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terça-feira, abril 19, 2016
Em Observação: "Zoom" (2015) - a metalinguagem até as últimas consequências
terça-feira, abril 19, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um filme inspirado nas imagens recursivas e metalinguísticas do artista
plástico M.C.Escher. São três histórias interligadas onde o desenrolar de uma
determina o destino de outra como fossem narrativas dentro de outras
narrativas, produzindo uma circularidade infinita. É o filme “Zoom”, uma
co-produção Brasil/Canadá dirigida por Pedro Morelli. Recursividade e
metalinguagem são temas do filme gnóstico – são formas linguísticas de desvelar
a ilusão e mostrar o multifacetamento da realidade ao serem exploradas até as últimas consequências. Mas também são recursos
perigosos onde o filme pode se transformar em mero exercício vazio de estilo. É
o que o “Cinegnose” vai conferir.
quinta-feira, janeiro 07, 2016
Em Observação os 13 filmes mais esperados para 2016
quinta-feira, janeiro 07, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Fuja de um ano que será marcado por mais do mesmo na indústria do
cinema: mais Star Wars, Star Trek, Capitão América, X-Men etc., além de remakes
e spin-off de Harry Potter. Preocupado com essa perspectiva sombria, o
Cinegnose resolveu mergulhar nas turbulentas águas do cinema independente e
trazer à tona uma lista de 13 estreias para esse ano. Há apenas três exceções. Incorporamos à lista três filmes mainstream: “Deuses do Egito”, “Alice Através
do Espelho” e "Esquadrão Suicida. O primeiro, por trazer temas gnósticos; o segundo pela Disney
querer apagar na adptação dos livros de Lewis Carroll todas as simbologias
ocultistas e esotéricas; e o terceiro em ver os efeitos de mais uma aparição do Coringa no cinema.
Esse é o ano que
será marcado pela continuidade de franquias (Star Wars, Star Trek, X-Men, Capitão América, Batman lutando junto
com o Super-Homem etc.) e spin-off da
série Harry Potter (Animais Fantásticos e Onde Habitam), e refilmagens (Jumanji, uma versão feminina de Ghostbusters etc.) numa evidência de que
a indústria do cinema pretende se arriscar o menos possível e apostar mais em
fórmulas prontas do que em novos nomes ou temas.
sábado, dezembro 19, 2015
Em Observação: "Patch Town" - bebês e repolhos
sábado, dezembro 19, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Imagine um mundo onde bebês são recolhidos em um campo de repolhos,
vendidos para as crianças como bonecas de brinquedo para, depois que crescem, serem
recolhidos por um sinistro capataz que os escraviza em uma fábrica, depois de
remover suas memórias. Esse é o filme canadense “Patch Town” (2015), um conto
de fadas distópico narrado em um mix improvável entre folclore russo,
iconografia do comunismo soviético e crítica ao consumismo ocidental. “Patch
Town” é mais um filme atual que explora a metáfora de seres humanos como
bonecos manipulados por demiurgos.
Título: Patch Town (2015)
Diretor: Craig Goodwill
Plot: Jon (Rob Ramsay) vive em uma pequena
vila onde todos os moradores trabalham em uma única fábrica. Repolhos são
recolhidos em um imenso campo para passarem na linha de montagem dessa fábrica.
Os repolhos são cortados para serem retirados do seu interior bebês se
contorcendo; em seguida são colocados em bonecos de plástico para serem
vendidos em todo o mundo. Os bebês tornam-se objetos imóveis que continuam a
ver, ouvir e sentir a emoção, enquanto que residem em cima da cama de alguma
criança. O que Jon não percebe é que ele e todos os seus pares na fábrica já
foram, uma vez, esses bonecos: quando os bebês crescem, os brinquedos são
roubados pelo sinistro “recolhedor de bebês” e transformados em novos trabalhadores
para a fábrica e suas memórias são removidas de suas mentes.
Por que está “Em Observação”? – Ao fazer essa
espécie de contos de fada distópico, o diretor certamente tinha em mente Brazil, O Filme de Terry Gilliam e Ladrão de Sonhos de Marc Caro – sobre o
filme clique aqui. Um filme ambicioso que
combina a iconografia da era soviética, folclore europeu, pitadas de números
musicais e crítica ao consumismo ocidental.
Quando estamos
diante de um filme cujos temas passam pela prisão/escravidão a partir da
remoção de memórias, estamos em uma narrativa com um evidente sabor gnóstico.
Isso sem falar da analogia entre bebês e bonecas – a filmografia recente está
repleta de filmes onde fantoches, autômatos e bonecos são metáforas da própria
condição humana nesse mundo: as relações homem/autômato ou homem/Deus onde
algum Demiurgo nos manipularia. Um imaginário construído desde Platão nos
diálogos As Leis e A República: a metáfora de cada ser vivo
como um fantoche ou o jogo de sombras que os prisioneiros veem na parede da
caverna como fosse a própria realidade.
Patch
Town explora ainda o curioso folclore russo que envolve bebês e repolhos.
Por centenas de anos o repolho tem sido uma parte importante na dieta e
remédios caseiros na Rússia. Até o século 16, era um costume na Rússia colocar recém-nascidos
em folhas de couve, antes de serem lavados e vestidos. As folhas eram
suficientemente grande e disponíveis quase por todo o ano. Depois, a cada banho,
os bebês eram envolvidos em camadas de tecidos, como fossem folhas de repolho.
Talvez aí estejam
as origens arquetípicas do porquê quando muitos pais são confrontados pelos
filhos sobre questões das origens das crianças, contam histórias de cegonhas
fazem entregas de crianças recolhidas em campos de repolho.
O repolho tem uma
forte história de ser destaque na música, arte e literatura em todo o mundo.
Por exemplo, em The Cabbage Patch Mother,
do escritor russo Petrushevskaya, é narrada a história de um bebê chamado
Dewdrop, que nunca cresce. Ele é esquecido é deixado em uma plantação de
repolhos. Mais tarde a mãe descobre que Dewdrop tornou-se um desajeitado e
enorme bebê chorão.
Patch Town é uma versão estendida do curta
homônimo de 26 minutos feito em 2011, premiado em diversos festivais como de
Toronto e Fantasporto – festival de cinema fantástico na cidade do Porto em
Portugal.
Além do sabor
gnóstico que Patch Town promete –
perdas de memórias, escravidão, além da figura sinistra do “recolhedor de
crianças”, uma espécie de capataz que vai nas casas buscar as crianças
crescidas no interior das bonecas – há uma irônica crítica ao consumismo e
infantilização da cultura: o filme explora a ideia de que crianças modernas
crescem rápido e logo vão querer brinquedos mais adultos. O “recolhedor de
crianças” as sequestra e reconduz à fábrica onde se tornarão trabalhadores em
linhas de montagem e ávidas consumidoras de inutilidades da sociedade de
consumo.
O que confirma o sombrio
diagnóstico certa vez feito por Freud negando o suposto amadurecimento psíquico
que acompanharia o crescimento: o adulto não passa de uma criança crescida.
O que promete? – O espectador deverá preparar-se para um humor
escatológico e negro. A combinação parece ser muito bizarra: folclore russo
misturado com a iconografia da era do comunismo soviético, crítica à sociedade
de consumo capitalista e sequências musicais com canções e danças. A crítica
norte-americana define o filme como “loucura gonzo carnavalesca”. Mas temos que
levar em conta que para os americanos, os canadense são um povo muito
estranho...
domingo, novembro 01, 2015
Em Observação: "Flowers" e "I Am a Ghost" - Espiritismo e Psicanálise no filme gnóstico
domingo, novembro 01, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
"Flowers" (2015) e "I Am a Ghost" (2012) são duas pequenas gemas da atual safra de filmes independentes que comprovam uma recorrência nos filmes desse início de século: narrativas sobre protagonistas presos em algum lugar entre a vida e a morte - a morte pode não ser um libertação, principalmente se você deixou essa existência sem fazer um acerto de contas com seus traumas e fantasmas. Filmes que fazem um surpreendente encontro entre Espiritismo e Psicanálise, merecendo estar "Em Observação" pelo Cinegnose. Além de serem filmes que comprovam a atual mudança de foco dos filmes gnósticos.
segunda-feira, setembro 21, 2015
Em Observação: "Perdido em Marte" (2015) - filme gnóstico ou propaganda da NASA?
segunda-feira, setembro 21, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Para os críticos “Perdido em Marte”(The Martian, 2015) é um sci-fi de Ridley Scott bem
diferente daqueles sombrios e influentes do passado: é um conto otimista de
luta pela sobrevivência, um cruzamento de “Gravidade” com “O Náufrago”. Mas,
como sempre, Scott lida com o protagonista estrangeiro em lugares hostis
quem tem que lutar contra tudo para resgatar algo de bom em si mesmo. Tanto o
livro no qual o filme se baseou quanto a produção de Scott tiveram forte apoio
e consultoria da NASA que atualmente luta pela aprovação de orçamento no
Congresso para missão à Marte. O que o “Cinegnose” procurará responder: o filme
é mais uma obra de Scott que explora elementos gnósticos ou uma peça de
propaganda NASA-Governo-Hollywood?
terça-feira, julho 28, 2015
Em Observação: "Cosmodrama" - A metafísica no espaço
terça-feira, julho 28, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Sete astronautas despertam do sono criogênico em uma estranha espaçonave
que parece ter saído de alguma série sci fi dos anos 1960. Eles não sabem qual
o propósito de estarem ali, de onde vieram e para onde vão, e a nave parece
funcionar automaticamente Essa é a premissa do filme francês “Cosmodrama” (2015), uma
tragicomédia com uma evidente alusão sobre a condição humana nesse planeta.
Estreou esse ano no Festival Internacional de Rotterdam e a crítica
especializada vem definindo o filme como “a metafísica no espaço”. A cada cena,
a tripulação tenta formular teorias físicas, religiosas, filosóficas ou
semióticas sobre a natureza da espaçonave onde estão prisioneiros. Por isso,
“Cosmodrama” tem um evidente sabor gnóstico.
domingo, julho 26, 2015
Em Observação: "Crumbs", um filme AstroGnóstico da Etiópia
domingo, julho 26, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Uma nave alienígena paira no céu por décadas após o apocalipse que
varreu o planeta Terra. E no interior da Etiópia, um homem acredita receber um
sinal daquela nave de que deve retornar para ela, deixar a Terra e voltar para
a sua verdadeira casa. Mas terá que enfrentar o medo e vilões como guerreiros
mascarados, nazistas e... Papai Noel. Esse é “Crumbs” (2015), o primeiro filme de
ficção científica de uma nascente indústria cinematográfica da Etiópia e já premiado em festivais do cinema Fantástico nesse ano. Uma
jornada épica pós-apocalíptica com um evidente sabor AstroGnóstico. Assista ao trailer.
sábado, junho 06, 2015
Em Observação: "Strange Angel": a explosiva combinação da Ciência com o Ocultismo
sábado, junho 06, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Qual
o interesse do diretor Ridley Scott ("Blade Runner", "Prometheus" e "Êxodus") em
produzir a nova minissérie “Strange Angel” do canal AMC sobre a vida de um
engenheiro químico inventor do combustível sólido usado em foguetes espaciais?
Nenhum, não fosse a minissérie sobre a vida de Jack Parsons, co-fundador do
Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa e, ao mesmo tempo, ocultista e
participante ativo da OTO (Ordo Templi Orientis), da Eclesia Gnóstica e
seguidor do mago Aleister Crowley. A combinação literalmente explosiva entre
Ciência e Ocultismo envolvia experiência com foguetes no deserto ao mesmo tempo
em que realizava rituais pagãos durante os experimentos. Para muitos ocultistas, o legado de Parsons
teria ido muito além do aprimoramento da tecnologia que levou a NASA ao espaço.
Ele também teria aberto estranhas portas dimensionais que influenciaram o século
XX.
sexta-feira, abril 10, 2015
Em Observação: "Antes de Dormir" (2014) - o sono gnóstico do esquecimento
sexta-feira, abril 10, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Cinema,
percepção e memória têm uma longa parceria temática: se a percepção humana
funciona como um mecanismo cinematográfico, como dizia o filósofo Henri
Bergson, compreende-se o fascínio pelo tema da amnésia no cinema. De
Hitchcook a “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças” de 2004, “Antes
de Dormir” (2014) é mais um filme dessa longa tradição. Lembra o clássico “Amnésia” (2000) de Nolan – uma mulher não
consegue manter as memórias por mais de um dia e diariamente acorda sem saber
onde está e também sem saber quem é o
homem que dorme ao seu lado. Perda das memórias levam sempre os protagonistas à
condição paranoica. A paranoia é um estado alterado de consciência que pode
levar tanto à autodestruição quanto à libertação das aparências que encobrem a
realidade. A paranoia pode abrir duas portas: a narcísica ou a gnóstica. E é isso que o “Cinegnose”
vai conferir no filme.
sábado, março 07, 2015
Em Observação: "The Man In The High Castle" (2015) - os nazistas ganharam a guerra?
sábado, março 07, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em uma realidade alternativa, Hitler e o imperador Hiroíto ganharam a II Guerra Mundial, invadiram os EUA e dividiram o país em dois estados totalitários controlados pela Alemanha e Japão. Mas grupos de resistência possuem um filme documentário de origem misteriosa que mostra a História tal qual conhecemos: a vitória dos Aliados, o Dia D e a derrota do Japão na guerra do Pacífico. Qual será a verdadeira realidade? A dos EUA divididos? A do filme documentário? E se as imagens históricas da II Guerra Mundial que conhecemos forem estratégias de propaganda que, na verdade, ocultam que todos nós vivemos em uma outra realidade alternativa? Esse é o jogo gnóstico proposto pelo piloto da série televisiva "The Man In The High Castle", baseada no premiado livro homônimo de 1962 do escritor de ficção científica Philip K. Dick. Assista nesse post o piloto da série.
sexta-feira, janeiro 02, 2015
Em Observação a lista dos 10 filmes mais estranhos de 2014
sexta-feira, janeiro 02, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Uma das fontes de informações cinematográficas
alternativas para o Cinegnose é o
site 366
Weird Movies, uma espécie de radar de filmes cinematicamente estranhos,
bizarros e surreais. O seu interessante conceito de “filme estranho” muitas
vezes coincide com a noção de “filme gnóstico” explorada por esse blog.
A espinha dorsal do site é a construção
sempre mutante de uma lista de 366 filmes estranhos. Por que 366? Essa é uma
explicação também estranha: um filme para cada dia do ano (um a mais para os
anos bissextos). Como cada dia do ano está associado a um santo católico, os
autores do site acreditam que todos os dias deveriam ter seu próprio filme
estranho...
sábado, dezembro 27, 2014
Em Observação: "Êxodo: Deuses e Reis" (2014) - Deus é o vilão?
sábado, dezembro 27, 2014
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Êxodo: Deuses e Reis” é mais um filme da tendência atual de
produções hollywoodianas de temas bíblicos. Os produtores escolheram o diretor certo: Ridley Scott, cujos filmes parecem ter um tema recorrente – a morte dos
deuses. Assim como no filme “Noé” de Aronofsky, o Deus do Velho Testamento bíblico é
apresentado de forma gnóstica como um Demiurgo – ciumento, rancoroso e
vingativo. O filme desperta protestos de teólogos e cristãos sobre essa visão
tão sombria de Deus: “Como um Moisés horrorizado pode acompanhar o Senhor?”.
domingo, novembro 02, 2014
Em Observação: "Interstellar" (2014) - uma astrofísica gnóstica?
domingo, novembro 02, 2014
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Com
lançamento previsto para o dia 6 de novembro, em “Interstellar” o diretor
Christopher Nolan retorna às complexidades narrativas que o tornaram famoso em
filmes como “Amnésia” e “A Origem”. Viagem espacial se mistura com viagem no
tempo e astrofísica com relatividade geral: astronautas viajam através de um “buraco
de minhoca” (wormhole) para chegarem a um universo alternativo em busca de novos
planetas habitáveis, conseguindo fugir da catástrofe climática terrestre. A
construção da realidade como camadas de eventos que se influenciam mutuamente,
apesar de ocorrerem em tempo-espaços diferentes, se conecta a princípios
gnósticos da astronomia e alquimia da antiguidade – o Princípio da
Correspondência.
sexta-feira, outubro 24, 2014
Em Observação: "Amantes Eternos" (2013) - por que os vampiros são melancólicos?
sexta-feira, outubro 24, 2014
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Profundos
conhecedores de arte, literatura, música e cinema. Aristocráticos, vintages, sensíveis,
e... melancólicos. Esses são os vampiros do diretor Jim Jarmusch em “Amantes
Eternos” (Only Lovers Left Alive, 2013). Por que seres imortais e tão poderosos
podem ser tão tristes e melancólicos? Esqueça os clichês de maldições,
insaciabilidade por sangue e amores platônicos tão comuns nos vampiros para
adolescentes da franquia “Crepúsculo”. Jarmusch recoloca o mito do vampiro na
sua tradição romântica e literária. Mas tem algo mais: o toque gnóstico ao ver
o vampiro como um ser privilegiado – ele jamais esquece, ao contrário dos
mortais presos no ciclo vicioso morte-reencarnação-esquecimento.
sábado, agosto 30, 2014
Em Observação: "9 - A Salvação" (2009) - A vida gnóstica dos bonecos
sábado, agosto 30, 2014
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Ao lado animações sombriamente lindas como “Coraline” (2009) e “A Noiva
Cadáver” (2005), “9 – A salvação” de Shane Acker, baseado em um curta indicado
ao Oscar de animação em 2005, é outro exemplar que nos oferece uma alternativa
ao estilo do estúdio Pixar da Walt Disney. O seu estilo obsessivamente
detalhista que os fãs chamam de “stitchpunk” dá um sentido visual à clássica
mitologia gnóstica onde máquinas auto-replicantes tornam-se Demiurgos que
dominam um planeta arrasado, auxiliados por bestas metálicas que perseguem
pequenos bonecos de pano que ganham vida e se descobrem prisioneiros naqueles
cosmos hostil. A animação também é mais um exemplo de como o cinema explora os
antigos simbolismo que envolvem fantoches, bonecos e autômatos.
quarta-feira, julho 16, 2014
Em Observação: "Teorema Zero" (2013) - o sentido da vida pela via negativa
quarta-feira, julho 16, 2014
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Quase 20 anos depois, o diretor inglês Terry
Gilliam está de volta ao gênero ficção-científica, mas as suas preocupações
filosóficas continuam as mesmas. Misturando distopia e religião, Gilliam em “O
Teorema Zero” (2013) pretende discutir qual o sentido da vida, já que a ciência
nos informa que todo o Universo um dia acabará em uma singularidade no interior
de um buraco negro. No interior de uma igreja abandonada o protagonista espera uma
ligação telefônica que lhe traga a resposta, mas o diretor parece pouco
preocupado com isso: ele abraça alegremente a ausência de sentido (a chamada "via negativa" da Filosofia), lembrando a
máxima do personagem Tyler Durden em “O Clube da Luta”: “Depois que perdermos
tudo, então estaremos livres”. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.
domingo, julho 06, 2014
Em Observação: "Equilibrium" (2002) - totalitarismo, artes marciais e anti-depressivos
domingo, julho 06, 2014
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O filme “Equilibrium” um daqueles filmes que a gente nunca ouviu falar,
mas que quando assistimos ficamos surpresos pelo anonimato. Com visual,
figurino e fotografia que lembra muito Matrix dos irmãos Wachowski, o filme
mostra um sistema totalitário baseado na repressão de tudo aquilo que poderia
estimular no homem a expressão de sentimentos – arte, principalmente. Os
sentimentos seriam a pior parte da natureza humana, capaz de provocar guerras e
mortes. Por isso, todos seriam induzidos a tomar uma droga capaz de inibir
qualquer expressão de sentimentos. “Sacerdotes” especializados em lutas marciais e concentração Zen caçariam todos os “ofensores”
que teimam em manter objetos artísticos. Como um documento de época, “Equilibrium”
representaria o imaginário atual da banalização de drogas como Prozac ou
Ritalina onde um secreto sistema totalitário se desenha baseado na seletividade
dos sentimentos que devemos ter.
sexta-feira, maio 30, 2014
Em Observação: "Irreversível" (2002) - o tempo nos devora
sexta-feira, maio 30, 2014
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Quem não
conhece a célebre pintura de Goya de Saturno (Cronos na mitologia grega)
devorando seu próprio filho? Como filhos de Cronos, também somos devorados pelo
tempo, tornando cada tomada de decisão nossa em causas de efeitos que serão
irreversíveis. Esse é o tema do filme francês “Irreversível” de Gaspar Noé. “O
tempo destrói tudo” diz a frase de abertura, em um filme que lembra “Amnésia”
de Nolan: a história é contada no sentido inverso onde acompanhamos a
desconstrução de personagens que de selvagens e brutais vão se tornando sensíveis
e apaixonados. Noé propõe uma reflexão incômoda e brutal sobre o tempo, através
de duas cenas que já são consideradas antológicas na história do cinema: um
estupro e a briga em uma boate gay onde um rosto é desfigurado por um extintor
de incêndio. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.
Título:
Irreversível (2002)
Diretor: Gaspar Noé
Plot: Contado de
trás para frente, o filme narra a busca por vingança de Marcus e Pierre, depois
que Alex (Mônica Belucci) namorada de Marcus e ex de Pierre, é estuprada
violentamente.
Por que está
“Em Observação”? – O blog se interessa por filmes que exploram a questão do tempo
na narrativa. Irreversível, ao lado de Amnésia de Christopher Nolan, é um
desses filmes: a história é contada ao contrário e cada cena é rodada
totalmente sem cortes, até a câmera dar uma pirueta e jogar o espectador para
outra cena, a parte anterior da história. E por que? O sentido já é dado logo
no início do filme com a frase “o tempo destrói tudo”. Muitos críticos definem o filme como uma
fábula sobre o destino. A cada cena que passa o filme parece indagar porque as
coisas não tomaram outro rumo, porque somos vítimas do destino.
O plot é
extremamente simples, mas a grande atração é a edição e cenas violentas como a
do estupro e o estrago que o extintor de incêndio faz no rosto de um personagem
na sequência da briga em uma boate gay. Tudo no filme parece feito para criar
no espectador estranhamento, repulsa e incômodo. Na primeira exibição no
Festival de Cannes 2002 Irreversível foi definido como “repulsivo”, “doentio” e
“gratuito”. O enquadramento da câmera não centraliza ninguém na tela, gira de
forma desfocada e surreal para marcar o recuo no tempo da narrativa e a
narrativa parece desconstruir os personagens: à medida que o tempo passa (ou
volta) os protagonistas Pierre e Marcus vão se tornando totalmente diferente
daqueles seres brutais e selvagens do início do filme. De homens sedentos por
vingança, vão se transformando em seres apaixonados e bem menos agressivos,
incapazes de fazer mal a uma mosca.
Por isso, a
grande questão que o Gaspar Noé quer discutir: a irreversibilidade do tempo, o
porquê das nossas tomadas de decisões e como elas, a cada instante, influenciam
de forma irreversível, o futuro. De certa forma, o diretor francês parece
querer desconstruir um dos grandes mitos do cinema, principalmente
norte-americano: o mito da segunda chance, a possibilidade da vida nos oferecer
sempre uma segunda oportunidade para nos redimir de erros cometidos no passado.
Noé parece ter em mente o mito grego de Cronos devorando seus próprios filhos.
Como filhos do tempo que somos, também somos devorados por ele, vencidos pela
sua irreversibilidade. Tudo finda e é consumido, tornando nossas decisões
fatalidades.
Por isso essa
discussão do tempo é essencialmente gnóstica, já que para os gregos Cronos
refere-se a apenas uma faceta da existência: o tempo cronológico e linear das
coisas terrenas. É imperfeito e produz a entropia e caos. Ainda existiria Kairos (o momento indeterminado no tempo
onde algo de novo acontece) e Aeon (o
tempo divino onde as horas não passam cronologicamente, o tempo de Deus). Daí o
descompasso que sempre vivemos entre Cronos e o nosso psiquismo,o efêmero versus
o eterno.
Daí a linguagem
fílmica intensiva do diretor nas cenas: sem cortes, elas são pensadas para
serem impactantes e duradouras em nosso psiquismo, apesar da transitoriedade
que a linguagem fílmica impõe – a história tem que ser contada, o tempo deve
passar.
O
que esperar do filme? – A crítica afirma que a violência e o desconforto (produzido
pelo enquadramento e ausência da decupagem nas cenas) fazem muitos espectadores
abandonarem o filme na metade. Assim o crítico de cinema Tony Pugliesi
sintetiza o que o leitor do Cinegnose
pode esperar do filme Irreversível: “Incômodo.
Se tivéssemos que escolher apenas uma palavra para descrever Irreversível, com certeza, a palavra escolhida seria
"incômodo". Ou então poderíamos utilizar palavras similares como
intrigante e chocante. Entretanto, incômodo, como você irá perceber ao longo
desta análise, nada tem a ver com a possibilidade que o filme de Gaspar Noe
seja uma película ruim, muito pelo contrário. Chocante porque a produção possui
duas tomadas (seqüências) fantásticas que já entram para a história do cinema
devido a forma de como foram gravadas e, também, claro, pela coragem de Noé em
gravar essas seqüências. Acredite, elas são muito difíceis de serem até mesmo
assistidas. Intrigante, óbvio, pelo modo como a película fora filmada; edição
fantástica, brilhante. E ela que faz o filme.”
domingo, maio 04, 2014
Em Observação: "La Hora Fría" (2006) - cineteratologia dos zumbis?
domingo, maio 04, 2014
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Oito pessoas,
isoladas no subterrâneo em um mundo pós-guerra química, vivem sob a ameaça de
zumbis mutantes e fantasmas. Mais do mesmo para os fãs de cinema
pós-apocalíptico e de zumbis? Isso é que o “Cinegnose” vai conferir: um filme
de uma época em que o cinema espanhol começa repentinamente a interessar-se
sobre o tema zumbis, ao lado de produções como “REC” e “[REC] 2”, com
interessantes variações sobre o tema. “La Hora Fría” é uma oportunidade para
verificar algumas hipóteses da chamada Cineteratologia – o estudo da morfologia
e natureza dos monstros no cinema como metáfora do espírito de uma determinada
época. Mais um filme indicado pelo nosso leitor Felipe Resende.
sábado, maio 03, 2014
Em Observação: "The Machine" (2013) - a ciência entre a humanidade e as sombras
sábado, maio 03, 2014
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Filme sugerido
pelo nosso leitor Felipe Resende. A crítica destaca que a produção britânica “The
Machine” combina temas do filme premiado pelo Oscar “Ela” e o clássico “Blade
Runner” de Ridley Scott (1982). Em meio a uma nova Guerra Fria, dessa vez entre
o Ocidente e a China, programadores de computador fazem pesquisas em
Inteligência Artificial e neurociência até desenvolverem um androide com alma e
consciência em um laboratório militar subterrâneo. O filme apresenta a
ambiguidade atual das tecnociências que enquanto mantém esperanças altruístas
nos benefícios humanos das descobertas científicas, convivem com a sombra de aplicações
muito mais sombrias pelos poderes que as mantêm.
Tecnologia do Blogger.