Brother” foi inspirado num experimento científico mal sucedido de 1992 chamado Biosfera 2: oito “tripulantes” confinados numa estrutura isolada do exterior monitorados 24 horas por câmeras, tendo que retirar ar e alimentos dos animais e vegetais daquele meio ambiente simulado. Porém, baratas (muitas baratas!) e ervas daninhas acabaram com tudo. Mas o que foi fracasso vira oportunidade na versão midiática do experimento: a “ecologia maléfica” vira “wokexploitation”: saem baratas e entram as mazelas sociais e humanas como show. Todos os lados do espectro político tentam tirar alguma lição das eliminações (como a rejeição recorde de Karol Konká). Porém o BBB é mais bem sucedido do que foi o Biosfera 2: criou um sistema tautista (tautologia + autismo midiático) onde nenhuma máscara cai ou lição moral é ensinada, tornando-se apenas um dispositivo de sequestro de pauta para, principalmente, a esquerda cair. A única coisa real no BBB é a ecologia maléfica colocada a serviço da guerra semiótica.

sexta-feira, fevereiro 12, 2021

A solidão do Universo simulado no documentário 'A Glitch in the Matrix'



Muitos antes do filósofo Jean Baudrillard denunciar que o mundo estava dominado pela hiper-realidade dos simulacros, as irmãs Wachowski fazerem a “Trilogia Matrix” e o filósofo e matemático Nick Bostron lançar a suspeita de que o Universo poderia ser uma simulação (fazendo físicos e astrofísicos correrem atrás de provas), o lendário escritor Philip K. Dick defendia para uma audiência atônita, em 1977, que vivemos numa realidade programada por computador. Na verdade, apenas um dos diversos mundos simulados. Baseado na filmagem dessa palestra de PKD em Metz, França, o diretor Rodney Ascher (“Room 237”) lançou o documentário “A Glitch in the Matrix” (“Uma Falha na Matrix”, 2021) no qual entrevista cientistas, artistas digitais e pesquisadores. Ascher não quer tanto entender a lógica da teoria, mas entender o que leva as pessoas a acreditarem na hipótese da simulação: solipsismo? Solidão? Algum mal-estar espiritual entre o Céu e a Terra? 

sexta-feira, outubro 09, 2020

Trump e Bolsonaro desconstroem a lógica do Papai Noel na Propaganda

Até aqui as estratégias de comunicação da chamada “direita alternativa” vêm sendo bem-sucedidas. Fala-se muito no poder de eleições viciadas, cheias de aplicativos, robôs e fake news com postagens automáticas em grupos de Whatsapp e mineração de dados pessoais de usuários de redes sociais. Porém, essas ferramentas somente são potencializadas através de uma deliberada desconstrução do campo da Política. Principalmente de duas instituições que são a alma dessa esfera pública: a Propaganda e a Publicidade – através de discursos hiperbólicos cheio de pegadinhas e iscas para jornalistas fisgarem, desconstrói o seu núcleo: a “Lógica do Papai Noel”. A eficácia da Propaganda e Publicidade sempre esteve muito menos na persuasão e muito mais na fábula e adesão. Trump e Bolsonaro ridicularizam não apenas a política, mas a própria Propaganda ao expô-la como uma piada. Um exemplo: a forma proposital como o presidente expõe os currículos fraudados de seus indicados.

segunda-feira, maio 11, 2020

O churrasco da morte e o jet ski: os abismos superficiais da guerra criptografada


E o show não pode parar. O “Churrasco da Morte” foi cancelado. Mas Bolsonaro não se deu por vencido: passeou de jet ski para ver imitações do churrasco que não houve, dessa vez nos luxuosos barcos no Lago Paranoá, Brasília. Mas o Congresso decretou Luto Oficial pelos dez mil mortos na crise da pandemia. Pronto! Nova polarização para entreter o respeitável público: indiferença presidencial X luto respeitoso do Congresso. Analistas políticos gastam tempo de TV e bytes na Internet para tentarem fazer uma análise hermenêutica nas falas do presidente. Mas o seu discurso é um fenômeno pós-moderno da direita alternativa, aquilo que o pensador Jean Baudrillard chamava de “abismos superficiais” – os simulacros políticos, sem nenhuma essência, sentido ou significado.  Não ser como guerra semiótica criptografada que inventa polarizações para impedir a verdadeira crise que porventura possa emergir: a queda das máscaras dos atores que encenam esse telecatch diário. Revelando que todos fazem parte do mesmo consórcio político-midiático-judicial que ampliou a letalidade do COVID-19 como consequência do apoio canino às reformas neoliberais de austeridade fiscal e uberização da sociedade. A grande mídia tenta esconder isso com a retórica do apoio à “Ciência” em outra polaridade simulada contra os “Negacionistas”.

quarta-feira, dezembro 18, 2019

No décimo aniversário do Cinegnose, o Top 10 dos filmes gnósticos de 2019


Esse é um aniversário especial: o Cinegnose completa nesse mês uma década no ar! Foram dez anos de evolução em três fases bem distintas – primeiro, como um site sobre Gnosticismo (filmes e filosofia gnósticas); segundo, como um site Gnóstico (desenvolvendo um “olhar gnóstico” sobre cultura, mídia, cinema e audiovisual); e na fase atual, um olhar gnóstico mais amplo se estendendo para os aspectos políticos da comunicação e crítica midiática. Fase atual e controvertida cuja atmosfera de polarização no País atingiu em cheio o Cinegnose, com a perda de muitos leitores que questionaram a “politização” de um blog sobre cinema. Comemorando essa primeira década, o Cinegnose apresenta o Top 10 dos melhores filmes gnósticos que passaram pelo radar do blog em 2019. São filmes PsicoGnósticos, TecnoGnósticos, CosmoGnósticos e CronoGnósticos. 

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