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quinta-feira, fevereiro 15, 2024

Arte, capitalismo e crime em um microcosmo gnóstico no filme 'Dentro'


Willem Dafoe é um ladrão especializado em roubo de obras de arte milionárias que fica acidentalmente preso em uma cobertura high tech em Manhattan. Trancafiado e incomunicável com o mundo exterior, ironicamente está preso com os milhões de dólares de um colecionador de artes. Arte que se tornou supérflua na sua luta por água e comida numa situação ironicamente cruel. “Dentro” (Inside, 2023, disponível na Amazon Prime Video) é uma cínica e irônica reflexão sobre arte, capitalismo e crime, mas principalmente sobre como a dimensão estética pode ser inspiradora na fuga de uma cobertura que vira um microcosmo da condição humana. Principalmente depois de o ladrão encontrar uma edição do “Casamento do Céu e do Inferno” de William Blake, o filme ganha tons gnósticos.  

quarta-feira, novembro 10, 2021

"Orçamento Secreto" e controle total de espectro: quando a esquerda emula lavajatismo


“Orçamento Secreto”, “Orçamento Paralelo”, “Pedalada Fiscal”, “Bolsolão”, “Fura Teto”. É o bate-bumbo diário da grande mídia contra as emendas parlamentares criadas para azeitar a aprovação da PEC dos Precatórios no Congresso, e prontamente suspensas pelo protagonismo do STF. Estratégia semiótica da “predicação analítica”: locuções que criam “blocos de pensamento” lavajatistas prontamente replicados por canais progressistas que, numa inacreditável Síndrome de Estocolmo, a esquerda também “lacra”. Participa da homogeneização do atual espectro político que ajuda a operar as três funções ideológicas dessa estratégia de predicação analítica: (1) Ocultar a indignação seletiva do jornalismo corporativo; (2) Ocultar o mal original: o teto de gastos; (3) Cair na armadilha do controle total de espectro e do movimento de pinça. Quem ganha? Sérgio Moro, futuro candidato antissistema com o controle de qualidade do lavajatismo. 

quinta-feira, junho 17, 2021

Como pular fora da cultura meme dos influenciadores digitais no filme 'Mainstream'


A mídia está para nós assim como o peixe está para a água. Sem nossos dispositivos nos sentimos como peixes fora da água. Não vivemos mais COM as mídias, mas vivemos NAS mídias. É a “media life”. Então, como é possível fazer uma sátira da cultura meme, streamer e dos influenciadores digitais se na “media life” não existe a diferença fora/dentro? Como é possível criar um ponto de vista de fora para fazer uma crítica da era digital se vivemos dentro dela? “Mainstream” (2020), de Gia Coppola, tenta responder a essa questão acompanhando “No One Special”, um personagem cujos vídeos anti-Internet e anti-celulares viralizam: um influenciador contra as próprias redes sociais e dispositivos móveis? Um sistema que torna rentável a sua própria oposição. Porém, em “Mainstream” há duas coisas que podem ser disfuncionais a esse sistema: o mal-estar psíquico e a morte.

domingo, novembro 01, 2020

Outra semana de guerra híbrida: fechamento da pauta midiática e do universo de locução

Depois do dinheiro na cueca, traficante do PCC sendo libertado pelo STF e jogador condenado por estupro contratado no futebol, o show não pode parar: mais uma semana de “crises” com o “Caso Nhonho”, o “Boi Bombeiro” ganhando status de “tese” nos telejornais e Bolsonaro fazendo piada homofóbica com o Guaraná Jesus no Maranhão. Cenas de uma recorrente guerra semiótica criptografada, que se intensifica na proximidade das eleições e aprofundamento da recessão econômica. Os chamados “fatos diversos” (outrora confinados nas colunas de “drops da política”) agora trancam a pauta como fossem temas relevantes para a opinião pública. Mas a eficácia desse fechamento noticioso não vem do nada: foram necessários anos de bombas semióticas para criar o “fechamento do universo da locução”, uma nova espécie de “novilíngua”. Afinal, é por meio das palavras que uma sociedade aceita ou rejeita os “novos normais”.

quinta-feira, setembro 10, 2020

A canastrice na política: os vídeos do Porta dos Fundos, Bolsonaro e Lula

Três vídeos marcaram esse feriado da Independência. O primeiro, um vídeo da série “#Polêmicadasemana” da trupe de humor Porta dos Fundos. E depois, o pronunciamento do presidente Bolsonaro e a fala de Lula à Nação. Dois paradigmas comunicacionais opostos: o vitorioso, até aqui, da viralização (através da canastrice na política em linguagem audiovisual tosca) da direita alternativa; e do outro o paradigma da “sedução”, com vídeo profissionalmente produzido trazendo o discurso racional de um estadista. E o vídeo do Porta dos Fundos, mais um exemplo da estranheza do humor que tenta fazer a paródia da política que já faz de antemão uma paródia de si mesma. Onde as esquerdas encontrarão o alfinete para furar a bolha que separa esses dois paradigmas comunicacionais? No campo semiótico da canastrice,  meta parodiado no vídeo do Porta dos Fundos.  

sábado, março 07, 2020

O preço perigoso das tecnologias do espírito no filme "Perfect"


Estreando em longas metragens, o diretor Eddie Alcazar faz uma extrapolação alucinatória das tendências atuais do aprimoramento cosmético do autoconhecimento através de uma viagem sensorial que combina ficção científica com horror corporal ao estilo Cronenberg. “Perfect” (2019) é um filme que lembra a narrativa sensorial e abstrata de “Mãe!” (2017) de Darren Aronofsky, no qual a viagem interior do protagonista combina com arquétipos e mitologias gnósticas. Um jovem psiquicamente perturbado é enviado para uma clínica com sofisticada tecnologia de reprogramação mental através de “implantes microbiônicos” no corpo do paciente, descobrindo da pior maneira possível o preço da “pureza da mente”. As atuais tecnologias do espírito prometem o sucesso ilimitado do autoconhecimento. Mas a viagem interior pode encontrar os mais perigosos instintos que ligam às nossas origens ancestrais.

sábado, novembro 16, 2019

Bike elétrica é a resposta neoliberal à resistência do ciclismo


Inconformismo, revolta, veículos de libertação da tediosa rotina diária, liberdade... Essas são as representações mais comuns que o cinema faz sobre as bicicletas. Principalmente porque as bikes andaram, por assim dizer, na contramão da modernidade industrial: recusou-se a ser transformada em máquina, mantendo-se como ferramenta cuja fonte de energia e equilíbrio é exclusivamente o corpo humano. As bikes resistem à queda de braço do controle do Tempo entre Capital e Trabalho. Porém, vemos agora bikes elétricas circulando por ruas e ciclovias. Com a expansão da solução ciclística como resposta à crise neoliberal urbana (concessão privada dos transportes e colapso do transporte individual automobilístico), o neoliberalismo contra-ataca ao se apropriar de um veículo que resistia ao imaginário maquínico – com a motorização elétrica, as bicicletas se rendem ao ritmo do trabalho, ao sedentarismo e parasitismo humano tecnológico, ao mito da energia limpa ecologicamente correta e ao consumo bárbaro como símbolo de distinção e prestígio social

sábado, outubro 26, 2019

"A Garota na Névoa" nos coloca entre Civilização ou Barbárie, Justiça ou Mídia

Uma menina desaparece na neblina em uma pequena vila nos Alpes italianos. Um investigador da polícia, famoso por casos de repercussão midiática, surge para resolver o mistério. Mas ele quer qualquer coisa, menos encontrar a verdade. Sua estratégia de investigação consiste em nada mais do que vazar deliberadamente informações para jornalistas, a fim de pressionar suspeitos pelo escândalo. Forçando delações e denúncias contra um professor do ensino médio: a vítima perfeita pelo appeal midiático que busca culpados de primeira hora para o linchamento pela opinião pública. Será que esse plot não lembra alguma coisa da atual história brasileira? Esse é o filme italiano “A Garota na Névoa” (“La Ragazza nella Nebbia”, 2017) baseado no romance policial best seller de Donato Carrisi. Uma alegoria da promiscuidade entre mídia e Justiça promovida pela “Operação Mão Limpas” italiana, modelo para a “Lava Jato” brasileira. Promiscuidade que se alimenta dos impulsos mais regressivos da sociedade, colocando-nos numa encruzilhada: Civilização ou Barbárie? Filme sugerido pelo nosso colaborador Felipe Resende.

sexta-feira, outubro 26, 2018

O capitalismo é apenas mais uma forma de gerir o hospício humano em "Insanidade"



O filme checo “Insanidade” (“Silení, 2005) é para poucos pela sua alta carga de niilismo e humor negro. O diretor Jan Svankmajer volta à crítica da sociedade de consumo do filme anterior “Little Otik” (2000), mas dessa vez por um viés político e ontológico: a história humana é comparada a um problema de gestão de um manicômio no qual há duas formas de fazê-lo - ou a liberdade absoluta na qual o prazer e orgia se aproximam do crime e da morte, ou o totalitarismo da dor e castigo que também flerta com a morte. Um jovem tem recorrentes pesadelos até encontrar um milionário excêntrico que emula o próprio Marquês de Sade. Ele apresenta o médico gestor de um manicômio que apresenta uma técnica supostamente revolucionária que irá livrá-lo dos seus pesadelos. “Insanidade” é uma fábula sobre como a História até aqui não conseguiu conciliar Eros e Thanatos, prazer e morte. E como o capitalismo é mais uma forma de gerir essa loucura.

sábado, agosto 25, 2018

O fim do mundo é um sintoma, discute "Cinegnose" em Simpósio no Rio


Quase diariamente é previsto o fim do mundo na TV ou na Internet, enquanto no cinema narrativas ficcionais reforçam essas previsões com protagonistas às voltas com apocalipses climáticos, cósmicos, geológicos, tecnológicos, alienígenas etc. Por que o mundo tem que ser destruído? Por que essa necessidade pelo fim, embalada como ficção e entretenimento para consumo de massas? Ideologia? Manipulação político-ideológica? Ou algum tipo de sintoma do inconsciente coletivo? Como o Gnosticismo pode oferecer uma explicação e uma narrativa alternativa esse mistério sobre o “fim dos tempos”? Essa foi a discussão que este humilde blogueiro levou para o Simpósio “Do Mundo Arcaico às Cosmologias Modernas”, evento que aconteceu de 22 a 24 últimos no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas no Rio de Janeiro.

sábado, setembro 30, 2017

Wokesploitation é a fronteira final do reality show em "Esta é a Sua Morte"


Depois de explorar as mazelas do sexo e da vida, a última fronteira da TV é a morte. Mas não a das vítimas, mas daqueles que querem dar cabo das suas próprias vidas. Depois de décadas de críticas e sátiras cinematográficas ao gênero televisivo do reality show, “Essa é a Sua Morte” (2017) evoca a tendência atual do “Wokesploitation” – chamar a atenção das injustiças da mídia e sociedade por meio da hiper-violência e muito sangue, como na franquia “Uma Noite de Crime”. Mas é um reality show sobre suicidas endividados através do viés “camp”, “trash” como fosse uma típica “soap opera” norte-americana. Um filme que vai além da crítica ao reality show: mostra a fase terminal da TV, agora obcecada em procurar de forma tautista “a realidade do real” numa sociedade na qual a morte se tornou mais lucrativa do que a vida, seja no sistema econômico quanto no político.

sexta-feira, setembro 23, 2016

Quando a morte é o único sentido para a vida em "Bridgend"


A cidade de Bridgend (no fundo de vales no sul do País de Gales) no passado sustentou o império britânico com o seu carvão, para depois ser esquecida pela História e pelo mundo. Até que, desde 2007, uma inexplicável onda de suicídios de jovens por enforcamento (79 mortes até hoje) tomou conta da região. Para a mídia, tornou-se a “cidade da morte” e seus jovens estigmatizados. O filme Bridgend (2015) do dinamarquês Jeppe RØnde baseia-se nesse caso misterioso: uma adolescente retorna para Bridgend junto com seu pai, um policial que investiga a causa da onda de suicídios. Um culto suicida na Internet? Efeito copycat motivado pelo sensacionalismo como a mídia trata o assunto? Efeito no sistema nervoso central das ondas UHF do sistema de rádio de emergência da polícia do Reino Unido? Ou um acerto de contas dos jovens contra a civilização? - quando a existência fica vazia, a morte pode se tornar o único sentido para a vida. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.

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