sexta-feira, fevereiro 16, 2024

Bolsonaro-Tamagotchi NÃO pode ser preso! Deve ser esquecido


Bolsonaro NÃO pode ser preso! Calma! Esse humilde blogueiro não trocou de lado. Hoje a grande mídia faz a pergunta para os indefectíveis especialistas: “Bolsonaro pode ser preso?” Ela já está calculando a mais-valia semiótica que ganhará com a prisão. Como parte de uma Operação Psicológica de guerra híbrida da inteligência das Forças Armadas: todas as etapas do projeto manchuriano Bolsonaro (iniciado em 2014) podem ser encontradas no “Manual de Campanha de Operações Psicológicas” do Estado-Maior do Exército, de 1999. Tal como aquele bichinho virtual, o Tamagotchi, que precisava ser alimentado, a Op Psi Bolsonaro precisa ser alimentada midiaticamente, através da hipernormalização do jornalismo corporativo. Tamagotchi morria quando era esquecido. Esse é o único antídoto contra esse golpe militar híbrido. Mas como esquecer (isto é, pular fora de uma agenda criada pelo próprio inimigo) se a própria mídia progressista está sendo alegremente conduzida para esse desfecho?

Os leitores mais velhos desse humilde blogueiro lembram daquela espécie de animal de estimação virtual japonês chamado “Tamagotchi”. Lançado em 1996, era um game boy que consistia em cuidar de um animalzinho virtual como se fosse real, dando-lhe carinho, comida, banho, e outros cuidados virtuais. Numa versão avançada o bichinho poderia até se reproduzir...

Professores foram os primeiros a expressar preocupação com a nova mania. Alertavam que as demandas constantes do pequeno Tamagotchi interrompiam as aulas e distraiam a atenção dos trabalhos escolares, levando escolas a banir o produto. Isso quando crianças não se deprimiam com a morte do seu pet eletrônico, organizando velórios em cemitérios virtuais.

Tamagotchi não foi um mero brinquedo curioso e pitoresco, mas a cabeça de ponte de uma ofensiva para o desenvolvimento das estratégias de economia da atenção em uma World Wide Web seminal.

Da economia da atenção à inteligência na Guerra Híbrida, há uma linha de continuidade. Como podemos atestar aqui e agora: Bolsonaro e seu clã são os novos Tamagotchis, tão virtuais quanto: são seres que vivem, respiram e se reproduzem em um ecossistema midiático e digital. Foram criados pelos programas de infotenimentos graças as suas falas bizarras que se confundiam com humor politicamente incorreto. Enquanto cresciam à sombra dos proventos públicos e hipernormalização do jornalismo corporativo.

Como o famoso bichinho virtual, Bolsonaro precisa ser alimentado. Mas não com comida e carinho. Mas com raiva, indignação e muitos clickbaits em postagens nas redes sociais e matérias jornalísticas contra, a favor ou “neutra” (hipernormalizadora).

Desde que Bolsonaro foi lançado com um candidato manchuriano em 2014, em cerimônia na AMAN (Academia Militar das Agulhas Negras), tal como um Tamagotchi, se fortaleceu no ecossistema eletrônico-digital. Ganhando atenção, gerando polêmicas, cometendo sincericídios, fixações escatológicas, praguejando, ameaçando... até receber a facada (o cume midiático) e ser eleito em 2018.

Consolidou-se o golpe militar híbrido (que, parece, ninguém viu) e o governo de ocupação militar da máquina do Estado – mais de cinco mil ocuparam todos os níveis. Com STF, TSE, eleições democráticas e com tudo.



Mas um problema se interpôs ao golpe militar híbrido: o candidato manchuriano Bolsonaro é um ser virtual. Como um Tamagotchi governaria um país? Gerir uma nação significa implementar políticas públicas, ser o fiador de projetos e iniciativas de ministros, defender interesses geopolíticos nacionais etc.

Tornar visível à opinião pública essa agenda significaria viver num ecossistema midiático ultrapassado – propaganda, meios de comunicação de massa, agências de publicidade, marketing político tradicional. Tudo isso que Tamagotchi nos anos 1990 e Bolsonaro a partir de 2014 deixaram para trás.

O ecossistema de Bolsonaro é outro: não é mais a esfera pública clássica, mas o contínuo midiático atmosférico - contínuo amorfo sensível aos impactos das bombas cognitivas ou semióticas, capazes de “irritar” as bolhas solipsistas criadas pelas redes sociais e motores de busca na Internet. Propaganda tradicional seduz e persuadi. No contínuo midiático atmosférico se LACRA.

Bolsonaro não pode governar

Portanto, a estratégia da inteligência militar foi que Bolsonaro não governaria. A contrário, tomando o caos como método tornou-se uma usina de crises. Com a ajuda do ativismo digital alt-right.

Se o leitor tiver a paciência de fazer uma retrospectiva, praticamente toda semana Bolsonaro e seu ministério detonavam algum tipo de crise: clã Bolsonaro denuncia o “golden shower” dos blocos de carnaval, Bolsonaro queixando-se de “caneladas” de algum ministro, ministro xingando o presidente da Câmara Rodrigo Maia de “Nhônho”,  Bolsonaro dizendo que “só existe democracia se as Forças Armadas quiserem”, Bolsonaro divertindo-se nas domingueiras participando de manifestações antidemocráticas pró-ditadura militar, constantemente ameaçando que “a corda está esticando” etc.

Derrotado na eleição de 2022, comanda uma série de movimentos que culmina no 08/1 – o parque temático do golpe, a simulação de uma tentativa de golpe para ocultar a incômoda verdade de que o golpe militar já tinha acontecido. 



Mesmo sem cargo e inelegível não sai das manchetes. Agora o holofote cai sobre as consequências das investigações sobre as crises semanais que Bolsonaro criou em seus quatro anos de governo – joias das arábias, reunião com embaixadores denunciando as urnas eletrônicas, minutas do golpe, discursos preparados supostamente para o pós-golpe etc.

Ele é um Tamagotchi. Precisa da atenção midiática e do ódio retaliatória das esquerdas, sedenta por justiça. Falem bem, falem mal... mas continuem falando sobre mim. POR QUÊ?

Se o leitor tiver ainda mais paciência, poderá checar o “Manual de Campanha de Operações Psicológicas” do Ministério da Defesa, Exército Brasileiro e Estado-Maior do Exército – lembrando que em 2002 o Exército criou o 1BTI Op Psic – 1o Batalhão de Operações Psicológicas, a única organização militar dessa modalidade de operação na América Latina. Diretamente influenciado pela doutrina de segurança da Atlantic Council (lobby americano de grande penetração no Departamento de Estado dos EUA) – clique aqui

Princípios de uma Operação Psicológica

Nesse Manual estão os princípios de ação de uma Op Psico que batem com todos os movimentos do nosso Tamagotchi/Bolsonaro:

(a) Credibilidade: o “público-alvo” deve ser levado a “acreditar” na mensagem. Claro que a verossimilhança dada a não-acontecimentos tão canastrões fica a cargo do jornalismo corporativo – através da cobertura e dos seus “colonistas” hipernormaliza toda e qualquer crise;

(b) Oportunidade: timing é um dos vetores principais dos não-acontecimentos. Como, por exemplo, a rodada de denúncias contra o ex-presidente e ações da PF antes do Carnaval. 

(c) Progressividade: “As ações a realizar devem ser escalonadas no tempo, segundo um ritmo adequado. Cada fase deve ter um ou mais objetivos definidos que contribuam para o sucesso da seguinte”. Tudo está sendo conduzido à desejável prisão de Bolsonaro. Como veremos, o ápice da Op Psico “Nem-Nem”: Bolsonaro terminando preso como Lula, os dois extremos políticos não desejáveis na busca de uma “direita limpinha”;

(d) Continuidade: “uma vez desencadeada, deve prosseguir sem interrupções até atingir o objetivo”, descreve o Manual. Mesmo com o ex-presidente inelegível e sem cargo, o show tem que continuar. Depois dos sucessivos spin-offs da facada (as sucessivas internações a cada crise política produzida por ele mesmo), agora os spin-offs do 08/1: depois da ação da PF contra o deputado federal Carlos Jordy (PL), por ex, a manifestação na Avenida Paulista dos verde-amarelos convocada por Bolsonaro;




(e) Coerência: “quebra de coerência pode destruir rapidamente a confiança adquirida”, diz o Manual. Por isso Bolsonaro tem sempre que dobrar a aposta. Se não, todo o script da grande mídia para dar verossimilhança à canastrice e overact de Bolsonaro cai por terra. A pauta jamais pode ser derrubada!

(f) Antecipação; (g) Ofensiva; (h) Flexibilidade; (i) Eficácia: esses quatro quesitos do Manual estão ligadas ao conceito desse humilde blogueiro de “alopragem política” (aceleração do tempo da política): a antecipação das crises antes da agenda do inimigo (a esquerda), a flexibilidade na compreensão de mudanças de conjuntura, a manutenção constante da ofensiva e a eficácia tem a ver com a aceleração do tempo político (tradicionalmente mais lento e litúrgico) para se equiparar ao tempo midiático – a necessidade constante de conteúdos (notícias, escândalos, polêmicas etc.), resolvida pela estratégia alt-right do caos como método. A alopragem política significa antecipação, aproveitando-se desse “ponto cego” midiático: a necessidade midiática do fluxo constante de conteúdos para audiência e engajamento;

(J) Unidade de Comando: diz o Manual: “A direção das Op Psico é centralizada no mais alto escalão, cabendo-lhe orientar e controlar todas as ações, já que decisões e interpretações diferentes podem anular, revelar ou contrariar todo o esforço realizado”. Esse é o pulo do gato da Op Psico militar: ela ser invisível, pois os holofotes sempre cairão em candidatos manchurianos como Bolsonaro, supostamente o líder de uma Organização Criminosa que tentava dar um golpe, enquanto tentava seduzir o Alto Comando... que escreve o script para Bolsonaro.


Porque não pode ser preso

Se Bolsonaro e seu clã são os fusíveis para serem queimados (lembrando que o papel de um fusível em uma instalação elétrica é ser queimado para manter a integridade da rede, isto é, da Op Psico) eles NÃO PODEM SER PRESOS.

(1) Prender Bolsonaro significa dar continuidade à Op Psico militar desde que foi desfechado o golpe militar híbrido de 2016 a 2018. Primeiro, porque apaga as digitais da historicamente recorrente intervenção das Forças Armadas no cenário político. O discurso da “OrCrim” da grande mídia (reproduzido pavlovianamente pela mídia alternativa) ajuda a hipernormalizar a performance canastrona de Bolsonaro e asseclas como o general Mauro Cid – aquele que é incapaz de deletar conteúdos sensíveis do seu celular. Uma incapacidade tão canastrona que o jornalismo corporativo tem que normalizar com o argumento de que fomos salvos de um golpe pela “incompetência” dos golpistas – imagine a dupla Bolsonaro/Mauro Cid como Dick Vigarista e Mötley na animação “Corrida Maluca” da Hanna-Barbera.

Segundo, a prisão é tudo o que um Tamagotchi que cresceu num ambiente virtual necessita: preso, não abandonará a ribalta. Apenas mais uma vez trocará de papel. Para o núcleo duro de extrema-direita, a força necessária para o moral ao ver seu mito martirizado. Um Tamagotchi alimentado pelo carinho de seus convertidos e pelo ódio retaliatório dos inimigos.

(2) A prisão definitivamente corrobora com a estratégia semiótica “Nem-Nem”. Agora, a defesa de Bolsonaro pede o afastamento de Alexandre de Moraes da investigação do golpe de Estado... assim como a defesa de Lula pediu ao STF a suspeição do juiz Sérgio Moro para julgar Lula em 2021.

A prisão supostamente espelharia as trajetórias de Lula e Bolsonaro (imagino os “colonistas” da grande mídia com as pontas dos dedos coçando para escrever análises sobre isso), encaixando Lula no script dos “radicalismos” equivalentes de extrema-direita e extrema-esquerda.   

A mais-valia semiótica da prisão de Bolsonaro: de um lado, mantém em alta rotação política um Congresso dominado pela extrema-direita e o núcleo duro dos apoiadores alucinados do Mito – lembrando que, segundo pesquisa Atlas, 32,8% dos entrevistados consideraram que destituição dos poderes do STF e a convocação de novas eleições após o segundo turno vencido por Lula “não representam ruptura democrática”.

E, do outro, abre uma janela de oportunidade semiótica para encontrar uma direita “limpinha” e sem “extremismos”. De qualquer forma, se der errado, sempre terá um Plano B, com o extremismo de direita aquecido pela prisão do Mito.

Portanto, a única solução possível contra esse ardil da Op Psico militar seria ESQUECER Bolsonaro, e não o alimentar virtualmente. O problema é que a grande mídia sabe que não pode esquecê-lo. Precisa dele preso com impactante cobertura midiática.

O duro é ver a chamada mídia progressista sendo conduzida alegremente para esse desfecho. Como comemora o jornalista Florestan Fernandes Jr.: “Bolsonaro preso, já separei minha gelada para comemorar”...

 

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