domingo, agosto 30, 2020

Com Neuralink, Elon Musk quer privatizar a mente humana com interface bio-eletrônica


Quem assistiu ao filme “Matrix” deve lembrar de como o protagonista Neo (Keanu Reeves) aprendia lutas marciais pelo simples download de programas em sua mente. Pois essa realidade sci-fi está próxima, pelo menos para o bilionário tecnológico sul-africano Elon Musk. Depois de anunciar o envio de colonos a Marte com sua empresa SpaceX, agora através da sua nova empresa, a Neuralink, o empresário pretende fazer um “upgrade” na mente humana: criar a interface bio-eletrônica definitiva entre mente e a “nuvem” de inteligência artificial, criando o que chama de “telepatia consensual”. Por que? Para Musk, as máquinas nos ameaçarão no futuro, tornando a humanidade irrelevante. Por isso, devemos impulsionar nossas habilidades cognitivas, nos livrando da linguagem (signos, palavras, símbolos etc.) ao nos conectar diretamente nas “nuvens de bites”. Musk fez esse anúncio numa live no Youtube nessa última sexta-feira em uma demonstração com três porcos. Para quê essa chicana pseudocientífica? Depois de querer privatizar Marte, agora Musk pretende privatizar a mente e a linguagem, atraindo a atenção de gigantes como Facebook, já interessada na Neuralink.

sexta-feira, agosto 28, 2020

Quando o eletromagnetismo abriu portas para estranhos mundos no filme "A Vastidão da Noite"

Estamos no final dos anos 1950. Há algo no céu nos arredores de uma pequena cidade em uma noite em que todos estão no ginásio assistindo à uma partida de basquete. Menos dois jovens em seus empregos noturnos: ele, na estação de rádio; e ela como telefonista da central da cidade. Rádio e telefone, eletromagnetismo e eletricidade: essas duas descobertas abriram a humanidade para o mundo desconhecido micro e macro (o quântico e o cósmico): e a possibilidade de formas de comunicação com outros mundos ou dimensões. O filme “A Vastidão da Noite” (“The Vast of Night”, 2019) capta essa atmosfera misteriosa que cercou o eletromagnetismo, desde 1899 quando o físico Tesla acreditou ter recebido sinais codificados vindos do espaço. Paranoia da invasão soviética na Guerra Fria, interferência da CIA, visitantes alienígenas, fantasias adolescentes, tudo envolve uma misteriosa transmissão de rádio que invade as linhas telefônicas naquela noite.

quarta-feira, agosto 26, 2020

Mídia corporativa sacrifica seus próprios repórteres à humilhação e lacração das esquerdas



Desde o chamado “escândalo da Wikipédia” em 2014, no qual os perfis na enciclopédia digital de Carlos Sardenberg e Miriam Leitão teriam sido adulterados pelo “Palácio do Planalto”, a mídia corporativa sacrifica seus jornalistas à humilhação pública para criar uma estratégia semiótica de “isenção”. Desde o primeiro dia de Governo Bolsonaro, docilmente os jornalistas se submetem aos “cercadinhos” e agressões do presidente, enquanto seus patrões se limitam a notas protocolares de indignação. E os editoriais passam o pano.  É o jogo do Consórcio Militar-Judiciário-Midiático que facilmente coopta as esquerdas: agora festejam a suposta “atuação inédita da oposição ao presidente nas redes sociais” - as mais de um milhão de mensagens uníssonas repetindo a pergunta “presidente, porque Michellle recebeu 89 mil de Fabrício Queiroz?”.  Apenas dão pernas às notas burocráticas da grande mídia e associações de imprensa. Como sempre, reativamente continua prisioneira da pauta agendada pelo Consórcio.

sábado, agosto 22, 2020

Série "Sl⌀born": a pandemia é uma profecia autorrealizável?


Uma pandemia global avança pelo planeta. Numa comunidade em uma pequena ilha no Mar do Norte as telas de TV mostram o drama que avança pelo mundo. Mas todos estão indiferentes, imersos em seus próprios problemas pessoais. Até que um veleiro abandonado encalha em uma das praias, mudando para sempre o destino da ilha: traz a cepa do vírus que fará aquela ilha fazer parte de uma crise sanitária global sem precedentes. A primeira temporada da série alemã “Slborn” (2020-) descreve de forma precisa e detalhada todas as consequências que estamos vivendo nos últimos meses – políticas, sociais e econômicas. Porém, as coisas ficam mais assustadoras quando sabemos que a série foi rodada e produzida no ano passado – em todos os detalhes, os episódios parecem antever a pandemia COVID-19. Ao lado do “Event 201” de 2019, vazamentos de informações da comunidade de inteligência do EUA e de outros filmes como Contágio (2011), “Slborn” seria mais uma peça de uma gigantesca profecia autorrealizável? Peça de um “Grande Reset” do Capitalismo? 

quarta-feira, agosto 19, 2020

Adnet e Hélio de la Peña revelam no Roda Viva o ardil semiótico da direita... e a esquerda ignora


A repercussão da participação do humorista Marcelo Adnet no Roda Viva da TV Cultura foi muito reveladora de como a esquerda ainda continua prisioneira da cilada semiótica armada pela guerra híbrida brasileira desde 2013. Como sempre de forma reativa, resolveu “lacrar” contra Marcelo Tas e sua pergunta sobre a posição de Adnet como humorista “de esquerda”. “Se serviu para alguma coisa, o Roda Viva confirmou que Marcelo Tas é idiota”, foi o tom reativo. Mas serviu sim! Só que a esquerda não percebeu. A oportuna pergunta do humorista Hélio de la Peña e a resposta de Adnet revelaram o segredo do ardil semiótico das estratégias da extrema-direita que a esquerda simplesmente ignora: a canastrice na política, desafiadora até para humoristas: quando os próprios políticos antecipam e emulam a charge política, neutralizando a crítica do humor. 

terça-feira, agosto 18, 2020

Em "Um Amor Inesperado" a quebra do elo geracional amplia a intransitividade do amor


O filme argentino “Um Amor Inesperado” ("El Amor Menos Pensado", 2018) aparentemente é mais uma comédia romântica, um subgênero marcado por clichês e personagens estereotipados. Mas essa produção mostra que ainda é possível fazer uma comédia romântica sofisticada para adultos. Quando o filho único deixa a casa para estudar na Espanha, seus pais chegam à conclusão que o único motivo para estarem juntos se foi. Síndrome do ninho vazio? O filme vai além das situações tragicômicas de um casal recém-separado em desventuras amorosas: coloca em questão como o esvaziamento da função de elo geracional dos pais potencializa duas facetas da condição humana: a angústia existencial e a intransitividade do desejo e do amor.

Cinegnose lança versão impressa do "Bombas Semióticas na Guerra Híbrida Brasileira (2013-2016)"


Por último, mas não menos importante... Finalmente saiu a versão impressa do livro “Bombas Semióticas na Guerra Híbrida Brasileira” (2013-2016): Por que aquilo deu nisso”. Junta-se à versão digital “Kindle Edition”, lançada primeiramente. Como os leitores deste Cinegnose sabem, o livro reúne de forma cronológica e narrativa a série de 52 postagens que o blog fez, acompanhando o dia-a-dia da guerra híbrida brasileira iniciada com as “Jornadas de Junho em 2013” e executada com o impeachment de 2016. 

domingo, agosto 16, 2020

Alguém ainda se espanta com os números Datafolha de Bolsonaro?

  

Os números do último Datafolha mostram que Bolsonaro bateu seu recorde de popularidade apesar dos mais de 100 mil mortos pela pandemia e as informações diárias sobre as “rachadinhas” do seu clã. Quem se espanta? Se os 150 reais do Bolsa Família deram certos por que não os 600 do auxílio emergencial? Só que não! Pelo menos não através das leituras apressadas e preconceituosas sobre um povo supostamente ignorante que se deixaria comprar. Como sempre, a Globo coloca a culpa nos nordestinos e a esquerda na “ignorância e alienação”. Mas uma pista para entender em profundidade esses números começa em uma matéria de 2016 do jornal “El País”: num bairro periférico de São Paulo, Lula e Doria Jr eram igualmente considerados “trabalhadores que começaram por baixo”. E se nunca tivemos um governo “de esquerda”? E se os motivos que elegeram Lula também foram os mesmos que levaram ao poder a extrema-direita de Doria e Bolsonaro? Será que a ideologia do mérito-empreendedorismo é a verdadeira motivação psicológica do auxílio emergencial numa sociedade precarizada e, finalmente, uberizada? Essa é a matéria-prima das operações psicológicas da atual extrema-direita – “alt-right”.

quinta-feira, agosto 13, 2020

Em "Coma" podemos ficar prisioneiros nas nossas próprias telas mentais

  

Num estilo semelhante ao conceito visual do filme “A Origem”, a ficção científica russa “Coma” ("Koma", 2019) apresenta um misterioso universo alternativo para onde vão as consciências de todos os paciente em estado de coma do planeta -  um mundo estruturado por redes neurais que desafiam todas as leis da física, reunindo memórias coletivas que criam um contínuo tempo-espaço que parece dobrar sobre si mesmo. Depois de um grave acidente, um arquiteto desperta nesse universo. Ele terá que compreender as leis que regem esse mundo para poder voltar ao mundo “real”. A forma como “Coma” desenvolve esse argumento aproxima-se dos clássicos temas da Teosofia (formas-pensamento no Plano Astral) e a noção de “sonho da consciência” do gnosticismo samaeliano. Principalmente como podemos nos tornar prisioneiros das telas mentais da nossa própria consciência. 

segunda-feira, agosto 10, 2020

Por que comemos pipoca no cinema?

 

Por que o impulso de comer pipoca no cinema? Ou em casa, assistindo a um filme em uma plataforma de streaming com um balde de pipoca ao lado? Por que a experiência do cinema é acompanhada pela pipoca? A história social da pipoca e a psicanálise do cinema nos ajudam a entender que essa conexão não é assim tão natural como imaginamos. No início, os cinemas resistiram à ideia de comer pipoca dentro da sala de projeção, enquanto espectadores escondiam os saquinhos nos bolsos. Desde as origens da sociedade do espetáculo (circos e feiras no século XIX) a pipoca tornou-se sinônimo de entretenimento. O impulso voyeurista de olhar para o que é exibido acompanhado pelo prazer oral da pipoca é um fenômeno psíquico que tem a ver com a própria lógica mercadológica da sociedade de consumo. A psicanálise do cinema pode ajudar a entender por que essa dupla cinema/pipoca funciona tão bem. 

sexta-feira, agosto 07, 2020

"A Casa da Praia": somos um pequeno ponto dentro de um Universo indiferente

 
O escritor de terror, fantástico e ficção-científica HP Lovecraft está em alta no cinema. Principalmente nesse momento de pandemia da COVID-19 que nos inspira para a essência do horror biológico: a desconfiança de que todo o Universo é indiferente à nossa existência e que podemos ser apagados facilmente da linha do tempo evolutiva desse planeta. “A Casa da Praia”(“The Beach House”, 2020) é mais uma produção que mostra que o cinema e audiovisual são verdadeiros sismógrafos do espírito do nosso tempo: inspirado em Lovecraft e Stephen King, esse terror indie acompanha um jovem casal que tenta se reconciliar num final de semana em uma casa de praia. O que pode dar errado? A descoberta de que as questões humanas são um pequeno ponto dentro da realidade biológica mutante e metamórfica. 

quarta-feira, agosto 05, 2020

Com Felipe Neto Fake News vira bomba semiótica


Combate às fake news voltou à pauta da grande mídia depois de anos de silêncio desde o hipe de 2016 e a omissão durante a campanha presidencial de 2018. Volta à pauta com um garoto propaganda: o youtuber Felipe Neto, a versão digital de Luciano Huck em seu momento mercadológico de reposicionamento de discurso, fazendo “mea culpas” e dizendo que “leu muito” e mudou de opinião. Com o influenciador digital, convidado por Rodrigo Maia para debater o tema no Congresso, a grande mídia volta a repercutir o combate às fake news como mais uma bomba semiótica: desviar o foco da atenção do respeitável público para os malvados favoritos de sempre – o “gabinete do ódio” do clã Bolsonaro e as buchas de canhão do “Brasil profundo”. Desviar do quê? Da embaraçosa questão de quem financia as caras táticas digitais e que o Projeto de Lei das Fake News faz parte de um movimento em pinça: hoje, enquadra os perfis “fascistas”. Amanhã, será a mídia alternativa de oposição. Tudo dentro da legalidade. Como sempre, “em defesa da Democracia”.

sábado, agosto 01, 2020

Série "Dark" Temporada 3: uma luz gnóstica no fim da caverna


A terceira e última temporada da série “Dark” (2017-2020) confirma aquilo que todos suspeitavam: toda a complexidade da narrativa está repleta de “paradoxos de inicialização” ou aquilo que em Física chama-se CTC – Closed Timelike Curve – linha de tempo fechada, inspirada em clássicos como “Em Algum Lugar do Passado” (1980). Como, então, os criadores da série poderiam dar uma solução aos ciclos aparentemente infinitos sem criar um final aberto e com muitas pontas soltas? Assim como nos acostumamos a ver em muitas séries do gênero, desde “Lost”. A luz no final do túnel (ou da caverna, no caso) foi a mitologia gnóstica: uma releitura de Adão e Eva do Paraíso bíblico e a Criação como um acidente. E o estranho mundo da mecânica quântica como a confirmação da secreta suspeita dos gnósticos: o Universo é imperfeito por ter sido obra de um acidente cosmológico.

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