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sábado, julho 26, 2025

A religião do Capitalismo de Catástrofe no documentário 'Apocalipse nos Trópicos'


Se no documentário anterior, “Democracia em Vertigem”, Petra Costa procurou entender por que a elite que sempre esteve no Estado (banqueiros, grande mídia e construtoras) cansou da Democracia e virou o tabuleiro, em “Apocalipse nos Trópicos” (2024) ela vai detalhar o papel da religião nessa virada. O processo de envenenamento psíquico de uma nação “com a mudança religiosa mais rápida da história da humanidade”: o crescimento dos evangélicos. Em particular, um tipo de fundamentalismo cristão a partir de uma releitura do livro bíblico do Apocalipse: Jesus não é mais “paz e amor”, mas agora um guerreiro em uma batalha espiritual. Era o tipo de Jesus que a elite do mercado religioso precisava para transformar a fé em arma política na última batalha do fim dos tempos: a batalha contra os “esquerdopatas”. Se assistir ao “Apocalipse nos Trópicos” com o documentário anterior em mente, conseguirá entender por que a elite que virou o tabuleiro da Democracia gostou desse fundamentalismo: o niilismo das finanças e a presunção da catástrofe da grande mídia se sintonizam bem com a ideia de um Apocalipse nos trópicos.   

quarta-feira, julho 23, 2025

Semiótica Nem-Nem continua funcionando sem Tarcísio... porque ninguém quer Bolsonaro preso!

 


Apesar do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ter abandonado o papel de “Moderado”, as engrenagens da estratégia semiótica “Nem-Nem” (nem Lula, nem Bolsonaro, nem polarização) continuam funcionando na mídia. Como se estivesse à espera de algum fato novo. Enquanto isso, logo após as “sanções cautelares” do STF contra Bolsonaro, principalmente no que se refere às redes sociais, aconteceu o que era esperado: Bolsonaro vai ao Congresso fazer alopragem política: mostrar a tornozeleira eletrônica e vitimizar-se. E viralizar nas redes através de perfis de terceiros. Deixando “Xandão” irritado com a burla das sanções e a grande mídia desenrolando o novelo jurídico interpretativo sobre “liberdade de expressão”. Então, por que Bolsonaro não é preso preventivamente? Porque ninguém quer. Seja qual for o motivo, sempre passa pela questão midiática.

quinta-feira, julho 17, 2025

Turismo e os dejetos humanos e da civilização no documentário 'Desastre Total: Cruzeiro do Cocô'

 


A indústria do turismo promete para seus clientes experiências renovadoras, alegria, aventura e diversão. Para fugirem de suas rotinas cinzentas. Mas às vezes descobrimos, da pior maneira possível, que não importa o quão distante nós vamos. Carregamos conosco as mazelas da civilização. É o que nos revela o documentário Netflix “Desastre Total: Cruzeiro do Cocô” (Trainwreck: Poop Cruise, 2025): em 2013 um navio de cruzeiro (com mais de 4 mil pessoas e treze andares) ficou sem energia após um incêndio na casa das máquinas. À deriva no Golfo do México, estarrecidos, passageiros e tripulantes viram excrementos humanos tomando corredores e escorrendo paredes abaixo: sem energia, simplesmente o sistema de esgotos deixou de funcionar. De repente, o navio de cruzeiro virou o microcosmo de tudo aquilo do qual queremos fugir viajando: dos excrementos, sejam humanos ou sociais – lixo, pobreza ou, simplesmente, o outro. Até a mídia descobrir e tudo virar um show de horrores sensacionalistas e uma catástrofe de relações públicas.

terça-feira, julho 15, 2025

Tarifaço, Tarcísio e Dr. Fantástico: tiro sai pela culatra semiótica da grande mídia

 


Desde a privatização da Sabesp, no ano passado, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tornou-se um projeto semiótico para a grande mídia. O destemor como provou para a Faria Lima de que “ainda há espaço para privatizações” lançou-o à candidatura presidencial como “O Moderado”, a conclusão lógica da narrativa midiática “Nem-Nem” no esforço de, agora, despolarizar. Depois que a polarização política cumpriu o seu papel na guerra híbrida brasileira. A maquiagem semiótica para apagar da memória do distinto público as origens bolsonaristas e militares do Tarcísio, já estava pronta. Só não contavam com o imponderável: o tarifaço de Trump atingir o Brasil, assanhar a extrema-direita e fazer Tarcísio ter um espasmo comportamental, assim como o personagem de Kubrick “Dr. Fantástico”, interpretado por Peter Sellers: aquele cientista alemão na Sala de Guerra do Pentágono que tinha o tique incontrolável de erguer o braço em saudação nazista. Celebrou o tarifaço com boné da MAGA e tudo, jogando no lixo o esforço semiótico do jornalismo corporativo. Que nesse momento puxa a orelha do governador. Mas imagina um happy end: ainda haveria tempo para Tarcísio reagir, especulam alguns “colonistas” tentando diminuir o baixo astral. Enquanto Lula, mais uma vez, demonstra estar preso a outro arcabouço: o comunicacional.

terça-feira, julho 08, 2025

Grande mídia sente o golpe e reage com a semiótica Nem-Nem

 


Há uma perigosa ambiguidade no “nós contra eles” representado pelo personagem “Hugo Nem Se Importa” e todos os vídeos em Inteligência artificial nas redes que reagem contra o Congresso que derrubou o decreto do IOF: lembram o personagem “Deputado Justo Veríssimo” (“Eu quero que o pobre se exploda”, era o seu bordão), exibido em horário nobre na TV Globo no passado.  A esquerda utiliza o mesmo léxico moralista (mamatas, supersalários etc.) que acabou desembocado na dissonância cognitiva da antipolítica que pariu o bolsonarismo. Até aqui, tudo bem: era necessário a esquerda jogar no mesmo campo simbólico da extrema-direita alt-right. Tomar as redes. A sensibilidade semiótica da grande mídia sentiu o golpe. Afinal, deu de mão beijada uma bandeira para o governo Lula nas cordas. E reagiu com um ardil: a operação semiótica “Nem-Nem” para atender aos clamores da Faria Lima: despolarização, Terceira Via e Capitalismo de Choque. Por isso é necessário ir além dos engajamentos, comentários, curtidas, repostagens, visualizações e comemorar os números das reações positivas do Real Time Big Data. A esquerda precisa converter esse conjunto lexical em acontecimento comunicacional.

terça-feira, julho 01, 2025

Caso Juliana Marins: "Media Life" e o herói da vida intensa das redes sociais

 


O jornalismo atual não está apenas atrás de notícias. Mas, principalmente, em busca de personagens e boas histórias. E o caso da morte trágica da jovem Juliana Marins (escorregou para um abismo durante uma trilha no vulcão Monte Rinjani, na ilha de Lombok, na Indonésia) que praticamente rivalizou com o espaço midiático da escalada da crise no Oriente Médio, é um exemplo flagrante. A maneira como a mídia deu forma e repercute os desdobramentos da tragédia confirma as teses radicais de Mark Deuze sobre o zeitgeist do século XXI: a “media life” – fenômeno em que os acontecimentos nascem e crescem dentro do ecossistema midiático das redes sociais e retroalimentados pelas mídias tradicionais. O fenômeno do turismo de aventura transforma a geografia em cenários instagramáveis e seus protagonistas em “heróis da vida intensa” – novos ascetas mundanos que oferecem seu sacrifício não a Deus, mas aos “likes” e engajamentos nas redes sociais. Criando uma perigosa normalização com heróis que ignoram riscos e perigos.

sexta-feira, junho 20, 2025

'Theaters of War': como tornar armas e torturas menos sombrias e criminosas no cinema e TV

 


CIA, Pentágono e Ministério da Defesa dos EUA têm os “brinquedos” (aviões caça, porta-aviões etc.), soldados extras e locações de que Hollywood precisa para produzir seus filmes e garantir o sucesso de bilheteria pelo realismo. Em troca, exige o “controle de qualidade” dos roteiros, tornando-se um secreto produtor-executivo. É sob o álibi do “realismo” que começa a intervenção do complexo militar em Hollywood. Como revela o documentário “Theaters of War” (2022), do jornalista investigativo Tom Secker e do estudioso de mídia Robert Stahl. Que mostra como filmes de diversos gêneros se transformam em verdadeiros infomerciais para não só naturalizar a agenda militar geopolítica dos EUA, mas também tornar as armas e as torturas menos sombrias e criminosas para a opinião pública. E justificar aos distintos contribuintes o alto orçamento militar. Por outro lado, revela como Hollywood sempre esteve repleta de veteranos militares, como, por exemplo, Oliver Stone. Indústria do cinema e o complexo militar  norte-americano sempre andaram de mãos dadas.

quarta-feira, junho 11, 2025

De "gorilas doidos varridos" a "frouxos": o telecatch do STF e o golpe militar híbrido

 


Numa entrevista em 1969, Elis Regina chamou os militares golpistas de 1964 de “gorilas doidos varridos”. Foi detida, interrogada e condenada a cantar o hino nacional em evento patriótico. No interrogatório sobre as investigações da trama do golpe, no STF, o tenente-coronel Mauro Cid falou que o golpe só não aconteceu porque “os generais são frouxos”. Na História os fatos ocorrem duas vezes, dizia Karl Marx, a primeira vez como tragédia e depois como farsa. Se no passado Elis Regina expressava perplexidade e tensão, hoje a declaração de Mauro Cid é confortante: ele quer que pensemos que o golpe só não saiu da caderneta do General Heleno e a Democracia foi salva pela incompetência dos atuais militares. Confortante para quem? Para a Faria Lima, enquanto vê o Governo refém do maior resultado do golpe militar híbrido (que já aconteceu e ninguém viu): o arcabouço fiscal. E para a esquerda, o alívio de terceirizar a práxis política com a judicialização. Deve estar acontecendo algo de muito errado quando vemos uma esquerda que fica parada, hipnotizada diante das telas de celulares e TV, acreditando estar testemunhando a História.

sábado, junho 07, 2025

Não-acontecimentos: o rompimento amoroso Trump-Musk e a fuga cinematográfica de Zambelli


De um lado, o barulhento rompimento amoroso entre Musk e Trump. Do outro a cinematográfica fuga por terra e ar da deputada federal Carla Zambelli, condenada a 10 anos de prisão pelo STF. De um lado, tudo começou com a piada e trocadilho do DOGE – uma entidade com status indefinido, mas que tocou a música da mídia: corte de gastos! Do outro, tudo termina com cheiro de pusilanimidade proposital da Justiça. Até a imprensa sabia o prefixo, horário de partida e chegada do voo de Zambelli. Por um incrível “golpe de sorte” (duas horas de diferença) o nome da deputada já constaria na lista da Interpol, e ela seria presa no aeroporto. Dois episódios distantes no espaço, mas dotados da mesma natureza: não-acontecimentos criados pela cartilha alt-right de comunicação – duas simulações de acontecimentos: nos EUA, para desviar a atenção das más notícias do governo Trump com as sucessivas derrotas na Justiça; e no Brasil, uma provocação para a esquerda não perceber o movimento de despolarização da Faria Lima com Tarcísio, o Moderado. E o recrudescimento da guerra híbrida dos EUA no Brasil.

quarta-feira, maio 14, 2025

Depois do Papa Francisco, é a vez de Pepe Mujica sofrer limpeza semiótica da grande mídia


A morte do líder esquerdista uruguaio Pepe Mujica revelou que a sua persona transcendeu as diferenças do espectro político. Tanto que jornalões e portais da grande mídia tiveram que colocá-lo nas manchetes principais como “emblemático líder da esquerda”. Mas o jornalismo corporativo não dá o braço a torcer. É nesse momento que entra em ação a costumeira criatividade semiótica e a piruetas retóricas dos “aquários” das redações. Afinal, o momento é delicado – estamos num ano pré-eleitoral. Em tempos de agenda neoliberal, suas referências guerrilheiras e marxistas foram tratadas como “paradoxos” de um “humanista”... quase um santo, em tempos de novo Papa. Ou ainda um pretexto para mais um recall da Lava Jato: “ele era de esquerda, sem corrupção”, como fez questão de frisar um “colonista” da TV. Além de Mujica ser submetido à mesma operação semiótica de limpeza ideológica do Papa argentino Francisco: o líder uruguaio tornou-se “ideogênico”: ideologicamente “fotogênico”, palatável, anódino, de um humanismo genérico e abstrato.

quarta-feira, abril 30, 2025

O resgate de Regina Duarte e a "Festa da Firma" dos 60 anos da Globo: o que há por trás?


Enquanto a TV Globo tenta resgatar a bolsonarista atriz Regina Duarte, o Jornal Nacional despacha a apresentadora Renata Vasconcellos para a casa de telespectadores do telejornal. O que há em comum entre esses dois episódios? Além da comemoração dos 60 anos da TV Globo, como o projeto militar de monopólio da criação da primeira network brasileira beneficiou a Globo, permitindo-a controlar não só a pauta noticiosa, mas, principalmente, ter a hegemonia construção da memória afetiva do imaginário coletivo nacional. Se a Globo não mostrou, logo não aconteceu! Do arco da reapresentação de matérias jornalísticas antigas à reunião das vilãs mais icônicas da teledramaturgia na “Festa da Firma”, a Globo quer comemorar uma suposta fusão entre a biografia dos espectadores com a pauta do noticiário e entretenimento da emissora. O que explica o porquê da Globo, de repente, ficar tão interessada na crítica à comunicação do Governo Lula: quer mantê-lo na estratégia ineficaz de comunicação centrada na propaganda e marketing.

segunda-feira, abril 28, 2025

Síndrome do vídeo de casamento toma conta da transmissão do funeral do Papa


“É o pior momento, porque nada acontece!”, certa vez disse para mim um videomaker de cerimonias de casamento sobre os minutos da liturgia e da comunhão dos noivos diante do padre. A edição e montagem tem que ser criativa nesse momento para o vídeo não ser enfadonho. Mas para uma instituição de 2000 anos, é o momento simbolicamente mais importante. Mas na linguagem audiovisual não existe o simbólico. Apenas o instante e o simultâneo. A cobertura televisiva ao vivo do funeral do Papa Francisco também se ressentiu dessa “síndrome do vídeo do casamento”: se cada plano era rico em simbolismos e significados, foram esvaziados por uma abordagem bipolar: ou narrar estritamente o que já estávamos vendo ou ativar o clichê do “povo fala” e colocar em ação o “emocionômetro” de repórteres em busca de personagens que dessem a medida de “emoção” de cada momento. Pior do que a perda de qualquer curiosidade informativa, foi a estratégia semiótica da “ideogenia” – retirar do legado do Papa qualquer expressão materialista incômoda e substituir por clichês do neoliberalismo progressista: desigualdade, vulneráveis etc.

quinta-feira, abril 24, 2025

Fé e angústia existencial em 'Habemus Papam': não é uma coisa terrível ser Papa?


A comédia italiana “Habemus Papam” (2011) ganhou a fama de ter antevisto a renúncia inédita do Papa Bento XVI. Agora ganhou uma inesperada atualidade. Além de ser uma versão paródica do thriller eclesiástico “Conclave” (2024), também trata com humor a angústia existencial por trás de toda fé: não é uma coisa terrível ser Papa? “Habemus Papam”, é anunciado pelo cardeal do balcão da Basílica de São Pedro. Então ouvimos um grito sobrenatural vindo por trás das cortinas que decoram a sacada. É o Papa escolhido tendo uma crise de pânico agarrado ao trono. O anúncio cessa, para escalar uma crise sem precedentes. Um psicanalista é chamado, mas as coisas só pioram: o Papa foge e ganha as ruas de Roma em busca da solução do seu diagnosticado “déficit parental”. Fé é crer no absurdo, dizia o existencialismo cristão do filósofo Kierkegaard. Como um ser finito pode ter fé e encontrar acolhimento numa totalidade infinita chamada Deus? Esse é o absurdo paradoxo da fé, satirizado pela comédia “Habemus Papam”.

quarta-feira, abril 09, 2025

"Pesquisismo" revela que a opinião pública não existe. Governo Lula deve entender isso


Nesse momento acompanhamos a publicação frenética de números e gráficos de pesquisas de opinião, diligentemente repercutidas pelo jornalismo corporativo: o derretimento da popularidade de Lula é o prato servido principal. Mas também quer municiar a oposição com simulações de cenários eleitorais com nomes de outsiders como. p.ex., Gustavo Lima. É o “pesquisismo”. Sob o álibi metodológico científico da “pesquisa de opinião pública”. PsyOp clássica de guerra híbrida: transformar em números e gráficos não opiniões, mas PERCEPÇÕES. É o paroxismo de um alerta feito pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu há 58 anos: a opinião pública não existe! O que existe é a fabricação de um artefato que impõe a ilusão de de que existe algo que seria uma coisa assim como a média das opiniões ou a opinião média. Dissimula sistema de forças e tensão política. Se o Governo aceitasse essa natureza viciada do pesquisismo, mudaria sua estratégia: da Comunicação-propaganda para a Comunicação-acontecimento.

sábado, abril 05, 2025

Vídeo de Felipe Neto prova que o hábito do cachimbo entorta a boca do jornalismo corporativo

 

Ele já foi influenciador-militante nos tempos do jornalismo de guerra, dizendo que a Dilma Rousseff tinha “escarrado na Nação”. Depois se arrependeu e disse que era um “babaca”, que precisava “estudar”. E estudou. Leu o livro “1984” de George Orwell. E nessa semana divulgou um vídeo em que se lançava pré-candidato à presidência porque gostaria de ser o “Grande Irmão” do Brasil... A grande mídia acreditou e deu como notícia séria... assim como, há pouco tempo, acreditou na candidatura do milionário cantor sertanejo Gustavo Lima. Mas tudo não passou de uma ação de marketing de Felipe Neto para promover o audiobook do livro que ele orgulhosamente diz ter lido. Involuntariamente, Felipe Neto criou uma “media prank” (pegadinha) em que o jornalismo corporativo experimentou do próprio veneno. Ou melhor, revela a boca torta de tanto fumar o cachimbo de querer sangrar Lula com pesquisas. Foi tentador para o jornalismo corporativo: um outsider com bons serviços prestados querendo aloprar o cenário pré-eleitoral... só que não!

terça-feira, abril 01, 2025

A pauta desmobilizadora e bestializante do julgamento de Bolsonaro no STF


 

"O Brasil não tem povo", observou admirado o biólogo francês Louis Conty quando a República foi proclamada no Brasil. Para ele, a população assistiu a tudo "bestializado" - sem entender um acontecimento aparentemente longe da diária luta pela sobrevivência. Esse foi o imaginário fundador da República. No século XIX, iniciado como tragédia. Agora, no século XXI, como farsa, ardil. O julgamento pelo STF dos indiciados pela PGR por tentativa de golpe de Estado no 8/1, e o principal deles, o líder Bolsonaro, foi acompanhado na TV pela esquerda como uma final de Copa do Mundo: a derradeira "defesa da Democracia". Nem a grande mídia ou a esquerda se esforçam em mostrar o que essa agenda tem a ver com o dia a dia do brasileiro onde precarização e financeirização dominam na luta cotidiana. Ardil da extrema direita: abduzir a esquerda com a judicialização numa agenda sem aderência popular. Enquanto grande mídia cria personagens como a "Débora do Batom" para contaminar as eleições de 2026. 

sábado, março 15, 2025

Pânico como valor no Capitalismo de Catástrofe e como mídia descobriu que Gleisi é mulher


Os leitores mais velhos devem lembrar dos ícones do sensacionalismo na TV: O Homem do Sapato Branco, Gil Gomes, programas O Povo na TV e Aqui e Agora etc. Essa linguagem sensacionalista ficou para trás, em uma época de outro capitalismo. Hoje, o rentismo e o Capitalismo de Catástrofe (capaz de imaginar o fim do mundo como oportunidade de comoditização) impõem uma mudança nesse clássico gênero midiático. É a ascensão do PÂNICO CAPITALISMO: o pânico elevado a valor cultural através do qual a sociedade e tendências políticas e econômicas são percebidas – Pânico Moral, Pânico Racial, Pânico Climático, Pânico Inflacionário, Pânico da Segurança Pública, Pânico Econômico etc. Com uma mais-valia ideológica: inverter relações de causa e efeito para ocultar a precarização generalizada imposta pela cartilha do Capitalismo de Catástrofe. Enquanto isso, jornalistas corporativos descobrem, surpresos, que Gleisi Hoffmann é mulher. Tudo porque Lula cai em mais uma armadilha semiótica da extrema-direita.

domingo, março 09, 2025

Jornalismo corporativo institui a não-mulher no Dia da Mulher


Dia da Mulher. Grande mídia celebra. Porém, quando se fala em política, curiosamente o jornalismo corporativo não quer celebrar e nem reconhece como mulher a ativista petista feminina. Vira a não-mulher. É o caso de Gleise Hoffmann, condenada a repetir o caso da presidenta Dilma – não é mais sexismo ou misoginia. É anti-petismo mesmo. Enquanto isso, aproveitando a efeméride, a única crítica possível da jornalista Natuza Nery contra as medidas anti-inflação dos alimentos  (ocultadas pelas medidas do PIX pelo BC) foi dizer que Alckmin era “um branco engravatado que não vai a supermercado” e, portanto, as medidas não tinham representatividade feminina (!!!). E o 8/1 pode não ter conseguido dar o golpe de Estado. Mas já está dando muito certo o seu ardil secreto: fazer o tempo correr com alopragem política e “Efeito Firehose”. Para contaminar as eleições 2026.

domingo, março 02, 2025

O que tem a ver queda de aprovação do governo Lula com o hype do filme 'Ainda Estou Aqui'?


Nessa noite o filme “Ainda Estou Aqui” disputa três estatuetas do Oscar: Melhor Filme, Atriz e Filme Internacional. Que este humilde blogueiro consegue lembrar, nenhuma indicação brasileira ao Oscar nos anos 1990 como “O Quatrilho”, (1996) “O Que é Isso Companheiro” (1998) e “Central do Brasil” (1999) mereceu tal comoção típica de uma final de copa do mundo – pelo contrário, eram vistos até com ceticismo. Por quê? Quase como marketing involuntário ao filme, um homem foi preso por tentar invadir STF; polícia achou bomba com suspeito. De repente, o filme criou uma unanimidade: a agenda da urgente necessidade de defender a Democracia. Enquanto a esquerda terceiriza a defesa no Judiciário, a grande mídia bomba a inflação dos alimentos: ninguém come Democracia! E a pesquisa Quaest divulga que a aprovação do Governo Lula desce a ladeira. “Ainda Estou Aqui” se aproveita do zeitgeist pós-8/1, aumentando a paranoia do golpismo. Resultando num governo perdido entre duas agendas: a macro (Democracia, direitos humanos etc.) e micro (carestia, políticas de distribuição etc.). Quaest e “Ainda Estou Aqui” são uma infernal dobradinha psyOp.

sábado, março 01, 2025

Depois da humilhação, jornalismo corporativo tenta juntar os pedaços de Zelensky


Já pairava um cheiro de armadilha no ar. Como assim? Convidar Zelensky para um encontro no Salão Oval com Trump, dias depois de chamar o ucraniano de “ditador” e ter uma conversa bilateral com Putin? Deu no que deu, uma pequena amostragem do “caos com método” abateu um Zelensky monocórdico que acreditava que tudo seria normal – mas foi humilhado e enxotado pelas conhecidas armadilhas semióticas alt-right: comunicação indireta, técnicas de dissociação, desautorização do interlocutor e roll over. Depois, restou à grande mídia brasileira salvar a própria credibilidade: como ajudaram um obscuro ator-comediante de uma série Netflix ucraniana a inventar a imagem de um destemido herói patriótico a ousado líder geopolítico global? Se há um aspecto positivo na Era Trump, é esse: agora o Império emergiu sem filtros.

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