Da mesma forma como os recentes atentados em Paris, Berlim, Londres
etc., o incêndio seguido de desmoronamento do Edifício Wilton Paes de Almeida,
no Centro de São Paulo e ocupado por movimento de luta à moradia, está cercado de sincronismos, “coincidências
significativas”, recorrências, anomalias e evidente oportunismo pelo lucro
político e comercial da tragédia – grande mídia, interesses privados por trás
das chamadas “Operações Urbanas” e a construção de um novo inimigo interno com
o pós-Lula e o enfraquecimento do discurso do combate à corrupção: a
identificação do crime organizado (PCC) com os movimentos sociais. Seria tudo
um “não-acontecimento”, da mesma magnitude e propósito do incêndio do Reichstag
de 1933 que conduziu os nazistas ao poder?
"Para ganhar as ruas é necessário o terror"
(Joseph Goebbels)
Esse humilde blogueiro não acredita em coincidências. Principalmente em eventos que
assumem forte simbolismo político. Nesses casos temos sincronismos, ou
“coincidências significativas”.
Desde
o incêndio do Reichstag em 1933 na Alemanha, quatro semanas depois de Hitler
ser empossado chanceler, eventos trágicos cercados com coincidentes lucros
políticos (para os nazis o incêndio caiu como uma luva para incitar o
presidente Hindenburg a prender os suspeitos comunistas de sempre) passaram a
ser vistos com desconfiança.
Eventos
como o ataque japonês à base americana de Pearl Harbor em 1941 (abriu a
possibilidade para Roosevelt pegar a sua fatia na torta da guerra) ou o ataque
ao arranha-céu WTC em 2001 (deu a plena oportunidade para Bush rearticular toda
a política externa dos EUA no século XXI com a “guerra antiterror”), foram a posteriori chamados de false flags,
inside jobs ou “não-acontecimentos” (Jean Baudrillard) – sobre esse conceito clique aqui e veja links ao final.
E
aqueles que insistem em considerar que todos esses episódios foram “meras
coincidências” ou “fatalidades históricas”, chamam todas essas suspeitas de
“teorias conspiratórias”.
O
incêndio e desabamento de prédio com 24 andares na madrugada de primeiro de
maio no Centro de São Paulo começou a revelar nos dias posteriores seus
sincronismos, coincidências, recorrências e anomalias. Assim como nos atentados
na Europa nos últimos anos que convenientemente criaram mais plots para a
narrativa da guerra antiterror da mídia corporativa internacional.
Em
meio a todos os sincronismos, anomalias e recorrências que são revelados nos
dias subsequentes da tragédia arquitetônica (o edifício Wilton Paes de Almeida
era um marco da arquitetura modernista) e humana (o descaso do Estado com o
direito à moradia), aos poucos também vem sendo revelado o plot que o episódio
veio reforçar.
Um
plot já presente na intervenção militar no Rio de Janeiro: passado o PT e a corrupção como os grandes inimigos
internos, agora entra em cena o crime organizado – jornais Folha e O Globo
noticiam que a polícia de São Paulo vai investigar se o PCC controla os prédios
ocupados na cidade. Enquanto a grande mídia chama as ocupações de “invasões”
com viés criminógeno para os movimentos sociais.
Será
que o desabamento do prédio, que já foi ocupado pela Polícia Federal, é o incêndio
do Reichstag do governo do desinterino Temer?
Mas
vamos começar do início sobre este episódio tão significativo que já repercute
no Exterior: depois do incêndio seguido de desmoronamento de um edifício em
Teerã, fevereiro do ano passado, junto com esse episódio no Centro de São
Paulo, os opositores às teses do AE911Truth (Architets & Engineers for 9/11
Truth, organização com mais de dois mil engenheiros e arquitetos que defendem a tese de
uma demolição controlada no atentado ao WTC) veem no episódio brasileiro a
refutação das “teorias conspiratórias” dos ataques de 2001.
Mas
alguns membros do AE911Truth já encontraram anomalias no desmoronamento do
edifício paulistano, recorrentes nos episódios de Nova York e Teerã.
Das “coincidências significativas”
(a) De
365 dias no ano e de 70 prédios ocupados de uma área que se estende do Centro
velho até os Jardins (com prédios em situação análogo ou até pior que o do
Largo do Passandú) o sinistro atingiu exatamente o edifício Wilton Paes de
Almeida na madrugada de primeiro de maio, feriado do Dia do Trabalhador. A
ironia é que os ocupantes são trabalhadores sem tetos que viram o dia reservado
à sua homenagem dominado por uma catástrofe.
(b) E
não foi um prédio qualquer, mas uma joia arquitetônica tombado pelo Patrimônio
Histórico. A filha do arquiteto que projetou o prédio, Roger Smekhol,
preparava-se para gravar cenas sobre o prédio paulistano no seu filme. Segundo
Denise Smekhol, seria uma das dez obras brasileiras que apareceriam no
documentário – clique aqui.
(c) O
edifício fazia parte do cenário da segunda temporada de 3%, série brasileira da Netflix. O prédio degradado integra o
continente brasileiro futuro em que moradores estão imersos na miséria e
violência e sofrem de falta de água e alimentos. E submetido a um processo
seletivo meritocrático criado pela elite em que somente 3% conseguem escapar do
deserto brasileiro. Sugestivo, não? - sobre a série, clique aqui.
(d) A
tragédia humana ocorreu num primeiro de maio especial, marcado por mobilizações
“Lula Livre” em todo País. A principal e maior, em Curitiba. Local dos cárceres
da Polícia Federal.
(e) A
Polícia Federal ocupou o prédio paulistano por 33 anos. Lá estiveram diversos
prisioneiros ilustres como o escritor ganhador do prêmio Nobel da Paz, o
argentino Adolfo Pérez Esquivel, numa noite em 1981. Detenção tão impactante
quanto o incêndio do próprio prédio. E recentemente a visita de Esquivel a Lula
no cárcere da PF foi negada pela Justiça.
(f) A
tragédia ocorreu exatamente 15 dias depois da ocupação do MTST no famigerado triplex
do Guarujá. E imediatamente a grande mídia noticiou que a ocupação do edifício
era do MTST (e que ainda cobravam aluguel dos moradores), para posteriores
desmentidos. Mas a associação subliminar na memória da distinta audiência já
estava feita. Num ano eleitoral em que o líder do MTST, Guilherme Boulos, é um
dos presidenciáveis.
Das Recorrências
A
principal é que o incêndio no edifício Wilton Paes de Almeida é a repetição de uma
lista interminável de incêndios em favelas e terrenos ocupados na cidade – só
em um ano já foram contabilizados 200.
Por
exemplo, em um levantamento feito pela Rede Brasil Atual mostrou que fogo em
favelas é mais recorrente nas áreas de grandes intervenções voltadas à
valorização imobiliária, com construção de parques e avenidas. O mapa criado
pela pesquisa demonstrou a estranha “coincidência” em incêndios nas quatro
áreas de operações urbanas (instrumento de intervenção política no espaço
urbano, previsto no Estatuto da Cidade de 2001): Água Branca, Centro, Faria
Lima e Água Espraiada. E mais três que serão iniciadas: Lapa-Brás, Rio
Verde-Jacu e Mooca-Vila Carioca – clique aqui.
E os
incêndios seguem essas operações urbanas.
Nesse
contexto, o anúncio de um empreendimento residencial no Centro lançado
recentemente na rua Antônio de Godói seria mais uma “coincidência
significativa”: na imagem do folheto de propaganda foi eliminado digitalmente o
edifício Wilton Paes de Almeida, “limpando” a vista da região - veja imagem abaixo.
Embora
esse recurso seja comum em folhetos de construtoras (lindos e bucólicos
cenários para valorizar o empreendimento) o que chama atenção no anúncio é que
o empreendimento é tido como “o metro quadrado mais vantajoso do Centro”.
Mais
uma recorrência no mapa dos incêndios paulistanos que parecem apontar para uma
sinistra estratégia de higienização social.
Das anomalias
(a)
Brasileiros têm participado em fóruns de discussões do Reddit (site de mídia
social dos EUA) e o Metabunk.org (fórum de discussões dedicado à investigação
científica para desmascarar boatos e notícias) apontando anomalias no incidente
do Centro de SP. A primeira delas, de que nas mais de duas horas de incêndio,
os bombeiros nada fizeram para tentar apagar o fogo. Assistiam ao prédio arder,
procurando apenas salvar vítimas. Como se aguardassem a demolição para, depois,
fazer o rescaldo - clique aqui.
(b)
Engenheiros e especialistas do AE911Truth apontam para ejeções da parede
sudoeste do prédio nos segundos anteriores ao desmoronamento como ação de
pequenos explosivos (“nanothermites”), além de efeitos piroclásticos como
“súbitas acelerações”, “ejeções de poeira” que seriam indícios de uma demolição
controlada – clique aqui. Veja imagem abaixo.
Para
eles, nenhuma estrutura de aço e concreto pode ser derrubada unicamente pelo
fogo. E principalmente pelo desmoronamento vertical. Se houvesse desmoronamento,
seria gradual, numa trajetória excêntrica – para frente ou para os lados.
Ou
como declarou Jalal Maleki, bombeiro que combatia o incêndio no edifício
Plasco, em Teerã: “tudo estava sob controle, então, de repente e
inesperadamente, ocorreram duas ou três grandes explosões. E o prédio veio todo
abaixo...” – clique aqui.
Quem ganha?
(a) Grande Mídia:
O sinistro do edifício atenuou a tensão da atual política de
controle de danos pós prisão de Lula: depois de anos como verdadeiro partido de
oposição, açodando grupos de extrema-direita para criar a crise política que
culminou com o impeachment e a prisão de Lula, agora às pressa a grande mídia
tenta aparentar imparcialidade com o discurso de que “a lei é para todos” e muito conteúdo "politicamente correto" no jornalismo e entretenimento. Chegando até a criar uma
“cinderela de esquerda” no reality BBB18 (clique aqui).
Forçosamente
a mídia corporativa teria que abrir espaço às manifestações “Lula Livre” nos
telejornais no Dia do Trabalho dentro da atual política de controle de danos. A
tragédia do incêndio e desmoronamento literalmente serviu de cortina de fumaça (desculpe o trocadilho...) diversionista à inevitável tensão política do dia primeiro de maio.
Enquanto
seu jornalismo com o viés de busca de “vítimas e heróis exemplares” (o bombeiro
que tentou salvar a vítima que despencou junto com o desmoronamento) para
supostamente humanizar a cobertura, no chão os repórteres davam o toque de
higiene social: enquanto as câmeras mostravam o drama humano dos sem tetos
dormindo ao relento junto com seus poucos pertences, o repórter da Globo
preferia destacar o lixo acumulado por eles no Largo do Paissandú.
Numa
cobertura digna dos cinejornais de propaganda nazista fazendo a cobertura dos
judeus no Gueto de Varsóvia na II Guerra Mundial.
(b) Interesses privados nas Operações Urbanas:
Depois da tragédia, noticia-se que
os 70 edifícios ocupados pelos movimentos por moradia serão vistoriados por
agentes da Prefeitura. Para levantamento de riscos de incêndios. Blitz com o
óbvio objetivo de acelerar as desapropriações, agora com um poderoso álibi.
E
agilizar as Operações Urbanas para a especulação imobiliária. Assim como
apontam as conexões entre a “megaoperação da cracolândia” da Prefeitura e o
projeto “Nova Luz” que começa exatamente ao lado dos quarteirões da chamada
“Cracolândia” (clique aqui). Mas aqui não há incêndios, por não ter nada
para ser queimado. A não ser os moradores de rua viciados em crack.
(c) Governo Temer:
Nas primeiras horas da manhã o desinterino Temer apareceu no
Largo do Paissandú, para sair rapidamente sob vaias, xingamentos e chutes no
carro que o levou dalí.
Mas o
ardil já está sendo revelado, como se o episódio fosse um inacreditável novo incêndio do Reichstag,
auxiliado pela narrativa da grande mídia: se o discurso do combate à corrupção
se enfraquece após a prisão de Lula, ensaia-se a construção de um novo inimigo
interno: o crime organizado e a criminalização dos movimentos sociais – que
para a mídia corporativa seriam os dois lados da mesma moeda.
Com a
declaração do ex-prefeito João Doria Jr. de que no interior do prédio ocupado
havia uma “facção criminosa” e a notícia de que a polícia de São Paulo vai
investigar a ligação das ocupações de prédios em São Paulo com o PCC, fecham-se
as “coincidências significativas” desse episódio – todos os sincronismos,
recorrências e anomalias apontam para a conveniência dessa tragédia no Centro
de São Paulo.
A
principal conveniência: elevar gradativamente a temperatura política até chegar
a um Estado de Exceção. E não ter eleições. Afinal, não foi para isso que foi
dado o golpe político e todos os esforços de Guerra Híbrida mobilizados
principalmente desde 2013?
Com informações de Reddit,
Metabunk.org, Jornal GGN, BBC Brasil, Rede Brasil Atual, Truth and Shadows,
Architets & Engineers for 9/11 Truth, Brasil 247 e Exame.
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