domingo, novembro 25, 2018
Curta da Semana: "Big Data - L1ZY" - os fantasmas que assombram a Internet
domingo, novembro 25, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Uma típica família de classe média suburbana passa a ser assombrada por um novo dispositivo de Inteligência Artificial. “Big Data – L1zy” é um curta sombriamente satírico ao melhor estilo “Black Mirror”, mas emulando um “infomercial” típico das TVs norte-americanas. “L1zy” é uma paródia de assistentes pessoais inteligentes como Alexa ou Siri – como sob a aparência amigável de vozes sexies, nossas vidas são hackeadas pela mineração de Big Data e algoritmos que probabilisticamente preveem nossas desejos e comportamentos. “Big Data – L1zy” propõe uma amarga reflexão: como a Internet, da utopia da “biblioteca universal” e da “rede de inteligência coletiva” se transformou em um conjunto de plataformas que em segredo sequestra nossos dados pessoais com objetivos mercadológicos e políticos.
quinta-feira, novembro 22, 2018
Arte, Política e Guerra Antimídia em "Art of The Prank"... mas não conte prá esquerda!
quinta-feira, novembro 22, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Jornalistas são perigosamente ingênuos... não se interessam pela verdade, mas apenas por uma boa história”, afirma Joey Skaggs no documentário “Art Of The Prank” (2015). Joey Skaggs é um artista plástico que iniciou nos movimentos contraculturais de protestos nos EUA. Quando percebeu que o maior inimigo não era o Governo, mas a grande mídia que o sustenta. A partir dos anos 1970 tornou-se o principal criador de “Media Prank” e “Culture Jamming” – estratégias de guerrilhas semióticas antimídia. Skaggs passou então a criar uma série de personagens e histórias fictícias (pegadinhas) para enganar os jornalistas, revelando como a opinião pública é formada sobre mentiras: o “Bordel para Cachorros”, o “Banco de Esperma de Celebridades”, a “Pílula que cura tudo” produzida a partir de enzimas das baratas etc. CNN, ABC, CBS, todos caíram nas pegadinhas de Skaggs. Até o jornalista Pedro Bial mostrando na Globo a “revolucionária Terapia do Leão” do “célebre” Baba Wa Simba... “Art Of The Prank” mostra didaticamente como se faz uma guerra semiótica: fazer a mídia sentir o gosto do próprio veneno da mentira que ela produz... mas não conte para a esquerda! Dificilmente entenderá...
segunda-feira, novembro 19, 2018
Cultura, prostituição e barbárie no filme "Bibliothèque Pascal"
segunda-feira, novembro 19, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Uma mulher desesperada em recuperar a guarda da sua filha. Uma mãe que foi vítima de uma rede europeia de prostituição de mulheres e crianças que realiza sequestros no Leste Europeu para o mercado sexual da elite intelectual e corporativa inglesa. Para ter sua filha de volta, deve relatar onde esteve nos últimos dois anos. Ela descreve o cabaré-bordel chamado “Bibliotheque Pascal”, em Liverpool, repleto de estantes com livros e quartos que recriam em tons futuristas e sadomasoquistas cenas literárias das obras de Shakespeare, Nabokov, Wilde, Shaw entre outros. O filme húngaro “Bibliothèque Pascal” (2010) dança nas bordas entre fantasia e realidade, civilização e barbárie. É impossível não lembrar do pensador alemão Walter Benjamin, principalmente nas sequências do cabaré-prostíbulo. Lá a barbárie não parece ser o avesso da civilização, mas um pressuposto dela. O impulso bárbaro parece não estar fora, mas no interior do movimento de criação e transmissão cultural.
domingo, novembro 18, 2018
O assombro cósmico e psíquico de aranhas e fantoches em "Possum"
domingo, novembro 18, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Possum” (2018) é terror silencioso e psicológico. E principalmente simbólico: consegue articular dois simbolismos cósmicos e psicológicos – a aranha e o fantoche, aglutinados num bizarro boneco com corpo e pernas de aranha e a cabeça rachada de uma boneca. Alguma coisa entre os brinquedos mutantes de Toy Story e as animações de Jan Svankmajer. Um estranho fantoche que exerce um poder sufocante sobre o seu titereiro. Depois de muitos anos, Philip retorna para a cidade da sua infância para confrontar o seu cruel padrasto e os segredos que torturaram sua vida inteira. Mas o bizarro fantoche aracnídeo continua assombrando-o, por mais que tente destruí-lo. Filme sugerido pelo nosso leitor... bem, você sabe quem...
sábado, novembro 17, 2018
Cinegnose e Coletivo Resistência discutem guerra semiótica e antimídia
sábado, novembro 17, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A convite do Coletivo Resistência, este editor do “Cinegnose” discutiu o tema “Guerra Híbrida e Guerra Semiótica” nessa última quarta-feira (14/11) no Sindicato dos Bancários no Centro de SP. Na pauta, o detalhamento das táticas de mineração de Big Data nas redes sociais nas campanhas de Trump e Bolsonaro, e a articulação entre mídias tradicionais e as redes – “frame set” + criação de “Co-Memes” (constelação de memes que se apoiam mutuamente). E a tríade de articulação de uma contra-comunicação: explorar o mesmo campo simbólico da direita, prospecção de líderes de opinião e estratégias de guerrilhas antimídia. Mas principalmente, como recuperar a aura antissistêmica do campo progressista – competentemente hackeada pelo discurso politicamente incorreto da direita. Como? Talvez a célebre e cínica revista de paródias incorretas underground “Mad” possa ser uma fonte de inspiração criativa.
sexta-feira, novembro 16, 2018
Gnosticismo e magia abrem estranhos portais em "A Dark Song"
sexta-feira, novembro 16, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Algumas
vezes não é a casa que está assombrada, mas as pessoas dentro dela. Inspirado
num “grimório”, uma coleção medieval de feitiços, rituais e encantamentos
mágicos cabalísticos chamado “O Livro de Abramelin” (escrito entre os séculos XIV e XV), A Dark Song (2016) é um conto sobre a aceitação da perda e da morte.
Duas pessoas em uma remota casa no interior do País de Gales ficarão trancados
por meses executando um intrincado ritual que os forçará aos limites físicos e
psicológicos. Ambos lidando com o luto – a perda de um filho e a perda do
interesse na própria vida. Um ritual gnóstico e herético: não se trata de lidar com o
divino, mas abrir portais para alguém ou algo totalmente desconhecido que pode
ser reflexo de nós mesmos ou de estranhas entidades. E sabermos reconhecer que,
sejam “bons” ou “maus”, todos não são filho de Deus, mas prisioneiros de uma
mesma Criação. Filme sugerido (insistentemente...) pelo nosso leitor Felipe Resende.
domingo, novembro 11, 2018
Cinegnose discute Guerra Híbrida e Guerra Semiótica nessa quarta em São Paulo
domingo, novembro 11, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A convite do Coletivo Resistência, de São Paulo, esse humilde blogueiro participará como palestrante da discussão “Guerra Híbrida e Guerra Semiótica” nessa quarta-feira (14/11). O evento acontecerá no Salão Azul do Sindicato dos Bancários de São Paulo, às 19h. Este “Cinegnose” vem nesse ano participando de uma série de palestras sobre o tema, como em Ituiutaba/MG e no Rio de Janeiro, recentemente no Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz. Agora, é a vez de São Paulo também discutir: por que, desde o século passado, a direita sempre esteve na vanguarda das estratégias de comunicação? Está prevista transmissão ao vivo pela Internet pelo Jornalistas Livres.
A "rinocerontite" se alastra entre nós em "Rinocerontes"
domingo, novembro 11, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Era mais uma manhã de um domingo qualquer. Dois amigos conversam em um restaurante. De repente o chão estremece e ouvem-se urros do lado de fora. Um rinoceronte desce a rua em disparada destruindo portas e vitrines dos bares. Mais tarde, outros rinocerontes aparecem e um deles é reconhecido como um ex-colega de trabalho. Um bizarro contágio de “rinocerontite” se alastra, transformando humanos em ferozes paquidermes. Mas estranhamente as pessoas aceitam tudo como um “fato da vida”, e até começam a achar belo esse retorno da humanidade à “pureza” da natureza. Menos Stanley (Gene Wilder) que lutará para salvar das manadas enfurecidas o que restou da racionalidade humana. Esse é o filme “Rinocerontes” (Rhinoceros, 1974), adaptação da peça do Teatro do Absurdo do romeno Eugène Ionesco. Uma parábola sobre a ascensão do fascismo na pátria do dramaturgo. Mas ao revisitarmos esse filme de 1974, notamos que a “rinocerontite” continua ainda bem atual.
quarta-feira, novembro 07, 2018
Estamos todos à espera de algo que nunca chega em "Esperando Godot"
quarta-feira, novembro 07, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Obra-prima do Teatro do Absurdo de Samuel Beckett, “Esperando Godot” sempre esteve à espera de uma adaptação cinematográfica. A qual Beckett resistia por temer que o espírito de dissonância original da peça fosse perdido na linguagem fílmica. Mas o projeto “Beckett in Film” do diretor irlandês Michael Lindsay-Hogg certamente superou esses temores de Beckett. Em “Esperando Godot” (2001), a peça em dois atos em que nada acontece ganha novos tons, principalmente gnósticos: por que dois mendigos à espera do misterioso Godot que nunca aparece, simplesmente não viram as costas e vão embora? O que temem? O absurdo e surrealismo de "Esperando Godot" é apenas a superfície de um horror metafísico de Beckett que parece remeter ao trauma do Holocausto: como foi possível uma barbárie jamais vista na Segunda Guerra Mundial? Que cosmos é esse em que vivemos que cria condições para acontecer horrores que jamais deveriam acontecer?
domingo, novembro 04, 2018
Vinte e seis anos depois, Brasil se parece com "Bob Roberts"
domingo, novembro 04, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Num país onde a elaboração de um roteiro para o cinema e o planejamento do marketing político de um candidato são a mesma coisa, filmes como “Bob Roberts” (1992) não se limitam a fazer uma mera sátira da política. Vai mais além, misturando fatos reais da propaganda política com a ficção. Produzindo o paradoxal efeito “mockumentary” – acreditar na realidade por meio de um filme ficcional que simula ser um documentário sobre um candidato de extrema-direita ao Senado dos EUA. Um filme obrigatório, principalmente após o controvertido processo eleitoral brasileiro que levou outro candidato da extrema-direita ao poder, dessa vez à presidência. Após 26 anos da exibição de “Bob Roberts”, o filme continua assustadoramente atual, com surpreendentes semelhanças com as eleições brasileiras: manipular os fios da “política das emoções” (racismo, sexismo etc.) para esconder que por trás não existe nada.
sábado, novembro 03, 2018
Em "Await Further Instructions" a TV nos contamina com insanidade e obediência cega
sábado, novembro 03, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Uma família tenta se reconciliar na noite de Natal depois de anos de estranhamento. Mas em breve, encontram-se presos e incomunicáveis com o mundo exterior em sua casa suburbana. Há algum tipo de entidade não identificada que se comunica exclusivamente através da televisão, por meio de teletextos (que lembram os velhos videogames de 8 bits) com ordens ambíguas que progressivamente provocam discórdia, histeria e violência. Será que tudo não passa de algum reality show televisivo? Um ataque terrorista? Ou algo pior? Ao lado de “Videodrome” (1982) de David Cronemberg, “Await Further Instructions”(2018) é um filme que nos mostra que a TV há muito deixou de ser uma janela aberta para o mundo para se converter em tela que nos passa comandos. Nós não temos ideias, mas é as ideias que nos têm, nos transformando em hospedeiros virais para replicar a insanidade e a obediência cega. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.
sexta-feira, novembro 02, 2018
Retrofascismo: na Guerra Híbrida o fascismo retorna como farsa
sexta-feira, novembro 02, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em 2011 este “Cinegnose” teve uma sombria antevisão: “o retrofascimo brasileiro só está à espera de uma tradução política para conquistar, mais uma vez, o Estado”, afirmava este humilde blogueiro. E este momento chegou! Só que dessa vez como farsa, diferente da tragédia do fascismo clássico do século XX. Conceito criado pelo pesquisador em Cultura e Tecnologia, Arthur Kroker, “retrofascismo” representa o mix dos motivos que fizeram surgiu o fascismo histórico com a hipertecnologia do século XXI. É necessário entender as nuances entre o fascismo do passado e o atual, como mais um lance no xadrez geopolítico da Guerra Híbrida brasileira: assim como no passado, o retrofascismo utiliza a matéria-prima psíquica da personalidade autoritária, mas dessa vez como estratégia de dissuasão midiática (e, por isso, como farsa) – criação da agenda da polarização em torna das questões identitárias, culturais e de costumes para esconder um programa de governo ruim de voto. Porém, produziu três efeitos residuais: o efeito “Uma Noite de Crime”; o efeito “A Ficha Caiu!”; e o efeito “Apertem os Cintos, a Grande Mídia sumiu!”.
sábado, outubro 27, 2018
Gil Gomes e Datafolha fazem a tradução política do fascismo brasileiro
sábado, outubro 27, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Nos dias que antecederam a eleição de segundo turno dois fatos relevantes: a morte do radialista e jornalista Gil Gomes e os resultados da pesquisa Datafolha sobre os atributos dos candidatos à presidência. O primeiro, evento sincrônico cheio de significados – a morte do representante de uma extirpe da crônica policial que por décadas cultivou o ódio, medo e vingança dos telespectadores e ouvintes. Cuja colheita vemos na atual polarização política. E o segundo, divulga números sobre os atributos aos candidatos à presidência que relembram os resultados da célebre pesquisa “Personalidade Autoritária” liderada por Theodor Adorno na década de 1940 nos EUA. Pesquisa representou as configurações psicodinâmicas relacionadas a atitudes e expressões antissemitas, etnocêntricas, conservadorismo político e econômico para chegar ao potencial fascista, a famosa “Escala F”. Provando que o pensamento autoritário não é uma simples “aberração cognitiva”. Mas uma formação reativa psíquica à espera de uma tradução política.
sexta-feira, outubro 26, 2018
O capitalismo é apenas mais uma forma de gerir o hospício humano em "Insanidade"
sexta-feira, outubro 26, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O filme checo “Insanidade”
(“Silení, 2005) é para poucos pela sua alta carga de niilismo e humor negro. O
diretor Jan Svankmajer volta à crítica da sociedade de consumo do filme
anterior “Little Otik” (2000), mas dessa vez por um viés político e
ontológico: a história humana é comparada a um problema de gestão de um
manicômio no qual há duas formas de fazê-lo - ou a liberdade absoluta na qual o
prazer e orgia se aproximam do crime e da morte, ou o totalitarismo da dor e
castigo que também flerta com a morte. Um jovem tem recorrentes pesadelos até
encontrar um milionário excêntrico que emula o próprio Marquês de Sade. Ele
apresenta o médico gestor de um manicômio que apresenta uma técnica supostamente
revolucionária que irá livrá-lo dos seus pesadelos. “Insanidade” é uma fábula sobre
como a História até aqui não conseguiu conciliar Eros e Thanatos, prazer e
morte. E como o capitalismo é mais uma forma de gerir essa loucura.
quinta-feira, outubro 25, 2018
"Esquerda precisa de um novo Goebbels?", indaga Cinegnose na CEE-Fiocruz no Rio
quinta-feira, outubro 25, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Nessa segunda-feira este
humilde blogueiro participou da oficina “Guerra Semiótica, Políticas Sociais e
Saúde” após gentil convite da pesquisadora Letícia Krauss, coordenadora do
evento. A oficina foi no CEE-Fiocruz (Centro de Estudos Estratégicos da
Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro). Procurei fazer um comparativo entre as
ações da direita e esquerda, no espectro político, dentro do campo da
comunicação. O problema: enquanto a esquerda mal compreendeu o funcionamento
das mídias de massa no século XX, nesse século a direita da um segundo salto
tecnológico com a guerra semiótica no campo das tecnologias de convergência –
Internet e redes sociais. Solução: lutar no mesmo campo simbólico da direita,
modular a comunicação para alcançar líderes de opinião de grupos e comunidades
(analógios ou digitais) e táticas de guerrilha antimídia. Será que para isso seria
necessário um novo Goebbels, agora na esquerda?
terça-feira, outubro 23, 2018
Memória, identidade e controle mental no filme "Upstream Colour"
terça-feira, outubro 23, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um filme
inclassificável. Pode ser um romance com uma racionalização sci-fi. Uma jovem
engole uma capsula medicinal contendo um estranho verme cuidadosamente
cultivado em estufa, tornando-se hospedeira tanto da larva como do controle
mental de alguém que a transformou numa cobaia involuntária de um experimento.
Agora ela terá flashbacks, flashfowards e flahs periféricos tornando o filme “Upstream
Colour” , 2014, de Shane Carruth (“Primer”) num filme estranho, surreal. Num
verdadeiro quebra-cabeças que cobra do espectador esforço cognitivo para
restabelecer a linearidade. Uma experiência enigmática, única, hipnótica e
surreal. “Upstream Colour” nos dá a sensação de, através de um microscópio,
estarmos vendo a matéria-prima das nossas memórias e identidades: as sensações
mais básicas dos nossos cinco sentidos. Tão efêmeras e frágeis que podem ser
roubadas quando menos esperamos.
domingo, outubro 21, 2018
"Cinegnose" discute no Rio guerra semiótica nas políticas públicas de saúde
domingo, outubro 21, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Mais uma vez este humilde blogueiro do “Cinegnose” vai ao Rio de Janeiro. Dessa vez, no CEE Fiocruz (Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz – Fundação Oswaldo Cruz) para apresentar a oficina “Guerra Semiótica, Políticas Sociais e Saúde”. O evento será nessa segunda-feira às 13h30. Será abordado todo um espectro de conceitos teóricos, práticos e políticos associados à Teoria da Comunicação e Semiótica. Mas principalmente, como esses referenciais teóricos podem orientar práticas de política de comunicação no atual cenário brasileiro de guerra híbrida e semiótica. Em particular, atingindo as políticas públicas de saúde.
sábado, outubro 20, 2018
"ZapGate" é o último ato da guerra híbrida
sábado, outubro 20, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Cinicamente a Globo chama de “guerra virtual” para encobrir o caráter assimétrico da batalha do disparo de milhões de notícias falsas com apoio empresarial pela campanha de Jair Bolsonaro - o "ZapGate". Enquanto isso, mais uma vez o PT aciona seu Exército Brancaleone para pedir, dessa vez, medidas punitivas da Justiça Eleitoral – como se não estivéssemos testemunhando o previsível último ato de uma guerra híbrida metódica e sistemática iniciada em 2013. Aguarda-se um show de contorcionismo judicial-midiático para deixar o tempo passar mais rapidamente. Ou enfiarão a cabeça na terra e se fingirão de morto...Este é o último desafio para a esquerda: se ela mal compreendeu o porquê do sucesso da propaganda hipodérmica do nazi-fascismo do século XX, poderá entender e dar uma resposta estratégica à guerra da mineração de big data criadora de dissonâncias cognitivas e realidades paralelas? Apesar do ar pós-modernoso do “ZapGate”, as origens da sua estratégia de comunicação estão no século XX: a descoberta de que as redes dos líderes de opinião de grupos e comunidades é que sancionam os conteúdos midiáticos.
segunda-feira, outubro 15, 2018
"O Abrigo": o mais perturbador filme pós-apocalipse dos últimos tempos
segunda-feira, outubro 15, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Pode parecer que “O Abrigo” (“The Divide”, 2011) é mais um filme pós-apocalíptico em que, outra
vez, Nova Iorque é destruída. Dessa vez por bombas nucleares em uma guerra
indeterminada. Mas dessa vez não temos uma narrativa épica de um herói que luta
em colocar ordem no caos para salvar o dia. As coisas irão de mau a pior num
grupo de sobreviventes em um abrigo subterrâneo. A obsessão pela temática pós-apocalipse
e do fim do mundo no cinema encobre a raiz de um sintoma que “O Abrigo” revela
de maneira explícita: o freudiano “Mal-Estar da Civilização” assentado no temor
da morte, da fragilidade do corpo e no inferno que representa o outro. Por
isso, o diretor Xavier Gens vai buscar inspiração em dois clássicos da literatura
do niilismo pós-guerra: a peça “Entre Quatro Paredes” de Sartre e “O Senhor das
Moscas” de William Golding. “O Abrigo” é um filme para cinéfilos com mente e
estômago fortes. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.
sábado, outubro 13, 2018
Uma psicanálise da engenharia da computação na série "Maniac"
sábado, outubro 13, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Mais do que entender “quem
é o dono do hardware” atrás dos aplicativos, gadgets e algoritmos que nos
envolvem e fazem a mediação de todas as nossas relações familiares, pessoais e
profissionais, é urgente também fazermos uma psicanálise da “classe virtual”: a
“tecno-intelligentsia” de neurocientistas, engenheiros, cientistas da computação,
criadores de jogos eletrônicos e toda gama de desenvolvedores digitais. Até que
ponto o atual paradigma digital (que confunde a mente com o próprio
funcionamento dos computadores) é a projeção de uma “ego trip” desses membros
da elite virtual: estariam traumas, fantasmas e obsessões íntimas dos próprios
desenvolvedores digitais projetados no modelo cognitivo que a ciência da
computação impõe para nós? Esse é o mais importante tema da nova série Netflix “Maniac”
(2018): uma radical técnica fármaco-computacional promete eliminar as memórias
de nossos traumas para voltarmos à realidade felizes e produtivos. Mas, e se
ficarmos aprisionados nos próprios traumas dos neurocientistas criadores do
experimento?
quarta-feira, outubro 10, 2018
Bolsonaro é um avatar. Como enfrentá-lo?
quarta-feira, outubro 10, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Estamos à beira do
desfecho de uma guerra híbrida iniciada em 2013 com as chamadas “Jornadas de
Junho”. Num mecanismo tão exato quanto um “tic-tac”, passo a passo, um depois do outro, irresistível, sistemático: a Política foi demonizada,
um governo foi derrubado, o psiquismo nacional envenenado e a polarização
despolitizou e travou qualquer debate racional. Tudo iniciado pelas bombas semióticas
detonadas diariamente pelas mídias de massas. E nesse momento o desfecho ocorre na velocidade viral das redes sociais. Por isso, Bolsonaro converte-se em um “candidato-avatar”:
a Nova Direita descobriu a tática do “Firehose” – a espiral de boatos e
desmentidos pelos “fact-checking” cria paradoxalmente o subjetivismo e relativismo
que blinda o próprio candidato-avatar. Apesar de toda essa pós-modernidade, a
Nova Direita tem o mesmo elemento de estetização da política criada pelo fascismo histórico: a narrativa ficcional cômica
– de programas de humor da TV, Bolsonaro despontou como um “mito” de quem
ria-se e não se levava a sério. Por isso, circulou livremente. Hoje, é o
protagonista do “gran finale” da guerra híbrida. Como enfrentar um avatar?
domingo, outubro 07, 2018
Em "Jogador Número 1" a jornada moralista do herói de Spielberg
domingo, outubro 07, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Depois de abordar temas
como tubarões, terrorismo, ETs e narrativas de aventuras que sempre tiveram a
marca do retrô pop, dessa vez no filme “Jogador Número 1” (“Ready Player One”,
1978) o consagrado diretor Steven Spielberg mergulha na tecno-mitologia dos
games de computador – uma vasta paisagem virtual de um jogo imersivo de
avatares lutando em um parque temático da cultura pop: um gigantesco museu
interativo sobre o século XX no futuro, um labirinto de referências e alusões
da mitologia pop. Como sempre, Spielberg entrega ao público a velha narrativa
da Jornada do Herói repleta de elementos herméticos e gnósticos. Mas Spielberg é
a nata da indústria hollywoodiana: mais do que tudo, sabe construir narrativas míticas e elementos esotéricos fascinantes (porque
prometem transcendência) embaladas com o moralismo da boa e velha dualidade
maniqueísta hollywoodiana. “Jogador Número 1” dá a reposta a uma questão que sempre
incomodou o “Cinegnose”: por que o Gnosticismo parou nas mesas de produtores e
roteiristas de Hollywood?
segunda-feira, outubro 01, 2018
Para grande mídia, cárcere do Lula é o Gabinete do Dr. Caligari
segunda-feira, outubro 01, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Desde o impeachment de 2016, aos poucos as bombas
semióticas na grande mídia foram dando lugar a estratégias narrativas: como
transformar uma má notícia em um “conto maravilhoso” (Vladimir Propp) em plenas
narrativas não ficcionais jornalísticas? Narrativas em que verossimilhança e
relações de causalidade são mandadas às favas – transmutações, pensamento
animista, magia, forças sobrenaturais, ação à distância por princípio de
semelhança etc. Em meio ao mal estar da grande mídia em ver, mais uma vez, o PT
ir ao segundo turno eleitoral (apesar das diversas mortes anunciadas do partido
e de Lula), o jornal "Estadão" nos brindou com mais uma dessas narrativas fantásticas:
tal como o clássico expressionista alemão de terror “O Gabinete do Dr.
Caligari” (1920), uma colunista alerta que Lula usa poderes hipnóticos e
paranormais – de dentro da prisão, Lula controla mídia, inventou Bolsonaro e o
anti-petismo para depois derrota-lo... e Haddad é o seu Cesare – hipnotizado,
às vezes até emula o “chefe” com a voz rouca em carros de som. Grande mídia
revela agora seu expertise narratológico – só mesmo a semiótica de Julien Greimas para
desmontar essa bomba narratológica.
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