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quarta-feira, novembro 06, 2024

'Imaculada': e se Jesus resolvesse voltar novamente através de uma virgem no século XXI?


E se Jesus resolvesse voltar usando o mesmo modus operandi: através do Espírito Santo, conceber o Salvador sem o pecado original e sem nenhum pecado mortal ou venial, isto é, sem uma relação sexual e gozo? “Meu corpo, minhas regras!” pensaria a nova candidata a Santa. E denunciaria ao #MeToo o suposto abuso divino. Ou renderia um bom filme de terror como “Imaculada” (Immaculate, 2024) dentro da nova onda do horror à gravidez no cinema. Uma noviça americana vai para um convento remoto na Itália para fazer seus votos finais à Igreja. Para descobrir que está grávida, mesmo sendo casta. A volta de Jesus? Ou algum tipo de conspiração maligna? Certa vez o desenhista Robert Crumb falou sobre a sua versão em HQ da Bíblia Sagrada: “A Bíblia já é muito louca, não precisa ser satirizada”.

quinta-feira, abril 04, 2024

O ancestral de todos televangelistas e da hipocrisia religiosa em 'O Mensageiro do Diabo'


Depois de décadas de ascensão dos televangelistas, acompanhamos nesse século o retrocesso civilizatório da escalada global das relações promíscuas e hipócritas entre religião, política e Estado. Não faltaram alertas no campo do cinema e audiovisual, para começar na série “Handmaid’s Tale”. Esses alertas vêm de muito tempo antes, ainda no século XX, em produções como “O Mensageiro do Diabo” (The Night of the Hunter, 1955). Robert Mitchum interpreta um reverendo itinerante que, entre citações bíblicas, casa com viúvas para matá-las e roubar as economias da família em pela Grande Depressão americana. Mas filhos relutam em dizer onde seu pai verdadeiro escondeu o dinheiro fruto de um roubo. Com forte influência do filme noir e expressionismo alemão, à época foi um fracasso de público e crítica. Para ao longos dos anos acabar sendo reconhecido como uma obra-prima.

quinta-feira, março 28, 2024

Desmistificando o Vodu: uma entrevista com Eduardo Régis, por Claudio Siqueira



No Brasil, as religiões de matriz africana mais conhecidas são a Umbanda e o Candomblé; outras, como o Catimbó-jurema passam despercebidas. O Vodu é visto com maus olhos e há uma completa ignorância acerca do mesmo. A imagem que temos do Vodu é a que nos é passada em histórias de terror, seja em filmes, quadrinhos ou desenhos animados e ninguém esquece aquele episódio do Pica-Pau que torna a palavra um pouco mais pândega do que o usual. Para desmistificar o Vodu, (que não faz parte de nossa raiz afro-brasileira) e a Quimbanda, o Cinegnose conversou com Eduardo Régis, especialista em Ciências da Religião, umbandista, quimbandeiro, ougan, babalorixá, mestre maçom, martinista, membro da Hermetic Order of the Golden Dawn (Ordem Hermética da Aurora Dourada) membro da A.M.O.R.C. (Ancient Mystical Order Rosae Crucis) e da OTOA-LCN (Ordo Templi Orientis Antiqua). Fã de quadrinhos, Régis é autor de "Vodou Haitiano: Serviço aos Lwas", "Ensaios sobre o Vodou Haitiano" e do romance "A Sorte do Coveiro", todos pela Editora Daemon.

sábado, janeiro 06, 2024

Culpa e fúria nos 40 anos da série 'Chaves' no Brasil



Está fazendo 40 anos da estreia da série mexicana “Chaves” (El Chavo Del Ocho) aqui no Brasil Criado por Roberto Gómez Bolaños, falecido em 2014, era apelidado de Chespirito - “Pequeno Shakespeare”. Mas ele sempre esteve muito mais próximo de Stephen King e do escritor francês Camus. Se King dizia que o inferno era a repetição e Camus via no homem moderno atualização do mito de Sísifo, Bolaños vai mixar esses insights em uma pequena vila de pobres e remediados em algum lugar no Distrito Federal do México. Uma galeria de personagens que parecem condenados a repetir seus pecados na eternidade, assim como Sísifo rolava uma pedra montanha acima numa tragédia sem fim. Mas se fosse apenas isso, “Chaves” não seria tão cultuado por tantas gerações. Há algo mais: se por um lado a série revela um sentido auto moralizante onde cada personagem repete "ad aeternum" seus pecados mortais, do outro ninguém demonstra o menor respeito pela Ordem, seja a de Deus ou a do Diabo. A receita de um cult: a ambígua da mistura da culpa com a fúria.

quarta-feira, novembro 01, 2023

Israel de Netanyahu é o sonho erótico totalitário da extrema direita brasileira


Orgulhosamente policiais de SP “escoltam” reservistas israelense no embarque para a guerra Israel/Hamas; numa ação conjunta entre Polícia e Exército, 45 militares invadem uma comunidade em Guarulhos/SP atrás de armas furtadas do Exército; na primeira leva de brasileiros repatriados, uma excursão religiosa ostenta orgulhosamente a bandeira de Israel enquanto canta o hino nacional; após Rio arder em chamas, grande mídia ansiosamente aguarda que Governo parta para o enfrentamento com tropas da Força Nacional; no dia seguinte à morte de aluna em atentado numa escola estadual, o governador de SP anuncia seguranças privados em escolas. Se preferir, podemos tomar esses eventos como acontecimentos isolados. É mais tranquilizador. Porém, há um projeto subterrâneo que envolve a conquista do imaginário coletivo através do fetichismo das armas, guerra e meganhagem: o sonho erótico totalitário de um Estado análogo ao Estado militarizado de Israel de Netanyahu.  

sexta-feira, agosto 11, 2023

A esquerda precisa construir um novo imaginário


Desde que os nazistas e fascistas chegaram ao poder na Europa com o apoio do rádio e cinema, a esquerda continua sem entender até hoje o que aconteceu. Ainda acha que as massas são enganadas pelas ideologias, manipulações e mentiras. E que a sua missão (inglória) é denunciar fake news, desmascarar farsas, na esperança de que um dia as massas caiam em si e descubram a verdade. A questão é que a ideologia não se define pela “falsa consciência”, mas pela força do imaginário. E o imaginário não é derrotado pela “razão”, “verdade” ou “Ciência”. Somente um outro imaginário pode derrotar o imaginário dominante. Depois de uma história vendo seus oponentes usando a vanguarda midiática e tecnológica para impor seu imaginário, a esquerda ainda insiste na “crítica ideológica”. Sua única chance será criar um outro imaginário, muito diferente do atual, auto descritivo: o imaginário da “luta e resistência”.

sexta-feira, agosto 04, 2023

Operação Escudo, PMs de Cristo e fim dos livros nas escolas: a conquista política do imaginário


Três eventos simultâneos em São Paulo: a Operação Escudo na Baixada Santista vingando a morte de um policial militar (com anomalias que sugerem false flag), blindado pela grande mídia; a associação “PMs de Cristo" (vendendo bíblias com logo da PM-SP); e a abolição de livros didáticos nas escolas paulistas pelo governo do Estado – no lugar, equipamentos eletrônicos. “O Rio é o laboratório para o Brasil”, disse o interventor general Braga Netto em 2018. E agora, São Paulo é a bola da vez como laboratório de um projeto nacional do consórcio Forças Armadas/extrema-direita: a conquista do imaginário através do controle dos Aparelhos Ideológicos de Estado (AIE): Mídia, Escola e Igreja. Enquanto o governo Lula tem no neodesenvolvimentismo 2.0 (picanha e cerveja para todos) o seu único projeto ideológico, a conquista do imaginário através dos AIE no cotidiano faz a cabeça daqueles que comem picanha e bebem cerveja.

sexta-feira, julho 07, 2023

'Indiana Jones e a Relíquia do Destino': parapolítica, arqueologia proibida e ocultismo nazi



O gênio de Spielberg com a franquia Indiana Jones foi mesclar a ficção (com o melhor que o cinema americano faz: filmes de perseguição) com um aspecto obscuro da História: a parapolítica (arqueologia proibida e ocultismo nazi). A corrida arqueológica por objetos sagrados com a promessa de adquirir poder mundano. Desde que, em 1939, arqueólogos da Waffen-SS chegaram na cidade sagrada de Lhasa, Tibet. Em “Indiana Jones e a Relíquia do Destino” (2023), James Mangold faz um respeitoso mix de todos os tropos da franquia. Porém, com uma novidade, um tema da arqueologia proibida: os “Artefatos Fora do Lugar”, relíquias descobertas que parecem estar fora do tempo, que acaba desafiando a cronologia da História convencional. Mas estamos em uma obra de puro entretenimento que evita temas espinhosos. Então, nada melhor do que a velha viagem no tempo e todos os seus clichês. 

quinta-feira, junho 01, 2023

Em 'Tin & Tina' a religião é uma assustadora arma contra o futuro


“A Bíblia não precisa ser satirizada. Ela já totalmente louca”, dizia o cartunista cult Robert Crumb. Não é à toa: a forma como crentes tomam ao pé-da-letra uma obra tão metafórica, simbólica e alegórica pode ter consequências assustadoras. Esse é o tema do terror espanhol “Tin & Tina” (2023, disponível na Netflix). Após um trágico aborto espontâneo, Lola e Adolfo adotam um adorável casal de gêmeos de um orfanato católico fundamentalista no interior da Espanha. Assim como a Espanha (estamos em 1981, no país que saiu recentemente da ditadura franquista), o casal tenta olhar com otimismo para o futuro. Mas o passado não resolvido pode retornar como um pesadelo: a religião, que pode se transformar numa arma que impede qualquer ideia de futuro.

quinta-feira, maio 11, 2023

Hiperliberalismo, pós-morte e Cinetanatologia na série 'Amanhã'


As representações no cinema e audiovisual sobre o Além e a vida após a morte são um verdadeiro sismógrafo do que ocorre aqui entre os vivos. É o que este Cinegnose chama de “Cinetanatologia”: o estudo das diferentes representações da morte e do além-túmulo no cinema e audiovisual. Um bom exemplo é a série Netflix sul-coreana “Amanhã” (Tomorrow, 2022- ) que revela como a representação do além-túmulo daquele país reflete o mal-estar entre os vivos: a crescente onda de suicídios, bullying e violência escolar. Um Céu corporativo preocupa-se com a ameaça da falência decorrente da superpopulação de almas de suicidas que chegam. Por isso, cria uma equipe de “Gestão de Riscos” para convencer depressivos, desempregados e perdedores em geral do país para não se matarem. “Amanhã” é uma série de comédia dramática que revela como o céu ficcional reflete o hiperliberalismo sul-coreano: a religião secularizada da meritocracia.

quinta-feira, abril 06, 2023

Cada movimento da cultura pop cria seu próprio assassino na série 'Enxame'


“Esta NÃO é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, NÃO é mera coincidência”. Com esse alerta abrasivo começa cada episódio da série da Prime Video “Enxame” (Swarm, 2023), inspirado na cultura da base de fãs da celebridade pop Beyoncé. A “Abelha Rainha” da comunidade de fãs chamada “Colmeia”. No século XX fãs se limitavam a rasgar roupas dos ídolos ou, eventualmente, assassiná-los. Agora vemos a ascensão da chamada “cultura stan” das redes sociais cujas comunidades de fãs geram haters. Que decidem fazer justiça rápida, agindo como um enxame contra qualquer um que sequer sugira ofender a “rainha”. Cada movimento na cultura pop cria seu próprio assassino. Esse é o tema da série de humor negro “Enxame”.

sábado, fevereiro 25, 2023

Niilismo e ateísmo querem fazer acerto de contas com Religião e Filosofia em 'The Sunset Limited'


Dois homens sentados à mesa num pequeno apartamento em um bairro miserável de Nova York. Ele salvou um desconhecido que tentava se matar atirando-se de uma plataforma de metrô e o trouxe para sua casa. Como pastor, tentará salvá-lo também com as palavras da Bíblia. O desconhecido é um professor universitário desiludido e, aparentemente, ateu. “The Sunset Limited” (2011), adaptação da peça teatral homônima de Cormac McCarthy, lembra o velho confronto entre Fé e Razão. Mas vai muito mais além disso: aquele professor não é um ateu comum – sua firme posição suicida é o resultado de uma jornada de séculos da destruição do indivíduo na Filosofia ocidental. De repente, Deus é a parte do problema existencial ao lado de noções como “Logos”, “Ideia”, “Razão” – o niilismo desafiador daquele estranho que quer fazer um acerto de contas com toda a inutilidade da Filosofia e da Religião.

terça-feira, janeiro 03, 2023

A morte e o pavor existencial no filme 'Ruído Branco'




Um verdadeiro épico do pavor existencial que sintetiza todas as questões filosóficas de Albert Camus em torno da morte e suicídio em uma simples expressão: “Shits Happens!”. Esse é o filme “Ruído Branco” (White Noise, 2022), intrigante adaptação do cineasta Noah DeLillo ao romance pós-moderno homônimo de 1985. Uma comédia híbrida com acidente ferroviário que produz uma nuvem tóxica que gera uma evacuação em massa de famílias de subúrbios, freiras cínicas e um supermercado que, com suas cores e assepsia, vira um revigorante espiritual em um mundo absurdo e aleatório. Também a angústia pela morte que vira o leitmotiv da crise conjugal na família de um professor que é autoridade mundial em “Hitlerologia”. “Ruído Branco” mostra pessoas tentando esquecer de que todos nós vivemos no limite tênue entre a descoberta do absurdo e a esperança num sentido ou propósito que faça sentir que a vida vale a pena.

sábado, dezembro 10, 2022

Do demasiado humano ao AstroGnosticismo no filme 'Nr. 10'

O diretor holandês Alex van Warmerdam é conhecido por esse humilde blogueiro principalmente pelo filme “Borgman” (2013) sobre como uma família burguesa é capaz de se autodestruir pelo demasiado humano que nos habita. Mas, dessa vez, seu espírito desconstrutivista foi mais além: do demasiado humano para uma narrativa AstroGnóstica no filme “Nr. 10” (2021). Uma verdadeira montanha-russa, com guinadas secas no tom, como se quisesse brincar com o espectador: de uma simples comédia de erros, passando para um drama sobre pecados até dar uma guinada AstroGnóstica. “Nr. 10” começa no mundo profano do cotidiano (a rotina de trabalho, traições e mentiras numa companhia teatral) para convergir para o Sagrado: a busca de si mesmo pelas mãos de um estranho homem sussurrante que conduz o protagonista a um excêntrico Monsenhor que parece ter negócios muito além desse mundo.

quinta-feira, novembro 10, 2022

Minissérie 'Inside Man': ciência e religião na jornada simbólica de Ulisses


Um prisioneiro (um brilhante ex-professor de Criminologia) no corredor da morte numa prisão dos EUA e uma mulher algemada no porão da casa de um respeitável vigário em uma vila inglesa. Duas histórias distantes, mas que irão se entrelaçar das formas mais inesperadas, lembrando os ardis de Hannibal Lecter e a cadeia de equívocos catastróficos como no filme “Fargo”. Essa é a minissérie de suspense e humor negro da Netflix “Inside Man” (2022) que oferece interessantes metáforas: o representante da Ciência, com sua lógica dedutiva e precisa, prisioneiro; e um vigário (a Religião) livre, porém preso à compulsão de se tornar um mártir. Afinal, representa “a única religião em que Deus morre no final”.  Ciência e Religião: as duas encarnações da Razão na jornada da civilização ocidental. Jornada semelhante à de Ulisses, na “Odisseia” de Homero.

segunda-feira, setembro 05, 2022

O lado oculto do universo de Sandman, por Andreas Dao


"Sandman", a aclamada obra-prima em quadrinhos do genial escritor e roteirista Neil Gaiman, finalmente ganhou sua versão live action pela plataforma de streaming Netflix. Como admirador da obra me sinto honrado em poder escrever este artigo para os leitores do blog Cinegnose! Nas próximas linhas vamos entrar no universo de Sandman, analisando alguns aspectos ocultos da obra num contexto não linear, abrangendo diferentes campos do saber (Xamanismo, Hinduísmo, Budismo, Cabala, Psicanálise etc.) e como não poderia deixar de ser, o tema principal serão os sonhos!

quarta-feira, julho 06, 2022

O ovo da serpente tecnológica que eclodiu o fascismo no filme 'Carro Rei'


Nascido dentro de um carro, uma criança cresce com o poder de se comunicar telepaticamente com um automóvel da frota de taxi do pai. Já adulto, retorna e se reconecta com o velho amigo motorizado para, junto com seu tio, criar uma seita que pretende fazer uma conspiração automobilística de carros sencientes que dominarão os humanos. Esse é o filme brasileiro “Carro Rei” (2021), de Renata Pinheiro, que, para a crítica estrangeira, faz uma reflexão filosófica sobre as relação homem-máquina-natureza, lembrando filmes sobre o pós-humano como “Titane”, de Julia Decournau e “Crash”, de Cronenberg. Porém, essa é apenas a superfície de “Carro Rei”. O filme faz uma metáfora da maneira como foi chocado o ovo da serpente que eclodiu o imaginário que corroeu a democracia brasileira: o ovo da serpente tecnológica e do consumo.

sexta-feira, junho 17, 2022

'O Cemitério das Almas Perdidas': matriz do terror está no fetichismo católico pela morte



O terror brasileiro “O Cemitério das Almas Perdidas” (Rodrigo Aragão, 2020) é um filme que Zé do Caixão faria com um orçamento maior. Mas também é um exemplo didático de como o gênero literário e cinematográfico é tributário da matriz imaginária católica: a obsessão fetichista pela morte, da missa (a ritualização diária do assassinato de Cristo) ao sangue e esquartejamentos do terror slasher – a obsessão pela punição da carne. Mas também, um filme com forte crítica social: do genocídio indígena colonial ao fanatismo religioso atual que motiva ódio e intolerância, o terror está na própria história brasileira. Um grupo de jesuítas faz um pacto com as trevas através do Livro de São Cipriano. Mas o pacto volta-se contra eles, vivendo para sempre em túmulos de um cemitério, à espera de vítimas do ódio no Brasil atual.

quarta-feira, junho 15, 2022

Entrevista com Fábio Shiva, autor de 'Favela Gótica' e ópera-rock 'Anunnaki', por Claudio Siqueira


Ex- baixista da banda doom metal Imago Mortis e autor do romance Favela GóticaFábio Shiva desenvolveu, junto com seu irmão Fabrício Barretto, a ópera-rock Anunnaki, da banda Mensageiros do Vento. A história mais antiga da humanidade é contada na forma de um desenho animado, onde as músicas narram a epopeia dos Anunnaki e o consequente surgimento mítico(?) da humanidade. O Cinegnose teve o prazer de entrevistar o autor e compositor de uma das bandas mais importantes para o cenário underground nacional e autor de uma das melhores obras cinematográficas de nossa filmografia. Cinegnósticos, Fábio Shiva.

quinta-feira, junho 09, 2022

Filme "Círculo": da Bíblia aos jogos mortais midiáticos Deus quer ver o pior de nós


No cânone religioso judaico-cristão a Criação é divina e perfeita. Mas o homem estragou tudo com a sua natureza pecadora. Expulso do Paraíso terrestre, o Criador passou a testar o homem em provas arbitrárias para testar a sua fé para ver se, finalmente, a humanidade conseguia expiar a natureza pecadora. A Bíblia fez esses relatos. Hoje, temos no seu lugar filmes e gêneros audiovisuais (reality shows, vídeos de “pegadinhas” etc.) cujo entretenimento é assistir incautos prisioneiros em jogos mortais que arrancam o pior de nós mesmos. O filme “Círculo” (Circle, 2015 – disponível no Netflix) é mais um filme de uma longa lista desse subgênero, dessa vez cruzando abdução alien com um jogo mortal: 50 estranhos despertam em um quarto escuro, dispostos em círculo. Qual o objetivo do experimento? Existe alguma saída? Eles devem tentar cooperar ou competir com os homens e mulheres ao seu redor? Ou é apenas um entretenimento alienígena voyeur e sádico, divertindo-se com o pior da nossa natureza?

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