quinta-feira, janeiro 30, 2014
Crianças chiliquentas e pais frágeis no documentário "Crianças Consumidoras"
quinta-feira, janeiro 30, 2014
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A cada ano desenvolve-se uma nova
ciência do consumo que turbina um mercado cujos ganhos se equivalem a soma das
economias de 115 países pobres: é a ciência do consumo infantil, uma verdadeira
“blitzkrieg” contra as crianças através da mobilização de especialistas que vão
de antropólogos e sociólogos a neurologistas e cientistas comportamentais. É o
tema do documentário “Crianças Consumidoras – A Comercialização da Infância”
(2008) que alerta: profundas mudanças no psiquismo infantil estão sendo feitas
nesse momento com o desaparecimento da infância por meio do novo perfil
etnográfico dos “tweens” (a fusão da infância na adolescência) e o reforço
subliminar da “cultura da reclamação” (chiliques, birras etc.) para que
crianças insistentes influenciem cada vez mais a decisão de consumo dos pais. E por trás de
tudo isso, a manipulação da percepção infantil para que vejam seus pais como
seres inseguros, indecisos e frágeis.
Uma
indústria de 15 bilhões de dólares que trabalha dia e noite para minar a
autoridade dos pais se exime de qualquer consequência social do consumismo infantil
alegando que a única responsabilidade sobre o que as crianças comem e compram é
a dos próprios pais. “Seria como se de repente o dono de uma grande frota de
caminhões anunciasse que de agora em diante fosse trafegar por uma estrada
cheia de crianças a 250 km/hora e dissesse: ‘pais, cuidado! É tarefa de vocês
cuidarem para que seus filhos não se machuquem!’”, responde Enola Aird, fundadora
e diretora do Motherhood Project.
Essa
é uma das contundentes declarações de ativistas, pesquisadores e profissionais
no documentário Crianças Consumidoras – A
Comercialização da Infância (Consuming Kids – The Commercialization of Childhood,
2008), um olhar profundo na forma como as crianças são manipuladas e exploradas
em cada detalhe dos seus cotidianos, para não só se tornarem futuras
consumidoras mas, inclusive, influenciar nas próprias escolhas de consumo dos
pais.
terça-feira, janeiro 28, 2014
A bomba semiótica do fusca em chamas
terça-feira, janeiro 28, 2014
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O bordão “Não tem arroz, não tem feijão,
mas assim mesmo o Brasil é campeão” em 1962 e o atual “Não Vai Ter Copa”
demonstram que as bombas semióticas são a principal arma de uma guerra
psicológica. Se no passado a ação era feita através de cinedocumentários exibidos
para as classes pobres por meio de projetores montados em chassis de caminhões
abertos, agora é por meio de produção de eventos com alto rendimento midiático,
causando impacto mesmo em manifestações com baixo número de "manifestantes". O
caso mais recente foram as dramáticas imagens do fusca incendiando e uma
família humilde sendo salva das chamas, em uma rara combinação do oportunismo,
sincronicidades e significados ambíguos, elementos que são o pavio da detonação
de uma típica bomba semiótica.
Em
1990 os telejornais de todo o planeta mostraram chocantes imagens do que
ficaram conhecidas como “o ossário de Timisoara”, na Romênia: a descoberta de
um ossário de quatro mil vítimas que, afirmavam os repórteres, eram vítimas da
ditadura de Ceausescu. E outros milhares de corpos teriam sido dissolvidos em
ácido. As imagens atrozes dos cadáveres alinhados sobre um lençol branco
marcaram para sempre a derrubada do ditador na chamada Revolução Romena de
1989. Mais tarde descobriu-se que tudo tinha sido um cenário montado para
cinegrafistas e fotógrafos: na verdade eram corpos de pobres desenterrados de
um cemitério local e cedidos à TV.
É
irônico que em uma sociedade tão cética como a nossa
onde a máxima “eu só acredito vendo”, que esvaziou simbolicamente as mitologias
e religiões ou até a própria existência de Deus, o olhar e as imagens sejam as principais fontes de
enganos e manipulações.
domingo, janeiro 26, 2014
Em Observação: "O Destino de Júpiter" será um novo "Matrix"?
domingo, janeiro 26, 2014
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Com lançamento no Brasil aguardado para
o segundo semestre desse ano, “O Destino de Júpiter” (Jupiter Ascending) não só
representa o retorno dos irmãos Wachowski à mitologia gnóstica da trilogia
Mtarix, mas a ambição de elevar essa mitologia do plano terrestre para o
cósmico por meio de uma space opera. Assim como o personagem Neo era um
entediado programador de computadores que descobria que por trás das camadas da
realidade existia uma terrível conspiração contra a humanidade, Júpiter é uma
entediada limpadora de banheiros que descobre que seu DNA possui uma assinatura
especial que a conduzirá às estrelas. E lá descobrirá que o planeta Terra é uma
pequena parte de uma gigantesca indústria cósmica.
sexta-feira, janeiro 24, 2014
Transmissão ao vivo e o declínio da vida pública
sexta-feira, janeiro 24, 2014
Wilson Roberto Vieira Ferreira
As
críticas do jurista Dalmo Dallari de que a experiência da transmissão ao vivo
das sessões do Supremo Tribunal Federal foram nefastas por gerar “vedetismo e
deslumbramento” entre os ministros, retirando a sobriedade das decisões, vai de
encontro a um fantasma que assombra as ciências sociais: o declínio da vida
pública, ameaçada pelas supostas “experiências imediatas” que as imagens
transmitidas ao vivo ou em tempo real poderiam proporcionar. A ideologia de uma
suposta “transparência” das decisões do Estado por meio das imagens televisivas
seria a ponta do iceberg de um processo mais geral de crise esfera pública: se
a vida pública foi o auge de um processo civilizatório onde graças as mediações
(papéis sociais e a cultura do escrito e do impresso) não sobrecarregaríamos o
outro com o eu de alguém, agora numa suposta sociedade onde as imagens se
confundem com informação seríamos sufocados pela tirania da intimidade alheia.
Certa vez o comentarista
político Robert Lincoln O’Brien fez uma curiosa observação em 1904 na revista Atlantic Monthly: “Não é raro
nas cabines de datilografia do Capitólio, em Washington, ver congressistas
ditando cartas e gesticulando vigorosamente, como se os métodos retóricos de
persuasão pudessem ser transmitidos para
a página impressa”. Atento observador da vida política norte-americana, O’Brien
testemunhou nessa insólita passagem o choque de dois imaginários ligados a duas
mídias distintas: a tradição da escrita e do impresso de um lado e a obsessão pela
impressão cênica que a fotografia e o cinema reforçaram na vida pública.
As críticas do jurista Dalmo
Dallari (clique
aqui para ler), aproximando a experiência da transmissão ao vivo televisiva
das sessões do Supremo Tribunal Federal com o “vedetismo e deslumbramento” dos
seus integrantes que prejudicariam a “impessoalidade e serenidade das
decisões”, foram na jugular dessa questão que assombra muitos estudiosos das
ciências sociais: a vida pública, estrutura de sociabilidade onde a escrita e o
impresso ajudaram a solidificá-la, estaria ameaçada com as experiências
imediatas (o “ao vivo” ou “em tempo real”) proporcionadas pelas imagens
audiovisuais e eletrônicas.
quarta-feira, janeiro 22, 2014
Os "rolezinhos" são um Cavalo de Tróia?
quarta-feira, janeiro 22, 2014
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Sintoma
do apartheid social? Flash mob da periferia? Movimento consciente de protesto?
Movimento político? Luta de classes? Repique das grandes manifestações de
Junho? A maioria das abordagens sobre o fenômeno dos rolezinhos parece se esquecer
de um importante detalhe: são eventos feitos para a mídia, divulgados pela
mídia e repercutidos pela mídia. Antes de ser um sintoma sociológico ou econômico,
é um evento midiatizado. Por isso se aplicaria nessa discussão o clássico enigma
pragmático dos estudos de comunicação: quem comunica o que, para quem e com
qual efeito. Em outras palavras, para além do fenômeno sociológico ou
econômico, há o semiótico cuja análise traz uma importante suspeita, a de que
os rolezinhos teriam se tornando para a grande mídia um autêntico cavalo de
Tróia, uma nova modalidade de bomba semiótica na atual guerrilha linguística
que se trava no contínuo midiático pela conquista da opinião pública.
Certa vez o professor de
filosofia Boris Groys fez em 2001 uma profética advertência às ciências sociais
como a Economia e a Sociologia: “Sem prejuízo do que todas essas
veneráveis ciências são capazes, incorrem elas num erro fundamental. Não
consideram a possibilidade de que a própria realidade, inclusive toda a
sociologia, a ciência econômica etc., possa ser um filme mal produzido.” - veja GROYS, Boris. "Deuses Escravizados: a guinada metafísica de Hollywood". Groys
não se referia apenas ao súbito interesse metafísico de Hollywood através de
filmes como Show de Truman ou Matrix. Mais do que isso, lançava uma
suspeita de que Hollywood já expressava o fato de que a própria realidade
estaria se transformando em um filme. E, o que é pior, mal produzido.
Para Groys o “erro
fundamental” seria o fato dessas ciências não perceberem que os seus “objetos”
(o “econômico”, o “sociológico” etc.) estariam sendo assumidos ou simulados em
ambientes altamente midiatizados pelas tecnologias de comunicação e informação.
Em palavras diretas: os fenômenos econômicos e sociológicos seriam antes de
tudo fenômenos midiáticos nas suas diversas modalidades: efeitos virais,
profecias auto-realizáveis, paradoxos quânticos (o olhar tecnológico da mídia
altera o próprio objeto que está sendo observado) etc.
segunda-feira, janeiro 20, 2014
Carma e atração gravitacional no filme "Gravidade"
segunda-feira, janeiro 20, 2014
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Desde
“2001: Uma Odisséia no Espaço”, nunca um filme como “Gravidade” (2013) do
mexicano Alfonso Cuarón, conseguiu representar tão bem a vastidão do espaço e
seu vazio obliterante. Indicado ao Oscar de filme, direção, atriz entre outras
categorias técnicas, o filme é elogiado pela crítica pela narrativa direta,
crua e de grande verossimilhança científica, diferente dos blockbusters
recentes, sempre envolvidos em complexas mitologias. Porém, por
trás das alucinantes sequências de destruição por detritos espaciais que obrigam a abortar a missão de reparos no telescópio Hubble, há um poderoso núcleo
místico-religioso que o próprio diretor admite em entrevistas: morte e
renascimento. Mas o filme vai mais além, ao simbolicamente aproximar a lei da
gravidade (o mais importante personagem do filme) com a Lei do Carma, atração
gravitacional com a reencarnação.
Você está solto no espaço a
375 milhas acima da Terra, o oxigênio está se esgotando, a comunicação foi
perdida, uma nuvem de restos catastróficos de satélites está voando na sua
direção a 32 mil km/h e não há nenhuma esperança de resgate. O que você faz? O
filme Gravidade dirigido pelo mexicano Alfonso Cuarón vai direto ao assunto:
sem introduções ou apresentações dos personagens, apenas uma legenda inicial
que nos informa que a vida no espaço é impossível. Corta para o exterior onde
sempre é noite, a não ser pela enorme nimbus azul-cinza da curvatura da Terra,
uma presença constante que representa a força literal da nossa casa: a atração
gravitacional, o grande inimigo e ao mesmo tempo aliado com o qual os
astronautas terão que lidar para sobreviver.
Uma equipe da NASA está em
um passeio espacial de rotina fazendo reparos e atualizando o sistema de
computadores do telescópio Hubble. A engenheira Dra Ryan Stone (Sandra Bullock)
é a especialista da missão responsável pelos reparos no telescópio enquanto
Matt Kowalski (George Clooney) é o experiente líder em sua última missão antes
da aposentadoria, coordenando os trabalhos e voando em torno do ônibus
espacial. Até que o inesperado acontece: do outro lado do planeta um míssil
russo destrói acidentalmente um satélite cujos destroços produz uma reação em
cadeia de destruições de outros satélites, criando uma mortal nuvem de
destroços.
sábado, janeiro 18, 2014
O misterioso simbolismo de Kubrick em "De Olhos Bem Fechados"
sábado, janeiro 18, 2014
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um mundo tenso e dividido entre as fantasias privadas e a realidade da rotina conjugal, entre o mundo brega das decorações natalinas e de pessoas carentes tagarelando incessantemente e o mundo do silêncio e imobilidade de uma poderosa e secreta elite. Esse foi o legado e síntese da visão de mundo de Stanley Kubrick no seu último filme “De Olhos Bem Fechados”, o mais esperado e controverso filme da década de 1990. Meticulosamente filmado (a maioria das cenas exigiram inumeráveis takes fazendo o filme entrar no Guinness World Records como a mais longa produção cinematográfica) a adaptação do livro “Dream Story” de Arthur Schnitzler resultou em uma complexa narrativa onde Kubrick compôs cuidadosamente cada plano com vários símbolos, alusões e paradoxos: da “Wonderland” de Lewis Carroll a magia ocultista de Aleister Crowley.
terça-feira, janeiro 14, 2014
Por que a mídia está tão obcecada pelos tomates?
terça-feira, janeiro 14, 2014
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Dentre
os vários itens que supostamente teriam elevado os índices inflacionários, por
que a mídia escolheu como vilão o tomate? Quando tudo perecia ter sido
esquecido, eis que portais da Internet no final do ano passado localizaram
supostos ataques pontuais em regiões isoladas e, no início desse ano, telejornais
reavivam a memória e até, timidamente, tentam um revival dos tomates
inflacionários . Por que essa obsessão pelos tomates? Por que não o pão, o
leite ou os vestuários? Por trás dessa escolha aparentemente arbitrária e sua recorrência
midiática, o tomate revela um antigo simbolismo cultural. Uma área vasta, riquíssima e interdisciplinar, envolvendo antropologia, semiótica da cultura e
sincromisticismo. Ou seja, o tomate oferece um material imaginário altamente
inflamável. Mais uma bomba semiótica.
Os tomates atacam mais uma
vez. Depois do primeiro semestre do ano passado onde o vegetal (ou seria
fruto?) ter sido considerado o vilão por puxar os números da inflação para o
alto, eis que a grande mídia vem tentando ressuscitá-lo. Em dezembro, portais
da Internet como o G1 começaram a noticiar altas de preços localizadas, como em
São José do Rio Preto (SP) onde o tomate, acompanhado do pão francês e
vestuário, teriam elevado os preços, segundo pesquisas de faculdades locais.
No início desse ano, o
Jornal Nacional fez uma breve retrospectiva do “descontrole da inflação” do ano
passado, dando um especial destaque ao tomate. Pouco dias depois, no telejornal
SPTV, a jornalista Ananda Apple, no quadro Cozinha
Popular onde exibe receitas cujos ingredientes são pesquisados em feiras
livres procurando os produtos mais em conta, novamente fala do aumento do
tomate. Claro, sem a mesma veemência do ano passado, onde até um apresentadora
de programa feminino matinal apareceu com um colar de tomates ao lado de um
papagaio que lamentava os destinos do bolso dos seres humanos desse País.
domingo, janeiro 12, 2014
A bomba semiótica da inadimplência
domingo, janeiro 12, 2014
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em
1999 o colunista José Simão bradava em pleno feriado de 7 de setembro: “Inadimplência
ou Morte!”. Mas na época a grande mídia fazia vistas grossas à quebradeira de
consumidores e empresas na ressaca do Plano Real. Ao contrário, hoje uma
suposta onda de inadimplência se converteu numa agenda midiática obsessivamente
repercutida a cada imagem aérea mostrada pela TV da Rua 25 de Março lotada de
consumidores: uma combinação resultante de uma suposta inflação descontrolada,
crédito fácil, juros baixos e falta de educação financeira da população.
Combinado com a pauta do “consumo consciente” e “crédito responsável”, o
discurso da inadimplência acaba de se transformar na mais recente bomba
semiótica. As explosões dessa nova bomba pretendem criar uma percepção de temor
e desconfiança que freie o consumo e favoreça a Banca que organiza o jogo
econômico.
Fazia uma pesquisa no acervo
digital do Jornal Folha de São Paulo para futura postagem (o filme de
Kubrick De Olhos Bem Fechados –
procurava resenhas sobre o filme na época do lançamento em 1999) e, sem querer,
dei de cara com um texto de José Simão intitulado “Inadimplência ou Morte”,
texto do dia 07 de setembro daquele ano, feriado da independência nacional. Em
um texto impagável, Simão declarava-se “deprecívico” e naquele feriado cívico
não haveria parada militar, porque a pátria estava “parada”.
De forma mordaz, José Simão
refletia um momento em que o País estava quebrado, jogado aos pés do Fundo
Monetário Internacional após a maxidesvalorização do real um ano antes, logo
depois da reeleição de Fernando Henrique Cardoso. A taxa Selic era
elevadíssima, mais de 30% ao ano, e com inflação anual de 8,94%. Na prática, a
desvalorização do real comeu parte da poupança e dos salários.
quinta-feira, janeiro 09, 2014
Misteriosas conexões da mitologia da estrela Sirius no Cinema e na Música
quinta-feira, janeiro 09, 2014
Wilson Roberto Vieira Ferreira
De
“Show de Truman” ao filme “Número 23”, do álbum “Diamond Dogs” de David Bowie a
série “Harry Potter”, podemos encontrar uma recorrência sincromística: a
misteriosa conexão desses produtos de entretenimento com a mitologia que envolve a estrela Sirius da constelação
do Cão Maior, presente nas mais variadas culturas e civilizações desde a
antiguidade. Passando pela escola dos mistérios do antigo Egito, a mitologias
da tribo dos Dogons de Mali, na Teosofia de Madame Blavatsky, sociedades
secretas como a Maçonaria ou na antiguidade grega, percebe-se ela é dotada de um simbolismo
ambíguo, seja como a estrela que ilumina o mundo espiritual ou que aponta para maus presságios, e tempos de calor
e loucura – “dias de cão”. Na bandeira nacional, Sirius representa o estado do
Mato Grosso - pauta sugerida pelo nosso leitor Ricardo no seu comentário sobre nossa postagem sobre o filme "Show de Truman".
No
mundo estranhamente previsível e conformista do filme Show de Truman (The Truman
Show, 1998), Truman sai de casa para mais um dia de trabalho, com um
sorriso publicitário estampado em seu rosto. De repente um evento inesperado:
algo cai do céu totalmente azul e se espatifa no chão, quase o atingindo. Ele
pega o objeto e repara que é um spot de luz. Sobre ele, uma etiqueta onde se lê:
“Sirius (9 canis major)”. O acontecimento é importante na narrativa do filme
porque, a partir da inexplicável queda do spot com o nome de uma estrela do
firmamento, Truman começará a questionar sua própria realidade.
Mas
há algo mais: o fato de o roteirista ter atribuído a esse importante objeto da
trama do filme o nome da estrela Sirius – localizada na constelação de Cão
Maior, também conhecida como “big dog” e, por isso, chamada também como
“estrela do cão”. Sirius é a estrela mais brilhante do céu e desde tempos
imemoriais tem sido reverenciada por diferentes culturas e civilizações.
segunda-feira, janeiro 06, 2014
Exposição faz viagem pela mente de Stanley Kubrick e alimenta conspirações
segunda-feira, janeiro 06, 2014
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A
partir de uma cenografia que recria os ambientes e a sofisticação visual de
cada filme, a exposição Stanley Kubrick, em cartaz até o dia 12/01 no Museu da
Imagem e do Som (MIS) em São Paulo cria a curiosa sensação no visitante de
estar caminhando no interior da mente do diretor. Mas, além disso, a variedade
de documentos, cartas e memorandos expostos alimentam muitas teorias conspiratórias que
envolvem um diretor que sempre foi recluso e avesso a entrevistas ou a ter que
dar explicações para os significados de seus filmes: a consultoria do
mainstream tecnocientífico dos
EUA na produção de “2001 – Uma Odisséia no Espaço”; os arrojados efeitos
especiais à frente de seu tempo, dez anos antes de “Guerra nas Estrelas”; e a
morte do diretor quatro dias depois da exibição interna do filme “De Olhos Bem
Fechados” para executivos da Warner Bros, produção que sugere polêmicas histórias sobre conexões da elite político-financeira com orgias sexuais ocultistas.
Nessa
última sexta-feira visitei a retrospectiva Stanley Kubrick no Museu da Imagem e
do Som (MIS) aqui de São Paulo. Sob um calor escaldante da tarde, aguardei 45
minutos na fila da bilheteria para depois, sob o onipresente olhar de Kubrick
com a sua câmera em um enorme pôster no corredor da entrada da exposição,
esperar em uma segunda fila a vez para subir a escadaria de entrada. Um segundo
pôster com linha do tempo da produção de Kubrick decorava esse corredor, onde
você tinha a chance de checar os títulos e datas dos filmes que comporiam os
ambientes de cada sala da retrospectiva tão ansiosamente aguardada.
De
tão atemporal que se tornaram os filmes do diretor, não havia ainda parado
para pensar sobre os grandes hiatos entre as suas produções. Por exemplo, de O Iluminado (1980) a Nascido Para Matar (1987), sete anos; e de Nascido para Matar (1987) a De Olhos Bem Fechados (1999) um
intervalo de doze anos. Seu período de produção mais regular está na chamada
Trilogia Star Child (Doutor Fantástico
(1963), 2001 – Uma Odisséia no Espaço
(1968) e Laranja Mecânica - 1971), um
período com profundos significados ocultos e metafísicos, como já observamos em
postagem anterior.
sábado, janeiro 04, 2014
Uma versão sinistra do Mágico de Oz no filme "YellowBrickRoad"
sábado, janeiro 04, 2014
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Uma equipe de psicólogos, cartógrafos e fotógrafos tenta transformar uma lenda em registro histórico: por que uma cidade inteira desapareceu depois de assistir ao filme “O Mágico de Oz” em 1940? Inspirado em um caso real onde os habitantes de uma vila esquimó desapareceram repentinamente deixando todos os seus afazeres para trás, o filme “YellowBrickRoad”(2010) faz uma sombria releitura do filme clássico de 1939 por um viés metalinguístico do cinema, forte tendência dos filmes independentes atuais. Assim como Dorothy levantou a cortina e descobriu que Oz não era um mágico no filme clássico, em "YellowBrickRoad" os espectadores daquela pequena cidade remota descobriram da pior maneira possível, após saírem do cinema, que a Cidade de Esmeralda do Mágico de Oz não existia.
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