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sábado, setembro 24, 2022

Grande mídia quer aceitar vitória de Lula com custo semiótico o mais alto possível


Diante de uma bancada de “isentões” que acreditam estar vivendo num processo eleitoral absolutamente normal, no “Roda Viva” da TV Cultura, o cientista político Steven Levitsky, autor do livro “Como as Democracias Morrem”, pediu que os brasileiros “acordem”. Para evitar uma crise, seria necessário “uma oposição massiva e uma vitória no primeiro turno”. O oposto da atual estratégia do jornalismo corporativo: dentro do script da “normalidade” que executa, agora os “colonistas” defendem um “debate transparente com propostas”. Falam que a polarização está impedindo um “debate com propostas” e numa vinheta os apresentadores do JN aparecem folheando as páginas da Constituição. Jogo de cena para dar pernas à “terceira via” e arrastar a eleição para o segundo turno. No qual será cobrado um custo semiótico o mais alto possível à vitória de Lula.

sábado, setembro 10, 2022

Morte da rainha evita pânico semiótico do jornalismo corporativo


“Saída pela direita!”, dizia o Leão da Montanha naquele velho desenho animado da Hanna-Barbera. Parece que o espírito do felino animado possuiu o jornalismo corporativo que viu na morte da Rainha Elizabeth II a saída mais rápida do pânico semiótico após o Sete de Setembro protagonizado por Bolsonaro: o forçoso desgaste do malabarismo semiótico que teria que despender - como normalizar, neutralizar e diluir os crimes eleitorais em série que o chefe do Executivo cometeu no suposto desfile cívico militar? Como, mais uma vez, executar o script da normalidade e dizer que “as instituições estão funcionando”? Saindo rapidamente pela direita, jornalistas e “colonistas” mergulharam no infotenimento + viralatismo para deixar tudo esfriar. Porém, criou a prova do pudim para si mesma: como mostrar ao vivo as psyOps de Bolsonaro para depois dizer ser contra? Como defender pautas identitárias sem disfarçar o fascínio por uma monarquia colonialista, racista e genocida?

sábado, setembro 03, 2022

No discurso midiático da polarização, a vítima também é culpada por "polarizar"


Diante da adversidade de ver Lula livre dos cárceres da PF de Curitiba, a grande mídia rapidamente buscou uma mais-valia semiótica: criou o discurso da “polarização” – Lula livre faria crescer a “radicalização”, atrapalhando as “reformas” que fariam a economia “crescer”. O discurso da polarização criou toda a mitologia da “terceira via”: o bom-senso, o nem-nem, e toda uma associação de ideias que desmoraliza a política e a militância, enaltecendo o “suprapartidário” e o “ativismo social”. Nesse ano eleitoral, o discurso da polarização ganha novos sentidos estratégicos: empoderar a terceira via para forçar um segundo turno (no qual o consórcio PMiG e grande mídia apontarão seus tradicionais canhões semióticos) e reforçar a pedagogia do medo ao associar a violência política com a polarização – na qual a própria vítima é também culpada por “polarizar”. E mantendo as ruas vazias e as esquerdas presas ao jogo da judicialização. 

sábado, agosto 27, 2022

Entrevista de Lula no JN: Globo subliminarmente prepara o front 'se ganhar, não vai governar'


Lula foi impecável e vibrante. Mas para aqueles que ainda lembram do jornalismo de guerra da Globo, com seus “colonistas” e âncoras no modo “pitbull hidrófobo espumando de raiva” foi surpreendente o comportamento de Bonner e Renata Vasconcellos: uma espécie de fastio ou previsibilidade nas perguntas, como se estivessem fazendo um condensado ou “digest” de todos os clichês dos anos de guerra híbrida: corrupção, MST, Venezuela, Cuba... Na verdade, diante da ascensão irresistível de Lula, a Globo desistiu de confrontá-lo. A entrevista parece que serviu para um outro propósito subliminar: o reforço de pressupostos que servirão de munição para um hipotético segundo turno e além: “foi inocentado, mas não é inocente”; o presidencialismo de coalizão é intrinsecamente corrupto; polarização política inevitavelmente gera ódio e violência. Nas entrelinhas, a entrevista visou outra coisa: a desmoralização da Política. Para a grande mídia o front agora é outro: se ganhar, não vai governar!

Certamente os leitores devem lembrar da entrevista da então dupla de âncoras do Jornal Nacional, William Bonner e Fátima Bernardes, entrevistando Lula em 2006, no Palácio da Alvorada, em plena crise do mensalão. Foram 11 minutos que se transformaram numa discussão de Bonner com o presidente, batendo o bumbo apenas no tema corrupção. Discussão que no auge do conflito o âncora teve que ser sutilmente contido por Fátima Bernardes, interrompendo o ímpeto inquisidor do companheiro de telejornal – atiçado pelo Diretor de Jornalismo da emissora, Ali Kamel.

Como, também, não lembrar do indefectível croma key com aquele duto enferrujado jorrando dinheiro, que emoldurava cada vazamento seletivo dos procuradores da Lava Jato ao telejornal da Globo.

Mais ainda, uma edição inteira do Jornal Nacional em 2018 fazendo pressão pela prisão de Lula para sua imediata retirada da eleição presidencial – na oportunidade, Bolsonaro virou a única opção emergencial com o derretimento do candidato Alckmin, a primeira opção da grande mídia, da banca financeira e da Faria Lima.



Portanto, esperava-se que mais uma vez os poderosos canhões semióticos da Globo seriam apontados e disparados contra Lula na bancada do Jornal Nacional nesta quinta-feira. Todos os lados do espectro político estavam ansiosos por uma entrevista que poderia ser um ponto de viragem nesse tardio início de campanha eleitoral – aliás, por que, a cada eleição, as campanhas começam cada vez mais tarde e estão progressivamente mais “engessadas”?

O que se viu na quinta foi Lula relaxado, confiante, assumindo as rédeas da entrevista e criando espaços para demonstrar toda a sua experiência de governo quando presidente da República. Sua estratégia de demonstrar que era mais do que um candidato, mas um estadista, deu certo.

Mas o que realmente surpreendeu (partindo do Grupo Globo que foi uma das peças-chave em todo esforço na guerra híbrida brasileira em detonar diariamente bombas semióticas cujo resultado foi colocar as classes médias de verde e amarelo nas ruas empoderada pelo protofascismo do “Brasil profundo”) foi o tom preguiçoso e, até certo ponto, protocolar da dupla de âncoras do JN.


Entrevista do JN com Lula em 2006


Nada parecido com os anos de “colonistas” e apresentadores de telejornais que, atiçados pelo ponto eletrônico, pareciam pitbulls hidrófobos espumando de raiva. Pelo contrário, o percurso das perguntas foi previsível. Mais parecido como um grande condensado de todas as pautas anti-Lula dos anos de guerra semiótica, do Mensalão ao Petrolão da Lava Jato.

A entrevista

A entrevista começou com Bonner dizendo “o senhor não deve nada à Justiça, MAS vamos falar sobre corrupção”. A utilização da conjunção coordenada adversativa “mas” subliminarmente introduzia a principal tese de Merval Pereira e outros comensais da emissora: a de que Lula é foi inocentado, mas não é inocente. A ideia de que Lula não deve mais nada à Justiça graças a “tecnicalidades” ou “filigranas jurídicas”.

Este humilde blogueiro esperava que essa abertura da entrevista seria o ponto de partida de mais jogo pesado dos sabujos âncoras da casa, atiçados por Ali Kamel no ponto eletrônico.

Porém, o que se viu foi um previsível roteiro: diversas tentativas de cortar as falas de Lula para quebrar o raciocínio do entrevistado (modus operandi de entrevistas com “esquerdistas”), além dos temas “clássicos”: “E a Dilma, hein?”... “E a Venezuela, hein?”... “E Cuba, Hein?”... “E o MST, hein?”. Um previsível apanhado de todos os clichês que se esperaria para cercar Lula. Mas tudo o que ficou foi uma sensação de déjà vu.

Claro que as tentativas de corte de raciocínio deram erradas, devido ao rolo compressor discursivo do entrevistado – naquela noite, Lula estava particularmente inspirado.

Até ocorreram tímidas tentativas de trazer alguma novidade discursiva – temas que deveriam ser abordados com Bolsonaro, como orçamento secreto e intervenção na PF, foram jogados contra Lula.



 Agora sabemos que esses e mais outros temas como a corrupção de Michelle e dos filhos foram tirados da sabatina de segunda-feira num acordo com a Globo, como revelou o jornalista Ricardo Noblat: “"Nada de Fabrício Queiroz, rachadinha, mansão milionária de Flávio em Brasília, depósitos na conta de Michelle e coisas afins", escreveu Noblat. Afinal, Bolsonaro sabe dos dois calcanhares de Aquiles da emissora: a renovação da concessão da Globo ainda esse ano e o nome de Dario Messer (o “doleiro dos doleiros”, escrito na mão de Bolsonaro) que em delação afirmou que lavava dinheiro dos irmão Marinho, donos da Globo – clique aqui.

Jogo subliminar

Parece que o verdadeiro jogo da entrevista foi mais subliminar, o de reforçar certos pressupostos que servirão de munição, principalmente para um cada vez menos hipotético segundo turno ou mesmo vitória de Lula: 

(a) Insistiram com a pergunta “que lição o PT tirou?”, variação do “foi inocentado, mas não é inocente”;

(b) Lula será prisioneiro do grande mal do presidencialismo: o “toma-lá-da-cá”. Seu destino será repetir o mesmo jogo político de Bolsonaro com o Centrão.

(c) Ambos, Bolsonaro e Lula, são os dois lados da “polarização”, que gera ódio e violência – aliás, cobrado de Lula quanto à militância do seu partido. Como se a primeira vítima não fosse um quadro do PT, assassinado por um militante bolsonarista em Foz do Iguaçu.

Essa é a pedra de toque ideológico do jornalismo da Globo: a desmoralização da Política.


A pedra de toque ideológica: a Política é intrinsecamente corrupta


Lula foi hábil em, educadamente, mostrar para Renata Vasconcellos que isso não é “toma-lá-dá-cá”, é “usurpação do poder”: Bolsonaro não manda mais no País, mas sim Arthur Lira e seu orçamento secreto. Isso não é um mal inerente ao presidencialismo de coalizão, mas a oportunidade de Bolsonaro construir sua base de sustentação política às custas da renúncia do próprio poder Executivo – e acrescentaria, para a construção da base de sustentação do Partido Militar e o seu golpe militar híbrido cujo desfecho ocorreu em 2018.

Por que pedra de toque ideológica? Com a irresistível ascensão de Lula, a Globo desistiu de confrontar diretamente o líder petista, como fez em todos os anos de guerra híbrida. Agora, a questão é negar in totum a Política: o jogo político mostrado para a patuleia como irracional, viciado e intrinsecamente corrupto. Política é aquilo que atrapalha a racional gestão dos “mercados” (eufemismo para designar a banca financeira), afasta investidores estrangeiros e assim por diante.

Como os “colonistas” da casa martelam diariamente, ano eleitoral só atrapalha a Economia. Principalmente quando o País tenta a retomada econômica pós-pandemia – a “Pandemia”, o álibi para todos os crimes econômicos do anarcocapitalismo de Paulo Guedes.

Em suma: de um lado tivemos uma performance vibrante e impecável de Lula que soube aproveitar a oportunidade depois de anos de invisibilidade (pelo menos para o jornalismo corporativo); e do outro uma espécie de fastio ou preguiça de Bonner e Renata Vasconcellos, transformando o roteiro da entrevista em um condensado ou “digest” de todos os clichês de anos de jornalismo de guerra.

Agora o front é outro: se Lula ganhar, NÃO VAI GOVERNAR.

 

 

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quarta-feira, agosto 24, 2022

Entrevista do Jornal Nacional revela o domínio total de espectro da guerra híbrida



O mais importante na entrevista de Bolsonaro no JN não foram os seus 40 minutos, mas o que veio depois: de ponta a ponta no espectro político, dos QGs de campanhas às forças políticas, todos acharam que venceram. Por que essa espiral interpretativa? Porque há algo de anômalo que vai muito além do dito popular “cada um puxa a brasa para sua sardinha”: o domínio total de espectro do consórcio Partido Militar/Grande Mídia que conseguiu impor o script de normalização “as-instituições-estão-funcionando”. Por isso, o que chamou a atenção na entrevista foi o que não foi questionado a Bolsonaro: crimes de responsabilidade, inconstitucionalidade dos militares fiscalizando eleições, procrastinação da PF e Judiciário diante das provas semanais que o presidente cria contra si mesmo. Essas entrevistas e debates engessados dos candidatos na TV só podem acontecer sob um horizonte de eventos simulado: o da simulação da normalidade democrática, aceita por todo o espectro político.

quinta-feira, julho 14, 2022

'Medida Provisória': racismo como guerra cultural com as digitais do padrão Globo Filmes


Assim como foi em “Que Hora Ela Volta?” (2015), “Medida Provisória” (2020), dirigido por Lázaro Ramos, é mais um filme cujo padrão Globo Filmes é o suficiente para diluir um conteúdo potencialmente crítico e corrosivo. Um filme cuja repercussão se deve mais a fatores extra-fílmicos (um país com governo militarizado e de extrema-direita) do que por suas qualidades estético-cinematográficas. Fazendo a crítica confundir uma suposta crítica social com análise fílmica. Com narrativa maniqueísta e estereotipada, “Medida Provisória” reduz a questão racial ao confortável campo dos valores e da guerra cultural, desviando do texto teatral original “Namíbia, Não!”. Confortável para quem? Daí entra os fatores extra-fílmicos: a repercussão de um filme em ano eleitoral cujo viés involuntariamente (pelos menos para diretor e roteiristas) se alinha ao discurso da guerra cultural que agrada a própria extrema-direita. 

sábado, julho 09, 2022

A bomba autorrealizável da PEC; Brasil renitente de Olivetto; infotenimento demite Casagrande


Com o fim da “esperança branca” da Terceira Via, restou para a grande mídia Bolsonaro mesmo! Porém, não está fácil. Depois de passar esses últimos anos acusando o chefe do executivo de ser negacionista, extremista, golpista e mostrar “colonistas” chorando ao vivo pela morte de pessoas sem UTIs durante a pandemia, como apoiar Bolsonaro? Como evitar expor a jogada de “morde-assopra” da mídia nos últimos tempos? A ansiosa e impaciente cobertura da mídia corporativa pela aprovação da “PEC Kamikase” é a reedição de uma psyOp que deu certo no golpe de 2016:  a bomba semiótica autorrealizável, executada em três fases que a grande mídia tentará pôr em ação até as eleições – aparência, percepção e crença. Enquanto isso, o Brasil renitente do velho milagre econômico da ditadura militar (que se aliou com o Brasil Profundo), e que pariu a publicidade brasileira, dá as caras: um artigo inacreditável de Washington Olivetto em “O Globo”. E, por fim, a demissão de Casagrande da Globo, pelos 75% de aumento das verbas publicitárias de Bolsonaro na Globo e o domínio do infotenimento no jornalismo.

sábado, julho 02, 2022

Continuamos com a corda no pescoço, mas... deixamos de discutir Economia


O filósofo José Arthur Giannotti escreveu certa vez: “Nunca se discutiu tanto Economia entre nós. Pudera, estamos com a corda no pescoço”. Isso foi em 1984. Hoje, continuamos com a corda no pescoço. Mas a Economia desapareceu da pauta da grande mídia. PMiG (Partido Militar Golpista) e grande mídia convergem na mesma estratégia semiótica: a guerra permanente informacional militar cria semanalmente crises que ajudam a ocultar a crise econômica sistêmica que a grande mídia embaralha com estratégias semióticas de pulverização, deslocamento, naturalização e despolitização. Telecatchs de Bolsonaro contra a Petrobrás e PF e o fusível queimado de Pedro Guimarães na Caixa ajudam a pulverizar a relevância de qualquer debate econômico e, do outro lado, dá munição à grande mídia para esconder a crise econômica debaixo do tapete e tornar como fato consumado a agenda de privatizações.

sexta-feira, maio 20, 2022

Bandeira "woke exploitation" da TV Globo não passa da página dois


Ao vivo, com imagens aéreas, o telejornal local da TV Globo acompanhou a reintegração de posse no Centro de São Paulo: sob a truculência de escudos e armas antimotim da PM, 250 famílias foram despejadas às vésperas do dia mais frio do ano. Em sua maioria, mulheres e crianças negras, pobres. A cobertura foi anódina, sem repercussão nacional, apesar do termômetro do jornalismo da emissora, o dominical Fantástico, ter se convertido em um show de “woke exploitation” e as questões identitárias terem tomado a pauta. A bandeira woke da emissora não passa da página dois: negros, trans, mulheres etc. podem se organizar, protestar e levantar suas bandeiras. Tudo, menos fazer a mesma coisa no campo político da luta de classes por direitos civis e econômicos. No fundo, é uma estratégia de comunicação casada com a de Bolsonaro: empurrar as eleições para a guerra cultural. Mas também, outras pautas da grande mídia não têm passado da página dois: a terceira via e a urgência climática da União Europeia.

sábado, maio 14, 2022

Grande mídia cria realidade paralela econômica



Inflação, desemprego e fome estão diariamente nas manchetes da grande mídia. Mas isso não significa que, finalmente, a crise econômica está repercutindo no jornalismo corporativo. É possível ocultar a realidade, mesmo mostrando aquilo que se deseja ocultar. Torções nos números e malabarismos semióticos estão fazendo surgir insólitas realidades paralelas: no mundo macroeconômico, em média tudo está bem; e no cotidiano microeconômico acompanhamos “flagelados” de alguma catástrofe natural bem longe da economia: pandemia, guerras, clima etc. “Flagelados” à espera da privatização da miséria: o voluntariado de ONGs e entidades assistenciais que completam o fechamento operacional se um sistema que faz a Economia perder seu próprio objeto. 

sexta-feira, março 25, 2022

Um mês de cobertura da guerra na Ucrânia revela clichês e mascara "video news releases"


A cobertura midiática da guerra na Ucrânia completou um mês e já demonstra as mazelas de todas as coberturas extensivas, de Olimpíadas a conflitos como esse no Leste europeu: a obrigação de cumprir o mesmo script por um tempo tão longo expõe a recorrência de clichês e contradições retóricas e das condições em que os fatos são reportados: a retórica da “guerra de narrativas”; civis mortos vs. apologia à resistência civil; o silencioso mascaramento da utilização de vídeo news releases nos telejornais; hipernormalização da tragédia com o pianista ou violinista mais próximo; a avaliação “sobrenatural” do poderio militar russo vs. fracasso militar russo; a retórica metonímica da “guerra nuclear” etc. Porém, o maniqueísmo midiático não faz a pergunta principal: quem ganha com a guerra? O jornalismo corporativo quer ocultar que tanto Biden como Putin ganham, dentro da atual agenda do Grande Reset Global.

sexta-feira, março 18, 2022

Efeito Heisenberg midiático torna São Paulo e Ucrânia estúdios de TV a céu aberto


O que há em comum entre uma cratera que quase parou a Linha 11 da companhia de trens de São Paulo e mercenários brasileiros que ingenuamente facilitam a localização da ciberinteligência russa por postarem, nas redes sociais, fotos e clipes ao som de “Tropa de Elite”? Um efeito midiático que praticamente transforma acontecimentos em estúdios de TV a céu aberto: o “Efeito Heisenberg” – a mídia já não consegue transmitir os fatos, mas o impacto que a cobertura produz nos próprios fatos. Na verdade, o tempo todo ela cobre a si mesma. Enquanto a “alternativa técnica” da Prefeitura para tapar a cratera provocou cenas catastróficas de enchentes na região da Zona Leste de São Paulo, a vaidade das poses heroicas em busca de likes atrai os mísseis russos. O Efeito Heisenberg ilustra muito bem o potencial efeito letal da grande mídia em guerras híbridas.  

sexta-feira, fevereiro 25, 2022

Hollywood ao resgate da Ucrânia: guinada geopolítica dos EUA e primeiro dominó multipolar



The Last Minute Rescue! Hollywood vem ao resgate da Ucrânia! Em meio à destruição das suas forças armadas sob a blitzkrieg russa, o presidente-ator-comediante Vlodimir Zelensky arrumou tempo para a canastrice diante da câmera de outro ator: Sean Penn, que faz um documentário sobre a crise ucraniana. Aparentemente nenhuma novidade: Hollywood é o braço imaginário armado dos EUA. Apenas aparentemente: por trás há uma guinada geopolítica dos EUA, iniciada com a saída do Afeganistão. E agora, abandonando a Ucrânia à própria sorte, como isca para atrair a guerra territorial russa. Mas não sem antes render uma boa mais-valia semiótica: a construção da narrativa da Guerra Fria 2.0 – Putin como um nostálgico da velha União Soviética. Uma guinada geopolítica que abandona a tática “boots on ground” para se dedicar à guerra híbrida e cibernética. Diante de uma nova ordem mundial multipolar que, por exemplo, prejudica as sanções contra a Rússia: se acontecerem, poderão ser o primeiro dominó da desdolarização da economia mundial.

sexta-feira, fevereiro 11, 2022

Fusíveis queimados e estratégia militar de terra arrasada: PMiG e grande mídia no modo Alarme


A chamada “terceira via” não engrena, mais precisamente o ex-juiz Sérgio Moro. E junto vai embora a esperança de que o espinhoso tema da economia saísse de pauta, substituído pelo discurso moralista do combate a corrupção. Por isso a grande mídia está no modo Alarme: o “apito de cachorro” da polêmica do “racismo reverso” do artigo da Folha foi o alerta para a mudança da estratégia semiótica: sai corrupção, entra a “guerra cultural”. Colocando a guerra híbrida do PMiG (Partido Militar Golpista) no “Piloto Automático”, com os fusíveis pronto para serem queimados com figuras como Monark e a sub-celebridade ex-BBB Adrilles Jorge – fusíveis queimados para ocupar a pauta com lacradores de redes sociais, juristas de Twitter e a indefectível esquerda reativa pavloviana. Principalmente para ocultar a estratégia militar de “terra arrasada”: silenciosamente passar no Congresso pautas prioritárias que arrasem o País. Para deixar um eventual governo Lula prisioneiro da judicialização.

sexta-feira, janeiro 28, 2022

Operação psicológica militar: a construção da mitologia Olavo de Carvalho


Como uma biruta de aeroporto, Olavo de Carvalho, falecido esta semana aos 74 anos, sentiu a mudança dos ventos geopolíticos: o tour global das “primaveras” da guerra híbrida da dupla Obama-Biden. E o Brasil seria o próximo alvo. Estancado na periferia do conservadorismo brasileiro, Olavão viu a oportunidade de surfar na onda alt-right norte-americana e virar um elemento na psyOp do golpe militar híbrido: foi levado ao estrelato como o “guru de Bolsonaro” e “ideólogo da extrema-direita brasileira”. De início, incensado pela grande mídia como “brilhante pensador” e faixas “#Olavo tem razão” nas manifestações verde-amarelas. Para depois, passar para a fase “o guru da ala ideológica do Governo” para blindar uma suposta “ala técnica” das políticas neoliberais. Mesmo depois de morto, a operação psicológica continua: “Olavo de Carvalho deixou um legado”, para racionalizar (ou normalizar) as alopragens políticas de Bolsonaro e seus agregados. 

sábado, janeiro 22, 2022

BBB22, racismo reverso e minissérie 'Caso Celso Daniel': grande mídia liga o modo Alarme



Nessa semana a grande mídia entrou no modo “alarme”: eleições, tudo bem! Mas não mexam na política econômica! Afinal, foi necessário muito jornalismo de guerra para fazer o País entrar na periferia do Grande Reset Global: o capitalismo de plataforma, o neocolonialismo high-tech. Por isso, o jornalismo corporativo sente a urgência de sumir com a pauta econômica em ano eleitoral, apesar da “recessão técnica” – eufemismo para falar de desemprego, inflação etc. BBB22 na Globo, a polêmica identitária do racismo reverso da Folha, o indefectível caso Celso Daniel sempre requentado num ano eleitoral, agora em minissérie da Globoplay. E, fechando a semana, o segredo de polichinelo da rachadinha com “depoimento-bomba” da Veja. Bater na tecla diária de que a pandemia e as “mudanças climáticas” conspiram contra a economia não é o suficiente. É necessário tentar dominar a pauta com os temas alt-right das guerras culturais e o moralismo do combate à corrupção – estratégia semiótica para criar convenientes polarizações.

sexta-feira, dezembro 24, 2021

Vitória de Boric, jantar Lula-Alckmin, fundo eleitoral: eventos sincrônicos da despolitização


Lula e Alckmin se reúnem em jantar de fim de ano do Grupo Prerrogativas em São Paulo; o ex-líder estudantil Gabriel Boric vence eleições no Chile, dois anos depois da onda de protestos que varreu o país e abriu as portas para uma nova Constituição; sob escândalo moralista da grande mídia, Congresso aprova o bilionário Fundo Eleitoral. Esses três eventos dessa semana podem estar distantes no tempo ou no espaço. Mas são significativamente sincrônicos: a vitória de Boric no Chile é o contraste com o desenrolar dos efeitos da guerra híbrida no Brasil - judicialização e despolitização do sistema partidário com a crise da representação política e a emergência dos “partidos-Estado” mantidos por fundões partidários e eleitorais. Desconectados da sociedade que, bestificada, assiste às “concertações” e “freios de arrumação”.  Enquanto isso, a estratégia comunicacional vitoriosa de Boric no segundo turno “Un millón de puertas” ecoa divisores de água da história das teorias de comunicação... algo fora dos propósitos dos partidos-Estado brasileiros.

quinta-feira, dezembro 09, 2021

A operação psicológica Lula-Alckmin e um conto identitário de Natal


Se para o PT a chapa Lula-Alckmin está ainda em discussão, para a grande mídia já é realidade: “pode definir a eleição”, diz colunista de “O Globo”. Por que a grande mídia está tão entusiasmada com a aliança? A primeira pista está no destaque midiático dado pelo arquivamento pelo MPF da acusação contra Lula no caso do Triplex, após a grande mídia ficar em silêncio em todas as vitórias judiciais anteriores do ex-presidente. Há uma típica psyOp militar em andamento: dissonância cognitiva – é mais fácil enganar alguém convencendo-o de que está certo, ao invés de dizer que está errado. “Lula-Alckmin” legitima estratégia de Moro para fugir dos incômodos temas econômicos que deveriam ser discutidos no campo da economia política. E não sob o discurso do justiçamento moralista da corrupção. Também o ex-juiz conta com o discurso do identitarismo, apropriado pela grande mídia, como demonstra um verdadeiro conto de Natal distópico e identitário narrado pelo jornalismo corporativo nessa semana.

quinta-feira, dezembro 02, 2021

Guerra semiótica eleição 2022: microtargeting, marketing invisível e armadilhas para esquerda

O bem-sucedido encontro de Lula com lideranças europeias forçou a grande mídia a antecipar a campanha eleitoral 2022. Não sem antes encontrar um plot no qual pudesse encaixar o “tour” do ex-presidente, depois do orquestrado silêncio midiático. Um plot composto por uma narrativa, uma futura bomba semiótica guardada no bolso do colete, e uma armadilha que poderá custar caro para a esquerda – primeiro, forçar o “isomorfismo semiótico” Bolsonaro/Lula (os dois seriam os dois lados de uma mesma moeda) para transformar o ex-juiz Moro no candidato antissistema que enfrenta ex-condenados e ex-indiciados da Lava Jato (a dobradinha Lula/Alckmin cairia como uma luva para Moro...). Segundo, a armadilha: fazer a esquerda acreditar que Moro vai dividir votos da direita. Errado! O ex-juiz visa a “maioria silenciosa” por meio do corpo a corpo digital e presencial (microtargeting e marketing invisível) já em atividade, que vai muito além do primarismo dos “disparos de massa” investigados tanto pelo STF quanto pelo STE.

quarta-feira, novembro 03, 2021

A presunção da catástrofe da COP 26: engenharia de consenso do Capitalismo Verde


É mais fácil imaginarmos o fim do mundo do que o fim do Capitalismo”, disse certa vez Fredric Jameson. Por quê? Basta uma olhada nos títulos de filmes sci-fi nas plataformas de streaming e a retórica metonímica diária dos telejornais: acompanhamos a engenharia do consenso em torno de uma presunção da catásfrofe – as mudanças climáticas e o esgotamento dos recursos naturais estão levando à destruição do planeta! Mas não do Capitalismo, que vê na crise a repetição de uma velha lógica descrita por Marx e Weber: a pressuposição subjetiva da escassez gera valor. Esse é o pressuposto do “Capitalismo Verde” ou “Green New Deal”: o problema não está na sociedade, está numa Natureza tão frágil que precisa de ajuda: iniciativa privada, financeirização mas, principalmente, socializar as perdas e privatizar os ganhos. Três pequenos contos relacionados com a COP 26 mostram isso: o clichê “Ethno World” dos organizadores da Conferência, a carreata de 85 veículos de Joe Biden pela ruas de Roma e a “galhofa” de um diplomata norte-americano.

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