quinta-feira, junho 13, 2013

Em Observação: "Mahler no Divã" (2010)



Percy Adlon é um diretor conhecido por esse blog, principalmente pela comédia “Rosalie Vai às Compras” que já foi tema de postagem. O filme “Mahler no Divã” (2010) não trata de um divã real: o compositor Gustav Mahler jamais esteve no divã de Freud, mas foi analisado por ele de uma forma bem diferente para a ortodoxia do pai da psicanálise: caminhando. Caminhar como forma de descobrir a si mesmo tem profundos significados esotéricos e filosóficos. Assim como a própria figura de Mahler na história da música, considerado como um “romântico tardio”, pela sua morte prematura e sua música misturar exaltação e depressão. O filme será exibido dia 19 em São Paulo no Ciclo de Filmes Alemães no Clube Transatlântico.


Mahler no Divã (Mahler auf der Couch, 2010)

Diretor: Percy Adlon e Felix Adlon

Plot: Conhecido por filmes cults como “Bagda Café” e “Rosalie Vai às Compras” (já analisado por esse blog, clique aqui), dessa vez Percy Adlon nos conta a história do compositor austríaco Gustav Mahler, a crise conjugal com sua esposa e o peripatético encontro com o pai da psicanálise, Sigmund Freud, que descobriu que Mahler vivia momentos de exaltação misturados com depressão e que isso era expresso nas suas sinfonias. Mahler descobre que sua esposa Alma vivia vários flertes, sendo o principal caso com Walter Gropius, o arquiteto que no futuro lideraria o importante movimento artístico da Bauhaus. Ela é 23 anos mais jovem e seus apetites são alimentados tanto pela libido quanto pelo ressentimento. Diante de um casamento conturbado, Mahler procura Freud que estava de férias em Amsterdam e que já tratara seu amigo o maestro Bruno Walter. Freud o analisará de uma forma bem diferente do que a tradicional técnica do divã: dessa vez será em conversas com Mahler através de longas caminhadas.

Por que está “Em Observação”?: Percy Adlon trabalha bastante com o tema do “Estrangeiro” em seus filmes. Tanto nas comédias “Bagdá Café” como em “Rosalie Vai às Compras” temos protagonistas estrangeiros (a atriz alemã Marianne Sagebrecht) que chegam a lugares remotos nos EUA e ajudam as pessoas a mudar suas visões de mundo. Mahler sempre dizia de si mesmo que era “um intruso, nunca bem vindo”. Durante muito tempo foi considerado um “romântico tardio”: sua morte precoce aos 50 anos evoca os românticos que morriam cedo pela sua inadaptabilidade a esse mundo. Todos se consideravam, de certa forma, estrangeiros dentro das suas famílias e sociedades. O mix de exaltação e depressão das suas sinfonias talvez expresse essa condição de Mahler.

Isso sem falar na forma inusitada com que Freud analisou Mahler: caminhando. Essa forma peripatética de busca da verdade tem profundos significados filosóficos (os antigos filósofos gregos disseminavam seus conhecimentos dessa forma aos iniciados) e esotéricos - os significados místicos da caminhada do peregrino ou da jornada do herói traçada em caminhos que levarão a transformações espirituais como estradas ou até a de tijolos amarelos do filme “O Mágico de Oz”.

O que esperar?: uma interessante descrição cinematográfica de uma época de intensa efervescência cultural em torno de Vienna nas décadas que antecederam a Segunda Guerra Mundial: psicanálise, arquitetura e música de vanguarda se encontram em um prenuncio do feminismo com a personagem Alma e o nascimento do casamento moderno.

O filme será exibido aqui em São Paulo no dia 19 desse mês dentro do Ciclo de Filmes Alemães no Club Transatlântico – Rua. José Guerra, 130 na Chácara Santo Antônio.

Serviço:

Ciclo de Filmes Alemães
Local: Club Transatlântico
Endereço: Rua José Guerra, 130 – Chácara Santo Antônio
Data: Dias 5, 12, 19 e 26 de junho, quartas-feiras
Horário: 20h
Ingresso: Entrada gratuita, com direito a pipoca
Estacionamento no local: R$ 15,00 o período
Observação: O Restaurante Weinstube estará aberto antes e depois das exibições dos filmes

Programação (Junho):
  • Dia 5: “Schiller”
  • Dia 12: “A Cor do Oceano”
  • Dia 19: “Mahler”
  • Dia 26: “Sacha” - do diretor e roteirista Dennis Todorovic. O protagonista que dá nome ao longa é um garoto de 19 anos que se descobre gay e loucamente apaixonado por um professor de piano. Obra que alterna com sutileza o drama e a comédia, o enredo de Sacha promove a importante reflexão sobre as dificuldades das famílias em debaterem abertamente a questão da sexualidade.


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