Um atirador mata 12 pessoas em uma Base Naval em Washington DC.
Poucos tempo depois na mesma cidade um carro força a barreira de segurança da
Casa Branca e o Serviço Secreto mata sua motorista. No dia seguinte, um homem
ateia fogo a seu próprio corpo em uma esplanada próxima ao Capitólio. E para
completar, um incidente que quase passou despercebido pelas agências de
notícias: com duas horas de diferença, em Houston, Texas, um homem tentou fazer
a mesma coisa, mas foi contido por populares que lhe arrancaram o isqueiro
depois dele se encharcar com gasolina. Segundo Loren Coleman, pesquisador sincromístico
e psicólogo social especialista nos fenômenos de suicídios e assassinatos
seriais, há estranhas coincidências significativas que conectariam esses
eventos a um inconsciente coletivo repercutido pela própria cobertura
midiática.
Após o incidente com o atirador
na Base Naval que matou 12 pessoas, Aaron Alexis, a mídia teve a atenção
capturada para outro incidente bizarro em Washington DC em frente à Casa
Branca: uma mulher tentou ultrapassar com o seu carro uma barreira de segurança
e por causa disso começou uma perseguição por parte do Serviço Secreto (órgão
encarregado pela segurança do presidente) em que ocorreram vários disparos. O
veículo preto se chocou contra a área de controle de acesso ao Capitólio e foi
rodeado por vários policiais armados que retiraram uma criança de um ano e a
motorista morta.
Loren Coleman, um pesquisador em
fenômenos sincromísticos, consultor do Maine Youth Suicide Program e um
especialista nos estudos sobre as conexões entre a mídia e suicídios-atentados,
observou uma série de aparentes coincidências entre os casos:
Miriam Carey |
(a) o atirador Aaron Alexis foi preso em 2004 em Seattle por
ter dado tiros no pneu de um veículo em um “acesso de fúria”. Miriam Carey
recentemente tinha cortado os pneus do seu veículo em um incidente em
Connecticut;
(b) qual o significado do nome “Miriam Carey”. “Miriam” é o
derivado hebraico de “Maria”. Ele é usado no Antigo Testamento como o nome da
irmã mais velha de Moisés e Aarão – Aaron era o nome do atirador da Base Naval. É um nome muito popular entre os judeus e passou a ser usado como um
nome cristão desde a Reforma Protestante.
(c) “Carey” é um sobrenome irlandês que foi derivado de
“ciardha”, derivado do irlandês “Ciar” que significa “preto”.
(d) Uma mulher negra em um carro preto com um nome “negro”
atacando a Casa Branca onde está o primeiro presidente negro.
Depois de anos trabalhando com
casos de atiradores envolvidos em assassinatos em massa aparentemente aleatórios
em escolas, shoppings e em outros episódios cujos autores são sempre homens
caucasianos, Coleman afirma que agora entramos em um período de uma
intensa atenção midiática com o envolvimento de afro-americanos como nos
casos de Lakim Faust (21/06/2013), de Cristopher Richardson Jr. (30/08/2013) e
Aaron Alexis (16/09/2013).
E ainda
podemos acrescentar o recente episódio ocorrido no dia 04 desse mês onde um
homem negro colocou fogo em si mesmo diante de perplexos turistas em um parque
do National Mall, novamente perto da Casa Branca. Isso tudo acontece em uma
pesada atmosfera política dominante em Washington com a paralisação do serviço
público federal graças ao impasse entre Democratas e Republicanos sobre o
orçamento para os próximos 12 meses, com consequências imprevisíveis na
conjuntura econômica mundial.
Coleman
acredita que em tudo isso há mais do que coincidências, mas sincronicidades:
como se as ações humanas fossem parte de uma dinâmica de conexões entre um
inconsciente coletivo, egrégoras e formas-pensamento aglutinadas em clichês
políticos, midiáticos e tradições etimológicas presentes em palavras e nomes
próprios.
A hipótese sincromística
Sincromisticismo vem do latim sunkronos e do grego syn + Khronos (tempo) e do latim mysticus
(mistérios) e do grego mysticos
(aquele que é iniciado). O termo foi usado pela primeira vez por Jake Kotze em
2006 em seu blog “The Brave New World
Order”. Kotze definiu o conceito como “a arte de encontrar
coincidências significativas em fatos aparentemente banais com significados
místicos ou esotéricos”.
Para Kotze a hipótese sincromística explora a
possibilidade de conseguirmos rastrear as conexões na cultura moderna (filmes,
letras de música, acontecimentos históricos e conhecimento esotérico), e
encontrar vínculos com o "inconsciente coletivo" no sentido dado pelo
psicanalista Carl G. Jung, fazendo aproximações entre o conhecimento oculto (ou
seja, fraternidades esotéricas, cultos e rituais secretos), a política e os meios
de comunicação de massa.
Loren Coleman, que se autodefine
como um “sincronizador”, vem utilizando em seu blog Twilight Language
uma interessante metodologia que utiliza as seguintes ferramentas: a Onomatologia
(estudo dos nomes próprios e as suas origens), a Antroponomia (o estudo dos
antropônimos, isto é, os nomes dos seres humanos), a Toponímia (o estudo das
origens dos nomes de lugares) e a Etimologia (o estudo da origem dos
significados das palavras e como eles mudam ao longo do tempo).
Partindo de um princípio
esotérico de que “os pensamentos são coisas”, isto é, se cristalizam em
primeiro lugar através da linguagem visível e audível e em seguida para
dimensões mentais e astrais (egrégoras, formas-pensamento), Coleman atribui um
papel fundamental dos meios de comunicação como caixa de ressonância.
Por exemplo, em seu livro “O
Efeito Copycat” Coleman presta uma particular atenção de como a mídia
utilizam-se de memes ou arquétipos que povoam essa espécie de contínuo
midiático atmosférico e que acaba atraindo todo um subconjunto de pessoas
vulneráveis, homicidas e suicidas em um nível inconsciente. Esses doentes psíquicos estariam entre o mundo racional
da causa e efeito e o mundo crepuscular dos sinais e dos símbolos. A diferença
é que seriam atormentados por essa realidade sincromística que, então, poderia
infectar a população em geral.
Um roteiro sincromístico em Washington?
Duas horas depois um homem no Texas tenta repetir a auto-imolação de Wshington DC |
Nesse momento Loren Coleman vem encontrando padrões
nos “aleatórios atos de violência” em Washington, como a mídia norte-americana
vem assinalando.
Pouco tempo depois do incidente em que Miriam Carey
forçou seu carro contra a barreira de segurança da Casa Branca, um homem ateou
fogo em si mesmo.
Quase
ao mesmo tempo em que a auto-imolação em Washington DC chamava a atenção
nacional, a maioria das agências de notícias perdeu um ato assustadoramente
semelhante que estava sendo tentado a 1.400 milhas de distância, em Houston,
Texas. Relatos indicam que cerca de duas horas depois, outro homem cujo nome
não foi divulgado, derramou uma lata vermelha de gasolina sobre si mesmo e tentou
se incendiar. Ele não foi bem sucedido, pois transeuntes conseguiram pegar a
tempo o isqueiro que ele estava usando. O desconhecido foi levado para um
hospital.
E
as coincidências não param aí. Segundo Coleman, o horário da auto-imolação foi
às 4:20 p.m. o que seria digno de nota. Na cultura do consumo da cannabis
associa-se o código 420 ou 4:20 ao momento de “queimar um”. O incidente ocorreu
em uma esplanada próximo ao Capitólio em cujo local o conflito republicanos e
democratas foram os responsáveis pela paralisação parcial do governo federal. A
paralisação ocorreu no mesmo dia em que o site da deep web chamado “Silk Road” (dedicado à venda e compra de maconha
e drogas ilícitas) foi fechado.
E
Coleman se pergunta se o efeito copycat estaria em ação na recente onda de
tragédias em Washington DC. Ele observa que um interessante anagrama que
poderia ser retirado do nome Miriam Carey seria “mimicry area” (área de
imitação)...
Percebe-se
que a metodologia de sincronização de Coleman consiste, em primeiro lugar,
traçar o maior número possível de correspondências, analogias e coincidências
muitas vezes bizarras e até inverossímeis para, depois, tentar filtrá-las e
tentar estabelecer “coincidências significativas”.