terça-feira, novembro 30, 2010
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Deslocar-me de bicicleta para os locais das minhas atividades como docente (aulas ou apresentações) acabou despertando um interesse especial para um fenômeno: "insights", intuições ou "iluminações" que surgem do nada à mente silenciada pelo movimento repetitivo das pedaladas que, tal como um mantra, parece induzir a um particular estado de suspensão físico e mental.
Rumava de bicicleta para a Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, onde apresentaria o tema “Cartografias e Topografias da Mente” no VI Encontro Científico. Os conteúdos principais da apresentação já estavam prontos, através de uma postagem para esse humilde blog (veja links abaixo). Mas ainda não tinha um “gancho”, um bom início que convidasse os ouvintes à reflexão, e ainda não tinha um “grand finale”, um fechamento ou uma amarração bem clara para os conceitos.
domingo, novembro 28, 2010
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Abaixo um resumo da apresentação dos resultados iniciais e das primeira hipóteses da pesquisa "Cartografias e Topografias da Mente" dentro do VI Encontro Científico e de Iniciação Científica da Universidade Anhembi Morumbi realizado na última sexta-feira. Se o cinema representa o imaginário social de uma determinada sociedade e de uma determinada época, o cinema atual reflete uma agenda tecnocientífica marcada pelo impacto das Neurociências e Ciências Cognitivas. Essa agenda tecnocientífica perpassa hoje a Internet com o frenesi das pessoas, espontaneamente, quererem registrar sua experiências privadas por meio de "lifestreams", life-trackings" "inner geographies" e toda uma gama de cartografias da vida mental.
Quem acompanha a evolução temática das postagens do Blog "Cinema Secreto: Cinegnose", percebe que, em diversas análises de filmes, identificamos a recorrência de argumentos, ideias e narrativas que refletem o que chamamos de agenda tecnognóstica.
quarta-feira, novembro 24, 2010
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Mutações do filme gnóstico no século XXI apontam para um tema recorrente em um conjunto de filmes dessa primeira década: a busca de uma cartografia e topografia da mente. Mente e consciência compostas por regiões dentro dos quais o protagonista encontra-se preso, necessitando de um mapa para poder orientar-se e encontrar uma saída. Esse é o tema da minha apresentação dentro da programação do VI Encontro Científico e de Iniciação Científica da Universidade Anhembi-Morumbi.
Nesta sexta-feira (26/11/2010) apresentarei no VI Encontro Científico e de Iniciação Científica da Universidade Anhembi Morumbi o resultado das minhas recentes pesquisas sobre as conexões entre as novas tecnologias computacionais e o filme gnóstico, pesquisas originadas a partir de discussões e reflexões a partir de postagens desse blog.
quarta-feira, novembro 17, 2010
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O que faz um cartunista underground com estilo corrosivo e pornográfico fazer uma versão dos 50 capítulos do livro bíblico do Gênesis de uma forma literal e fiel ao texto original? Para o cultuado Robert Crumb a Bíblia já é louca. Não precia ser satirizada. Admitindo a influência do Gnosticismo na sua obra, após intensa pesquisa de 5 anos Crumb prioriza na sua adpatação o aspecto mais importante da Bíblia: a mitologia.
Quem espera encontrar no “Livro do Gênesis Ilustrado por Robert Crumb” o estilo iconoclasta e underground que, desde os anos 60 desafia o mainstream moral e cultural, certamente vai se decepcionar. Crumb deixa o seu conhecido humor visual para criar uma obra fundamentada em intensa pesquisa sobre os atuais textos bíblicos, a iconografia clássica (da arte até Hollywood) e um imenso material fotográfico da Terra Santa. Ao criar uma adaptação deliberadamente literal do texto bíblico, Crumb conseguiu se situar num ponto equidistante entre o fanatismo religioso e a blasfêmia.
sábado, novembro 13, 2010
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um conjunto de filmes desse início de século que vai de "Vanilla Sky" até a recente versão de Tim Burton para "Alice no País das Maravilhas" demonstra que o cinema atual reflete uma nova agenda tecnocientífica: psicocartografias e psicotopografias. A mobilização das neurociências e ciências cognitivas para o mapeamento da mente e da consciência. Cartografias de mundos imaginários não é uma novidade na história da cultura. Porém, na atualidade, essas alegorias têm uma finalidade mais prática: controle e Engenharia Social.
O que há em comum entre os filmes “Vanilla Sky” (2001), “Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças” (2004), “Sonhando Acordado” (The Good Night, 2007), “Ciência dos Sonhos” (La Sceince Dês Revês, 2006), “Alice no País das Maravilhas” (2010) de Tim Burton, “A Origem” (Inception, 2010) e a série televisiva “O Prisioneiro” (The Prisoner, 2009)? As últimas discussões apresentadas nesse blog sobre esse conjunto de filmes parece apontar para duas tendências do filme gnóstico nesse início de novo século:
sábado, novembro 06, 2010
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A Versão de Alice no País das Maravilhas de Tim Burton tem o claro enquadramento moral e ideológico dos Estúdios Disney: reduz toda a complexidade ocultista e gnóstica (transcendente) do livro de Lewis Carroll a uma viagem psicológica de Alice em suas memórias onde apenas procura a reconciliação com a ordem desse mundo: buscar auto-conhecimento e auto-confiança que ajudem a transformá-la numa empresária empreendendora.
Publicado em 1865 por Lewis Carroll, mais do que uma suposta declaração de amor à garotinha Alice Lidell (então com 10 anos de idade), o livro Alice no País das Maravilhas é uma narrativa episódica, repleta de simbolismos teosóficos, ocultistas e gnósticos (como vimos em postagem anterior – veja links abaixo). Alice é uma protagonista que não se encaixa à sociedade que pertence. Uma estória com diálogos repletos de charadas e jogos de linguagem que levam a lógica, física e matemática ao paroxismo, até o ponto em que toda racionalidade resulta no oposto: o surreal, o non sense e o anárquico.
Uma personagem tão desajustada como Alice seria perfeito para o diretor Tim Burton, um cineasta que frequentemente enfrenta universos fantasiosos e incômodos e narrativas com andamento complexo.
Apesar desse casamento aparentemente perfeito, a versão do cineasta desponta com uma narrativa convencional que reduz a complexidade e ambiguidade do texto original.
quinta-feira, novembro 04, 2010
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Nessa terceira e última postagem da nossa trilogia sobre a possibilidade de uma experiência transcendente no cinema, vamos mapear as principais estratégias pelas quais a indústria do entretenimento confina, neutraliza ou, simplesmente, impede que a experiência transcendente aconteça no evento cinematográfico.
Encerramos a postagem anterior afirmando que o prazer do espectador envolve um duplo vínculo entre o fascínio pelos conteúdos arcaicos (arquétipos, transcendência etc.) e estruturas narrativas que impedem que experiências potencialmente transcendentes sejam desenvolvidas.
Em termos sócio-políticos, esse duplo vínculo se traduz no drama da quebra-da-ordem-e-retorno-a-ordem: por um lado, o desejo de quebrar a rotina, fugir do tédio do cotidiano em busca de uma experiência arrebatadora; e do outro a necessidade de manter o equilíbrio psíquico necessário para o cumprimento dos deveres e obrigações em um mundo cada vez mais instável e competitivo.
sábado, outubro 30, 2010
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Dando continuidade a nossa trilogia de postagens sobre a transcendência e experiência cinematográfica vamos nos deter no duplo vínculo que envolve o prazer cinematográfico: monotonia versus princípio do prazer, profano versus sagrado, tédio versus fascinação, arquétipo versus civilização. A articulação desses dois pólos dentro da narrativa fílmica é uma ritualística que mimetiza o drama da quebra-da-ordem-e-retorno-a-ordem. Por trás do prazer do espectador cinematográfico esconde-se o conflito potencial entre o espírito humano que aspira por transcendência e a ordem social e política que procura o oposto: o controle e a estabilidade.
Toda estrutura da obra de arte busca ultrapassar a si mesma. Vimos na postagem anteriora que o cinema, da mesma forma, contém elementos que buscam transcender o próprio meio. Por ser o cinema, desde o início, uma síntese criativa de diversas artes ou mídias (fotografia, pintura, literatura, música etc.), sua evolução estética e tecnológica força os limites das regras do ambiente perceptivo.
terça-feira, outubro 26, 2010
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Aproximar o conceito de “transcendência” de Theodor Adorno (a experiência da alteridade, do “inteiramente outro”) com a experiência de transcendência como evento espiritual ou místico decorrente de um estado alterado de consciência é o desafio para a pesquisa atual sobre as conexões entre o Cinema e o Audiovisual com o Sagrado e Religioso. Se, como em toda obra de arte, o cinema busca ultrapassar a si mesmo ("transcendência"), talvez aí esteja uma explicação para o crescente interesse dos roteiros fílmicos pelo fantástico, o espiritual, o sincrônico, o místico e o gnóstico.
Quando Adorno apontava para a alteridade e transcendência contidas na arte, ele aproximava-se da temática central da Teologia Negativa: a busca do “inteiramente outro”, do “plenamente diferente”, do “diferente por excelência”, ou seja, aquilo que está além da representação. Adorno pensava o conceito de transcendência não no sentido religioso como epifania ou experiência mística de fato, de uma forma positiva.
sábado, outubro 23, 2010
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Tom de falso documentário, sonhos como uma realidade paralela, frases com filosofias gnósticas e a personagem mítica de Sophia interpretada por Penélope Cruz nos fazem pensar estarmos diante de um novo Vanilla Sky, ou seja, um filme gnóstico e crítico. Engano! Todos esses elementos de fantasia presentes nesta comédia romântica servem para, além de sintonizar o filme com a agenda tecnognóstica vigente em Hollywood, aprisionar os potenciais elementos transcendentes e críticos no velho clichê da "quebra-da-ordem-e-retorno-à-ordem".
Gary (Martin Freeman) é um músico talentoso, porém frustrado por fazer jingles para campanhas publicitárias. No passado foi músico de rock pop, até a banda acabar e ver seu parceiro de composições de sucesso (Paul - Simon Pegg) se tornar bem sucedido financeiramente no campo da Publicidade, enquanto ele se deprime numa atividade profissional frustrante e sua vida conjugal cada vez pior, vítima da sua melancolia e depressão crescentes.
domingo, outubro 17, 2010
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Se aspectos da divisão do trabalho na produção e o meio de distribuição e produção influenciam a estética e conteúdo do filme, então "Nosso Lar" é um bom exemplo. Para adequar o livro original às exigências internacionalizadas de produção e distribuição, "Nosso Lar" teologiza o Espiritismo e o enquadra dentro de um "ecumenismo pós-moderno" da ideologia da nova ordem mundial globalizada.
Muito se discute nos estudos acadêmicos sobre cinema como o meio produtor dos filmes (grupo de autores, técnicos, colaboradores da criação) ou os aspectos socioeconômicos (filme de produção independente ou não, aspectos de distribuição etc.) influenciam ou condicionam os conteúdos das produções.
O que mais vem chamando a atenção na área das pesquisas cinematográficas nas últimas décadas são as consequências da crescente internacionalização e globalização da divisão do trabalho da produção cinematográfica.
sexta-feira, outubro 15, 2010
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Qual a representação do imaginário da bicicleta na cultura pop? Para nossa surpresa encontramos uma conexão entre o estado de consciência que a bicicleta proporciona (pela seu singular design que funde homem e máquina) e o gnosticismo de Basilides: o estado mental de "suspensão" que permite silenciar o ruído da linguagem para que ouçamos o espírito que busca a Gnose.
Basilides, um dos primeiros professores gnósticos em Alexandria, Egito, no século II da Era Cristã, nutria uma radical desconfiança em relação à capacidade da linguagem apreender a realidade. Sua teoria pode ser resumida na ideia da Grande Negação: se a verdade sobre Deus está além do conhecimento humano, a negação do conhecimento e da linguagem é o sagrado caminho.
No seu escrito “Sete Sermões aos Mortos” Basilides afirma que diante da plenitude (Pleroma – a origem de onde tudo foi emanado) “pensamento e existência cessam porque o eterno é desprovido de qualidade”. O mundo criado (o cosmos físico), ao contrário, é regido pelo princípio de “diferenciação” onde aquilo que era uno é cindido em qualidades opostas. Através da linguagem e do conhecimento o homem torna-se obcecado em apreender as qualidades do devir nomeando-as através de conceitos e palavras uma realidade que é difusa, fluída, relativa. Se as qualidades do Pleroma são pares opostos que se anulam mutuamente (a união dinâmica dos opostos: plenitude/vazio, belo/feio, tempo/espaço, energia/matéria etc.), ao contrário, a linguagem humana as diferencia, discrimina, tonando-nos vítimas dos pares de opostos.
O resultado é o Mal: na busca do Belo, o homem produz o feio; na busca da paz acaba produzindo a guerra, na busca do eficaz por meio da tecnologia acaba produzindo a inutilidade, etc. Essa reversão irônica da linguagem (a não transitividade entre linguagem e realidade) acaba tornando o homem prisioneiro dos próprios conceitos e palavras, não conseguindo ouvir, dentro de si, a reminiscência do Uno, do Pleroma, da plenitude original que o uniria a Deus.
“O que não deveis esquecer jamais é que o Pleroma não tem qualidades. Somos nós que criamos essas qualidades através do intelecto. Quando lutamos pela diferenciação ou pela igualdade, ou por outras qualidades, lutamos por pensamentos que fluem para nós a partir do Pleroma, ou seja, pensamentos sobre as qualidades inexistentes do Pleroma. Enquanto perseguis essas idéias, vós vos precipitais novamente no Pleroma, chegando ao mesmo tempo à diferenciação e à igualdade. Não a vossa mente, mas o vosso ser constitui a diferenciação. Eis por que não deveríeis lutar pela diferenciação e pela discriminação como as conheceis, mas sim por VOSSO PRÓPRIO SER. Se de fato assim o fizéssemos, não teríeis necessidade de saber coisa alguma sobre o Pleroma e suas qualidades e, ainda assim, atingiríeis o vosso verdadeiro objetivo, devido à vossa natureza. No entanto, como o raciocínio aliena-vos de vossa real natureza, devo ensinar-vos o conhecimento para que possais manter vosso raciocínio sob controle.”(BASILIDES, “Sete Sermões aos Mortos” disponível em: http://www.gnosisonline.org/teologia-gnostica/sete-sermoes-aos-mortos/)
Por isso Basilides propõe um singular estado de consciência: o silêncio, o estado de “suspensão”, o esvaziamento da mente por meio da suspensão de toda atividade dos mecanismos de abstração da linguagem (diz-se que os discípulos de Basilides eram obrigados, como ritual de iniciação, a ficarem em silêncio por três anos...). Manter o “raciocínio sob controle”, lutar “contra a diferenciação”. Com esses termos Basilides refere-se a um estado de suspensão entre os pares opostos, o “tertium quid”, o terceiro elemento que solde as qualidades.
A Experiência da Bicicleta: estado de "suspensão"
E o que essa longa introdução tem a ver com ciclismo? Se fizermos um sobrevoo nas representações da cultura pop em relação à bicicleta e ciclismo, veremos que essa prática desportiva e meio de transporte ocupa uma posição especial, uma especial confluência entre especiais estados de consciência e esforço físico, corpo e mente.
Um primeiro exemplo é o Kraftwerk (grupo pop alemão considerado os padrinhos da música Techno e industrial), cujos membros são apaixonados pelo ciclismo e que, a partir do mecanismo, ergonomia e design da bicicleta, destilaram o “ethos” da sua proposta musical: a união entre Homem, Máquina e Natureza. Certa vez, um dos integrantes do grupo, Ralf Hütter, fez a seguinte afirmação após a elaboração do clássico single “Tour de France” de 1983: “a bicicleta é mais do que um mero instrumento de lazer, é algo mais próximo da declaração política. Não é para férias, É o homem-máquina. Sou eu, o homem-máquina na bicicleta. Velocidade, equilíbrio, uma certa liberdade de espírito, manter a forma, técnica e perfeição tecnológica, na aerodinâmica”.
Para ele, a bicicleta é em si um instrumento musical: o som ritmado da corrente, engrenagens, a respiração e batimento cardíaco, tendo como fundo o som contínuo “shhhhhh” do contado do pneu no asfalto. Tal como um mantra, confere uma “liberdade ao espírito” ao esvaziar a mente, seja pela repetição de sons e movimento, seja pelo esgotamento físico.
Aqui podemos fazer uma surpreendente conexão entre Basilides e a bicicleta: o estado de consciência de suspensão na bicicleta é, ao mesmo tempo, simbólico e literal. Montar na bicicleta e se deslocar velozmente como se estivesse suspenso e, ao mesmo tempo, o som ritmado do corpo e do mecanismo anulando o trabalho mental.
Por experiência própria, é surpreendente os “insights” ou ideias que, paradoxalmente, advém desse vazio mental. A união dos opostos. Assim como na criação por brainstorming onde um estado caótico de ideias desconexas produz, ao longo do tempo, uma massa crítica que, de repente, produz um salto qualitativo: do nada, do caos, surge repentinamente a ordem, uma ideia.
É como se o barulho da atividade mental racional e cotidiana não nos deixasse ouvir as camadas mais profundas do nosso interior. É necessário silenciar a mente, nem que seja por meios violentos como no filme “O Clube da Luta”: a luta tem um aspecto de disciplina, ascese, tal qual um mantra onde os pensamentos e a racionalidade são subjugados à disciplina da repetição até que se convertam no oposto: o estado de suspensão de sentido para a libertação da consciência.
Músicas como “Bicycle Race” do Queen apontam para esse silêncio da racionalidade.
Você diz preto eu digo branco Você diz barca eu digo picada Você diz tubarão eu digo ei, cara Tubarão nunca foi minha cena E não gosto de “Guerra nas Estrelas” Você diz Deus dê-me uma escolha Você diz Deus eu digo Cristo Eu não acredito em Peter Pan, Frankenstein ou Super Homem Tudo o que quero fazer é Bicicleta, Bicicleta, Bicicleta Eu quero montar na minha bicicleta
Conceitos, escolhas, palavras são como ruídos que impedem a liberdade do espírito ouvir a si mesmo, suas reminiscências que o faça se conectar de volta à plenitude.
Esvaziamento da mente e liberdade de espírito alcança o estado alterado de consciência que chega à catarse e transcendência que altera a maneira como enxergamos a relidade, como na música “Bicycle, Bicycle, You are my Bicycle” da banda "Be Your Own Pet":
Vamos mudar a cor dos olhos De cada senhora Somos rápidos, nós somos rápidos Somos rápidos, estamos explodindo Tudo porque
Estamos sobre duas rodas, garota Estamos sobre duas rodas, garota
Mude as cores da sua maquiagem Todos os dorminhocos vão acordar Tudo porque todos, porque todos, porque Porque, porque ...
Sem engrenagens, sem freios Nada real, nem falso
Transcender ao ponto das engrenagens e freios da bicicleta desaparecerem. Tal liberdade conduz à suspensão: nada real e nem falso, a busca de uma experiência que supere o dilema dos pares opostos, da armadilha que a linguagem e o conhecimento não conseguem se libertar. Ir além das engrenagens e freios (razão e linguagem).
A arquetípica figura em contra-luz de um ser extraterrestre montado em uma bike BMX no pôster do filme ET de Spielberg é uma síntese das representações pop em torno do imaginário da bicicleta: suspenso no ar tendo a Lua como fundo. A representação icônica de todo um imaginário gnóstico que envolve a bicicleta: suspensão como um estado alterado de consciência que possibilite o silêncio que nos faça ouvir a voz íntima da gnose.
segunda-feira, outubro 11, 2010
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Rompendo com a tradição romântica do cinema que vê o universo onírico sempre submetido ao píncípio da realidade, em "Sonhando Acordado", Michel Gondry anarquicamente inverte a fórmula, ao apresentar os sonhos subvertendo a realidade. Ao partir do princípio freudiano da "teoria das sentinelas", Gondry mantém sua crítica às "tecnologias do espírito" apresentada no filme anterior "Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças"(2004).
Ao escrever e dirigir “Sonhando Acordado” (La Science dês Rêves, 2006), o francês Michel Gondry continua afiado em seu posicionamento crítico em relação às chamadas “ciências do espírito” (neurociências e toda a gama de subprodutos de técnicas e terapias que prometem felicidades e realização pela autoprogramação da mente).
Se em “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças” (Eternal Sunshine of the Spotless Mind, 2004) ele satiriza as tecno-ciências que pretendem trazer a felicidade mediante o apagamento das memórias “ruins”, para que prossigamos em frente sem culpas ou mágoas, em “Sonhando Acordado” Gondry foca na defesa do sonho diante de toda tentativa da realidade em domesticá-lo para atender às suas finalidades.
Stéphane Miroux (Gael Garcia Bernal) faz um rapaz que retorna à Paris sob a promessa de sua mãe que lhe arranjara um emprego supostamente criativo como ilustrador. Stéphane, segundo sua própria definição, nunca consegue terminar nada a que se propõe e vê nesse novo emprego uma chance de se firmar na vida. Mas o emprego é uma chatice e nada criativo, na verdade apenas fazer past up para produção de calendários populares com mulheres nuas. Ao mesmo tempo, começa a flertar com a nova vizinha, Stephanie (Charlotte Gainsbourg). Com a ajuda desajeitada do colega de trabalho Guy (Alain Chabat), tenta conquistá-la, mas sem resultados.
O problema de Stephane é que ela “sonha acordado”, na verdade ele vive em constantes sonhos lúcidos que misturam sonho e realidade, dificultando a interação com as pessoas. Consciente do problema, inicia uma espécie de investigação (a “ciência do sono”, do título original) com direito inclusive a um talk-show onírico onde discorre sobre receitas de sonhos, recebe convidados, tudo na tentativa de descobri um porquê.
A primeira sequência do filme é impagável: o talk-show da Stephane TV, dentro da cabeça do protagonista, onde Stephane apresenta em um estúdio com câmeras de papelão e parede de caixas de ovos. Ele procura encontrar os ingredientes dos sonhos, resultando na fórmula que será base da sua “ciência do sono” que tenta entender e aplicar ao longo do filme:
“Como podem ver, é a combinação de ingredientes complexos. Primeiro, inserimos os pensamentos. Logo, acrescentamos um pouco de reminiscências do dia misturadas a algumas lembranças do passado. De duas pessoas. Amor, amizade, relações, e todos esses tipos, com canções ouvidas durante o dia e coisas que viram. E também, com um toque pessoal... Certo, certo. Acho que já é um... Já funcionou, sim! Sim...”
E vai jogando todos os ingredientes numa panela como um programa de receitas culinárias.
Ao longo da narrativa, quanto mais tenta controlar os sonhos para se adaptarem às exigências da realidade, mais realidade e sonho se confundem, agravando os problemas do protagonista. Entre as suas invenções malucas para entender o porquê dos sonhos e as complexas relações da mente com o encadeamento dos fatos inventa uma máquina de controlar o tempo que antecipa e atrasa alguns segundos da vida e uma técnica de controlar o sono REM com fios fixados nas órbitas dos olhos.
Dentro das cenas dos seus sonhos (engenhosamente elaboradas em animações stop motion com papelão, papel-machê, céus com algodão e água em papel celofane) ele tenta controlar os elementos da fórmula descrita no talk-show da abertura do filme, porém, cada vez menos bem sucedido.
Como vimos em postagens anterioras (veja links abaixo), essa é a ambição da atual agenda tecnognóstica: escanear, mapear e, no final, apresentar uma cartografia e topografia da mente para aplicação prática de controle e a mais fácil inserção de programações, ideias e memes nas mentes. Em referência a esta ambição tecnognóstica, as falas de Stephane são carregadas de termos que lembram física quântica e neurociências: “é simplesmente uma aplicação da teoria do caos”, “Causalidade Paralela Sincronizada”, “vínculo complexo” etc.
Suas invenções são ironizadas pela vizinha Stephanie como, por exemplo, quando o protagonista apresenta óculos para ver tudo em 3-D: “Mas a vida já não é em 3-D?”, pergunta Stephanie diante da inutilidade da invenção.
Freud e os mecanismos de defesa do sono
A originalidade do filme “Sonhando Acordado” está em apresentar um novo viés no confronto Sonho X Realidade, velho tema da história do cinema: tudo sempre gira em torno do choque ou confronto entre as duas esferas e dos mecanismos conspiratórios da Realidade (Estado, Governos, Cientistas etc) mobilizados para dominar e derrotar o mundo onírico. Por exemplo, os filmes de Terry Gilliam (“Brazil, o Filme”, “O Pescador de Ilusões” ou o recente “O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus”) insistentemente abordam esse tema comum, resultando numa abordagem romântica onde o mundo onírico e da imaginação sempre perde no confronto com o mundo frio e cruel da racionalidade.
Ao contrário, “Sonhando Acordado” apresenta a reação dos sonhos onde, através de um engenhoso mecanismo de defesa, vai incorporando os estímulos da realidade exterior até incorporá-la dentro da lógica onírica, conduzindo à vitória final.
Esse “mecanismo de defesa” é a chamada “teoria das sentinelas”, apresentada por Freud na abertura do seu livro “A Interpretação dos Sonhos” e, por muito tempo, ignorado. Desse livro de Freud, o que sempre foi colocado em destaque foi a interpreção simbólica dos sonhos por meio das condensações e deslocamentos. Mas o que primeiro chamou a atenção de Freud foram conteúdos dos sonhos que tinham a ver com elaborados mecanismos de proteção do sono contra fatores perturbadores internos (desde dores de cabeça ou preocupações) ou externos (barulhos de trovões ou sons de relógios despertadores).
Por exemplo, se o despertador toca é muito comum o sonho disfarçar a campainha de alarme, tecendo com ela um história qualquer...Você está na igreja, com os sinos tangendo; ou então num escritório, onde um telefone estridente reclama que o atendam". Dado o estímulo, o sonho cria o cenário, fornece atores e adereços para as cenas, tudo isso extraído das experiências e impressões do dia-a-dia de quem está dormindo. O sono é uma necessidade fisiológica e o sonho tenta protegê-lo.
Parece que Gombry inspirou-se nessa característica dos conteúdos dos sonhos para apresentar a reação do universo onírico frente a invasão da realidade. Como grita, a certa altura do filme, a personagem Stephanie: “Anarquia para os Celofanes!” para defender a supremacia dos sonhos sobre a Realidade. Quanto mais a narrativa avança, os sonhos vão se sobrepondo à realidade, dando uma continuidade onírica a cada evento do mundo real. Quando, por exemplo, Stephanie abre a torneira e sai água em papel celofane. A cada estímulo externo, o mundo onírico responde incorporando-o para dar a continuidade dentro do sonho, até dominar a realidade e o protagonista cair no sono final.
A “ciência do sono” é derrotada na vã esperança de tornar produtivas as relações do protagonista no mundo real (no amor, no trabalho, na família). É a defesa do sonho e do inconsciente frente ao assalto das tecnologias do espírito tecnognósticas. Portanto, ANARQUIA PARA OS CELOFANES!
Ficha técnica
Filme: Sonhando Acordado (La Science dês Rêves)
Direção: Michel Gondry
Roteiro: Michel Gondry
Elenco: Gael Garcia Bernal, Charlotte Gainsbourg, Alain Chabat, Miou-Miou
Produção: Gaumont, France 3 Cinema, Partizan Films
sexta-feira, outubro 08, 2010
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Entre as várias palestras e atrações do Encontro de Comunicação da Universidade, os dias 6 e 7 de outubro foram marcados pelo lançamento dos livros "Cinegnose" e "O Caos Semiótico" para a comunidade docente e discente. Em edições sob demanda ("on demand") em breve os títulos estarão disponíveis para venda em sites como da Livraria Cultura e da Giz Editorial, inclusive em versão e-book. Aguarde!
Os livros “Cinegnose” e “O Caos Semiótico” tiveram o seu debut no Primeiro Encontro de Comunicação da Universidade Anhembi Morumbi. Anderson Meneses, seguidor desse humilde blog, foi o primeiro a adquirir um exemplar do “Cinegnose”. Entusiasmado, falou que vai lê-lo detalhadamente para partilhar suas opiniões através de comentários nesse blog.
Pela natureza paradidática do livro, “O Caos Semiótico” foi bastante procurado pelos alunos do curso de Comunicação. Bem conhecido por ex-alunos, agora é re-lançado em uma nova versão atualizada e ampliada para ser aplicado em sala de aula, tanto nas aulas de Comunicação Visual como na disciplina Estudos da Comunicação.
Já o livro “Cinegnose” chamou a atenção do corpo docente pelo ineditismo do tema: a
confluência entre gnosticismo e cinema. Esse livro é o primeiro dentro da bibliografia nacional a explorar esse tema dentro do campo da produção cinematográfica, audiovisual e cultura pop. Embora seja um tema já conhecido e discutido entre pesquisadores norte-americanos e europeus (Erik Davis, Erik Wilson, Victoria Nelson etc.) ainda no país essa discussão é incipiente.
Ambos os títulos foram impressos em processo digital e sob demanda (“on demand”). Portanto, o livro brevemente poderá ser adquirido através da Internet pelo sites da Livraria Cultura e da Giz Editorial. Também estará disponível para venda no site da editora a versão e-book dos títulos.
sábado, outubro 02, 2010
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Os livros "Cinegnose" e "O Caos Semiótico", cujo autor é esse humilde blogueiro que lhes escreve, terá seu lançamento dentro da programação do I Encontro de Comunicação da Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo, nos dias 06 e 07 de outubro. O evento é aberto para o público, em especial para os seguidores e leitores desse Blog. Estão todos convidados!
Finalmente teremos as noites de lançamento e autógrafos dos livros "Cinegnose" e "O Caos Semiótico", pela Giz Editorial de São Paulo. Ocorrerão nos dias 06 e 07 de outubro dentro do I Encontro de Comunicação da Universidade Anhembi Morumbi. No dia 06 o evento começará às 21h na sala 511B, no primeiro andar do prédio da Unidade 5 no Campus Vila Olímpia (Rua Casa do Ator, 294). No dia 6, o evento ocorre no mesma unidade, dessa vez na sala 515 (também no primeiro andar) com início também às 21h.
O livro "Cinegnose: a Recorrência de Elementos Gnósticos na Recente Produção Cinematográfica Norte-americana" é o livro que deu origem a esse blog. O livro é a dissertação de Mestrado defendida na Pós em Comunicação Contemporânea (Análise de Imagem e Som) da Universidade Anhembi Morumbi-São Paulo no ano passado.
Nesse trabalho analiso a produção cinematográfica norte-americana recente (1995 a 2005) onde é marcante a recorrência de elementos temáticos inspirados em narrativas míticas do Gnosticismo (conjunto de seitas sincréticas de religiões iniciatórias e escolas de conhecimento nos primeiros séculos da era cristã).
Temos a frequência de temas como conspirações cósmicas, universos paralelos, amnésia e paranóia, além da ambivalente relação entre o sujeito e a realidade, consciência (especialmente alterada por estados de consciência iluminados) e revolta contra sistemas autoritários de controle. Filmes como Cidade das Sombras (Dark City, 1998), a Vida em Preto e Branco (Pleasantville, 1998), Show de Truman (Truman Show, 1998), Vanilla Sky (Vanilla Sky, 2001), entre outros, apresentam uma idéia geral de que o mundo que percebemos é uma ilusão criada por alguém que não nos ama e que a chave para revelar a ilusão e descobrir a realidade reside numa forma de autoconhecimento ou iluminação. Uma pista para descobrirmos essa conexão entre gnosticismo e cinema passa pela discussão entre misticismo e imaginário tecnológico. Esse período da produção cinematográfica norte-americana refletiria um imaginário tecnológico que alguns autores definem como “gnosticismo tecnológico” ou “tecnognose” (veja o Sumário do livro abaixo).
O Caos Semiótico
Já o livro "O Caos Semiótico - Ensaios Críticos de Estudos da Comunicação" é um relançamento, atualizado e ampliado. Lançado em 1996 teve duas edições pela Editora Terra. Esgotado o livro, não houve tempo para uma terceira edição com o fechamento da Editora Terra lá pelos idos de começo desse novo século.
Bem conhecido entre meus alunos da Universidade Anhembi Morumbi, passou, então, a frequentar sebos reais e virtuais na Internet e diversas cópias digitais em PDF.
Pois bem, finalmente teremos um relançamento com uma versão atualizada e ampliada. Composto por seis capítulos, o livro é estruturado em duas partes distintas: a primeira parte a “Psicanálise da Comunicação” e, a segunda, “Da Semiótica ao Pós-Moderno”( veja abaixo o Sumário do livro).
A novidade é o último ensaio do livro: “Tecnognose: do Vale do Silício à Hollywood”. Foi um artigo apresentado no II Simpósio Nacional da ABCIBER – Associação Brasileira de Pesquisadores em Cibercultura realizado em outubro de 2008 na PUC/SP. Esse trabalho foi o ponto de partida de um projeto desenvolvido no Mestrado em Cinema da Universidade Anhembi Morumbi sobre como o imaginário místico (ou gnóstico) por trás novas tecnologias computacionais vão contaminar a produção cinematográfica da recente produção norte-americana nos aspectos temáticos, narrativos, iconográfico e simbólico.
Lançamento dos livros "Cinegnose" e
"O Caos Semiótico"
Dia 06/10/2010 - 21h às 23h na sala 511B (primeiro andar) Unidade 5 Campus Vila Olímpia.
Dia 07/10/2010 - 21h às 23h na sala 515 (primeiro andar) Unidade 5 no Campus Vila Olímpia.
Local: I Econtro de Comunicação - Universidade Anhembi Morumbi (Rua Casa do Ator 294, Vila Olímpia, São Paulo).
Sumário do livro "Cinegnose" Sumário do livro "O Caos Semiótico"
sexta-feira, setembro 24, 2010
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Assim como os ocidentais absorvem religiões orientais pelo estilo exótico e fluidez, os orientais parecem adotar as tradições abraâmicas. Tais tradições mitológicas parecem traduzir melhor os mundos distópicos e ultra-violentos de batalhas futuristas das narrativas das "Animes" japonesas. Neon Genesis Evangelion, por exemplo, é uma verdadeira enciclopédia de temas do Gnosticismo clássico, onde o homem se confronta com divindades insanas e indiferentes na luta pela posse dos elementos remanescentes das origens do Cosmos.
Abaixo apresentamos uma tradução de parte do artigo de Miguel Conner "Gnostic Themes in Japanese Anime", publicado no site "Exanimer.com National". O texto didaticamente sintetiza o Gnosticismo em quatro mitos básicos (Mito do Demiurgo, da Alma Decaída, do Salvadore do Feminino Divino) que são explorados pela Ficção Especulativa, desde filmes clássicos como Matrix até as Anime (animações) japonesas. Além disso, Conner procura entender o porquê da ascensão dos temas gnósticos na cultura pop japonesa.
Miguel Conner é escrtor de ficção científica norte-americano e apresentador do programa "Aeon Byte Gnostic Radio" uma Internet Radio com entrevistas e debates semanais sobre temas do Gnosticismo, literatura e cultura pop.
Temas Gnósticos nas Animes Japonesas
Miguel Conner
Ao contrário da maioria das religiões, o Gnosticismo não consegue limitar a sua heresia à bidimensionalidade do papel. Além da verdadeira ausência de uma canonização, seu caráter sincrético e parasitário permitiu o espírito do gnosticismo se manifestar ao longo da história por meio de diversas mídias. Além disso, a gnose (o despertar do conhecimento divino) é muitas vezes melhor servida através das expressões artísticas de cada época. Mago Simon, Valentino, Mani, WB Yeats e William Blake eram poetas tão sofisticados como também criadores de blasfêmias.
Nos tempos atuais, o gnosticismo foi reativado tanto pela popularidade da Ficção Especulativa como também pelas descobertas da Biblioteca de Nag Hammadi e do Evangelho de Judas. A Ficção Especulativa talvez seja o veículo ideal para a teologia gnóstica já que ambos se baseiam fortemente na psicologia, mitologia e estados alterados de consciência.
Mais do que um veículo, Gnosticismo e Ficção Especulativa são muito mais do que a Câmera Nupcial Valentiana, um casamento feito nos infernos da audácia artística onde, muitas vezes, não se tem consciência de se estar mergulhando nas nascentes Sethianas e Valentianas. Isto é evidente na frenética tempestade digital dos irmãos Wachowski, em Matrix, uma visionária exploração da ficção de Philip K. Dick, ou, então, os delírios alquímicos encontrados nas HQs de Alan Moore. Bastante se tem escrito sobre essas e outras expressões gnósticas contemporâneas.
Mas o que se tem dado pouca atenção é um já amadurecido campo de Gnosticismo numa forma semi-underground de ficção especulativa diferente do ocidente, uma espécie de masturbação mental sexo-masculino-adolescente com símbolos fálicos em forma de robôs gigantes, entre Aphrodites, distópicos mundos alternativos e ultra-violentos e catárticos ciber punks.
É a Anime (definido por Merriam-Webster como “estilo de animação originário do Japão que se caracteriza por gritantes gráficos coloridos retratando personagens vibrantes em ações frequentemente preenchidas por temas do fantástico e futurismo”).
Há pouca evidência de que esse fenômeno seja proposital. Há provavelmente duas razões para o Gnosticismo se encontrar com a animação japonesa (além do fato óbvio de que a Anime já é flagrantemente sincrética e parasitária com sua frenética agitação de produtos que fogem da estética Bollywood para buscar uma audiência mundial).
A primeira razão é que, sem os mandamentos da comercialização de Hollywood, a imaginação dos escritores e animadores japoneses está mais desapegada, permitindo ir a fundo nos poços da psicologia, mitologia e estados alterados de consciência.
A segunda tem a ver com o romance. Assim como os ocidentais absorvem elementos místicos de religiões por causa do seu estilo exótico e fluidez, os orientais parecem adotar as vertentes esotérica das tradições Abraâmicas que melhor traduzem as intensas fantasias policromáticas das paisagens Anime. A história revela que simbolismo ocultista e narrativa, uma relação tão incompreendida, cria ficções muito poderosas (a sedução da Alemanha pela filosofia oriental no século XIX poderia ser um óbvio exemplo).
Antes de abordarmos os evangelhos gnósticos em que se tornaram as séries de Anime, vamos fazer uma breve exposição da mitologia Gnóstica através de um sintético quadro:
1. O Mito do Demiurgo: A Criação, o Mundo ou a própria realidade é controlada por uma divindade inferior e os seus agentes. Esses anjos (ou arcontes) lançaram um véu de ilusão, ignorância ou desespero existencial sobre aqueles que procuram dominar (e às vezes se alimentam). No gnosticismo clássico, o caráter do Deus do Antigo Testamento era um modelo preferido para o vilão extramundano. Ele é muitas vezes referido como o Demiurgo. Nos evangelhos gnósticos pós-modernos, o Demiurgo não tem necessariamente de ser um antagonista do divino, mas pode assumir a forma de qualquer entidade opressora incluindo ETs , tecnologias opressoras e até mesmo as instituições humanas.Tudo se resume a questão do controle humano versus a liberdade humana. Esse mito inflama a questão sobre o que é real e o que é falso em intrincados níveis ontológicos (ou dimensões).
2. O mito da alma decaída. A ideia de que a semente divina, proveniente de um lugar chamado Pleroma (ou Plenitude) tenha caído em um mundo estranho. Este esperma-luz, a matéria prima da auto-realização, reside dentro de cada mortal, também conhecida como “centelha-divina”. É exatamente pela qual que as criaturas espirituais do Demiurgo anseiam ou querem corromper. Descansando no sono ou estupor, a jornada épica começa verdadeiramente quando um mortal descobre ou é escolhido para realizar o seu potencial transcendental. Uma guerra de libertação tende a entrar em erupção. No Anime e na ficção especulativa normalmente envolve uma agitação do protagonista durante a vigília por algum poder latente ou um presente que o obrigue a cumprir um destino heróico. Este mito provoca a pergunta do que é ser consciente e os níveis de consciência que o ser humano pode chegar.
3. O Mito do Salvador. Pode assumir duas formas. O primeiro é que após o despertar para a sua constituição sobrenatural, o protagonista não deve apenas salvar aqueles ao redor dele dos poderes que criaram o regime ilusório, ele deve também divulgar o conhecimento (gnose) para os outros, para que possam compartilhar as mesmas liberdades ou descubram habilidades semelhantes. A segunda forma é que uma figura salvadora precisa de outra figura salvadora, pois a relação de um hierofante para um neófito é central no Gnosticismo (a ocidental caricatura do professor sábio oriental ajudando o herói). Este mito acende a questão do significado do ser humano, e todos os seres humanos são verdadeiramente iguais, mesmo que alguns possuam maiores habilidades do que outros (um tema predominante nas HQs, óperas de ficção científica e até mesmo em séries de televisão, tais como “Heroes”).
4. O Mito do Feminino Divino. No gnosticismo clássico, Sophia ocupa o centro do palco, simultaneamente, como ser caído e uma redentora da humanidade. Sua encarnação já assumiu várias formas, incluindo a Shekinah de Deus na Cabala, Maria Madalena no Cristianismo esotérico, e Gaia no neo-paganismo. Sylvia em “O Show de Truman” e Trinity em “Matrix” são duas das mais famosas nos domínios da Ficção Científica e da Fantasia. A encarnação pode ser o protagonista, o professor do protagonista, e toda uma gama de variações. Ela resgata ou é resgatada, ou ambos, nas batalhas contra os agentes da opressão e da quebra da realidade falsa. É difícil negar a obsessão das Anime com a confusão com o feminino e sexualidade em geral (que se afasta ou, talvez, complementa a atitude gnóstica da desconfiança em relação ao sexo). Isso agrava a questão dos diferentes níveis de amor, amizade e individualidade no que poderia parecer um universo frio e indiferente.
Há um novo elemento que permeia os quatro mitos, muito relevante para as gnósticas Animes e para ficção especulativa. Em sua luta para entender o que realmente definiu o homem e seu destino no cosmos, o Gnosticismo clássico cogita a tripartição entre Matéria-Homem, Mente e Espírito. O Gnosticismo Contemporâneo tece essa tríade no interior da Máquina – tecnologia avançada, inteligência artificial, cibernética, realidade virtual, etc. A Máquina acrescenta um componente filosófico mais profundo, como o Deus que faz o homem e o homem que faz a Máquina, e os três se encontram frequentemente tentando imaginar quem está no controle e quem realmente existe na percepção de cada um. A Trilogia Matrix e os escritos de Philip K. Dick certamente focam essa revelação gnósticas modernista.
Neon Genesis Evangelion é uma das principais Anime gnósticas.
Humanidade enfrenta anjos não só pela sua existência, mas pela sua própria alma. A superfície da estória é flagrantemente gnóstica. É o clichê Anime típico de um mundo pós-apocalíptico, duelo de robôs gigantes e angústia adolescente . Mas Neon Genesis Evangelion abriga uma camada ainda mais profunda de temas gnósticos de várias escolas (Clássica, junguiana, Dickiana e Cabalística).
As origens da humanidade são muito semelhantes aos da cosmogonia gnóstica de Valentino, onde a queda de Sophia do Pleroma cria o universo e seus habitantes. Em Neon Genesis Evangelion, Sophia é substituída por um ser chamado Lilith, cujo material remanescentes são descobertos na Antártida e, em seguida, salvaguardados pelo homem moderno no Japão, num esconderijo subterrâneo chamado Tokyo 3. Logo depois, a civilização sofre o Dia do Julgamento, quando um outro ser chamado Adam (ecoando as Adamas celestes do Gnosticismo, Maniqueísmo e Cabala) de alguma forma se choca contra a Terra. Metade da humanidade é destruída e os sobreviventes são forçados a viver no subterrâneo. O aquecimento global e outros cataclismos prejudicam os recursos do planeta. Um mundo despótico emerge das cinzas.
E depois vêm os anjos para piorar as coisas.
Estas criaturas buscam recuperar os restos mortais de Lilith e Adam das garras da humanidade, pois eles também são a Mãe e Pai primordiais. Os anjos querem a mesma coisa que os líderes da humanidade – reintegrarem-se com Lilith e Adam, a fim de criar uma consciência coletiva piedosa que se torne uma lei suprema. Enquanto os cientistas humanos tentam desbloquear as essências de Lilith e Adam, eles também utilizam partes de seus corpos titânicos para criar monstros chamados unidades Evangelion (ou Evas), a fim de repelir a invasão divina. Evas aparecem como elegantes e estereotipados robôs gigantes, mas são realmente semideuses bestiais que querem associar com os agentes humanos. Isso tudo constitui o cenário de uma batalha grandiosa e brutal que assola a civilização, ainda mais que os anjos não se encarnam na Terra como dândis alados, mas como pesadelos ao estilo Lovecraft.
Apenas alguns jovens talentosos podem pilotar os Evas. O protagonista principal é Shinji Ikari, um adolescente torturado, que não apenas se torna o salvador da humanidade, mas o representante de muitos dilemas psicológicos e existenciais. Suas esposas-irmãs são as tempestuosas Asuka Langley (a ruiva símbolo de Maria Madalena) e o astral Rei Ayanami (de cabelos prateados, símbolo místico de Sophia). Esses jovens não só passam pelas várias fases clássicas da maturidade de crescimento humano e do herói, mas também representam a confusão da inocência que se perde num mundo louco, não apenas de adultos, mas também de divindades insanas e indiferentes.
Neon Genesis Evangelion empurra todos os aspectos da exploração gnóstica nas diferentes fases de plots brutais, realidades despedaçadas e emboladas, e visões psicológicas da alienação pós-industrial, através de extensos monólogo interiores, todos banhados pelo fedor e desespero de uma civilização condenada. A série também leva o público para a fronteira da insanidade e desolações teológicas através de um elenco de personagens cansados e frequentemente sobrenaturais que atritam a trindade anti-heróica de Shinji, Asuka e Rei (e suas psiques, eventualmente, são absorvidos primeiro pelas Evas e, mais tarde, pelos próprios anjos). Da sobrevivência às falsas realidades para as viagens em planos celestiais através dos horrores pré-criação, “Neon Genesis Evangelion” é uma enciclopédia de Gnosticismo.
domingo, setembro 19, 2010
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Embora o filme não aborde explicitamente temas gnósticos, "Um Sonho Dentro de Um Sonho" tem um "sabor gnóstico" ao adotar uma consciência auto-reflexiva não só da realidade como da própria linguagem cinematográfica. Ao fazer uma referência direta a um poema de Edgar Allan Poe, o filme se associa à tradição da "ironia romântica" que tematiza a angústia humana em ser prisioneiro da linguagem que não consegue apreender uma realidade que se perde no cruel fluxo do tempo.
Eric Wilson, em seu seminal livro sobre o “cinema gnóstico” “Secret Cinema: Gnostic Vision in Film” (onde defende o surgimento de um novo gênero cinematográfico, o “filme gnóstico"), classifica a presença do gnosticismo nos filmes em quatro categorias: os filmes propriamente gnósticos (filmes onde a cosmologia e teologia gnósticas são explícitas como em "Matrix" (Matrix, 1999) e Show de Truman (Truman Show, 1998), filmes Cabalísticos (onde a aspiração gnóstica por transcendência passa por robôs, próteses e servo-mecanismos – o filme "RoboCop" (RoboCop, 1987) seria um exemplo, filmes alquímicos (que descrevem como a vida emerge da morte, o espírito cresce a partir do corpo e a verdade surge a partir do caos – "Beleza Americana" (American Beauty, 1999), e "Homem Morto" (Dead Man, 1995) seriam exemplos dessa categoria.
Wilson fala também de filmes com “sabor gnóstico”, filmes que não abordam propriamente temas do gnosticismo, mas contêm o espírito ou a atitude gnóstica frente à realidade. Um questionamento, por assim dizer, metalinguístico frente o real: pode ser o real um plot dentro de um plot? Uma narrativa dentro de outra narrativa?
O Filme “Um Sonho Dentro de Um Sonho” (Slipstream, 2007), estrelado, dirigido e escrito por Anthony Hopkins certamente se enquadra nessa categoria. O título em português não poderia ter sido mais feliz. Retirado de uma das linhas de diálogo do filme, é uma referência a um poema de Edgar Allan Poe "Dream Within a Dream", escrito quando ele tinha 18 anos, em 1827.
Tal como a literatura do Romantismo do século XIX, os principais temas desse filme são a consciência “meta” da vida e da própria arte e a angústia diante do fluxo do tempo. Assim como no poema de Poe onde protagonista não consegue segurar a areia dourada que se esvai entre os dedos (“Oh Deus como segurar/o que não posso agarrar?/Oh Deus não posso salvar/Um grão desse cruel mar?).
Hopkins é Felix Bonhoeffer, um roteirista que, próximo da terceira idade, é contratado para reescrever um filme de mistério. Na verdade, tentar solucionar problemas de enredo decorrentes de eventos inesperados na produção do filme. Felix começa a viver em dois mundos distintos que, ao longo do filme vão se confundindo: o real (a produção do filme e a elaboração do roteiro) e a sua mente (referências imagéticas da sua vida se mesclando com os personagens do roteiro que tenta escrever).
Com inspiração nitidamente Linchyana (como Cidade dos Sonhos de David Lynch que metalinguisticamente trata dos meandros de Hollywood), Felix se defronta com matadores de aluguel, candidatas a atriz e produtores de cinema, tipos suspeitos que, ao longo da narrativa, transitam entre a realidade e o mundo paralelo criado pelo roteiro que tenta redigir.
O filme é um quebra-cabeças. Com uma edição frenética, há trocas constante de coloração das imagens (preto e branco, sépia, colorido), troca-se a ordem das cenas, erros propositais de continuidade, troca-se o autor das falas etc. Na primeira metade do filme o espectador fica totalmente perdido diante de uma aparente colagem aleatória de cenas. Parece um filme que ainda não foi editado (esse parece ser o propósito, já que se trata da produção de um filme que não termina).
A Ironia Romântica
Certa vez, o escritor e pesquisador Stephan Hoeller afirmou que todo artista sério já era, sem saber, meio gnóstico. A sobrevivência e os constantes "revivals" do gnosticismo certamente se devem a esse caráter parasitário de uma certa consciência ou atitude gnóstica diante da existência. Uma espécie de consciência meta. No caso da arte, a intrusão da figura do autor na obra literária, isto é, o caráter auto-reflexivo, a consciência de jogo na obra e sobre a obra. Essa é a característica principal do Romantismo: a “ironia”:
... A ironia romântica (...) não se esgota na mera interrupção do fluxo narrativo com o narrador dirigindo-se ao leitor. É, muito além disso, um recurso que se destina a fomentar uma constante discussão e reflexão sobre literatura – um processo do qual o leitor forçosamente participa. Essa participação é alcançada na medida em que o escritor destrói a ilusão de verossimilhança e desnuda o caráter ficcional da narrativa, chamando a atenção do leitor para como o texto foi construído.( VOLOBUEF, K. Frestas e Arestas. A prosa de ficção do romantismo na Alemanha e no Brasil. São Paulo: Editora da UNESP, 1998, p.99.
Essa atitude ou consciência meta (auto-reflexiva) que vê tanto a realidade como a arte que tenta representar a realidade como "construct" (artificialismo), parece ser o tema dominante do filme “Um Sonho Dentro de Um Sonho”. Na medida em que o protagonista confunde o roteiro e todas as suas referência cinematográficas (como o clássico “Vampiro de Almas”) com a própria realidade (a produção de um filme), Felix, atônito, chega ao limite da auto-reflexão: será a vida um roteiro cinematográfico, onde, dentro dele, produzimos novos roteiro? Ou, ao contrário, produzimos roteiros para, artificialmente, representarmos uma realidade inatingível?
Essa é a angústia que perpassa não apenas o filme “Um Sonho Dentro de Um Sonho”, mas de todo o Romantismo do século XIX: a angústia de que perdemos uma relação plena com a realidade, uma desconfortável sensação de hiato entre homem/mundo, experiência/representação. O recurso da ironia literária (obras ficcionais com constantes auto-reflexões narrativas, trazendo incerteza tanto ao protagonista quanto ao leitor sobre qual o ponto de vista da estória que está sendo contada) é o reflexo de uma consciência gnóstica em relação à existência: a desconfiança de um artificialismo tanto da arte como da própria realidade que pretendemos representar.
O filme constantemente repete planos do protagonista atônito, olhos arregalados e boca aberta, impotente, vendo o fluxo dos acontecimentos, a edição frenética e a troca constante da voz narrativa. Felix tenta ao longo do filme, sem sucesso, entender ou capturar o fluxo do tempo. Angústia fundamental da arte: como uma representação estática pode apreender o fluxo do tempo? Tal como no poema de Poe, como segurar entre as mãos a areia dourada que cruelmente se esvai?
Das artes plásticas, passando pela fotografia e cinema, parece ser essa angústia fundamental que norteia as tecnologias das imagens. Porém, quando o cinema chega a sua maturidade artística e tecnológica, repete-se o mesmo fenômeno da literatura quando chegou ao seu ápice: a angústia da auto-reflexão, a consciência metalinguística das limitações da representação artística em apreender o fluxo do tempo e da realidade.
Mas essa consciência (ou INconsciência) gnóstica levanta uma suspeita mais profunda: e se esse próprio fluxo cruel do tempo for um artifício, um constructu no qual estamos aprisionados? Assim como Felix Bonhoeffer ou Edgar Allan Poe em seu poema, estaríamos presos nessa falha cósmica que é o fluxo do tempo?
Esse sabor gnóstico presente no filme “Um Sonho Dentro de Um Sonho”, esse encontro entre cinema e romantismo literário, faz-nos compreender o porquê da sobrevivência do questionamento gnóstico ao longo da história: para além dos questionamentos cosmológicos e teológicos feitos pelos seus pensadores, o Gnosticismo não consegue se limitar à bidimensionalidade do papel. Vai mais além, numa atitude constantemente renovada de ironia e auto-reflexão em relação à vida e à arte.
Abaixo, uma tradução livre do poema de Edgar Allan Poe:
"Um Sonho Dentro de Um Sonho"
Edgar Allan Poe
Receba este beijo na testa E agora estou lhe deixando Confessar-me é o desejo Você não está errado Meus dias foram um sonho Contudo se a esperança fosse embora Numa noite ou em um dia Numa visão ou em nenhuma Restaria algo? Tudo que nós vemos Tudo que parecemos Não é mais que um sonho dentro de um sonho, sonho...
Eu estou entre o rugido de uma costa De ondas atormentadas ao mar E eu seguro entre as minhas mãos Grãos da areia dourada Oh, como elas rastejam Dos meus dedos ao profundo Quando eu soluço, quando eu soluço Oh Deus, como segurar o que não posso agarrar ? Oh, Deus não posso salvar um grão desse cruel mar ? Isso é tudo que vemos Tudo que parecemos Não é mais que um sonho dentro de um sonho, sonho... Sonho, Sonho, Sonho...
Trailer de "Um Sonho Dentro de Um Sonho (Slipstream, 2007)
Ficha Técnica:
Filme: Um Sonho Dentro de Um Sonho (Slipstream)
Direção: Anthony Hopkins
Roteiro: Anthony Hopkins
Elenco: Anthony Hopkins, Christian Slater, Jeffrey Tambor, John Turturro, Kevin McCarthy, Stella Arroyave
Cinegnose participa do programa Poros da Comunicação na FAPCOM
Este humilde blogueiro participou da edição de número seis do programa “Poros da Comunicação” no canal do YouTube TV FAPCOM, cujo tema foi “Tecnologia e o Sagrado: um novo obscurantismo?
Esse humilde blogueiro participou da 9a. Fatecnologia na Faculdade de Tecnologia de São Caetano do Sul (SP) em 11/05 onde discutiu os seguintes temas: cinema gnóstico; Gnosticismo nas ciências e nos jogos digitais; As mito-narrativas gnósticas e as transformações da Jornada do Herói nas HQs e no Cinema; As semióticas das narrativas como ferramentas de produção de roteiros.
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Coleção Curtas da Semana
Lista semanalmente atualizada com curtas que celebram o Gnóstico, o Estranho e o Surreal
Após cinco temporadas, a premiada série televisiva de dramas, crimes e thriller “Breaking Bad” (2008-2013) ingressou na lista de filmes d...
Bem Vindo
"Cinema Secreto: Cinegnose" é um Blog dedicado à divulgação e discussões sobre pesquisas e insights em torno das relações entre Gnosticismo, Sincromisticismo, Semiótica e Psicanálise com Cinema e cultura pop.
A lista atualizada dos filmes gnósticos do Blog
No Oitavo Aniversário o Cinegnose atualiza lista com 101 filmes: CosmoGnósticos, PsicoGnósticos, TecnoGnósticos, AstroGnósticos e CronoGnósticos.
Esse humilde blogueiro participou do Hangout Gnóstico da Sociedade Gnóstica Internacional de Curitiba (PR) em 03/03 desse ano onde pude descrever a trajetória do blog "Cinema Secreto: Cinegnose" e a sua contribuição no campo da pesquisa das conexões entre Cinema e Gnosticismo.
Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, organizado pelo Prof. Dr. Ciro Marcondes Filho e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.
Neste trabalho analiso a produção cinematográfica norte-americana (1995 a 2005) onde é marcante a recorrência de elementos temáticos inspirados nas narrativas míticas do Gnosticismo.>>> Leia mais>>>
"O Caos Semiótico"
Composto por seis capítulos, o livro é estruturado em duas partes distintas: a primeira parte a “Psicanálise da Comunicação” e, a segunda, “Da Semiótica ao Pós-Moderno >>>>> Leia mais>>>