Em
dezembro o blog “Cinema Secreto: Cinegnose” completou o seu quinto ano de
atividades. Agradecemos aos nossos leitores pelos comentários, críticas e
constantes sugestões de filmes para serem analisados e pautas para serem
abordadas. Graças ao estímulo dos nosso leitores o blog alcançou várias
conquistas como ampliar parcerias com outros blogs e portais de notícias e desenvolver
pesquisas científicas que resultaram em descobertas como: as cartografias e
topografias da mente, adgnose, o fenômeno das bombas semióticas,
sincromisticismo, parapolítica entre outras. Essa expansão física e de
resultados do blog, impõe o desafio mais importante para o próximo ano – a busca
da sustentabilidade financeira para manter o “Cinegnose” em atividade. O que
nesse final de ano resultou no conflito com o Google AdSense por supostas “violações”
e a tentativa de censura em nossos conteúdos. Um Feliz 2015 para nossos leitores, repleto de iluminações gnósticas!
(Na foto algumas personalidades e filmes que fazem a cabeça do "Cinegnose": Freud, Theodor Adorno, Jean Baudrillard, o diretor Stanley Kubrick e os filmes Matrix, Show de Truman, Lucy e The Machine)
Há 5 anos, no encerramento de uma disciplina
da pós-graduação na ECA/USP, a professora Glória Kreinz indagou para mim: por
que não faz um blog? Era o início da ideia do “Cinema Secreto: Cinegnose”.
Muito material de análise fílmica tinha
ficado de fora da dissertação de Mestrado chamada Cinegnose – a recorrência de elementos gnósticos na atual produção
cinematográfica norte-americana, pela própria limitação de espaço de uma
pesquisa dessa natureza. Um blog seria o espaço perfeito para publicar as
análise fílmicas de 20 filmes que fizeram parte do universo de pesquisa da
dissertação. Mais tarde, a dissertação se transformaria no livro Cinegnose, publicado pela editora
Livrus.
A popularização do Gnosticismo pelo cinema hollywoodiano |
Os dois primeiros anos do blog foram basicamente
“doutrinários”: na análise de filmes fazer um inventário da recorrência de
simbolismos gnósticos, místicos e esotéricos. E a busca do porquê produtores,
diretores e roteiristas subitamente passaram a se interessar especificamente
pela mitologia gnóstica.
Depois desse tempo, percebi que essa linha
editorial “sobre Gnosticismo” fatalmente restringiria o debate para poucos
iniciados ou diletantes sobre o tema. Um blog assim tão especializado iria,
inclusive, contra a tendência atual do Gnosticismo no cinema de massas, nas
animes japonesas e em elementos esparsos como nas animações como MAD TV ou até
infantis como Pink Dink Doo do Discovery Kids – isto é, a popularização dos
temas básicos do Gnosticismo.
Resultados das pesquisas do Cinegnose
Desde então, o Cinema Secreto: Cinegnose expandiu o seu universo para além dos
filmes gnósticos ou temas filosóficos do Gnosticismo: passou também a construir
um “olhar gnóstico” para a mídia, tendências culturais, jornalismo, publicidade
e política.
Dentro desse esforço metodológico, as
análise do blog acabaram aliando o Gnosticismo à Semiótica e Psicanálise, no
que resultou em três séries de postagens que podem ser considerados três
autênticos produtos originais do blog: o conceito de Adgnose
no marketing e publicidade (que virou verbete no Dicionário da Comunicação da Paulus
– veja abaixo), a série Cartografias
e Topografias da Mente (uma das motivações do revival do
Gnosticismo em Hollywood – projeto tecnognóstico que estaria subjacente a
muitos filmes norte-americanos) e o que chamamos de “bombas semióticas” – a mais
polêmica intervenção do blog no cenário político-eleitoral com análises do
marketing político e da cobertura midiática das últimas eleições.
Cartografias e topografias da mente no cinema |
Aliás, a série sobre as bombas semióticas
foi a responsável por violentos ataques a esse humilde blogueiro, que para
alguns leitores passou a ser visto como “chapa branca”, “petista” (“petralha” é
o termo mais exato), “comunista”, “bolivariano” ou “blogueiro sujo” – expressão
que até no contexto certo vira elogio...). O clima das últimas eleições ficou
pesado pela forte polarização Esquerda/Direita e certamente esse blog perdeu
alguns leitores por um suposto posicionamento político pró-governo petista.
O leitor mais atento perceberá que a série
das bombas semióticas sempre foi crítica para todos os lados.
Conquistas desse ano
Esse ano foi marcado por duas conquistas
para as pesquisas do Cinema Secreto:
Cinegnose – as transformação de conceitos do blog em verbetes científicos dentro da área da
ciência da comunicação e a ampliação das parcerias com outros blogs e portais
de notícias.
Nesse ano foi reeditado o Dicionário da Comunicação pela editora
Paulus, organizado pelo Prof. Dr. Ciro Marcondes Filho da ECA/USP. Esse humilde
blogueiro fez propostas de verbetes baseados em temas resultantes das pesquisas
do Cinema Secreto: Cinegnose, o que
resultou na publicação dos seguintes conceitos: Adgnose, Agenda tecnocientífica, Cinegnose, Cinema Esquizo, Filme
Gnóstico e Tecnognose – sobre isso clique
aqui.
Com isso, as pesquisas sobre as
confluências entre Gnosticismo, Cinema e Comunicação ganham o devido espaço
dentro dos estudos científicos da área.
E também nesse ano, o blog firmou uma nova
parceria com a Revista Fórum. Agora,
ao lado do Luis Nassif OnLine, do Jornal GGN e da Carta Potiguar, também a Revista
Fórum online está publicando conteúdos do Cinegnose.
Google AdSense censura o blog
Também nesse ano foi tomada a primeira
medida de monetização, há muito tempo adiada... parecia até que pressentia
algo.
Com a expansão do blog nesses últimos dois
anos e o aumento do tempo de dedicação desse humilde blogueiro ao Cinegnose, a questão da monetização do blog passou a entrar na
ordem do dia. Positivamente, o Cinegnose
deixava de ser um espaço de puro diletantismo ou hobby para se tornar uma mídia
séria e profissional. Mas isso exige, pelo menos, que as horas-máquina do
editor sejam remuneradas.
A
primeira alternativa foi o Google AdSense, com a inserção de anúncios no blog.
Como denunciamos em postagem anterior, depois de seis meses de anúncios no
Cinegnose, eis que o Google começa enviar e-mails comunicando que o blog havia
sido acusado, julgado e executado (os anúncios foram retirados sem qualquer
aviso prévio) alegando que violamos as “diretrizes do programa” por disseminação de conteúdos “chocantes” de
“violência”, “pornografia”, “sangue” e “atitudes repulsivas”. Pelo menos é o
que disseram os robôs e scripts do Google AdSense – sobre isso clique
aqui.
Diante de uma acusação tão
bizarra quanto arbitrária, o Cinema Secreto: Cinegnose tem como objetivos
para 2015 as seguintes medidas:
(a)Migrar para a plataforma do
Wordpress;
(b)Registrar um nome de domínio próprio;
(c)Buscar outras formas de
remuneração que garantam a permanência do blog – programas alternativo ao
Google AdSense, crowdfunding,
patrocínio ou donativos.
O “olhar gnóstico” do blog
Esse “olhar gnóstico” para os fenômenos
midiáticos, culturais e políticos talvez tenha sido o grande resultado nesses
cinco anos de atividades do Cinegnose.
Esta metodologia poderia ser sintetizada através de quatro princípios básicos:
1 – Diferença entre
análise ontológica e moralista – Toda análise moralista
pretende combater os excessos do mal, mas não eliminar a causa. Parte do
princípio de que esses excessos se originam em comportamentos e motivações
corrompidas puramente individuais. Diferente disso, uma análise ontológica vai
à radicalidade ao ver o mal não nos excessos, mas na própria estrutura que
confina os indivíduos. Ao contrário das religiões que veem o
Mal no pecado de uma condição humana decadente, o Gnosticismo vê o Mal no
próprio cosmos físico criado por um Demiurgo que propositalmente corrompe o
homem através da sedução pelas ilusões. Exemplos de postagem que trabalharam
com esse princípio: “A ilusão do discurso da ética”; “Filme Margin Call despolitiza crise financeira”.
2 – Princípio dos
eventos irônicos – Há uma ironia na estrutura desse
cosmos físico em que vivemos: nele encontram-se
inconciliáveis e, ao mesmo tempo, inseparáveis, o Bem e o Mal. Dessa forma,
para cada ato bom produz-se um efeito perverso: a produção reverte-se em
destruição, a paz produz a guerra, a realidade a ilusão, e assim por diante. Um
princípio irônico que tornaria todos eventos sociais, políticos e econômicos
simulações de fatos com um lastro real, funcional e racional. Como afirma
Baudrillard, seriam simulacros dotados de uma “reversibilidade simbólica”. Sob a aparência da
racionalidade e funcionalidade das instituições (dinheiro, Poder, Razão etc.)
esconde-se uma perversa e irônica inversão que reduziria tudo em inutilidade,
destruição e desperdício. Exemplos de postagem que trabalharam com esse
princípio: “Réquiem para um esporte no museu do futebol”; “Fórmula 1: a transparência do mal transmitida ao vivo”; “O ceticismo gnóstico de Jean Baudrillard”.
3 – Princípio
sincromístico - A hipótese sincromística
baseia-se em três conceitos: formas-pensamento, arquétipos e sincronicidade.
Haveria um texto invisível no Universo, conexões significativas entre eventos
que, vistos superficialmente, parecem ter causalidade dispare. Na verdade os
eventos estariam imersos em uma rede formada pelo inconsciente coletivo cuja
dinâmica é baseada nas chamadas formas-pensamento e arquétipos. O pensamento
atuante seria capaz de gerar uma forma em um campo etérico ou astral. Quando
combinadas com emoções interiores elas tenderiam a se potencializar. Dessa
forma produtos da indústria do entretenimento (personagens, filmes, ideias
etc.) podem ganhar força ao se sintonizar com arquétipos ou formas-pensamento
do inconsciente coletivo e dessa maneira criar eventos como terrorismo,
serial-killers, Exemplos de postagens que trabalharam com esse princípio: “O Coringa e o massacre do Colorado”; “Efeito copycat, violência e sincromisticismo”.
4 – Princípio do
sintoma – Filmes e produtos audiovisuais não
seriam meros produtos de entretenimento, mas documentos vivos do imaginário
coletivo e sintomas do mal estar dos indivíduos em determinada época. A
indústria do entretenimento teria criado três tipos de personagens (verdadeiros
arquétipos contemporâneos) que são sintomas da forma como o indivíduo lidaria
com o seu mal estar cotidiano: o Viajante, o Detetive e o Estrangeiro. O
chamado “cinema esquizo” e filmes de terror e fantástico seriam veículos
privilegiados desse sintoma coletivo. Exemplos de postagem que
trabalharam com esse princípio: “Somos todos viajantes, detetives e
estrangeiros”; “Uma história do cinema esquizo”; “Filme Capricórnio Um: o pai de todas as conspirações”.