Se no documentário anterior, “Democracia em Vertigem”, Petra Costa procurou entender por que a elite que sempre esteve no Estado (banqueiros, grande mídia e construtoras) cansou da Democracia e virou o tabuleiro, em “Apocalipse nos Trópicos” (2024) ela vai detalhar o papel da religião nessa virada. O processo de envenenamento psíquico de uma nação “com a mudança religiosa mais rápida da história da humanidade”: o crescimento dos evangélicos. Em particular, um tipo de fundamentalismo cristão a partir de uma releitura do livro bíblico do Apocalipse: Jesus não é mais “paz e amor”, mas agora um guerreiro em uma batalha espiritual. Era o tipo de Jesus que a elite do mercado religioso precisava para transformar a fé em arma política na última batalha do fim dos tempos: a batalha contra os “esquerdopatas”. Se assistir ao “Apocalipse nos Trópicos” com o documentário anterior em mente, conseguirá entender por que a elite que virou o tabuleiro da Democracia gostou desse fundamentalismo: o niilismo das finanças e a presunção da catástrofe da grande mídia se sintonizam bem com a ideia de um Apocalipse nos trópicos.