terça-feira, abril 22, 2025
A muleta tecnológica do pós-morte transmitido online no filme 'O Senhor dos Mortos'


domingo, dezembro 29, 2024
Ninguém vai nos salvar na comédia geopolítica 'Rumours'


“Rumours” (2024) é uma sátira geopolítica extremamente engraçada da imaginação fértil do cineasta cult Guy Maddin – o equivalente canadense das elocubrações surrealistas do norte-americano David Lynch. Um cérebro do tamanho de um Volkswagen Beetle no meio de uma floresta, um chatbot projetado para prender pedófilos e cadáveres mumificados da Idade do Ferro que viram zumbis onanistas. Tudo isso atormentará uma reunião de cúpula do G7, realizada em um castelo em algum lugar remoto na Alemanha, liderado por Cate Blanchett, fazendo um avatar de Angela Merkel. Estão redigindo uma declaração conjunta sobre uma crise global indeterminada. Acabam sendo esquecidos lá e ficam isolados. Terão que lutar pela própria sobrevivência. O mundo os esqueceu porque sabe que ninguém irá nos salvar.
sexta-feira, julho 19, 2024
O vampiro evoluiu e tornou-se amoral no filme 'Abigail'


Cada época tem o seu vampiro que merece: a entidade das trevas que melhor está sintonizado com o espírito do seu tempo. O cânone vampiresco de Bram Stoker refletia o racionalismo da Revolução Industrial e o fundamentalismo religioso. Mas no século XXI o vampiro torna-se moralmente neutro e vira um ser “vivo” que evolui adaptando-se ao ambiente, como mais um predador na cadeia alimentar. O filme ‘Abigail’ (2024) é um terror mashup e exploitation que reproduz essa mudança na mitologia do vampiro. Um thriller de humor negro sobre um grupo de sequestradores que mordem mais do que podem mastigar quando involuntariamente sequestram uma bailarina vampira do tamanho de uma criança.
sexta-feira, fevereiro 02, 2024
Filme 'Red Rooms', Marques de Sade e Dark Web: "o Mal deve ser praticado sem paixão"


Se nos anos 1970 tínhamos a lenda urbana dos “snuff movies” (vídeos comercializados com sexo abusivo, violento, sadomasoquista e sempre terminando na morte da vítima), na Dark Web temos o roax das “Red Rooms” - transmissões ao vivo de estupro, torturas e assassinatos de vítimas sequestradas para um público disposto a pagar pelo entretenimento voyeurista. O filme canadense “Red Rooms” (Les Chambres Rouges, 2023), de Pascal Plante, começa com o julgamento de um pedófilo que sequestrou menores para seus shows nas Red Rooms. Mas o foco não é o julgamento, mas duas mulheres obcecadas pelo caso. Uma, uma groupie apaixonada pelo réu que virou uma celebridade. E outra fria e enigmática. Figura incômoda para o espectador, porque nunca sabemos qual o seu real interesse no caso. Uma personagem está no passado (a cultura das celebridades no século XX) e outra no futuro: o interesse insalubre e amoral pelo mal na Internet. Revivendo em pleno século XXI a máxima do velho Marques de Sade: “Para o libertino o Mal deve ser praticado sem paixão”.
quinta-feira, fevereiro 09, 2023
O horror da destruição da alma em 'Infinity Pool'


Hotéis, resorts e assemelhados sempre renderam no cinema narrativas de mistério e terror. Sob uma infraestrutura de entretenimento e prazer sempre se oculta algum tipo de submundo ou subcultura. “Infinity Pool” (2023), terceiro filme de Brandon Cronenberg, alinha-se com essa mitologia: um resort em um país fictício asiático oculta uma subcultura perversa de turismo que envolve hedonismo, amoralidade e violência. Seguindo a trajetória do pai, David Cronenberg, “Infinity Pool” entra no campo do terror corporal. Porém, enquanto o pai trata da desintegração corporal, Brandon Cronenberg analisa a destruição das almas: através de um processo de punição de clones dos condenados por crimes, o que acontece com a humanidade de alguém ao saber que seus crimes não terão consequências reais.
quarta-feira, dezembro 07, 2022
Para entender o terror gnóstico de 'Skinamarink'


Os mais assustadores filmes de terror são aqueles cujas imagens e narrativas deixam lacunas para que nossa imaginação tente preenchê-las. E a nossa imaginação pode ser mais assustadora do que o próprio filme. “Skinamarink” (2022) nos mostra duas crianças que acordam no meio da noite e descobrem que os pais desapareceram, assim como todas as portas e janelas. Filmada em filme analógico, o resultado são imagens escuras e muito granuladas: o que faz o espectador imaginar as coisas mais diabólicas que possam emergir dos grãos da imagem. Há um plot gnóstico por trás do drama daquelas crianças: realidade, fantasia, o onírico e o lúdico se misturam numa casa que repentinamente perdeu portas e janelas. Abuso infantil, morte e monstros da nossa infância são a superfície de um drama gnóstico que tem a ver com a nossa condição existencial da solidão: nascemos sós e morremos sós.
quarta-feira, setembro 14, 2022
Boneca sexual, multidão solitária e alienação no filme 'A Garota Ideal'


sexta-feira, agosto 26, 2022
Viagem no tempo e a angústia dos millennials no filme 'Efeito Flashback'


A Relatividade e a mecânica quântica alteraram radical nossa percepção tempo-espaço, ao ponto do tema da viagem no tempo se tornar um tema recorrente – o fascínio da “segunda chance” em que o passado poderia ser alterado. Mas nada como nesse século, em que o boom de produções sobre o tema reflete a angústia existencial da geração millennial: a angústia do crescimento, maturidade e a necessidade de fazer escolhas. “Efeito Flashback” (2020) é um bom exemplo: um jovem analista de informações que renunciou ao desejo de se tornar um artista visual encontra casualmente um antigo amigo do ensino médio. Um encontro que traz do passado memórias esquecidas que retornam como um flashback. Na verdade, o efeito de uma droga misteriosa da época que permitia escapar do espaço-tempo linear e experimentar vidas alternativas. Passado e presente se misturam em loop e deslocamentos, sem o usuário ter em que se apegar. O que traz a questão central desse boom sobre viagens no tempo: e SE eu tivesse feito outra escolha? Como seria a minha vida?
sexta-feira, junho 24, 2022
McLuhan inspira o horror corporal tecnológico de Cronenberg em 'Crimes do Futuro'


O horror corporal no cinema tem em David Cronenberg o seu grande representante. A sua peculiar fusão do horror com a ficção científica foi inspirada nos tempos de estudante na Universidade de Toronto, quando o guru e profeta da Globalização Marshall McLuhan foi seu professor. “O Meio é a Mensagem” é a tese de McLuhan que perpassa toda a filmografia de Cronenberg, só que tomada na aterrorizante literalidade: a tese resultou no pós-humano, a ideologia do século XXI. “Crimes do Futuro” (2022) é o filme-síntese de toda a filmografia do diretor: num futuro indeterminado uma dupla de artistas faz performances públicas de cirurgias através de dispositivos biomórficos para um público extasiado que vê sendo retirados do corpo do artista novos órgãos híbridos misteriosos que não existem na morfologia humana normal. Um mundo em que softwares moldaram a “New Flesh”: o corpo reduzido a objeto de controle e perversão pornô.
quarta-feira, janeiro 19, 2022
Serial killer, mídia e efeito Heisenberg no filme 'Círculo Vicioso'


quarta-feira, dezembro 22, 2021
Extrema-direita é a tradução política da ética sobrevivencialista em 'O Declínio'


sábado, novembro 13, 2021
As mentiras do Capitalismo que lava mais verde em 'Bright Green Lies'


quinta-feira, abril 08, 2021
A gnose junguiana na tela mental dos sonhos no filme 'Come True'


Imagine combinar o clássico “A Hora do Pesadelo” com o filme “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”, de Michel Gondry. Tudo numa atmosfera com referências a “O Iluminado” de Kubrick e plot twist ao estilo dos filmes de M. Shyamalan. E para completar, alusões aos conceitos junguianos de Persona, Anima e Animus, Sombra e Self. Teremos como resultado o ambicioso filme do cineasta canadense Anthony Scott Burns “Come True” (2020): uma jovem está imersa em um sonho ativo, no qual as fronteiras entre o onírico e o real estão desaparecendo até se transformar em cobaia de uma pesquisa de ponta em um laboratório do sono de uma universidade. Os sonhos são dotados de complexos mecanismos para nos manter inconscientes no interior de um fluxo onírico, sem conseguirmos nos auto observar e alcançar as camadas mais profundas do nosso Self – a iluminação interior. “Come True” é uma jornada de gnose junguiana: superar a Sombra ao alcançarmos um nível meta na tela mental que sempre criamos para nós mesmos.
terça-feira, dezembro 15, 2020
Série 'Travelers': por que precisamos da viagem no tempo?


A partir de 2016, o cinema e audiovisual (principalmente séries) vive um surto de narrativas sobre a viagem no tempo. Principalmente envolvendo a mitologia da segunda chance: a ciência relativística e quântica parece ter trazido mais angústias existenciais do que respostas. E as sombrias previsões políticas, econômicos e climáticas, só alimentam ainda mais essa angústia. A série original Netflix “Travelers” (2016-18) é mais uma estória sobre “segunda chance”, dessa vez para a história humana: através de “hospedeiros”, viajantes do futuro chegam no século XXI para desfazerem uma cadeia de eventos que levará o mundo a algum tipo de catástrofe climática e econômica futura que transformará o planeta num mundo árido e hostil. Depois dos deuses, messias e discos voadores vindos dos céus, agora a esperança vem através de viajantes do Tempo.
segunda-feira, dezembro 16, 2019
Fabricando a "pirralha" Greta Thunberg: a engenharia social do consenso climático


quarta-feira, novembro 20, 2019
Curta da Semana: "Animal Behaviour" - animais humanizados, sociedade animalizada


domingo, junho 30, 2019
Curta da Semana: "Dolls Don't Cry" - Somos fantoches em um mundo simulado


Premiado por melhor roteiro no Festival de Animação de Ottawa, o curta-metragem em “stop-motion” canadense “Dolls Don’t Cry” (Toutes Les Poupées Ne Pleurent Pas, 2017) nos apresenta a clássica cosmologia gnóstica ao convergir duas teses: o esotérico fascínio humano por fantoches, bonecos, robôs e autômatos e a hipótese do Universo como uma gigantesca simulação. Desde a antiga Alquimia, passando pelo cinema e animação, até chegarmos aos games de computador o homem simula a criação de mundos. Como se tentasse imitar Deus, simulando vidas. Por que esse fascínio? Será que tentamos nos tornar sencientes dentro de um Universo simulado no qual somos prisioneiros?
segunda-feira, março 04, 2019
Estamos imersos no mar de sincronismos no filme "Redemoinho"


segunda-feira, setembro 03, 2018
"Videodrome - A Síndrome do Vídeo": como a tecnologia controla mente e carne


domingo, julho 29, 2018
Curta da Semana: "Final Offer": aliens agora preparam "invasões híbridas"

