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terça-feira, dezembro 17, 2024

A burguesia quer sangue em 'Sanguessugas: Uma Comédia Marxista Sobre Vampiros'


Assim como muitos escritores do século XIX, Karl Marx também foi impactado pela literatura gótica sobre vampiros e monstros. Por isso, a melhor metáfora do Capitalismo está em “O Capital”: um vampiro que suga o trabalho vivo para acumular o resultado do trabalho morto (o lucro) por toda a eternidade. Então, por que não transformar essa metáfora em uma alegoria? É o que faz o filme alemão “Sanguessugas: Uma Comédia Marxista Sobre Vampiros” (Blutsauger, 2022), em exibição na MUBI. Um falso barão foge da Rússia de Stálin e chega numa cidade da costa alemã, com um único propósito: encontrar um navio que o leve a Hollywood para tentar a sorte no cinema. Mas tudo o que consegue é conhecer uma elite de vampiros burgueses que sugam o sangue dos moradores, mas que põem a culpa das mordidas em pulgas... judias, chinesas etc. Vampiros que, também, adoram cinema.

sexta-feira, setembro 27, 2024

O Diabo brincalhão e perverso do gótico americano em 'Longlegs - Vínculo Mortal'


O Diabo é brincalhão e perverso. Se ele quer dominar mesmo o mundo porque não ataca de uma vez o Vaticano, possuindo cardeais e o Papa? Não! Ele prefere possuir crianças ou atormentar um vigário qualquer em uma paróquia distante. Por isso o Diabo é uma figura próspera no gótico americano, repleto de famílias puritanas e fundamentalistas cristãos imersos na castidade paranoica. Todo o hype em torno do thriller de terror “Longlegs - Vínculo Mortal” (Longlegs, 2024) era verdadeiro, ao combinar os tropos principais do gótico americano com a figura do Detetive pós-moderno, cuja lógica e intuição é incapaz de solucionar o enigma de um serial killer com motivações ocultistas satânicas. Porque o próprio detetive é a parte principal do problema. “Longlegs” lembra “O Silêncio dos Inocentes”. Mas sem a bússola que Lecter representava para a Clarice. O Detetive está só, sugado cada vez mais pelo “vínculo mortal”.

quinta-feira, setembro 19, 2024

'Os Fantasmas Ainda se Divertem': como Tim Burton transforma o Gótico em entretenimento


Assim como as animações da Walt Disney, Tim Burton tem a habilidade de transformar temas sombrios em entretenimento. Se em Walt Disney são os temas do abandono e separação, no caso de Tim Burton seus filmes transformam o Gótico americano de Edgard Allan Poe e Herman Melville em diversão para que o sonho americano dê risadas de si mesmo. Em “Os Fantasmas Ainda se Divertem” (Beetlejuice Beetlejuice, 2024), Burton retorna aos seus efeitos práticos e brinquedos analógicos para levar o Estranho, o Fantástico e o Sobrenatural para a típica família suburbana disfuncional: se no primeiro filme de 36 anos atrás a protagonista era a filha adolescente melancólica e depressiva, agora temos uma nova filha adolescente – também melancólica e depressiva, mas dessa vez pela ausência materna. Supostamente, a mãe prefere mais os fantasmas aos vivos. E Michael Keaton retorna sensacional ao rançoso e rabugento demônio, convidado a voltar ao mundo dos vivos exatamente pela disfuncionalidade do sonho americano.

sábado, julho 06, 2024

A modernidade, o vampiro e o patriarcado no filme 'Le Vourdalak'



O patriarca de uma família no interior da Sérvia volta do campo de batalha. Mas ele volta transformado. Tornou-se um “Voudarlak”. Um vampiro com uma peculiaridade: quer o sangue apenas dos parentes próximos e amigos íntimos. Baseado no conto de escritor russo Aleksei Tolstói (o “outro Tolstói”), o filme francês “Le Vourdalak” (2023) vai às raízes da mitologia do vampiro, muito antes do cânone criado por “Drácula” de Bram Stoker. Um enviado da corte francesa é roubado e pede ajuda a uma estranha família cujo patriarca está fora, combatendo os turcos. Uma fábula gótica orgulhosamente antiquada e com um sutil humor sombrio. Baseado em um conto que faz uma dupla crítica metafórica: o fim da velha ordem monárquica com a modernidade representada pelo vampiro; e a ordem patriarcal: primeiro o escraviza, para depois devorá-lo.

sexta-feira, janeiro 26, 2024

Um manifesto ciborgue e a reconfiguração do feminismo em 'Pobres Criaturas'


Yorgos Lanthimos, o diretor líder daquilo que os cinéfilos chamam de “onda estranha grega”, mais uma vez em “Pobres Criaturas” (Poor Things, 2023, com onze indicações ao Oscar) lança mão da estranheza. Com um tema obsessivo na sua obra, desde “Dente Canino” (2009): personagens totalmente incongruentes entre si no qual violência, amor, culpa, erotismo, misticismo e horror se misturam em espaços claustrofóbicos ou famílias que se transformam em prisões. Dessa vez, Lanthimos foca sua lente estranha nas questões de identidade e gênero numa espécie de releitura feminista do Frankenstein de Mary Shelley, adaptando o livro “Poor Things” de Alasdair Gray. Livro que certamente se inspirou no “Manifesto Ciborgue” que reconfigurou o feminismo ao se apropriar da figura hipermasculinizada do Ciborgue na cultura pop - a mulher como ser híbrido, parte biológica e que precisa se recompor com a parte técnica, para encontrar a si mesma.

quinta-feira, janeiro 04, 2024

Filme 'Saltburn' e a "rich exploitation' de uma aristocracia que perdeu seus predadores naturais


A produção original Amazon “Saltburn”, de Emerald Fennell (“Bela Vingança”) é uma combinação explosiva de sexo com luta de classes. Mais uma produção de uma tendência dos últimos anos que poderíamos definir como subgênero “rich exploitation”: obscenamente ricos que se autodestroem. Mas “Saltburn” explora uma faceta do topo da pirâmide social: os aristocratas, aqueles que apenas herdam a riqueza com um senso quase ingênuo de nobreza – sem predadores naturais, basta apenas um pequeno empurrão para que tudo desabe. Um jovem proveniente da classe trabalhadora chega à exclusiva universidade de Oxford para conviver com jovens herdeiros que não têm a menor necessidade de estarem ali. A não ser justificar para a sociedade a sua absurda riqueza. “Saltburn” é uma espécie de remix de “O Talentoso Ripley”, porém transitando entre o thriller sexual e o humor sombrio.

quarta-feira, janeiro 03, 2024

Memórias em ruínas no filme 'Retratos Fantasmas'


As ruínas nos fascinam. Desde o início da arqueologia moderna, influenciou a sensibilidade artística criando um imaginário associado a memórias, fantasmas e desaparecimento até chegar, no século XX, ao “princípio das ruínas” como propaganda e estética política nazista: ruínas como inspirações para as gerações futuras. Kleber Mendonça Filho consegue representar esse imaginário em “Retratos Fantasmas” (2023) através de uma jornada pessoal e sociopolítica pelas memórias trazidas pelas ruínas urbanas: da casa vizinha ao edifício em que mora aos cinemas de rua abandonados do Centro do Recife. Como a modernidade cria incessantemente ruínas. E como nos relacionamos com elas através das memórias. Além de as ruínas apontarem para o futuro quando salas de projeção viram templos religiosos.

sábado, dezembro 02, 2023

'A Queda da Casa de Usher': Allan Poe e o acerto de contas cármico com a elite predatória


Com a proximidade das festas de final de ano, a área do cinema e audiovisual é tomada por contos morais otimistas sobre mudanças pessoais e reavaliações do significado da vida. Então, vá contra a corrente e encare uma série sobre execuções da justiça cármica dentro do universo do escritor gótico norte-americano Edgar Allan Poe. É a produção Netflix “A Queda da Casa de Usher” (2023), uma adaptação da obra escritor trazida para a era da Big Farma sobre a ascensão e o declínio de uma família americana bilionária cuja origem do império está num analgésico opiáceo que vicia e destrói a vida de milhões – obviamente inspirado no escândalo atual da Purdue Farma da família Sackler, responsável pela epidemia de opioides nos EUA com o analgésico OxyCotin. Os herdeiros Usher começam a morrer misteriosamente. Apontando para um tipo de escrutínio para além da Justiça terrestre: o horror metafísico dos fantasmas do consciência e do passado que vêm fazer o acerto de contas com a elite predatória.

sexta-feira, novembro 10, 2023

'O Exorcista' faz 50 anos: CIA, desconfiança gnóstica e possessão midiática


Considerado o filme mais assustador já feito, “O Exorcista” (1973) completou 50 anos. E está envelhecendo muito bem, principalmente pela sua atemporalidade. Embora baseado em um caso real estudado pelo laboratório de parapsicologia da Universidade Duke financiado pela CIA e Fundação Rockefeller (o oculto e a parapsicologia como ferramentas de espionagem na Guerra Fria), sua atemporalidade vem do horror metafísico que ele desperta: como Deus pode permitir uma legião de demônios soltos entre os homens e possuir o corpo de uma jovem inocente? Apesar de ter inspirado todos os clichês dos filmes de terror repetidos ad nauseam ao longo das décadas, suas cenas são assustadoras porque inspiram uma desconfiança gnóstica: será que Deus não nos ama? Além do filme ter um subtexto secreto: será que a mídia estaria criando a forma contemporânea de possessão demoníaca?

sábado, outubro 08, 2022

A invenção misteriosa e esotérica da fotografia no filme 'A Noiva'



Desde o início, com a invenção do daguerreótipo, a fotografia esteve envolvida com o misterioso e o esotérico: afinal, em todas as culturas, ver o próprio duplo é um evento misterioso podendo até mesmo ser o prenúncio da morte. Com a fotografia, para começar, a possibilidade de ter a própria alma roubada. E na Rússia? Onde a Ciência e antigas crenças conviveram no período czarista. Esse é o universo que inspira o terror russo “A Noiva” (Nevesta, 2017): uma garota está prestes a se casar com seu namorado e é levada por ele para conhecer sua família numa região remota que parece ter parado no tempo. Uma família de gerações de fotógrafos, especializados em fotografar mortos, antiga crença de que isso os manteria vivos. Logo será incomodada com a estranheza dos seus anfitriões: algum tipo de experimento deve ter saído do controle em algum momento da história daquela família.

quarta-feira, agosto 03, 2022

Filme 'She Will': a antropologia da ordem patriarcal para além do identitarismo


À primeira vista, o filme produzido pelo mestre do terror Dario Argento e dirigido pela estreante Charlotte Colbert, “She Will” (2021) parece ser mais uma produção mainstream dentro da onda identitarista apropriada pela grande mídia e discurso corporativo – o chamado “neoliberalismo progressista”. Uma atriz idosa confronta-se com os fantasmas do assédio sexual quando, jovem, estreou em um filme cujo remake está para ser lançado. Buscando fugir de todo hype, viaja para as Terras Altas na Escócia. Lá encontrará as origens simbólicas de toda a ordem patriarcal: a lama primordial de uma floresta composta por cinzas humanas das vítimas das inquisições e o carbono negro da queima do carvão industrial. Por isso, “She Will” vai além:  Uma filme sobre abuso infantil, assédio sexual e envelhecimento feminino envolta na lama daquela floresta: a raiz antropológica de todas as desigualdades – a contradição Natureza vs. Sociedade, a Mãe Terra vs. o Deus Capital.

sexta-feira, dezembro 17, 2021

A desconstrução da mitologia política e masculina do cowboy em 'Ataque dos Cães'


Um homem coberto de sujeira da cabeça aos pés que encarna um personagem em crise masculina. Ele tem uma necessidade constante de provar que é o líder mais rude e duro dentro de uma estufa masculina de cowboys. Provavelmente para ocultar sua adoração e afeição pelo homem que o ensinou muito mais do que montar um cavalo. “Ataque dos Cães” ("The Power of the Dog", 2021, disponível na Netflix), de Jane Campion, mostra a melhor atuação de Benedicte Cumberbatch na sua carreira representando um personagem que desconstrói não apenas a si mesmo. Mas toda a mitologia do cowboy e do Western cinematográfico. O filme começa com todos os ingredientes do gênero, para lentamente se transformar em um gótico americano sombrio, ecoando a atmosfera hitchcokiana de “Psicose”. 

sexta-feira, agosto 07, 2020

"A Casa da Praia": somos um pequeno ponto dentro de um Universo indiferente

 
O escritor de terror, fantástico e ficção-científica HP Lovecraft está em alta no cinema. Principalmente nesse momento de pandemia da COVID-19 que nos inspira para a essência do horror biológico: a desconfiança de que todo o Universo é indiferente à nossa existência e que podemos ser apagados facilmente da linha do tempo evolutiva desse planeta. “A Casa da Praia”(“The Beach House”, 2020) é mais uma produção que mostra que o cinema e audiovisual são verdadeiros sismógrafos do espírito do nosso tempo: inspirado em Lovecraft e Stephen King, esse terror indie acompanha um jovem casal que tenta se reconciliar num final de semana em uma casa de praia. O que pode dar errado? A descoberta de que as questões humanas são um pequeno ponto dentro da realidade biológica mutante e metamórfica. 

sexta-feira, julho 24, 2020

Em "Relic" a perda do elo geracional cria fantasmas que aterrorizam as novas gerações


As paredes são testemunhas das nossas mágoas, ressentimentos, ódio e paixões. Absorvem suas energias, fazendo ambientes vibrarem chegando a criar o fenômeno das casas mal-assombradas. Espiritualistas e esotéricos creem nesse fenômeno que seria mais natural do que coisa do outro mundo. E o cinema também. A produção australiana “Relic” (2020) mostra três gerações de mulheres enfrentando manifestações de demência da avó, viúva solitária em um casarão repleto de objetos que representam as memórias de uma vida inteira. Ou será que há algo além, assombrando a todos? Mais do que um filme de terror, “Relic” tematiza a condição dos idosos numa sociedade de obsolescência programada – a sociedade que perdeu o “elo geracional”: numa cultura na qual a novidade e a juventude são mais importantes do que a sabedoria e o conhecimento, o passado e as memórias se tornam aterrorizantes. Filme sugerido pelo nosso colaborador Felipe Resende.

sábado, novembro 30, 2019

A tecnologia toma o lugar do sobrenatural no gótico norte-americano em "The Room"


O gênero Gótico tem suas origens no Velho Mundo europeu com seus castelos e masmorras de sociedades que desapareceram. Já o gótico norte-americano é um interessante subgênero originado numa sociedade puritana que produziu ficções em torno de culpa, pecado original, abominações humanas decorrentes da miscigenação racial, incesto etc. E ainda mais interessante quando um filme desse subgênero é escrito e dirigido por um olhar europeu. Esse é o filme franco-belga “The Room” (2019): cansado de viver em Nova York, um jovem casal muda-se para um casarão vitoriano no interior de New Hampshire. Lá encontrarão não o sobrenatural, mas o horror produzido por uma misteriosa tecnologia por trás das paredes daquele casarão, capaz de materializar qualquer desejo que for dito. Mas, como em todo conto fantástico há um alerta: “A única coisa mais perigosa do que alguém que não consegue o que quer, é uma pessoa que possa ter tudo o que quiser”. Filme sugerido pelo nosso colaborador Felipe Resende.

domingo, novembro 18, 2018

O assombro cósmico e psíquico de aranhas e fantoches em "Possum"

“Possum” (2018) é terror silencioso e psicológico. E principalmente simbólico: consegue articular dois simbolismos cósmicos e psicológicos – a aranha e o fantoche, aglutinados num bizarro boneco com corpo e pernas de aranha e a cabeça rachada de uma boneca. Alguma coisa entre os brinquedos mutantes de Toy Story e as animações de Jan Svankmajer. Um estranho fantoche que exerce um poder sufocante sobre o seu titereiro. Depois de muitos anos, Philip retorna para a cidade da sua infância para confrontar o seu cruel padrasto e os segredos que torturaram sua vida inteira. Mas o bizarro fantoche aracnídeo continua assombrando-o, por mais que tente destruí-lo. Filme sugerido pelo nosso leitor... bem, você sabe quem...

sexta-feira, novembro 16, 2018

Gnosticismo e magia abrem estranhos portais em "A Dark Song"


Algumas vezes não é a casa que está assombrada, mas as pessoas dentro dela. Inspirado num “grimório”, uma coleção medieval de feitiços, rituais e encantamentos mágicos cabalísticos chamado “O Livro de Abramelin” (escrito entre os séculos XIV e XV), A Dark Song (2016) é um conto sobre a aceitação da perda e da morte. Duas pessoas em uma remota casa no interior do País de Gales ficarão trancados por meses executando um intrincado ritual que os forçará aos limites físicos e psicológicos. Ambos lidando com o luto – a perda de um filho e a perda do interesse na própria vida. Um ritual gnóstico e herético: não se trata de lidar com o divino, mas abrir portais para alguém ou algo totalmente desconhecido que pode ser reflexo de nós mesmos ou de estranhas entidades. E sabermos reconhecer que, sejam “bons” ou “maus”, todos não são filho de Deus, mas prisioneiros de uma mesma Criação. Filme sugerido (insistentemente...) pelo nosso leitor Felipe Resende.

domingo, janeiro 14, 2018

Após 200 anos, "Frankenstein" continua o Prometeu acorrentado


Nesse mês comemoram-se os 200 anos da primeira edição impressa em janeiro de 1818 do romance de Mary Shelley “Frankenstein ou o Prometeu Moderno”, cujo impacto na cultura moderna começou com as primeiras adaptações ao teatro. Mas o filme “Frankenstein” de 1931, com as correntes galvânicas, trovões, um cientista louco gritando “Está vivo!” e a icônica maquiagem de Boris Karloff, definitivamente consolidaram o personagem e suas variações (zumbis, autômatos, replicantes etc.) na cultura popular.  Porém, nesses dois séculos as adaptações do livro clássico invariavelmente giraram em torno da crítica à arrogância humana e científica do homem querer se equiparar a Deus. E a punição e sofrimento, assim como no mito de Prometeu acorrentado e punido pelos deuses. Por isso, ainda o cinema deve uma adaptação fiel ao imaginário romântico de “Frankenstein”: a criatura como um Prometeu desacorrentado que sintetizou o espírito revolucionário do Romantismo: a rejeição tanto do cristianismo quanto do materialismo iluminista através do sincretismo da ciência com o terreno espiritual - Alquimia, Cabala e Gnosticismo. Pauta sugerida pelo nosso leitor Eduardo G.

domingo, novembro 19, 2017

Hollywood abriu as portas para ocultismo e maldições com o filme "Incubus"


Os críticos consideram o filme “mais amaldiçoado da história do cinema”. Um filme que abriu as portas para o ocultismo e hermetismo em Hollywood numa década de “despertar místico e religioso” através das viagens alucinógenas do psicodelismo e estados alterados de consciência. O Filme “Incubus” (1966) foi dirigido e escrito por Leslie Stevens (criador da série de TV “Quinta Dimensão”) e protagonizado por William Shatner, um ano antes de viver o capitão Kirk da série “Star Trek”. Desde sua estreia, “Incubus” foi marcado por suicídios, assassinatos, falências, divórcio e incêndio. Tão amaldiçoado que o diretor tirou o filme de circulação e os negativos foram destruídos. Para em 1996 uma cópia ser encontrada na França e recuperada para relançamentos em VHS e DVD. E logo em seguida reiniciaram as “coincidências” fatais. Muitos pesquisadores em Sincromisticismo consideram Hollywood um “centro de recrutamento de médiuns”, manipulando voláteis e perigosas formas-pensamento e arquétipos do inconsciente coletivo. “Incubus” seria um caso exemplar.

segunda-feira, novembro 06, 2017

O sonambulismo gnóstico-noir em "Sleepwalker"



Uma mulher traumatizada pela morte do seu marido convive com sérios distúrbios do sono: sonambulismo, insônia e pesadelos. Sob tratamento em uma clínica especializada, finalmente consegue um sono reparador. Porém, algo de assustador começa a acontecer: a cada despertar, é como se acordasse em uma realidade alternativa com um novo sobrenome e pessoas conhecidas que não se lembram dela. “Sleepwalker” (2017) é um curioso filme que transita entre a estética “noir” (ninguém é o que aparenta ser), uma estranha atmosfera retro atemporal e a narrativa gnóstica sobre uma protagonista que parece navegar por diversas realidades em busca de memórias perdidas e crescente paranoia. O sonambulismo é o elo que em “Sleepwalker” une o “noir” com o gnóstico: estar desperto em um sonho é um evento marcado por uma forte carga simbólica de alguém que tenta acordar e encontrar a verdade. Filme sugerido pelo nosso antenado leitor Felipe Resende.

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