quinta-feira, maio 16, 2024

Série 'Matéria Escura': por que o século XXI está tão obcecado pelo multiverso?


A vida é feita de escolhas que fazemos em momentos cruciais que irão nos definir para sempre. Desde que os paradoxos da mecânica quântica, o experimento imaginário do gato de Schrödinger e a sua interpretação de Hugh Everett que abriu a possibilidade da existência de muitos mundos com diferentes versões de nós mesmos, parece que a angústia do “para sempre” ficou ainda maior, na literatura e no cinema: será que fiz a escolha certa? E se fosse possível ver a escolha da minha outra versão? Poderia ter uma segunda chance? A série Apple TV “Matéria Escura” (Dark Matter, 2024-) é mais uma produção na onda atual de filmes sobre multiverso. Embora o impacto cultural dos enigmas quânticos esteja no século XX, é nesse século que a angústia da escolha é ampliada, no estranho zeitgeist que domina a atualidade. Um gênio da física bem-sucedido cria uma maneira de viajar pelo multiverso para trocar de lugar com o sua outra versão menos bem-sucedida, invertendo a premissa tradicional do gênero.

Essa não é minha linda casa/Essa não é minha linda esposa
Meu Deus! O que eu fiz?
(“Once a Lifetime”, Talking Heads)

 

Desde a vitória do Brexit em 2015 e eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA no ano seguinte, parece que o mundo foi jogado para algum universo alternativo. 

Um mundo de catástrofes climáticas e que ideias intangíveis da qual dependíamos e considerávamos como óbvias e claras passaram a não funcionar mais: Democracia, Estado de Direito, Verdade, Consenso etc.

No caso brasileiro, desde a vitória eleitoral de Bolsonaro e a escalada da pós-verdade nas estratégias de comunicação política da extrema direita.

A realidade parece que se tornou desorientadora o suficiente para a indústria do entretenimento nos oferecer uma enxurrada de histórias sobre universos alternativos, realidades paralelas e emaranhados quânticos: dos multiversos dos mundos cinematográficos da Marvel ao vencedor do Oscar Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo, passando por séries como Constelação da Apple TV. 

E, por que não, também a série O Problema dos 3 Corpos no qual passado, presente e futuro ocorrem simultaneamente num mesmo enredo. Um terreno fértil não só para a criatividade dos roteiristas (p.ex., você pode matar diversas vezes um personagem, mas sempre aparecerá uma nova versão alternativa) como também para o lucro dos estúdios.

Se esse universo misterioso quântico se tornou tão lucrativo, é porque está sintonizado a esse estranho zeitgeist do século XXI.



Este Cinegnose já discutiu em postagens anteriores como a física quântica impactou a cultura moderna, principalmente em dois temas: a viagem no tempo e o multiverso. Primeiro, o abandono da concepção clássica do tempo (entrópica) pela possibilidade de alterar o passado, criando linhas de tempo exponenciais; e com o multiverso, a existência de realidades não só paralelas, mas alternativas – como em “O Homem do Castelo Alto”, livro de Philip K. Dick e a série recente, no qual visitamos um mundo em que Alemanha e Japão ganharam a Segunda Guerra Mundial.

Certamente, o principal impacto íntimo foi o mito da segunda chance: será que el algum lugar existe uma versão bem-sucedida de mim mesmo ou mesmo pior? Que fez outras escolhas e traçou novos caminhos? Eu poderia pelo menos visualizá-los no passado ou no futuro para consertar erros e ganhar uma nova chance?

Todo esse impacto foi desenvolvido tanto no cinema quanto na literatura no século passado – e na Filosofia, mereceu as reflexões existenciais em torno da angústia feitas por Sartre.

Mas nesse século, parece que essa angústia da segunda chance ganhou uma nova dimensão, mais coletiva. Principalmente com o fenômeno do efeito bolha nas redes sociais e Internet e a relativização de noções dadas como óbvias como Verdade, Realidade e Ciência que trouxe talvez essa sensação social de entrarmos em alguma realidade alternativa – o crescimento de teorias em torno do chamado Efeito Mandela e a tese da Internet morta.

Como reflexo direto dessa zeitgeist que traçamos acima, temos agora a série da Apple TV Matéria Escura (Dark Matter, 2024), uma adaptação em nove episódios do livro homônimo de Blake Crouch de 2016. 

Sua premissa é interessante: um gênio da física poderoso e bem-sucedido cria uma maneira de ir para um universo paralelo para trocar de lugar com o sua outra versão menos bem-sucedida. Interessante porque, em primeiro lugar, parece inverter a premissa tradicional do gênero: invejamos sempre a versão melhor de nós mesmos vivendo em algum lugar do multiverso.



Em segundo lugar, a série revisita a experiência imaginária que deu origem a tudo: o experimento do gato de Schrödinger, de 1935. Só que, dessa vez, em uma escala maior: uma enorme caixa com uma liga metálica inédita capaz de vedar completamente o contato do interior com o mundo exterior, contendo humanos que viverão na prática o momento da sobreposição quântica – verificada apenas no paradoxal mundo das micropartículas.

A Série

 O professor de física Jason Dessen (Joel Edgerton - doravante conhecido como Jason 1) está levando uma vida tranquila como professor numa universidade de Chicago para alunos sonolentos e desatentos. Volta para casa todas as noites para sua amada esposa, Daniela (Jennifer Connelly), e o envolvente filho adolescente Charlie (Oakes Fegley). 

Alunos tão sonolentos que são incapazes de ter a curiosidade despertada para a aula sobre o experimento imaginário do gato de Schrödinger (a chave de compreensão de toda a série).

Para aqueles que não conhecem o experimento, podemos descrevê-lo da seguinte maneira: um gato está preso numa caixa que contém um recipiente com material radioativo e um contador Geiger. Se o material soltar partículas radioativas e o contador detectar, acionará um martelo que, por sua vez, quebrará um frasco com veneno, matando o bichano. De acordo com as leis da física quântica, a radioatividade pode se manifestar tanto como onda quanto partícula. Ou seja, na mesma fração de segundo, o frasco de veneno quebra e não quebra, produzindo duas realidades probabilísticas simultâneas – sobreposição quântica. 



Segundo o raciocínio, as duas realidades aconteceriam simultaneamente dentro da caixa, até que fosse aberta – a presença de um observador e a entrada da luz intervindo nas partículas acabariam com a dualidade no fenômeno do decaimento quântico.

O cotidiano do professor de meia idade é monótono, mas feliz, confortável e previsível, como requer a vida familiar. 

Mas seus olhos cintilam quando seu amigo dos tempos de faculdade, Ryan (Jimmi Simpson), ganha um prestigiado prêmio de física e um milhão de dólares, criando a tensão: ele fez a opção da vida familiar, enquanto seu amigo o sucesso do reconhecimento da pesquisa científica, optando pela vida de solteiro e vivendo em frios laboratórios de pesquisa. Será que Jason fez a melhor escolha? Todos nós tivemos momentos de dúvida sobre o caminho não tomado.

Jason 1 caminha de volta para casa tarde da noite após uma festa de comemoração pelo prêmio de Ryan. Mas ele é sequestrado e drogado pelo Jason 2 - a versão de si mesmo que dedicou sua vida à ciência, se tornou rico e famoso, e secretamente desenvolveu uma maneira de pular através dos universos para substituir por Jason 1 e pudesse desfrutar de todas as bênçãos da vida familiar e deixar seu outro eu aparentemente amnésico no mundo de Jason 2.

Se Jason 1 teve um lampejo de inveja pelo sucesso de Ryan, sua outra versão bem-sucedida por algum motivo inveja a vida pacata e familiar de Jason 1.

A partir daí, duas histórias se desenrolam. Um é um thriller doméstico, já que Jason 2 tenta evitar ser desmascarado como um impostor, procurando os convidados do jantar que ele deveria conhecer há anos. Daniela sente que algo mudou, principalmente na cama – Jason 2 é um incansável sedutor.


 

A outra história é a pura ficção científica, enquanto Jason 1 gradualmente vai deduzindo o que aconteceu no mundo alternativo que Jason 2 abandonou (os meios de comunicação abordam o seu desaparecimento, criando um grande circo midiático) e para depois fugir como um Odisseu da alta tecnologia para viajar através dos corredores do multiverso. Tentando reencontrar a sua vida familiar perdida.

Jason 1 está acompanhado pela parceira de Jason 2, Amanda (Alice Braga), uma psiquiatra que preparou psiquicamente os viajantes do multiverso anteriores (não sabemos o quão bem eles se saíram, pois não conseguiram voltar). Ela mostra disposição para fugir e entrar no cubo de sobreposição quântica que Jason 1 abandonou em seus estágios iniciais, mas que Jason 2 passou a aperfeiçoar, ingerindo os compostos psicoativos experimentais necessários para ver e escolher todos os universos disponíveis.

Jason 1 e Amanda partem para uma viagem para partes variadas do multiverso em busca de seu verdadeiro lar. Versões alternativas de Chicago, de brilhantes e espetaculares a apocalípticas e devastadoras, são apresentadas. 

Jason 1 vai encontrar as diversas versões da esposa Daniela e de seus amigos nas diversas realidades paralelas, seguindo a chamada “Interpretação dos Muitos Mundos” de 1957 feita por Hugh Everett na Universidade de Princeton.



A pós-modenidade dos Muitos Mundos

Na interpretação de Everett, esses dois gatos (morto e vivo) passam a ser considerados dois mundos independentes e sobrepostos sobre o mesmo tempo/espaço. Não são mais considerados uma “decoerência quântica” fruto da intervenção do observador que romperia com a função de onda. Everett considerava uma existência ontológica para cada um desses mundos, ou “subsistemas”, como afirmava.

Ou seja, cada momento de escolha em nossas vidas abriria diversas versões de decisões que não tomamos – universos alternativos sobrepostos no cosmos.

Não precisa dizer que à medida que os episódios avançam (estão sendo liberados semanalmente pela Apple TV) as histórias e as linhas do tempo se tornam cada vez mais complicadas, com Jason 1 e 2 confrontando suas escolhas e arrependimentos.

A mecânica quântica, o gato de Schrödinger e a interpretação de Everett incendiaram tanto a imaginação literária quanto cinematográfica. Mas também despertaram no século XX essa questão que o princípio da desconstrução pós-moderna da realidade: será que fiz a escolha certa? E se eu tivesse optado pelo outro caminho?

Aquela sensação pós-moderna de alienação expressada pela música dos Talking Heads de 1980 “Once a Lifetime”: 

E você pode dizer a si mesmo/Essa não é minha linda casa/Essa não é minha linda esposa/O que é a casa bonita?/Onde a estrada vai?/Estou certo?/Estou errado?/Meu Deus! O que eu fiz?

O século XXI potencializa essa angústia sartreana da liberdade da escolha. Porque para cada lado que olhamos, com a crise daquelas ideias intangíveis que davam alguma solidez em nossas escolhas (Verdade, Ciência, Democracia, Consenso etc.), parece que sempre faremos a escolha errada.


 

Ficha Técnica

 

Título: Matéria Escura (série)

Diretor:  Logan George, Celine Held

Roteiro:  Blake Crouch

Elenco: Joel Edgerton, Jennifer Connelly, Alice Braga, Jimmi Simpson, Dayo Okeniyi, Oakes Flegley

Produção: Sonny Pictures TelevisionMatt Tolmach Productions

Distribuição: Apple TV +

Ano: 2024-

País: EUA

 

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terça-feira, maio 14, 2024

Comunistas dos BRICS ajudam o liberal RS; BC: falácia da crise Política X Economia; "cidade-esponja: como mudar para deixar tudo na mesma

Dilma Rousseff anuncia ajuda bilionária dos BRICS para o Rio Grande do Sul... é muita ironia: agora “comunistas” estão ajudando o Estado. Entre outros temas, vamos falar sobre essa “saia justa” do governador Eduardo Leite na Live Extra Cinegnose 360 #49, nessa quarta-feira (15/05), às 18h, no YouTube e Facebook. Como sempre, depois dos Comentários Aleatórios vem a Crítica Midiática do Meio da Semana: a falácia da suposta crise Economia X Política na Ata do Copom do Banco Central; Grande mídia continua tentando dar pernas à crise autorrealizável do desabastecimento; “Cidade-esponja”: como sempre, o Capitalismo quer mudar para manter tudo na mesma; o fenômeno dos “comunistas liberais” é um Efeito Heisenberg midiático em RS? Bonner foge para o navio da Marinha: porque Globo é hostilizada em Porto Alegre; pesquisa Quaest: quem quer politizar a catástrofe? Antony Blinken na Ucrânia: por que essa guerra é diferente de todas as outras? Venha participar!

sábado, maio 11, 2024

Chopin dândi; jornalismo profissional alimenta fake news; armadilha no RS para impeachment de Lula; "comunistas liberais" ajudam o RS


MALDITAS FAKE NEWS! Começa a cruzada do Governo e do jornalismo corporativo contra as fake news... jornalismo que, secretamente, as alimenta. Essa é a estratégia midiática de salvamento do governador Eduardo Leite. É o que vamos descobrir na Live Cinegnose 360 #155, nesse domingo (12/05/2024), às 18h, no YouTube e Facebook. Que começa com os vinis de Chopin: dandismo e o surgimento da esfera pública na música clássica. Depois, vamos discutir o horror japonês “Exte: Hair Extensions” (no J-Horror os cabelos querem se vingar do Capitalismo) e o filme brasileiro “Os Famosos e os Duendes da Morte” (uma das raras incursões do cinema brasileiro na mitologia gnóstica). Na sessão dos livros do humilde blogueiro, futebol e futebytes. E na Crítica Midiática: as armadilhas que a grande mídia está armando no RS para um hipotético impeachment de Lula; novidade semiótica: o jornalismo metonímico de recorte alimenta fake news da extrema-direita; o “alívio cômico” do cavalo “Caramelo” e do “funil” da Lagoa dos Patos no RS; Desabastecimento: mídia tenta criar profecia autorrealizável. Os “comunistas liberais” e as ações de caridade das celebridades; por que a guerra na Ucrânia é diferente de todas as outras guerras? Netanyahu está terminando a terraplenagem de Gaza. E outras bombinhas semióticas!

sexta-feira, maio 10, 2024

Jornalismo metonímico da grande mídia dá munição às fake news de olho no impeachment


Vivemos mais um hype na grande mídia sobre as chamadas “fake news”. Que agora miram a calamidade ambiental no Rio Grande do Sul. Os “colonistas” do jornalismo corporativo mostram todo o seu repertório de indignação moral e amaldiçoam essa praga supostamente exclusiva das redes sociais. Mais uma vez, o hype midiático sobre fake news ocorre como estratégia diversionista para esconder algo. Dessa vez, a forma inovadora pela qual o chamado “jornalismo profissional” está fornecendo munição para algo que vai muito além das “fake news”: uma estratégia ampla de contrainformação com dois objetivos: tirar o protagonismo de Lula e espalhar cascas de bananas orçamentárias (sob a lupa do TCU) para, quem sabe, servir de álibi para um processo de impeachment. A novidade semiótica é o “jornalismo metonímico para recorte”: como passar munição para a extrema-direita por baixo da mesa. 

quinta-feira, maio 09, 2024

'Exte: Hair Extensions': no J-Horror os cabelos querem vingar sua mercantilização


O sucesso do J-Horror (o horror japonês) foi trazer na virada de milênio uma abordagem do gênero distante do Ocidente: ao invés da tradicional matriz edipiana, histórias de fantasmas prisioneiros no mundo físico em busca de vingança devido a traumas ou fortes emoções que não lhes permitem passar para um outro plano. Um fantasma conhecido como “onryō”, uma jovem que foi muito injustiçada por um homem na vida e agora busca vingança sobre os vivos. Marcada pela figura icônica dos cabelos pretos longos e pegajosos.  “Exte: Hair Extensions” (Ekusute, 2007), de Sion Sono (Suicide Club), parece ser uma síntese desse gênero japonês, ao mesmo tempo em que faz uma piada interna contra o próprio J-Horror: os cabelos se transformam numa entidade com vida própria, em busca de vingança... em salões de beleza que vendem apliques feitos com fios de cabelos humanos. Sion Sono faz uma crítica social: a mercantilização do próprio corpo humano.

terça-feira, maio 07, 2024

Madonna agora salva o RS... e Eduardo Leite; Mídia entre Estado Mínimo e o socorro máximo; uma semana sincromística


Madonna salva o PIB brasileiro e ainda doa R$10 milhões para o Rio Grande do Sul... Depois do guarda-chuva da Globo, Eduardo Leite ganha apoio da Madonna/Itaú... enquanto desaparece nas águas midiáticas. Esse é um dos temas da Live Extra Cinegnose 360 #48, nessa quarta-feira (08/05), às 18h, no YouTube e Facebook. Depois dos sempre polêmicos Comentários Aleatórios, a Crítica Midiática do meio da semana: jornalismo corporativo diz que calamidade no Rio Grande do Sul não é para ser politizada... mas, como sempre, Lula deixou de fazer alguma coisa! Grande mídia não sabe o que fazer com Eduardo Leite: as guinadas narrativas da mídia; “Colonistas” na corda bamba: querem Estado Mínimo com socorro máximo; porque a semana passada (com Madonna, Primeiro de Maio e calamidade ambiental no RS) foi um evento sincromístico; CEOs falam em agenda ESG. Mas esquecem disso nas suas casas no Litoral Norte SP. E outras bombas semióticas que eventualmente explodam até as 18h.

Celebração de Madonna, fiasco do 1º de Maio e calamidade pública no RS: espasmos da realidade


O escritor Norman Mailer dizia que no despertar de grandes acontecimentos ocorrem estranhas coincidências, como fossem espasmos da realidade. A semana passada ocorreu um fenômeno sincrônico com três coincidências significativas num mesmo espaço de tempo: começou com o fiasco do Primeiro de Maio na quarta-feira, encerrando com a simultaneidade da calamidade pública no Rio Grande do Sul enquanto Copacabana fervia com o show gratuito de Madonna para mais de um milhão de pessoas. Eventos sincrônicos revelam a ironia das causas-efeitos: enquanto um banco comemorava 100 anos celebrando em um megashow a sua concepção de projeto de Nação imposto ao País pela hegemonia do financismo, os efeitos desse projeto repercutiram – a precarização de uma força de trabalho dessindicalizada e a catástrofe ambiental que veio depois do comemorado superavit fiscal dos ajustes das contas públicas do RS. 

sábado, maio 04, 2024

Robert Cray; lançamento do livro 'Borogodança' de Nelson Job; Mídia dá guarda-chuva para Eduardo Leite; Madonna salva PIB brasileiro


Calamidade pública no Rio Grande do Sul. Mas o guarda-chuva protetor da grande mídia vai para o governador Eduardo Leite... que sai pela direita... como fazia o velho Leão da Montanha da Hanna-Barbera. Esse é um dos temas da Live Cinegnose 360 #154, nesse domingo (05/05), às 18h, no YouTube e Facebook. Live Especial: entrevista com o psicólogo e pesquisador do Coletivo Transaberes, Nelson Job que está lançando o livro “Borogodança” na Sessão dos Livros do Cinegnose. Mas antes, na sessão dos vinis, o guitarrista Robert Cray: MTV e a linguagem Crossover. Depois vamos analisar os filmes “Stopmotion” (se somos modelos de animação, quem nos controla?) e “Track 29” (a Europa é a consciência de culpa da América). E na Crítica Midiática da Semana: como grande mídia protege Eduardo Leite da tempestade no RS, que sobra para Lula; para economistas, Madonna salvará o PIB brasileiro; porta-aviões nuclear americano na costa brasileira: é o dólar, estúpido! Jornalismo corporativo comemora fracasso do Primeiro de Maio: ficha caiu para a esquerda? Denunciantes da Boeing morrem misteriosamente, dois mil estudantes presos, Tik Tok pode ser banida: é a “Democracia” nos EUA. Tudo nesse domingo!

sexta-feira, maio 03, 2024

Em 'Track 29' a Europa é a consciência de culpa da América



Nos anos 1980 um curioso subgênero prosperou em Hollywood: o “desconstruindo o Yuppie”: um protagonista certinho, careta e financeiramente bem-sucedido que tem a sua rotina quebrada por uma figura disruptiva ou sequência de eventos descontrolados que o desorienta e o desconstrói. “Track 29” (1988), do britânico Nicolas Roeg e produzido pelo ex-Beatle George Harrison, trouxe novidades: um olhar europeu para a América profunda a partir do olhar de um estrangeiro que chega a uma pequena cidade para literalmente fazer tudo sair dos trilhos: uma dona de casa entediada e frustrada é casada com um médico bem-sucedido e respeitável que só tem olhares para sua amante dominatrix e o ferromodelismo como uma metáfora nostálgica de uma América que deve “voltar aos trilhos”. “Track 29” é a Europa como consciência de culpa da América.

quinta-feira, maio 02, 2024

'Stopmotion': se somos modelos de animação, quem nos controla?


O século XXI está testemunhando o despertar da antiga e trabalhosa técnica de animação chamada “stop-motion”. De simples efeito especial no século XX, agora se torna uma expressão animada em longa-metragem. Por um lado, o páthos da stop-motion reside em dar vida àquilo que é inanimado, como no mito de Golem e Pigmaleão. Mas também se conecta com a simbologia de bonecos e fantoches como expressão da condição gnóstica nesse mundo. O filme britânico “Stopmotion” (2023) é uma espécie de terror metalinguístico que tem como atração principal a fusão de live action com a stop-motion na qual inocentes fantoches sem vida passam a ganhar propriedades sobrenaturais que começam a invadir a vida de uma animadora que fica à mercê das suas criaturas artesanais. Um filme PsicoGnóstico no qual não é o mundo onírico e alucinações que borram as fronteiras com a realidade: é a stop-motion que invade a vida cotidiana, sugerindo que todos nós poderíamos ser meros modelos de animação. Mas controlados por quem?

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