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quinta-feira, outubro 12, 2023

'Clonaram Tyrone!': sexo, drogas, junk food e controle social



O que estava apenas nas entrelinhas em “Corra”, de Jordan Peele, e “Sorry to Bother You, de Boots Riley, é  explícito e direto em “Clonaram Tyrone!” (They Cloned Tyrone, 2023), de Juel Taylor, . “Assimilação é melhor que aniquilação”, nos informa a certa altura uma linha de diálogo: como considerar os EUA um país “pós-racial”, como querem os novos democratas do governo Biden, se ainda o país é guiado por uma supremacia branca? Nessa comédia de ficção científica, três improváveis protagonistas negros (um cafetão, um traficante e uma prostituta) desconfiam de algum tipo de sombrio experimento de controle social em uma comunidade através das drogas, sexo e junk food. Se em “Corra” os vilões eram educados brancos liberais e democratas, em “Clonaram Tyrone!” estão novamente brancos. Mas, desta vez, os “falcões da guerra” neocons.

quinta-feira, abril 13, 2023

Filme 'Cidadão Kane', marcianos e pânico


“Cidadão Kane” (Citizen Kane, 1941) foi um milagre no cinema: um diretor estreante; um escritor cínico e alcoólatra; um diretor de fotografia inovador e um grupo de atores de teatro e rádio de Nova York receberam carta branca e controle total, e fizeram uma obra-prima. Da transmissão de rádio sobre uma invasão marciana que levou os EUA ao pânico em 1938, a um filme sobre um magnata da mídia, Orson Welles estimulou a reflexão sobre duas formas de poder: o da influência midiática e da propriedade das mídias. Na primeira, a descoberta de que o século XX estava preparado para o pânico; e na segunda, uma exploração freudiana do desejo pelo poder – basicamente poderia ser a busca para recuperar algo perdido na infância. O Poder como fantasia adulta regressiva a uma forma neurótica e compulsiva.

sábado, fevereiro 11, 2023

Revisitando 'Rambo: Programado Para Matar' - do cinema esquizo ao patriótico


O personagem John J. Rambo acabou sendo ressignificado pela propaganda nacionalista de Hollywood da Era Reagan. Uma propaganda feita para exorcizar a crise moral dos EUA pela derrota humilhante no Vietnã: do personagem disfuncional para o ícone fálico-exibicionista da máquina militar norte-americana. Por isso, o primeiro filme da franquia “Rambo: Programado para Matar” (Rambo: First Blood, 1982, disponível no MUBI) acabou contaminado pelos filmes posteriores. Esse filme precisa ser revisitado, pois foi um filme fora da curva num momento em que Hollywood produzia uma onda de “filmes recuperativos” para elevar o moral da América. Rambo é ainda o anti-herói que ecoa todos os anti-heróis do chamado “cinema esquizo” dos anos 1970 de filmes como “Um Estranho no Ninho” e “Taxi Driver”: protagonistas instáveis, obsessivos, paranoicos e disfuncionais que declaram guerra contra seu próprio país.

sexta-feira, fevereiro 03, 2023

Série 'The Last of Us' ou como aprendi a parar de me preocupar e amar armas!


Kubrick deu um segundo título, irônico, ao clássico “Doutor Fantástico”: “Como aprendi a parar de me preocupar e amar a bomba”. Eram tempos em que filmes apocalípticos e pós eram libelos pacifistas. Mas o zeitgeist do século XXI sobrevivencialista mudou tudo e os filmes pós-apocalípticos ironicamente viraram a realização dos sonhos para qualquer paranoico extremista de direita. Baseado no sucesso do videogame homônimo de 2013, a série “The Last of Us” (2023-, disponível na HBO Max) coloca na tela o melhor que o cinema americano faz: narrativas de perseguição com muitas, muitas armas. E “sobrevivencialistas” armados até os dentes contra a “Nova Ordem Mundial”. Também lutando contra zumbis canibais infectados por um fungo mutante. Até aqui (três episódios) a moral da série parece essa: CACs e extremistas de todo tipo tinham razão - armas são o que garantem a liberdade, o amor e a felicidade. Parece que não somente as baratas sobreviverão ao fim do mundo. Juntos estarão os “sobrevivencialistas”.

quinta-feira, janeiro 26, 2023

O terror reverso no filme 'It Comes at Night'


Uma família sobrevivente de uma pandemia que matou grande parte da população se abrigou em uma cabana remota para estocar água e comida, armados e desconfiados de qualquer um que se aproxime. Quantas vezes já vimos variações desse plot, com zumbis saindo de surpresa da floresta? Mas em “It Comes at Night” (2017) as coisas não são assim: os vilões não são mais zumbis ou ameaças pandêmicas, mas vem de dentro para fora - perdas, o luto, a dor, o medo, a desconfiança e a paranoia. No limiar entre civilização e caos, uma família mantém exigentes protocolos de segurança para criar algum senso de ordem e estabilidade. Até chegar uma jovem família desesperada em busca de refúgio, que fará emergir um vilão ainda mais mortal: o terror reverso.

quinta-feira, dezembro 22, 2022

Ironias, guerra cultural e cultura do cancelamento em 'A Caçada"


Em tempos de guerra cultural que gera profunda polarização política, está cada vez mais difícil entender ironias, porque espíritos armados vê tudo na literalidade. O filme “A Caçada” (The Hunt, 2020, disponível na Netflix) foi uma das vítimas dessa polarização – um filme que dispara ironias contra teorias da conspiração e cultura do cancelamento: elites liberais que se reúnem em uma mansão remota para caçar humanos por esporte. “A Caçada” ironiza coisas como o “Pizzagate” (no filme temos o “Manorgate”). Seu lançamento sofreu sucessivos adiamentos. "A Caçada" zomba das elites liberais politicamente corretas, a cultura do cancelamento e a histeria conspiratória de extrema-direita. E, assim como em produções posteriores como “Não Olhe Para Cima”, joga com a histeria online que muitas vezes parece ao mesmo tempo presciente e redundante – como as teorias conspiratórias, de tão caricatas, poderiam virar profecias autorrealizáveis.

sexta-feira, dezembro 02, 2022

Uma sátira da paranoia pop customizada do século XXI no filme 'Something in the Dirt'


O século XX foi um século paranoico: Guerra Fria, conspirações nucleares, agências de espionagem etc. E quem eram os sujeitos das conspirações? Ou era o Capitalismo ou o Comunismo. “A verdade está lá fora”, pôster icônico da série Arquivo X, foi a preparação para um novo tipo de paranoia que invadiria o século XXI: a paranoia pop, sem um sujeito determinado: podem ser sociedades secretas, grays, globalistas, satanistas ou qualquer coisa oculta – Sequência Fibonacci, Código da Vinci, números pitagóricos etc. Conspirações customizadas, inclusive para fins de extremismo político de direita. O filme indie “Something in the Dirt” (2022) é uma parodia dessa paranoia pop: uma dupla pretende explicar “racionalmente” os estranhos acontecimentos telecinéticos que ocorrem em um pequeno apartamento. E decidem transformar essa busca em vídeos na internet. Ganhar algum dinheiro ou fama, enquanto tentam encontrar conexões entre, por exemplo, um cristal que levita, a Sequência Fibonacci e o mapa da cidade de Los Angeles. Mas será que serão inteligentes o suficiente para criar sua própria toca de coelho?

sexta-feira, outubro 28, 2022

Na série 'Bem-vindos à Vizinhança' a obsessão e o pesadelo invadem o sonho americano


O deserto e os subúrbios de classe média fazem parte da mitologia norte-americana. Numa sociedade de origem puritana, são lugares que contrastam com vida urbana cosmopolita, sinônimo de caos e degradação moral. Mas mesmo nesses lugares, o Mal está à espreita, aproveitando-se dos pontos fracos morais das pessoas. Essa é a quintessência do gótico americano, representado pela minissérie Netflix “Bem-Vindos à Vizinhança” (The Watcher, 2022), sobre o sonho americano que se transforma em pesadelo: um casal novaiorquino compra uma linda casa em tons pasteis em subúrbio de classe média. Quando começam a receber cartas ameaçadoras de um anônimo que conhece todos os detalhes do cotidiano daquela família. Até a racionalidade ser sugada pela paranoia e obsessão.

quarta-feira, outubro 12, 2022

Melancolia e Resignação identitária no filme 'Não Se Preocupe, Querida'


Certa vez o pensador francês Jean Baudrillard falou que o filme “Matrix” era uma produção que a própria Matrix faria sobre si mesma. Algo parecido poderíamos dizer de “Não Se Preocupe, Querida” (Don't Worry Darling, 2022): um filme que a própria Era Joe Biden faria para si mesma. Segundo longa-metragem dirigido por Olivia Wilde, a crítica vem definindo-o como um mix de “Mad Men” com “Corra”. Acrescentaríamos mais: lembra um “Show de Truman”, porém com a melancolia e resignação da agenda identitária bancada pelos “novos democratas” do neoliberalismo progressista: Capitalismo? Ok! Desde que gerido não mais por homens sexistas e misóginos. Acompanhamos Alice, uma dona de casa em um subúrbio idílico sob o sol da Califórnia do sonho americano da década de 1950. Tudo é perfeito, com elegantes maridos que voltam do trabalho e festas incríveis regadas a martini. Enquanto as mulheres sabem muito bem qual é o seu lugar numa sociedade machista. Tudo é tão perfeito e hiper-real que algo parece estar muito errado. Esse será o buraco da toca do coelho no qual Alice entrará para encontrar uma estranha realidade.

sábado, janeiro 09, 2021

'Equinox' e a paranoia moderna: por que milhares de pessoas somem diariamente no mundo?

A narrativa gira em torno do desaparecimento de uma classe inteira de formandos do ensino médio de 1999, com exceção de três alunos. Vinte anos depois, a irmã de uma das alunas desaparecidas recebe uma ligação misteriosa e reacende seu desejo de investigar este mistério. A série dinamarquesa da Netflix, “Equinox” (2020) é mais uma produção audiovisual inspirada num fenômeno de escala mundial: o desaparecimento de milhares de pessoas sem motivos identificáveis – abduções extraterrestres? Organizações criminosas? Tráfico de órgãos? Acidentes interdimensionais? Até se tornou matéria-prima para a paranoia política-conspiratória de extrema-direita com a teoria QAnon. Em “Equinox” vemos como paranoia moderna cria o personagem gnóstico-noir do Detetive como o espírito do nosso tempo: o mistério policial que se torna existencial, virando de ponta-cabeça o mundo do Detetive. A paranoia conspiratória vulgar evolui para a paranoia espiritual no subgênero "scandi-noir" ou "noir nórdico".

quinta-feira, julho 16, 2020

Os porões e sótãos do inconsciente nos vigiam em "I See You"



Desde o lançamento, o filme "I See You" (2019) é considerado um filme praticamente impossível de ser vendido: como falar dele sem incorrer em spoilers que estragarão totalmente a experiência? Passou a ser promovido como um filme de terror... mas não é! O filme brinca com a percepção do espectador explorando todos os clichês do subgênero “casa invadida”: a típica família de um subúrbio de classe média lutando contra uma força maligna invasora - uma mãe em um relacionamento familiar fraturado. Ela teve um caso, há uma criança desaparecida, coisas estranhas começam a acontecer na sua casa. Mas nada é o que parece. Há um inconsciente social e familiar pulsando no sótão e porão daquela afluente casa de subúrbio.

quarta-feira, fevereiro 26, 2020

Um quebra-cabeça paranoico no filme "Entre Realidades"


Sarah é uma jovem comum que vive uma vida muito comum: trabalha em uma loja de artesanato, adora cavalos e assiste sua série sci-fy favorita em casa todas as noites. Mas quando Sarah conhece um cara que ela gosta, começa a ter estranhos sonhos lúcidos que passam a se confundir com a realidade. Com histórico familiar de esquizofrenia e depressão, Sarah é aquilo que a narratologia chama de “narradora não confiável”. Mas o problema para o espectador é que sonho e realidade começam a ter uma estrutura lógica envolvendo aliens, abduções, clones e loops temporais. Haveria algo além de supostos surtos esquizofrênicos? “Entre Realidades” (“Horse Girl”, 2020) é um quebra-cabeça paranoico da Netflix na qual o espectador terá que se defrontar com truques narrativos e pistas tanto falsas como verdadeiras para responder essa questão: será que aquilo que entendemos como realidade é apenas o resultado da nossa percepção? Filme sugerido pelo nosso colaborador Felipe Resende.

quarta-feira, novembro 06, 2019

Os sinistros arquétipos dos hospitais em "Fratura"

Ao lado de parques de parques de diversões, hospitais e suas variações (asilos, manicômios e enfermarias) são um dos principais “locus” de ação nos filmes de terror ou thrillers. Assim como os parques de diversões, hospitais também perpetuam arquétipos das suas origens medievais brutais e violentas. A produção Netflix “Fratura” (Fractured, 2019) é mais um filme que renova essa mitologia, acrescentando a paranoia contemporânea, típico traço das sociedades burocratizadas cujos propósitos fogem do nosso controle. Pais desesperados levam sua pequena filha com suspeita de fratura a um hospital. Lá, mãe e filha desaparecem. Ninguém lembra da entrada delas no hospital enquanto o pai suspeita de que está ocorrendo algum tipo de conspiração. Ou ele está enlouquecendo? Mais uma sugestão do nosso onisciente colaborador Felipe Resende. 

domingo, março 10, 2019

O horror da elite poderosa e amoral no filme "Society"


Tente misturar referências cinematográfica como “Veludo Azul” com “Eles Vivem” e “Invasores de Corpos”, para depois se apropriar das obras de Salvador Dali, Goya e Bosch como se elas estivessem vivas e em movimento. O resultado estranho e bizarro será o filme cult de terror “Society” (1989): no subterrâneo da ensolarada vida em tons pastéis de mansões e ricaços de Beverly Hills, suspeita-se que se esconda algum tipo de lodo subterrâneo libidinoso e surreal de festas privadas, orgias e estranhos rituais. A suspeita e a paranoia farão os protagonistas suspeitarem de algo satânico, para descobrirem que é algo ainda maior e incompreensível, numa das sequências finais mais estranhas da história do cinema, podendo ser colocada ao lado de finais com viradas narrativas como Cidadão Kane e O Sexto Sentido. Mas também “Society” cria a perfeita metáfora de uma classe dominante rica, poderosa e amoral.
“Somos uma grande família feliz... Exceto por um pequeno incesto e psicose.”
(linha de diálogo do filme “Society”)

domingo, janeiro 13, 2019

A conspiranoia pop gnóstica em "Under The Silver Lake"

A cultura pop nada mais representaria do que o abismo geracional entre jovens e adultos? Por trás de cada gesto de revolta seja grunge, punk ou gótico estaria um adulto vigilante através de mensagens criptografadas em músicas? As vertiginosas alusões de “conspiranoia” pop em “Under The Silver Lake” (2018), de David Robert Mitchell (“Corrente do Mal”), conferem uma nova abordagem do tema da paranoia no cinema. Um jovem desocupado tenta investigar o mistério do desaparecimento de sua vizinha para mergulhar no submundo das subcelebridades aspirantes a atores e atrizes em Hollywood e na subcultura de HQs e fanzines que tentam construir uma Teoria Unificada das conspirações. O fio da meada pode levar o espectador a conspirações ao melhor estilo Hitchcock e David Lynch. Mas o fio pode estar desplugado da tomada! Filme sugerido pelo nosso leitor David Góes.

terça-feira, janeiro 01, 2019

"Black Mirror: Bandersnatch": a realidade se aproxima dos códigos de um videogame

A quinta temporada de “Black Mirror” (2011-) não saiu em 2018. Isso porque o episódio especial “Bandersnatch”, lançado no apagar das luzes do ano, atrasou toda a produção pelo “enorme tempo de criação”, disse o criador Charlie Brooker. Não é para menos: “Bandersnatch”, um híbrido de filme longa-metragem e game interativo, é uma verdadeira síntese do “zeitgeist” gnóstico por trás das descrições da série de como a tecnologia é cada vez mais envolvente e invasiva. Em 1984, Um jovem aspirante a programador profissional de games começa a questionar a realidade ao seu redor na medida em que a ansiedade e paranoia envolvem a elaboração dos códigos – assim como ele escreve a narrativa do game de computador, também a sua realidade cada vez mais se assemelha a um jogo interativo. Mas controlado por quem?

sexta-feira, junho 22, 2018

Em "Rebirth" a liquefação das seitas no marketing e nas empresas


A produção Netflix “Rebirth” (2016) é mais uma dentro da recente onda de filmes sobre seitas ou cultos. Aos fazer constantes alusões a clássicos como “Vidas Jogo”, “Clube da Luta” e à série “Black Mirror”, o filme em alguns momentos torna-se previsível. Mas a grande virtude de “Rebirth” é mostrar como na atualidade as seitas estão se “liquefazendo” – deixam de serem exclusivas a grupos sectários místicos ou religiosos para se tornarem ferramentas motivacionais nas empresas, marketing e estratégia de vendas. Técnicas de manipulação como “breaking sessions”, “temor e intimidação”, “controle do tempo”, “love bombing” etc. integram-se ao cotidiano de empresas e marketing de rede. Enquanto assistimos na TV notícias sobre líderes malucos que levam grupos ao suicídio, sem sabermos podemos estar trabalhando agora mesmo em uma seita.  

terça-feira, janeiro 30, 2018

Em "Um Ponto Zero" a paranoia é a falha na matrix da realidade


Cisão esquizofrênica? Falha da racionalidade? Em geral o cinema figura a paranoia dentro dessas representações. Mas é no filme “Um Ponto Zero” (“One Point 0” aka “Paranoia 1.0”, 2004) que a paranoia evolui de simples transtorno mental para uma percepção especial: se em “Matrix” o déjà-vu era uma falha na realidade codificada, em “Um Ponto Zero” essa falha chama-se “paranoia” -  aproximando-se do insight do pensador gnóstico Valentim, lá no distante século II DC. A paranoia não só como uma “falha na racionalidade”, mas como a percepção da falha na própria sintaxe que estrutura a realidade. Um solitário programador de computador começa a receber misteriosas caixas vazias que o farão mergulhar em um universo cercado de câmeras de vigilância em um edifício residencial em ruínas, nano tecnologia, redes de computadores, e-mails infectados, um estranho vírus bio-cibernético, obscuros interesses corporativos e um estranho experimento em Neuromarketing.

segunda-feira, novembro 06, 2017

O sonambulismo gnóstico-noir em "Sleepwalker"



Uma mulher traumatizada pela morte do seu marido convive com sérios distúrbios do sono: sonambulismo, insônia e pesadelos. Sob tratamento em uma clínica especializada, finalmente consegue um sono reparador. Porém, algo de assustador começa a acontecer: a cada despertar, é como se acordasse em uma realidade alternativa com um novo sobrenome e pessoas conhecidas que não se lembram dela. “Sleepwalker” (2017) é um curioso filme que transita entre a estética “noir” (ninguém é o que aparenta ser), uma estranha atmosfera retro atemporal e a narrativa gnóstica sobre uma protagonista que parece navegar por diversas realidades em busca de memórias perdidas e crescente paranoia. O sonambulismo é o elo que em “Sleepwalker” une o “noir” com o gnóstico: estar desperto em um sonho é um evento marcado por uma forte carga simbólica de alguém que tenta acordar e encontrar a verdade. Filme sugerido pelo nosso antenado leitor Felipe Resende.

quarta-feira, novembro 01, 2017

As 10 revelações gnósticas na série "Philip K. Dick's Electric Dreams"


Philip K. Dick escreveu seus contos sob a sombra do macarthismo da Guerra Fria onde a lealdade e confiança eram as principais armas contra a traição e delação de um sistema totalitário. Mas para ele, esse sistema não era apenas político, mas cósmico – obra de um Deus demente, um Demiurgo Criador que nos aprisiona por meio da ilusão moral (culpa) e ontológica (o princípio de realidade). A nova série da rede britânica Channel 4 “Philip K. Dick’s Electric Dreams” (2017-) adapta esses contos de ficção científica que conduziram o escritor até a violenta epifania mística em 1974, na qual teve visões, sonhos e revelações místico-religiosas que o levaram ao gnosticismo cristão. Os 10 contos que compõem a primeira temporada da série apresentam não só a atmosfera do anticomunismo da Guerra Fria do momento em que foram escritos. Mas didaticamente nos mostra os 10 grandes princípios da Revelação Gnóstica que orientaram toda a obra do escritor. Por isso Philip K. Dick tornou-se visionário: cada vez mais a realidade atual se assemelha a um conto dele.

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