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sábado, julho 22, 2023

'The Artifice Girl': o marketing quer nos fazer acreditar que a IA é "inteligente"


Nesse momento está sendo colocado em ação a mais gigantesca estratégia de marketing e propaganda para nos fazer acreditar que a Inteligência Artificial é, de fato, “inteligente” – seja por virtude ou ameaça de supostamente ameaçar a existência humana. “The Artifice Girl” (2022) é mais um filme dentro desse esforço de agendamento da opinião pública de que há algo de sobrenatural em torno da IA, assim como na imaginação mitológica e literária de narrativas como Pigmaleão ou Frankenstein. Agentes especiais desenvolveram um programa inovador como chamariz de predadores online. Mas, a IA evoluiu muito além do propósito original e começa a trazer problemas. Marketing que procura rebaixar a noção de inteligência ao não distinguir duas coisas completamente diferentes: enquanto as máquinas são apenas “Machine Learnings”, a inteligência humana baseia-se numa “Sintaxe Gerativa”. 

sábado, abril 01, 2023

Guerra do controle da agenda e arcabouço fiscal: grande mídia tem o tempo a seu favor


Depois dos anos de governos do PT prisioneiros do chamado “efeito fliperama” (sempre reativo à agenda midiática – como bolinhas que batem num fliperama – sem conseguir impor agenda própria), nessas últimas semana o Governo parece ter aprendido: conseguiu reagir à agenda de judicialização e meganhagem que iniciava e conseguiu impor a agenda econômica com anúncio do arcabouço fiscal (no dia da volta de Bolsonaro ao país, evento que “flopou”). Com a ajuda do contra-ataque do depoimento do advogado Tacla Duran incriminando Sérgio Moro. Porém, o tempo está do lado da grande mídia – a âncora fiscal de Haddad precisará combinar com os russos: queda dos juros para o crescimento econômico e da receita; e a colaboração do Congresso para medidas de saneamento fiscal. Rentista, grande mídia avisa que o arcabouço fiscal será uma “longa jornada” e nada será “da noite para o dia”. Isto é, mídia aposta na crise econômica e no “terceiro turno” no Congresso.

“A longo prazo, estaremos todos mortos” (John Maynard Keynes)


O que já estava em germe na obra de Walter Lippmannn “Opinião Pública” (1922), os pesquisadores Maxwell McCombs e Donald Shaw, na década de 1970, tornaram explícita com a teoria Agenda Setting ou “Agendamento”: consumidores de notícias tendem a considerar mais importantes os assuntos que são mais pautados e destacados na cobertura jornalística.

Lippmann falava como “nossas imagens mentais” (a “opinião pública”) eram formadas por um “pseudoambiente” a partir do embate de diferentes agendas de grupos de interesses, líderes de opinião e meios de comunicação. A teoria da Agenda Setting comprovou empiricamente essa tese de Lippmann no estudo em uma cidade da Carolina do Norte para verificar a correlação entre a agenda midiática, a agenda da opinião pública e a agenda dos candidatos nas eleições presidenciais.

De Lippmann à teoria do agendamento de Shaw/McCombs, o que resultou foi a sofisticação da engenharia da opinião pública e a percepção de que a “opinião pública” nada mais seria do que o resultado da uma luta entre os grupos de interesses pela hegemonia da agenda midiática – uma batalha na qual conceitos como timing, acumulação, consonância e onipresença são fundamentais na guerra da modelagem do “pseudoambiente”.

Nos treze anos os governos do PT nunca conseguiram impor uma agenda própria, para fazer um movimento anticíclico contra a grande mídia. Acabou caindo na armadilha daquilo que chamamos “efeito fliperama” (ou “pinball”) – limitou-se compulsivamente ou à reatividade ou a pura e simples estratégia de controle dos danos sucessivos provocados pelas agendas criadas pela mídia e replicada pela oposição parlamentar.

O que criava efeito análogo ao fliperama: com a mesma dinâmica da diversão eletrônica, a grande mídia disparava a bolinha que começava a rebater em pinos e flips, somando pontos - mensalão; caos aéreo; a descontrolada inflação do tomate; as manifestações de rua do “gigante que acordou”; o “terceiro turno”; o “petrolão” etc. – clique aqui.

Elas rebatiam aleatoriamente nos pinos e flips criando ressonância, recursividade, loopings: numa estratégia reativa de controle de danos o governo era obrigado a dar respostas em notas aqui e ali. Dando legitimidade e pertinência ao jogo... e as bolas batiam e rebatiam... tlim!... tlim!... tlim!.... E pontos eram somados num ciclo vicioso infernal.


Controle da agenda

Depois de todos esses anos de guerra híbrida, pelo menos o PT aprendeu uma lição: a guerra da comunicação começa pelo controle da agenda.

Estratégia que a direita alternativa (alt right) conhece desde sempre: controlar a agenda através do caos como método. Basta ver a máquina de promoção semanal de “caneladas” do governo Bolsonaro com o vice Mourão como a “tecla SAP” para traduzir os coices do presidente nos jornalistas no “cercadinho”, a crise do “golden shower” no Carnaval de 2019 que ganhou capa na revista Veja, esporros nas lives semanais, participação em atos golpistas, motociatas, o “manifesto do apocalipse” compartilhado por Bolsonaro nas redes sociais (clique aqui), Xvideos compartilhados pelo Carluxo no perfil do presidente etc.

 Aquilo que o linguista Chomsky falou sobre a estratégia de Trump, facilmente aplica-se a Bolsonaro:

Olhe a televisão e as primeiras páginas dos jornais. Não há nada mais que Trump, Trump, Trump. A mídia caiu na estratégia traçada por Trump. Todo dia ele lhes dá um estímulo ou uma mentira para se manter sob os holofotes e ser o centro da atenção. Enquanto isso, o flanco selvagem dos republicanos vai desenvolvendo sua política de extrema direita, cortando direitos dos trabalhadores e abandonando a luta contra a mudança climática, que é precisamente aquilo que pode acabar com todos nós – clique aqui.

Mesmo fora do Governo (auto exilou-se na Flórida para não passar a faixa presidencial a Lula), Bolsonaro não sai das escaladas dos telejornais e capas de jornais: vídeo fazendo compras num mercado e supostamente sinalizando um “apito de cachorro”; o ex-presidente teria estimulado a invasão de Brasília no 08/01? A denúncia do senador Marcos “Swat” do Val sugerindo a participação do ex-presidente numa “tentativa de golpe de Estado”; o episódio da “minuta do golpe”; Bolsonaro discursa em eventos de extrema direita nos EUA; e finalmente o escândalo das joias das arábias – Bolsonaro será preso quando voltar para o Brasil? Não percam os próximos episódios!


Ilustração: Roberto Negreiros, 2019

Agenda de Governo, Agenda de Estado

Desde o Gabinete do Governo de Transição, a grande mídia dava sinais de que não iria respeitar o tal handicap dos “cem dias”: já partiu para o ataque com lobby de jornalistas em frente ao CCBB montando a chantagem da “responsabilidade fiscal”.

O divisor de águas certamente foram os episódios do 08/01: a princípio, os ataques aos prédios dos três poderes deveria ser o evento que complementaria o emparedamento do governo, forçando-o a cair mais uma vez no efeito fliperama: sempre reagir ao invés de pro-agir. 

Lula contra-ataca com mais um evento de forte poder simbólico: cruzar a Praça dos Três Poderes caminhando lado a lado com governadores e políticos de todo espectro político, ao vivo nos canais de notícia, todos indo na direção do prédio do STF destruído. Lula ao lado da presidenta do STF Rosa Weber.

Tudo num dia em que presidentes de vários países, além de um telefonema de Biden a Lula, deram apoio irrestrito ao governo eleito.

Resultado: por algumas semanas, Lula passou a ter uma agenda não só de Governo, mas principalmente de Estado.

As duas últimas semanas o timing dos plot twists para reverter a agenda da grande mídia foram perfeitos. 

Seguindo o modus operandi de outros episódios (p.ex., o dia da aprovação da Reforma da previdência no Congresso), a Juíza lava-jatista Gabriela Hardt e a PF do Paraná desfecharam a “Operação Sequaz” para desarticular um plano do PCC para sequestrar e matar autoridades, supostamente envolvendo também o senador ex-juiz Sérgio Moro. Foi o contra-ataque lavajatista para responder à hegemonia da pauta econômica que dominava a agenda midiática: primeiro, pelos ataques de Lula ao Banco Central e os juros altos; e depois, o aprofundamento da discussão econômica com evento no BNDES que promoveu o retorno da pauta econômica em alto nível na grande mídia, com debates em torno das críticas à racionalidade da taxa Selic em 13.75% feitas pelo prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz e pelo economista de renome mundial Jeffrey Sachs.

Voltava para a ribalta midiática a judicialização e a meganhagem com o bordão “policiais nas ruas!” exortado por apresentadores na TV.

Apesar do “bate cabeças” entre Flávio Dino e Lula (Lula sugeriu armação na operação da PF... mas Dino tinha conhecimento da ação meses antes), o ministro da Justiça respondeu com a impecável performance na sabatina na CCJ da Câmara. 

E Lula saindo sincronicamente de cena acometido por uma “pneumonia leve”, após uma semana de “caneladas” contra o governo. 

“Colonistas” da grande mídia festejaram o destempero de Lula e o ex-juiz Moro, até então condenado ao esquecimento pela sua intrínseca mediocridade como “marreco de Maringá”, foi revivido como o cruzado anticrime. 



O contra-ataque da agenda econômica

Mas o contra-ataque governista veio já na segunda-feira (27) quando o advogado Tacla Duran prestou depoimento ao juiz Eduardo Appio no âmbito do processo em que é réu por lavagem de dinheiro para a empreiteira Odebrecht. O advogado apresentou provas incriminando Sérgio Moro em práticas criminosas de extorsão na Lava Jato.    

Embora escondido nas prime time da grande mídia, o depoimento foi o suficiente para a grande mídia esquecer Moro e retornar à agenda econômica do chamado “arcabouço fiscal” – a demora do anúncio da âncora fiscal parece que foi até proposital: só alimentou a ansiedade dos “colonistas” que quiseram ver nisso uma “crise” interna no governo. A isca foi jogada e a pauta da economia permaneceu na semana.

E, por último e não menos importante, o Dia D do anúncio do “arcabouço fiscal” pelo ministro Haddad (quinta-feira, 30) propositalmente colocado no mesmo dia da chegada de Bolsonaro ao Brasil, esvaziou a estratégia de comunicação do PL. Bolsonaro apostava em mais um momento de caos: ser recebido por milhares de bolsonaristas enlouquecidos, dominando as manchetes e as redes sociais. Alguns até apostavam que algum juiz de primeira instância decretaria a prisão do ex-presidente, propositalmente para criar um fato político explosivo. 

Mas a agenda econômica, prioridade para Lula, dominou - estudo realizado pela consultoria Genial Quaest revelou que as novas regras fiscais do país foram mais comentadas nas redes sociais do que o retorno do ex-presidente.

De acordo com o levantamento, a chegada de Bolsonaro ao Brasil foi o assunto mais comentado das redes até as 10h. Porém, foi superado pelo arcabouço fiscal, que foi anunciado em coletiva de Fernando Haddad por volta das 12h – clique aqui.



Projeções

A luta do controle da agenda das últimas semanas entre o Governo e bolsonarismo/lavajatismo leva a algumas projeções:

(a) Grande mídia tem uma predileção pelo lavajatismo. Tanto pela retórica da judicialização e meganhagem (a despolitização é uma das ideologias midiáticas) mas, principalmente, porque seus “colonistas” jamais farão a mea culpa (quem sabe, só daqui a 60 anos – p. ex., Globo News só AGORA está apresentando documentário sobre o Golpe de 1964 sob a perspectiva da intervenção da CIA) sob pena de perderem definitivamente a credibilidade. Moro poderá ser um fusível a ser queimado para salvar a Lava Jato – esse movimento já começa a ser feito por alguns analistas;

(b) Mas também a grande mídia é rentista e os grupos midiáticos cada vez mais se tornam holding financeiras – a Globo, p. ex., apresentou em 2022 receita financeira de R$ 2,1 bi e lucro líquido inferior de R$1,2 bi – clique aqui. Por isso é sensível à agenda econômica como arena de combate em defesa do hiperliberalismo, da independência do Banco Central e da estratégia dos juros elevados como única forma de combater a inflação.

Essa é a isca para o Governo manter a agenda econômica na pauta do dia, acentuando a contradição do jornalismo corporativo: de um lado, forçosamente admite que juros altos prejudicam o desenvolvimento; por outro, aceitam a ortodoxia do BC como fatalidade e tecnicalidade.

Mas a mídia corporativa joga com o tempo a seu favor: o discurso é que a âncora fiscal não terá efeito a curto prazo, que será o início de uma "longa jornada", apostando que o atual viés ortodoxo do BC só mudará no ano que vem. Como dizia o economista John Maynard Keynes, “a longo prazo, estaremos todos mortos” – o jornalismo corporativo aposta na crise econômica com os juros elevados para desgastar do governo Lula, principalmente junto àqueles que o elegeram: a faixa de até dois salários-mínimos, mais sensível às crises.

Anteve-se até o futuro mote dos "colonistas": "Lula não entrega promessas de campanha"...

(c) Os “colonistas” da grande mídia sabem que o arcabouço fiscal costurado por Haddad é frágil porque depende da combinação com os “russos”: primeiro, que os juros caiam para possibilitar crescimento econômico e aumento da receita; segundo, que o Congresso apoie as medidas de saneamento fiscal (fazer aqueles que não pagam impostos começarem a pagar). 

O Governo parte do wishifull thinking de que o Congresso não poderá ficar contra as medidas que beneficiam a Nação (medidas que até volátil mercado financeiro deu, pelo menos nesse início, sinalização positiva). Mas pode! A ex-presidenta Dilma Rousseff sentiu na pele como a grande mídia pode transformar a batalha no Congresso em uma espécie de terceiro turno eleitoral. 

 

 

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quarta-feira, setembro 25, 2019

Cinco novas ferramentas semióticas de manipulação em tempo de paz de cemitério


O Jornalismo possui duas funções no Sistema: alarme (“jornalismo de guerra”) e autorregulação sistêmica (unir o jornalismo à linguagem publicitária e do entretenimento em períodos de “paz” - de cemitério - para manter o equilíbrio e normalidade do cotidiano). Desde o desfecho bem-sucedido da guerra híbrida brasileira com o impeachment de 2016, a função de alarme deu lugar ao de autorregulação na grande imprensa dos jornalões e telejornais – manter na normalidade o moral do distinto público e a agenda neoliberal nos trilhos. As bombas semióticas do período de guerra dão espaço a cinco novas ferramentas do kit semiótico de manipulação da opinião pública: Naturalização, Empirismo, Contaminações Metonímicas, Rocamboles Informativos e Metalinguagem - autorreferência. É como se diariamente o jornalismo afirmasse para nós: “Não olhe muito de perto!”; “Aqui não há nada demais para se ver!”; “1 + 1 é sempre igual a 3”; “A culpa é mesmo do povo” e, diariamente, “Tenha um bom infotenimento!”

quarta-feira, setembro 11, 2019

Ao invés de conquistar corações e mentes, Esquerda prefere ser o cão de Pavlov


O “cão de Pavlov” foi o protagonista de uma experiência que revolucionou a propaganda política e a publicidade do século XX. Há 100 anos o médico russo Ivan Pavlov descobriu o reflexo condicionado: apenas o som de uma sineta fazia o cão salivar de fome, mesmo sem ter na sua frente um prato de comida. Diante da repetição de estímulos diários através de bravatas, provocações escatológicas, chulas e autoritárias do Governo, a guerra semiótica criptografada tem jogado a esquerda e oposições num labirinto de informações desconexas, transformando-as em um cão de Pavlov pós-moderno que reage de forma reflexa aos estímulos. Saliva de ódio e reage com o fígado, ficando apenas nas trincheiras da “guerra cultural”. Enquanto o patrimônio nacional é rapidamente vendido na xepa do mercado. Em sua guerra particular, esqueceu das massas silenciosas, supostamente anestesiadas. Anestesiadas porque não conseguem ver as relações causa-efeito entre a xepa e a sobrevivência cotidiana uberizada. Sem nenhuma iniciativa de comunicação didática para esclarecer ao brasileiro comum essa relação causal e conquistar corações e mentes, prefere assumir o confortável papel de cão de Pavlov. 

sexta-feira, julho 12, 2019

Perdida na guerra semiótica, esquerda agora ataca Tabata Amaral


Freak out!”... Chiliques! Decepção! É assim que parte da esquerda está reagindo ao alinhamento da deputada Tabata Amaral à aprovação do texto-base da Reforma da Previdência na Plenária da Câmara. Muita gente se sentiu “traído”, “decepcionado”. Desesperada, desarticulada e sem conseguir entender até agora a atual guerra semiótica criptografada do clã Bolsonaro, a esquerda viu na jovem deputada uma corajosa heroína progressista que humilhou um e enquadrou outro ministro da Educação de um governo truculento. E até acreditou que a reforma não passaria, diante de uma suposta “crise de articulação” do Governo. Bombardeada por informações taticamente dissonantes e contraditórias, está hipnotizada, assim como a serpente de um encantador hindu. Agora descarregam o ressentimento na jovem deputada que sempre foi coerente e alinhada ao saco de maldades neoliberal. Ela é um Juan Guaidó de saias na atual guerra híbrida... Ou acham que Paulo Lemann estaria investindo em fundações que supostamente formariam novas lideranças progressistas?

sexta-feira, julho 05, 2019

Mídia omite suicídio de empresário e ultrapassa fronteira entre jornalismo e propaganda

Telejornais da mídia corporativa simplesmente omitiram ou relegaram à categoria de "fatos diversos" a notícia mais relevante da última quinta-feira. Uma notícia que à opinião pública avaliar o atual estágio de crise social e econômica: diante do ministro de Minas e Energia e do governador do Estado, um empresário se matou com um tiro na boca em Simpósio do setor em Sergipe. Ato extremo diante da insolvência da sua empresa diante das dívidas do fornecimento de gás natural. Com os terremotos semanais da Vaza Jato, a grande mídia cruzou as fronteiras que separam o jornalismo da propaganda – passou a omitir tudo que, ou esteja fora do script da guerra semiótica criptografada (a usina produtora de crises Bolsonaro/Mídia e geradora de notícias dissonantes), ou que contradiga a atual estratégia de enaltecimento moral do empreendedorismo na massa de desempregados e desalentados: a fé de que é possível a força de trabalho se transmutar em capital com “otimismo”, “determinação” e superação”.

domingo, maio 19, 2019

Black blocs, Chomsky e o não-acontecimento do "manifesto do apocalipse" de Bolsonaro


Cadê os black blocs? De 2013 a 2016, em toda manifestação de rua, lá estavam eles fazendo poses épicas para câmera e cinegrafistas em meio a chamas e destruição, enquanto eram incensados por alguns pesquisadores e artistas como “linda anarquia” antiglobalização. Por que desapareceram? Onde estavam nas grandes manifestações de rua, no dia 15, por todo o País contra os cortes na educação? Talvez suas ausências tenham uma relação direta com o atual governo que ocupa Brasília, embora o “manifesto do apocalipse” compartilhado por Bolsonaro nas redes sociais aponte para um governo vítima dos “interesses corporativos”. Ironicamente, um “manifesto” escrito por um espécime do mercado financeiro com seus interesses bem corporativos – um “não-acontecimento”.  Sem black blocs, Bolsonaro responde às ruas através de um manifesto semioticamente criptografado para elevar o moral das milícias virtuais e reais. Numa estratégia de manter-se sempre no centro das atenções, seja como herói ou “boi de piranha”. Um discurso monofásico e repetitivo, como apontou o linguista Noam Chomsky em relação à estratégia midiática de Donald Trump, emulada por Bolsonaro.

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