Loren Coleman, pesquisador norte-americano em Sincromisticismo e os
chamados “efeitos copycat” midiáticos, dá um “alerta vermelho” para o mês de
abril. O quarto mês do ano historicamente é marcado por “coincidências
significativas”. Homicidas e terroristas parecem querer conferir notoriedade a
seus atos ao aproximá-los de datas marcadas por acontecimentos tragicamente
históricos, dentro de um efeito de imitação (efeito copycat). Também como
evento planejado e roteirizado para produzir rendimento midiático, a votação do
impeachment em abril também guarda “coincidências” que acabam se tornando muito
significativas. As diversas coincidências no planejamento das datas da votação
do impeachment sugerem que poderíamos estar diante de um evento que vai para além da Ciência Política para entrar no campo esotérico da Parapolítica.
Em uma sociedade tão midiatizada como a atual, os fatos não podem apenas
acontecerem: precisam ser emblemáticos, icônicos, simbólicos para ganharem
notoriedade no contínuo midiático e se transformarem, de fato, em notícia e,
quem sabem, em História.
A esses fatos que disputam a atenção das mídias para poderem existir,
alguns pesquisadores chamaram de “pseudo-eventos” (Daniel Boorstin),
“eventos-encenação” (Umberto Eco) ou “não-acontecimentos” (Jean Baudrillard).
Em comum nesses conceitos está a natureza de acontecimentos vazios porque
perderam a espontaneidade – são planejados para o timing midiático, incitados
para facilitarem a logística de cobertura e plantados nas reuniões de pautas
das redações.
Não é novidade para ninguém que, desde o escândalo do Mensalão, o seu
julgamento no STF e, finalmente, o rali da Operação Lava Jato, os
acontecimentos foram roteirizados de acordo com o tempo da cobertura midiática:
prisões sendo executadas em feriado prolongado, vazamentos e delações às
vésperas de finais de semana para as revistas semanais repercutirem etc.
Mas há uma novidade com a aproximação dos capítulos finais (o desfecho
do impeachment da presidenta Dilma) de um processo iniciado há 10 anos, desde
que o deputado Roberto Jefferson denunciou, indiciado na CPI dos Correios, a
existência de um “mensalão do Lula” no Congresso.
Com a divulgação de que a votação do impeachment estaria planejado para
o período entre os dias 11 e 21 de abril (com direito a extensa transmissão ao
vivo no domingo, dia 17, antecipando datas de jogos dos campeonatos regionais
de futebol), o evento começa a ficar cercado de coincidências e sincronismos
envolvendo as datas e o próprio significado histórico do mês, abril.
Parece que, além de alinhar as etapas finais do processo de impeachment
ao timing midiático, o evento (ou “evento-encenação”, “pseudo-evento” etc.)
pretende criar também conexões significativas para torná-lo simbólico e
emblemático. Fazer o impeachment ter uma força para além de naturalmente midiática
(para pressionar os deputados indecisos e criar o efeito manada do já ganhou): uma força simbólica e oculta a partir de conexões no campo do sincromisticismo no oceano de pensamentos. Campo onde, em determinadas condições, eventos sedimentam-se em
egrégoras e arquétipos capazes de produzir “conexões significativas” que dão a acontecimentos políticos e sociais a força de repercussão dentro da psicologia de massas.
Vamos entrar no controvertido campo da chamada
hipótese sincromística e do também chamado “efeito copycat”, efeito de imitação
produzido pela onipresença midiática.
A hipótese sincromística
Loren Coleman é um dos mais reconhecidos pesquisadores sobre a hipótese
sincromística. Sociólogo e psicólogo, Coleman busca no seu blog Twilight Language “conexões
significativas” entre eventos aparentemente aleatórios. Ele procura
significados ocultos em “coincidências”, onomatologia (estudo dos nomes) e
toponímia (estudo dos nomes dos lugares).
Explicando melhor: busca padrões e coincidências significativas que
envolvam nomes, lugares, datas, comportamentos etc.
Coleman vem alertando para o “perigo da zona vermelha do mês de abril”.
Para ele, o quarto mês do ano tornou-se um campo minado de rememorações de aniversários e
lembranças de eventos trágicos que acabam inspirando indivíduos violentos,
homicidas e suicidas facilmente vulneráveis a influências de efemérides ou
datas, muitas vezes relembrados pela própria mídia.
Datas podem ser causas extremamente ocultas no desenrolar de incidentes,
mas podem se tornar estímulos para mais eventos como “efeitos copycat” de
imitação – em busca da notoriedade de seus atos, atores sociais desde loucos e
homicidas até manipuladores políticos podem secretamente inscrever suas ações
nesse “oceano de pensamentos” que busquem energia nessas egrégoras ou
arquétipos em um Plano Astral.
Como no mundo real são fatos vazios (não-acontecimentos) porque
destinados à difusão imediata pelas mídias pela busca de notoriedade ou impacto,
precisam injetar neles essa energia sincromística presente em datas ou períodos
do ano. E o mês de abril é um período fértil, onde desde já as últimas semanas
vem apresentando estranhas “coincidências”
As “coincidências” de Abril
(a) Dia 17 de abril, data marcada para a votação do
impeachment na plenária da Câmara dos Deputados”, é marcado pela trágica
lembrança do massacre de Eldorado dos Carajás onde 19 sem-terra foram
massacrados pela Polícia Militar do Estado do Pará.
No último dia 7 desses mês, dois sem-terra morreram em confronto do MST
com policiais em um acampamento no Norte do Paraná.
Convém lembrar que o possível impeachment da presidenta poderá mergulhar
o País na violência com o levante de protestos por movimentos sociais – de qualquer
maneira, seria uma situação desejável para a geopolítica internacional do
petróleo onde os EUA veriam mais um membro dos BRICS mergulhar no caos
econômico e político. Estaríamos diante de uma “coincidência significativa”?
(b) A data de 17 de abril também é marcada pela infame
e famosa Invasão da Baia dos Porcos, quando um grupo de exilados cubanos
financiados e treinados pela CIA tentou derrubar o governo de Fidel Castro em
1961. Mais uma coincidência significativa sobre a importância dos últimos acontecimentos
para a geopolítica?
(c) O dia de 21 de abril é colocado como data limite
para o rito do impeachment. Mais uma data significativa para a história
brasileira – é a data do enforcamento do líder dos inconfidentes mineiros
Tiradentes no Brasil Colonial. E também data da morte do presidente eleito
indiretamente Tancredo Neves, avô do atual senador Aécio Neves, candidato
derrotado pela atual presidenta e um dos articuladores políticos do
impeachment.
Também convém lembrar que o domingo do dia 21 de abril de 1985, data da
morte de Tancredo Neves, foi uma data controversa para muitos naquele momento.
Era um domingo de extensa cobertura ao vivo do Instituto do Coração de São Paulo.
Convenientemente, o anúncio da morte foi em pleno horário nobre do programa Fantástico da TV Globo (22h23). O Timing
e conveniência fizeram muitos analistas desconfiarem de que o presidente já
estava morto há dias, esperando a data significativa de 21 de abril para
anunciar o falecimento e torná-lo num evento emblemático e histórico em pleno
horário nobre televisivo.
Da mesma forma como o presidente da Câmara Eduardo Cunha conseguiu
antecipar a votação para o dia 17, um domingo, quando provavelmente também o
desfecho das votações será no horário nobre do Fantástico da Globo – a emissora mais interessada na queda de Dilma
por motivos principalmente comerciais ao ver a chegada do Google e Facebook
ameaçar a mudança do perfil publicitário que tanto a favorece – sobre isso clique aqui.
(d) Dentro desse período determinado para a votação do
impeachment (11 a 21 de abril) está uma sombria data que, para Loren Coleman,
inspira muitos homicidas e loucos a cometerem atentados: o aniversário de
Hitler no dia 20 de abril. Sincronismo perturbador, sabendo-se que na
verdadeira caixa de pandora que a oposição parlamentar abriu para angariar
militantes pró-impeachment, entre eles estão neo-nazis e carecas vistos nas
manifestações empunhando socos ingleses com bandeiras de São Paulo ou com
dizeres “Fora Dilma”, “Hate” (Ódio) ou “Proud” (Orgulho) urrando dizeres como
“Comunistaaaaa! Vai pra Cubaaaaa!”.
Isso sem falar em um grupo do Movimento Brasil Livre em protesto
anti-Dilma em Santa Catarina fazendo saudação nazi com a indefectível camisa da
CBF.
E também lembrar que ratos foram soltos durante a CPI da Petrobrás no
Congresso quando o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, entrou no plenário para
prestar depoimento no dia 09 de abril. O responsável foi um servidor do
vice-presidente da Câmara que também trabalhou como secretario parlamentar do
Paulinho da Força. Essa tática de terror era comum entre os militantes nazistas
na década de 1930 – por exemplo, na estreia do filme Nada de Novo no Front (1930, filme considerado “judeu-americano”),
nazis jogaram também ratos na plateia do cinema.
(e) Massacre da Escola Columbine nos EUA (morte de 13
pessoas) em 1999 e na Johan Fuster School nas proximidades de Barcelona em 2015
(uma professora morta e quatro feridos) também no dia 20.
Para Loren Coleman, são típicos exemplos do efeito copycat de imitação
pela data do aniversário de Hitler, o que torna o mês de abril perigoso
(“alerta vermelho”) ao inspirar outros incidentes: o atentado a bomba na
Maratona de Boston em 2013 (sobre a característica sincromística do atentado clique aqui), o massacre de Virginia
Tech em 2007 onde um atirador matou 33 pessoas, o atentado a um desfile da
família real da Holanda em 2009 quando um motorista avançou contra o público
matando oito pessoas – mais um efeito copycat: o motorista tinha a cabeça
raspada no estilo do anti-herói homicida feito por Robert De Niro em Taxi Driver (1976).
(f) E o que torna o impeachment mais emblemático é que
1 de abril culminou com os fatos que levaram ao Golpe Militar em 1964 e a
deposição do presidente eleito João Goulart.
Efeito Copycat e Parapolítica
Todas essas “coincidências” que envolvem o mês de abril e o período de
votação do impeachment seriam importantes dentro do Sincromisticismo,
principalmente porque o evento foi deliberadamente organizado para favorecer uma
extensa cobertura midiática tentar torna-lo emblemático, simbólico e histórico.
Por que a “escolha” do mês de abril para o desenlace de uma crise
política que se arrasta há 10 anos? Seguindo os pressupostos do
Sincromisticismo podemos formular duas hipóteses:
(1) Efeito
Copycat
O impeachment no mês de abril seria ideal pela força simbólica e notoriedade histórica
que a imitação trás. No final, é essa notoriedade que homicidas e terroristas
buscam ao aproximar seus atos a datas que foram marcadas por fatos históricos.
Em suas mentes ao mesmo tempo calculistas e delirantes pretendem tomar emprestado
pelo menos um quinhão desses simbolismos para que seus atos conquistem um
importante espaço no continuo midiático.
(2) Hipótese
esotérica ou Parapolítica
O Sincromisticismo parte de um princípio
Teosófico ou esotérico: o tecido da realidade seria formado por uma trama de
acontecimentos que se conectam no tempo e espaço, criando um “oceano de
pensamentos” onde em dadas circunstâncias sedimentam-se em egrégoras e
arquétipos, criando “formas-pensamento”. Essas conexões criarão “coincidências
significativa” que darão energia psíquica a novos acontecimentos que por sua
vez produzirão cadeias de eventos que reforçarão esses verdadeiros “nós”
pré-existentes no Plano Astral da humanidade, marcando com força simbólica
certos dias ou meses do ano. Portanto nessa hipótese esotérica, a força
política do evento do impeachment é retirada do plano das formas-pensamento.
O que significa que certos políticos são mais do que operadores e
negociadores de questões terrenas. Seriam como magos negros capazes de
intuitivamente direcionar eventos políticos ao encontro desses “nós” no tecido
da realidade. Daí, sairíamos da Ciência
Política para entrarmos no campo da Parapolítica.
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