Mostrando postagens com marcador Nietzsche. Mostrar todas as postagens
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sábado, março 23, 2019
Ressentimento de excluídos alimenta massacres dos zumbis na nova ordem global
sábado, março 23, 2019
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Incels” (Celibatários Involuntários), “Hominis Sanctus”, PUA (Pick-up Artists), formas violentas de socialização masculina (macho alpha etc.) e uma variedade de pseudociências e conspirações LGBTs e feministas contra os homens formam um ecossistema de informação de fóruns e chans da Internet e Deep Web que se transformaram em “exército psíquico de reserva” – usina de ressentimento e ódio que alimenta ataques e massacres como em Toronto, Realengo, Suzano e Nova Zelândia. Um exército de zumbis à espera de cripto-comandos, sejam presentes em videogames ou em discursos de extrema-direita de um Trump ou de um Bolsonaro. Nova ordem global representada pela ascensão do nacionalismo de direita na qual o capitalismo precisa eliminar ou “reciclar” os excluídos (aqueles que nem para serem explorados servem mais). Os que não forem eliminados pelas políticas de redução populacional, tornam-se doadores psíquicos de ressentimento que legitima o Estado policial e militar – aparelho repressivo necessário num cenário de pulverização de garantias e direitos sociais.
domingo, dezembro 09, 2018
A civilização se enxerga no abismo no filme "Cold Skin"
domingo, dezembro 09, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Nietzsche nos alertava que quanto mais olharmos para o abismo, mais ele se parecerá conosco. A co-produção Espanha/França “Cold Skin” (2017), do diretor Xavier Gens, vai desenvolver esse insight do filósofo alemão em um mix de Nietzsche (o abismo da não-razão que espelha a razão humana), Charles Darwin (monstros de uma ilha que parecem negar as leis da evolução) e o horror ao estilo de H. P. Lovecraft com elementos do fantástico. Um meteorologista vai trabalhar em uma ilha nos confins da Terra para lá encontrar o operador de um farol em uma guerra particular com criaturas humanoides que parecem negar toda a racionalidade humana representada nas leis evolucionistas. O simbolismo das luzes do farol que tenta iluminar as trevas é o das luzes da razão humana. Mas, como sempre, o homem esquece que essas mesmas luzes também produzem sombras.
segunda-feira, março 26, 2018
Nietzsche explica "O Mecanismo": série explora o veneno psíquico nacional do ressentimento
segunda-feira, março 26, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O diretor José Padilha rebate às acusações de “Fake News” à série brasileira
Netflix “O Mecanismo” alegando que é uma obra de ficção: uma “dramatização” da
Operação Lava Jato. Porém, como obra de ficção, Padilha atirou no que viu e
acertou no que não viu: sem a prisão de Lula, planejada para a semana do
lançamento de “O Mecanismo”, a série foi deixada por si mesma. Sem o apoteótico
final que a impulsionaria, a série revelou ser feita do mesmo material de
propaganda indireta da atual guerra híbrida brasileira – o envenenamento
psíquico pela doença do ressentimento. Como narrativa ficcional, “O Mecanismo”
nada mais é do que uma tentativa de transformar ressentimento, ódio e
frustração dos protagonistas em valores estoicos, nobres e patrióticos. A
grande “virtude” de “O Mecanismo” é ser uma prova de como a “doença do
ressentimento”, a “condição mais perigosa do homem” para Nietzsche,
transformou-se em matéria-prima de propaganda política indireta.
domingo, setembro 24, 2017
A gnose de um fantasma em "A Ghost Story"
domingo, setembro 24, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Muitas religiões falam de um ponto entre
a vida e a morte no qual vagam, entre os vivos, fantasmas daqueles que por
algum motivo não conseguem deixar esse mundo. Mas “A Ghost Story” (2017) nos
apresenta um fantasma diferente: um jovem morto prematuramente coberto por um
lençol como um fantasma de Halloween. Um observador silencioso preso a uma casa
que vê moradores chegando e mudando-se. Um filme sobre a percepção do tempo e a
permanência. O que o prende naquela casa, silenciosamente observando os vivos?
Talvez, os mesmos motivos que fazem os vivos serem prisioneiros dessa vida, sem jamais alcançarem a gnose. E
como as questões nietzschianas como a morte de Deus e o eterno retorno permeiam
a angústia existente tanto nos vivos como nos mortos. Outro filme sugerido pelo nosso intrépido leitor Felipe Resende.
sábado, setembro 23, 2017
Resposta ao post "Sexo e Luto: Nietzsche, Wagner e as músicas mais tocadas nas rádios brasileiras", por Elvis Silva
sábado, setembro 23, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Publicamos o comentário do nosso leitor Elvis de Almeida
Silva sobre a recente postagem desse Cinegnose de 17/09/2017 “Sexo e Luto: Nietzsche,
Wagner e as músicas mais tocadas nas rádios brasileiras” como um artigo, pela
sua riqueza de informações e argumentos que ajudam a detalhar aspectos
polêmicos da postagem anterior. Principalmente a afirmação de Nietzsche de que
“Wagner é uma neurose” e sua implicações com o nazismo. Uma discussão
importante para entendermos como a moderna indústria do entretenimento consegue
absorver tudo aquilo que em dado momento na arte e na cultura foi vanguardista,
inovador e arrojado. Para depois ser padronizado e estereotipado.
domingo, setembro 17, 2017
Sexo e luto: Nietzsche, Wagner e as músicas mais tocadas nas rádios brasileiras
domingo, setembro 17, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Se até a
explosão do sertanejo e forró eletrônicos as músicas vivam no trinômio Festa,
Sexo e Amor, hoje a parada de sucesso parece viver uma atmosfera mais sombria: de
um lado, nas letras, processos de lutificação (perdas, separações etc.); e do outro
acumulação de uma tensão sexual neurótico-compulsiva. Se revisitarmos as
críticas que Nietzsche fez ao seu ex-amigo, o compositor Richard Wagner,
veremos que guardam uma similaridade com os tempos atuais. Nietzsche via na
música de Wagner uma arte feita para o “homem doente de si mesmo”, que
necessita de três estimulantes psíquicos para sobreviver numa cultura decadente: “a
brutalidade, o artifício e a candura idiotizante”. A estrutura musical da
música de Wagner (leitmotiv, cromatismo extremo etc.) foi precursora da moderna
música de sucesso da indústria cultural. Portanto, na atual trilha musical da
crise brasileira podemos encontrar os elementos Wagnerianos
denunciados por Nietzsche – fragmentação, a sedução, a memória sobreposta a
expressão das emoções, repetição e previsibilidade, o artifício, a brutalidade. Seriam os sinais de uma caminhada para
a “décadence” e niilismo similares a de uma Alemanha que Nietzsche via
caminhando a passos rápidos para o abismo nazi-fascista?
terça-feira, setembro 05, 2017
Poder, Nietzsche e fast food no filme "Obediência"
terça-feira, setembro 05, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O telefone toca
e uma estressada gerente de uma lanchonete fast food ouve a voz de um policial
avisando que uma atendente da loja roubou dinheiro de uma cliente que veio
prestar queixa. Nas próximas horas ela cegamente obedecerá as ordens de um
suposto policial ao telefone para além dos limites dos seus valores e
consciência. Baseado num caso real absurdo e bizarro em uma lanchonete
McDonald’s nos EUA, o filme “Obediência” (“Compliance”, 2012) narra como a
tendência humana de ceder à autoridade leva a atitudes tão irracionais como os
maiores crimes da História: nós apenas sempre “obedecemos ordens”. Se para
Nietzsche a consciência é a principal fonte de enganos como o medo e o espírito
gregário, “Obediência” politiza esse insight do pensador alemão: as organizações
sociais e corporativas verticalizadas nos tornam ainda mais vulneráveis. Mais
uma sugestão do nosso indefectível leitor Felipe Resende.
domingo, junho 11, 2017
Os deuses estão mortos e as mulheres empoderadas em "Alien: Covenant"
domingo, junho 11, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Como sempre, um filme da franquia "Alien" se promove colocando em destaque a figura do monstruoso predador
xenomorfo. Mas em “Alien: Covenant”(2017) o monstro é apenas uma isca para atrair
o sadismo do público. No filme a figura do predador foi colocada em segundo plano para o
diretor Ridley Scott fazer um acerto de contas com a mitologia que começou com
“Alien” de 1979 através da figura do androide David. Assim como em “Blade
Runner” com o replicante Roy, David rouba a cena simbolizando o nosso fascínio
por frankensteins e golens. Mas também terror: e se a criatura ganhar inteligência e alma e também nos considerar como
deuses e tentar fazer, da mesma maneira, o caminho de retorno aos seus
criadores? E se ele se decepcionar conosco, assim como nós que matamos nossos próprios deuses?
Ao mesmo tempo, as recorrentes mulheres empoderadas de Scott (Ripley, Shaw e,
agora, Daniels) tomam as rédeas de uma ordem masculina amoral e decadente,
ironicamente derrotada por um predador que mais parece um símbolo fálico
hiperbólico. E o pano de fundo preferido de Scott: um Universo sem propósito ou
sentido que observa a tudo indiferente.
quarta-feira, maio 03, 2017
Xamanismo, viagem no tempo e fenômenos quânticos em "Tiempo Muerto"
quarta-feira, maio 03, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O filme argentino “Tiempo Muerto” (2016) é
mais uma incursão do cinema atual no tema da viagem do tempo, mas por um viés
bem particular – loops temporais e paradoxos como obstáculos para a “segunda
chance” que possa alterar a linha do tempo. Inconformado com a morte da sua
esposa, o protagonista contrata um “tempo morto” – um estranho ritual que
envolve xamanismo, ocultismo e fenômenos quânticos. Tempo, psiquismo e memórias
são contínuos que esbarram em um traço da natureza humana: a compulsão a
repetição. Sem conseguirmos seguir em frente, ficamos neuroticamente fixados em
experiências de prazer ou dor no passado, repetindo a cena do trauma. Quem sabe
pensando que um dia o Titanic não afunde.
domingo, dezembro 20, 2015
Curta da Semana: "Treevenge" - a vingança das árvores de natal
domingo, dezembro 20, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Nessa época do ano surgem na Internet várias listas de filmes que fazem paródias com muito humor negro sobre o espírito do Natal. O curta canadense “Treevenge” (2008) é mais um exemplo – pinheiros arrancados da floresta por cruéis lenhadores para serem explorados no mercado de decorações natalinas planejam uma sangrenta vingança contra os humanos. Além da crueldade, os humanos ainda adoram as bregas músicas natalinas. O que irrita ainda mais os pinheiros que veem sua dignidade perdida aos serem transformados em árvores de natal no canto de uma sala de jantar qualquer. Por trás do horror trash de “Treevenge” há ainda mais: Nietzsche e o espírito de Natal transformado em valor agregado dos produtos.
domingo, outubro 18, 2015
Curta da Semana: "From The Big Bang To Tuesday Morning" - a História é evolução ou eterno-retorno?
domingo, outubro 18, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A História humana é evolução? Decadência? Ou eterno-retorno? Será que o
paletó e gravata já estavam à espera do homem, só aguardando que ele surgisse
na face do planeta para, no final, enforcá-lo? O Big Bang eletrônico da TV só repetiu como farsa o Big Bang primordial? Essa é a sutil ironia e
perplexidade do curta “From The Big Bang To Tuesday Morning” (2000) do animador
canadense Claude Cloutier. O Curta dessa semana do “Cinegnose”.
quinta-feira, junho 04, 2015
Nietzsche se encontra com Inteligência Artificial no filme "Ex Machina"
quinta-feira, junho 04, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O roteirista e escritor Alex Garland (autor do livro “The Beach”, com versão cinematográfica em 2000) faz uma sombria estreia como diretor no filme “Ex Machina” (2015). Sombria porque, ao contrário da tradicional abordagem cinematográfica sobre a Inteligência Artificial (entre a apologia e o apocalipse tecnológico), Garland apresenta uma abordagem verossímil e atual, onde a IA é o resultado de uma singularidade produzida pelo chamado Big Data produzido pelas redes sociais, celulares e dos algoritmos de busca de uma empresa chamada Blue Book – em tudo análoga ao Google. Tão verossímil que se torna assustador: a IA surgirá como um fenômeno pós-humano orientado apenas pela "Vontade de Potência", no sentido atribuído pelo filósofo Nietzsche – um ser unicamente governado pela vontade de realizar-se como potencia em si mesma, para além do Bem e do Mal, tornando o homem uma primitiva ferramenta de linguagem. E esse novo ser é um androide feminino. Filme indicado pelo nosso leitor Felipe Resende.
sábado, março 29, 2014
A filosofia do ressentimento em "Um Homem com Duas Vidas"
sábado, março 29, 2014
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um olhar tragicômico
sobre o ressentimento. Com uma complexa narrativa repleta de flash backs onde
memórias e fantasias se misturam (marca registrada do belga Jaco Van Dormael,
diretor do filme “Sr Ninguém” de 2009), “Um Homem Com Duas Vidas” (Toto Le
Héros, 1991) conta a história de Thomas, um homem que acredita que a sua vida
foi roubada e, com a ajuda de um agente secreto imaginário chamado Toto, pretende
vingar-se. Embora a constelação de afetos que formam o ressentimento (raiva,
inveja, amargura e vingança) seja tratada pelo filme de forma leve e cômica, a
complexidade narrativa que funde o passado com o presente levanta uma questão central:
o esquecimento. Freud e Nietzsche deram respostas diferentes: para o pai da
psicanálise o esquecimento negaria a chance de compreender o passado enquanto
para Nietzsche era a única chance de nos libertarmos das garras do
ressentimento. Além de levantar esse tema “Um Homem Com Duas Vidas” ainda vai
conectar o ressentimento individual com o social ao mostrar como as memórias de
um super-herói midiático se confundem com memórias e fantasias da infância.
O diretor belga
Jaco Van Dormael já é conhecido por esse
blog pelo filme Sr. Ninguém (Mr.
Nobody, 2009) onde o protagonista vê a sua vida como um gigantesco hipertexto
com diversos futuros alternativos e luta contra os eventos aleatórios que podem
interferir no livre-arbítrio das decisões.
Um Homem com Duas Vidas (Toto Le Héros, 1991) marcou a estreia do diretor em longa metragens.
Situada em um futuro próximo, Van Dormael nos conta a história de um homem
idoso chamado Thomas que olha para trás na sua vida através de uma espécie de
fluxo de consciência construído por um complexo mosaico de flash backs intercalado com fantasias de como os acontecimentos
poderiam ter sido diferentes.
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