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sexta-feira, janeiro 17, 2025

A extrema-direita tem um "Gabinete de Inteligência Semiótica". E o Governo?


A humilhante derrota do Governo no episódio da normativa do Pix da Receita Federal (voltando atrás, passando recibo e pulverizando a credibilidade não só de um órgão público, mas também dos próprios jornalistas do campo progressista que lutavam contra a desinformação) revelou a extrema vulnerabilidade diante das operações de um “gabinete de inteligência semiótica” na extrema-direita: a sinergia entre o jornalismo corporativo e extrema-direita, fornecendo insights e munição para a desinformação. Desde o episódio dos imóveis perdidos do Palácio da Alvorada e reencontrados pela Comissão de Inventário (e depois bombado nas manchetes de primeira página) no início de 2024, encontramos um trabalho de prospecção rotineira de crises em potencial, para servir como munição às redes extremistas. O caso da normativa do Pix foi outro exemplo. Grande mídia desvia o foco para o “Gabinete do Ódio”, deixando oculta a verdadeira cena: o “Gabinete de Inteligência Semiótica” da comunicação alt-right. Quando cairá a ficha do Governo que propaganda NÃO é comunicação? Comunicação É o campo dos acontecimentos, gerido e operado por um Gabinete de Inteligência Semiótica (GIS). 

domingo, dezembro 29, 2024

Ninguém vai nos salvar na comédia geopolítica 'Rumours'


Rumours” (2024) é uma sátira geopolítica extremamente engraçada da imaginação fértil do cineasta cult Guy Maddin – o equivalente canadense das elocubrações surrealistas do norte-americano David Lynch. Um cérebro do tamanho de um Volkswagen Beetle no meio de uma floresta, um chatbot projetado para prender pedófilos e cadáveres mumificados da Idade do Ferro que viram zumbis onanistas. Tudo isso atormentará uma reunião de cúpula do G7, realizada em um castelo em algum lugar remoto na Alemanha, liderado por Cate Blanchett, fazendo um avatar de Angela Merkel. Estão redigindo uma declaração conjunta sobre uma crise global indeterminada. Acabam sendo esquecidos lá e ficam isolados. Terão que lutar pela própria sobrevivência. O mundo os esqueceu porque sabe que ninguém irá nos salvar. 

sexta-feira, dezembro 13, 2024

A máquina semiótica que oculta o demasiado humano em 'Conclave'


Um dos eventos mais antigos e secretos do mundo: a reunião do Colégio de Cardeais trancada e incomunicável  com o mundo exterior na Capela Sistina, para a escolha do novo Papa. É o Conclave, um evento que acende a imaginação sobre o que ocorre por trás dos muros da pequena cidade-estado do Vaticano – uma instituição total profundamente hierárquica, inimaginavelmente rica com códigos de conduta rígidos e poder tremendo. Dan Brown imaginou conspirações ocultistas em “O Código Da Vinci”. Enquanto “Conclave” (2024) coloca a questão em termos mais prosaicos: como um grupo tão demasiado humano (ambição, luxúria, inveja etc.) pode escolher o Sumo Pontífice que será o suposto representante de Deus na Terra?  Para ocultar esse paradoxo, a Igreja criou uma máquina semiótica de intrincados símbolos, liturgias e mistérios teológicos.

sexta-feira, novembro 22, 2024

'Plano Punhal Verde e Amarelo', não-acontecimento e paralisia estratégica


Com quatro pistolas, quatro fuzis, uma metralhadora, um lança-granada e um lança-rojão o “Plano Punhal Verde-Amarelo” da trupe dos kids pretos de Bolsonaro pretendia dar um golpe de Estado em 2022, assassinando Lula, Alckmin e “Xandão” com “veneno, bombas e tiros”. E depois, um “núcleo jurídico” daria sustentação ao Estado de Exceção. Bom, parece ser mais efetivo do que a história do cabo e um soldado para fechar o STF. O que chama a atenção é a sincronia do indiciamento da PF (logo depois que o Tiü França se autoexplodiu) e o timing (a vitória do Itamaraty no G-20 e o contra-ataque de Haddad ao divulgar planilha das empresas beneficiadas por renúncia fiscal – destaque para a própria mídia). Um golpe ao estilo república de bananas caribenha em pleno século XXI de golpes híbridos? Ou um não-acontecimento? Para quê? Manter em cartaz o plot do “Ataques à Democracia” e reforçar a paralisia estratégica da esquerda. Mas com um desejado efeito residual que a mídia começa a dar pauta: mudança na Lei Antiterrorismo para criminalizar a própria esquerda em um futuro próximo.

terça-feira, setembro 24, 2024

Em defesa de Pablo Marçal: ponham ele na conta da grande mídia



Se a lei eleitoral desobriga à grande mídia convidar Pablo Marçal, por que insiste em colocá-lo nos debates? Mesmo com os recorrentes problemas, como no último debate Flow Podcast? Hipocritamente, o jornalismo corporativo se posiciona com a vestal da moralidade política e continua denunciando as “cenas deprimentes”. Marçal é a garantia de audiência e clickbaits de um produto midiático que se tornou engessado e monótono ao longo dos anos. Além de garantir dissonância cognitiva necessária para desmoralizar a política - que alimenta a extrema direita. É hora de defender Marçal, colocando-o na conta da grande mídia: ele é seu filho dileto. Mais do que isso: representa a “pós-meritocracia” dentro do ecossistema atual dos jogos e apostas online e do cassino dos investimentos financeiros para as “sardinhas” iludidas da classe média. Pós-meritocracia: caldo cultural que envolve o ideário da autoajuda, messianismo coach e a promessa do enriquecimento rápido através da gameficação generalizada nesse novo ecossistema da mídia convergente. 

sexta-feira, agosto 09, 2024

Sincromisticismo, religião e pornografia no filme 'MaXXXine'


Para os pesquisadores em Sincromisticismo, Hollywood é uma gigantesca corporação que recruta médiuns para, sob as bênçãos do Método da Actor’s Studio, incorporarem formas-pensamento retirada do inconsciente coletivo da humanidade. Para, a partir dessa tese, surgirem caricaturas de teorias conspiratórias que denunciam um suposto satanismo para destruir o Ocidente, é um passo. Esse é o pano de fundo do fechamento da trilogia de Tie West, “MaXXXine” (2024), uma homenagem ao terror slash dos anos 1970, agora ambientado em meados dos anos 1980. Agora, Maxine tenta sair dos filmes pornôs e virar estrela no mainstrem hollywoodiano – como sempre, deixando um rastro de sangue. “MaXXXine” revela como pornografia e religião estão estranhamente muito próximas. Afinal, foram os primeiros gêneros bem-sucedidos na história do cinema.

terça-feira, agosto 06, 2024

Jamais chegaríamos na Lua sem a força da ficção em 'Como Vender a Lua'


Do quê é preciso para pousar na Lua? Certamente uma equipe de brilhantes cientistas de foguetes, obstinados geeks programadores de computadores e um experiente chefe do controle da missão que foi piloto da Força Aérea. Mas, de que adianta tudo isso se a NASA não conseguir vender o pouso na Lua para financiadores e opinião pública? De que adianta um pouso real na Lua se o evento não render imagens inspiradoras e com suspense hollywoodiano? Então, mais do que cientistas e geeks, é preciso um diretor de vídeos publicitários e uma relações públicas. Esse é o tema do filme “Como Vender a Lua” (Fly Me to the Moon, 2024). Calma! O filme não sugere que o pouso foi uma farsa. Mas de como a América entrou na era do artifício no qual a simulação e o entretenimento passaram a ser forças dominantes em todos os setores da sociedade. 

sexta-feira, julho 19, 2024

Cinegnose anteviu o apagão digital? Evento 'Cyber Polygon': a próxima pandemia será digital



Será que o Cinegnose anteviu o apagão digital? Esse é o texto desse humilde blogueiro publicado em 2021: "Em outubro de 2019 o Fórum Econômico Mundial (FEM) promoveu o “Event 201”, um exercício de simulação de cenários cuidadosamente projetados de uma possível pandemia de coronavírus. DOIS MESES depois, a pandemia aconteceu seguindo como um script cada um dos cenários simulados. Agora, o FEM realizará esse ano o evento “Cyber Polygon” que simulará um ataque cibernético fictício com participantes de dezenas de países. Klaus Schwab, fundador do FEM, justifica o evento dizendo que o mundo deverá se preparar para uma potencial pandemia ainda mais grave que a atual: a pandemia cibernética. Será que o sincronismo do “Event 201” se repetirá com o “Cyber Polygon”? Devemos esperar para 2022 uma nova pandemia, dessa vez digital? O fato é que as crises parecem surgir convenientemente sempre que as elites desejam operar grandes mudanças. Principalmente a atual: o Grande Reset Global, na qual o dinheiro eletrônico é substituído pelo digital".

terça-feira, julho 09, 2024

Como roubar com muita empatia e solidariedade no filme 'Eu Me Importo'


Nada mais atual do que o pânico da senilidade, demência, Alzheimer etc. A controvérsia midiática em torno das limitações cognitivas do presidente Joe Biden mostra isso. Para o Capitalismo, toda crise é oportunidade: por que não transformar esse pânico em mais uma forma de drenagem de dinheiro para o rentismo improdutivo? E tudo com uma cara politicamente correta, com muita empatia e solidariedade – uma tutora legal cuida de idosos judicialmente impedidos a partir de falsos laudos de médicos parceiros, mandando-os para asilos, enquanto drena dinheiro e propriedades das vítimas. É o filme Netflix “Eu Me Importo” (I Care a Lot, 2020). Até o momento que a golpista se envolve com a idosa errada. Mas... toda crise pode ser uma oportunidade. Uma história tragicômica do sonho americano invertido: a meritocracia é um conto de fadas inventado para os pobres.

quinta-feira, julho 04, 2024

Dez anos do 7 a 1 da Alemanha: uma goleada geopolítica


Nesse dia 08 de julho chegamos aos dez anos do chamado “Massacre de Belo Horizonte” ou simplesmente “Mineiraço”: a humilhante goleada de 7 a 1 da Alemanha sobre o Brasil na semifinal da Copa do Mundo de futebol de 2014. Uma anomalia em um esporte marcado por baixas contagens, principalmente em semifinais com equipes de forças equivalentes. Tão anômalo que mereceu uma análise exclusiva sobre a performance do jogador David Luiz, feita pelo New York Times. O fato é que num espaço de 48 horas após a goleada, a mídia internacional especializada foi dominada pela ideia de que o resultado da semifinal foi muito mais do que um evento esportivo: foi uma goleada geopolítica. Por que a mídia internacional politizou tão rapidamente um evento esportivo? O “Mineiraço” simplesmente aconteceu como um evento lógico e conveniente dentro da escalada de eventos que se iniciou nas Jornadas de Junho. O pontapé inicial do jogo da guerra híbrida que transformaria o 7 a 1 numa goleada geopolítica. 

quarta-feira, junho 26, 2024

Da Lava Jato ao PL do Estupro: CogWar, OTAN e a nova etapa da Guerra Híbrida


Hoje uma nova operação Lava Jato seria impossível. A agenda da guerra híbrida mudou: enquanto a primeira fase (as “primaveras” e “revoluções coloridas”) foi marcada por operações psicológicas, nesse momento a guerra híbrida entrou no modo Guerra Cognitiva (CogWar). É o que mostra o relatório resultante de painéis de discussões da OTAN “Mitigating and Responding to Cognitive Warfare”, de 2023. Enquanto as PsyOps visavam a influência das crenças, a CogWar age sobre cognições, excesso sensorial e perceptivo; saturação da atenção e geração de viéses cognitivos. Trata-se agora tornar o debate público irracional, forçando vieses baseados em religião, valores e costumes. O “PL do Estupro” é um exemplo que cria o chamado “efeito firehose”, aversão à política e despolitização.

sexta-feira, junho 21, 2024

Pregação evangélica, coaching e crime financeiro em 'O Vendedor de Ilusões: O Caso Geração Zoe'


Se o demônio existe, ele está na intersecção desses mundos: a pregação evangélica combinada com técnicas de vendas e coaching “ontológico”. O argentino Maximiliano Cositorto conseguiu isso e criou um dos maiores golpes recentes de “Esquema Ponzi”: a plataforma financeira Geração Zoe, uma espécie de Matrix financeira em que os trader lidavam com número irreais, gerando lucro imaginários exorbitantes. O documentário argentino Netflix “O Vendedor de Ilusões: O  Caso Geração Zoe” (2024) narra a ascensão e queda de um negócio que prometia ganhos estratosféricos e transformação pessoal coaching. Hoje Cositorto está preso e se diz vítima do sistema que o teria sabotado. Seguindo a pista deixada por Durkheim sobre a função social dos crimes, podemos compreender porque entidades reguladoras parecem fazer vistas grossas ao surgimento desses esquemas. Por contraste, ajuda a ocultar que na verdade toda a financeirização do capitalismo já é um gigantesco Esquema Ponzi.

quinta-feira, junho 20, 2024

O Medo e a ansiedade coletiva europeia no filme 'Sob as Águas do Sena'


A premissa da produção Netflix francesa “Sob as Águas do Sena” (Sous la Seine, 2024) é seriamente abusurda. Mas esse é praticamente um pré-requisito dos filmes de tubarões nos dias de hoje - em um mundo pós-Jaws (premiado clássico de Spielberg), não há chance de fazer o maior filme de tubarões de todos os tempos. Então, em vez disso, os cineastas apostam em argumentos involuntariamente engraçados: fugindo das mudanças climáticas e do plástico jogado nos oceanos, um enorme tubarão evolui, adapta-se à agua doce, e aparece no rio Sena, em plena Paris, às vésperas de uma competição de triatlo com cobertura mundial. Filme-catástrofe é um subgênero hollywoodiano por excelência. Mas quando vemos uma produção francesa abraçando todo os tropos do subgênero, torna-se significativo: é o reflexo de um zeitgeist que assola a Europa: medo e ansiedade coletiva de um continente na sombra da ameaça da conflagração de uma Guerra Fria que poderá se tornar muito quente num futuro próximo.

quinta-feira, junho 06, 2024

Alienígenas, acobertamento geopolítico e privatização no espaço na série 'O Sinal'


Enquanto o Oriente faz pousos bem-sucedidos de sondas na Lua, o Ocidente aposta na privatização das missões espaciais por bilionários como Musk, Bezos e Branson. Desde “Alien” (1979), o cinema e audiovisual vem narrando as consequências muitas vezes catastróficas dos interesses corporativos nas missões espaciais. A minissérie alemã Netflix “O Sinal” (Das Signal, 2024) é outra produção que entra nessa lista, colocando mais um ingrediente: no meio de uma missão privada na Estação Espacial Internacional (financiada por uma bilionária indiana), um sinal repetido chega do espaço profundo, uma voz infantil falando “olá”. É o início de conspirações no melhor estilo “Arquivo-X” que revela uma questão fundamental: como um mundo dividido entre interesses geopolíticos dos governos e a concentração da riqueza planetária numa casta de bilionários, como esse mundo poderá criar um consenso em torno de quem representará a Terra num possível contato com uma inteligência extraterrestre? 

segunda-feira, março 11, 2024

'Oppenheimer': sete estatuetas para a Guerra Total e a destruição amoral de mundos



As sete estatuetas para o filme “Oppenheimer” (2023) na premiação do Oscar 2024 foram para as três obsessões que acompanham a filmografia de Christopher Nolan: protagonistas que buscam a perfeição, a escala épica e como o tempo narrativo altera a percepção do espectador. É o tom certo para descrever a vida do físico norte-americano que transformou na América todas as discussões teóricas quânticas e relativísticas do Velho Continente em tecnociência: a Guerra Total, livre de quaisquer dos antigos pruridos morais, éticos ou diplomáticos. J. Robert Oppenheimer temia que a explosão da bomba atômica deflagrasse uma reação em cadeia na atmosfera e que incendiasse todo o planeta. Sim. A reação em cadeia aconteceu, mas não como ele imaginava: a bomba atômica de Los Alamos inaugurou a nova era – a destruição amoral de mundos.No mundo atual com guerras e genocídios, as sete estatuetas para "Oppenheimer" fazem sentido.

domingo, dezembro 24, 2023

Em 'Paisagem com Mão Invisível' o Capitalismo é extraterrestre



O filme “Paisagem com Mão Invisível” (Landscape with Invisible Hand, 2023, disponível na Amazon Prime Video), adaptação do livro homônimo de M.T. Anderson, é um curioso mix de Economia Política e ficção científica. Fazendo alusões a duas coisas bem atuais: exclusão e precarização do trabalho no novo salto tecnológico do capitalismo; e as teses de estudiosos do fenômeno Ovni de que governos e elites econômicas não só sabem da presença alien nesse planeta, como também o salto tecnológico das últimas décadas veio da colaboração dessas elites com extraterrestres. Uma conspiração entre a elite e aliens contra a maioria dos seres humanos tornados obsoletos por hologramas e Inteligência Artificial. O filme é uma sátira sombria de um contexto que o Fórum Econômico Mundial define como “Grande Reset Global do Capitalismo”.

quarta-feira, novembro 22, 2023

"Ele não é um líder, é um sintoma"... ironias e lições na vitória de Javier 'El Loco' Milei


O ex-ministro da Economia Argentina Domingo Cavallo foi direto referindo-se a Javier Milei: “Ele não é um líder, é um sintoma da sociedade argentina”. Uma observação repleta de ironias, a começar por quem cometeu esse sincericídio. Se Milei é um sintoma social, tudo começa com Cavallo, passando pelo grupo de comunicação que ele beneficiou e que construiu o personagem “El Loco”: a Corporación América. Um personagem que, como sempre na estratégia alt-right de comunicação, borrou as fronteiras entre ficção e realidade (canastrice política). Paradoxalmente, ocultou a agenda neoliberal com um anarcocapitalismo com uma embalagem rock n’roll, antissistema e revolucionária. Como sintoma, reflete o psiquismo coletivo da cismogênese - o nacionalismo mesclado de prepotência e melancolia de um país que se sente como um pedaço da Europa perdida na América do Sul.

sexta-feira, novembro 17, 2023

Dois lados de uma mesma moeda: Guerra Israel/Hamas e fenômenos extremos climáticos


Dois lados de uma mesma moeda: Guerra Israel/Hamas e a onda de calor dos fenômenos extremos climáticos. Quem nos dá esse insight? A improvável jovem ativista Greta Thunberg. “Não há justiça climática para terras ocupadas”, puxou um coro tentando sobrepor as duas agendas. Atirou no que viu e acertou no que não viu: são eventos sincrônicos. Tanto a guerra quanto a urgência climática se deslocaram para um único campo: o retórico e propagandístico. E, mais profundamente, para o campo da simulação dos não-acontecimentos. Na guerra, o meta-terrorismo transpolitico de simulação israelenses de inimigos imaginários criados por "inside job" e "false flag". E a urgência climática: quando o debate científico sobre a discussão de múltiplas causalidades se torna retórica unidimensional no campo da propaganda, marcado por recorrências, figuras aristotélicas de retórica, contaminações metonímicas e inversões entre causas e efeitos. 

sexta-feira, outubro 13, 2023

Guerra Israel X Hamas: Netflix, guerra híbrida e a invenção do terrorismo islâmico



Como um típico evento terrorista do século XXI (cujo ato inaugural foi o 11 de setembro), os ataques do Hamas contra Israel mais uma vez suscitam as recorrentes questões: timming e “cui bono” (quem ganha?). Criando dúvidas justificadas: a construção do Hamas como o inimigo íntimo de Israel e a invenção do terrorismo religioso pelo atlanticismo e a doutrina dos falcões da guerra neocons dos EUA. False Flag? Inside job? Quando os acontecimentos perdem o fatalismo histórico para entrarem no campo das simulações (não-acontecimentos, pseudo-eventos etc.), precisam do efeito do real da ficção. E a Netflix torna-se a ferramenta híbrida para apagar os limites entre ficção e realidade. Tanto na guerra híbrida brasileira com as séries “House of Cards” e “O Mecanismo”; na Ucrânia, com a série “O Servo do Povo”; e agora com a série “Fauda”, o “Tropa de Elite” de Israel. 

quinta-feira, outubro 12, 2023

'Clonaram Tyrone!': sexo, drogas, junk food e controle social



O que estava apenas nas entrelinhas em “Corra”, de Jordan Peele, e “Sorry to Bother You, de Boots Riley, é  explícito e direto em “Clonaram Tyrone!” (They Cloned Tyrone, 2023), de Juel Taylor, . “Assimilação é melhor que aniquilação”, nos informa a certa altura uma linha de diálogo: como considerar os EUA um país “pós-racial”, como querem os novos democratas do governo Biden, se ainda o país é guiado por uma supremacia branca? Nessa comédia de ficção científica, três improváveis protagonistas negros (um cafetão, um traficante e uma prostituta) desconfiam de algum tipo de sombrio experimento de controle social em uma comunidade através das drogas, sexo e junk food. Se em “Corra” os vilões eram educados brancos liberais e democratas, em “Clonaram Tyrone!” estão novamente brancos. Mas, desta vez, os “falcões da guerra” neocons.

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