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sexta-feira, outubro 31, 2025

A bomba semiótica do caos com timing e sincronismo no Rio

 


Um ato falho ao vivo da Globo News revelou a verdadeira natureza da “Megaoperação” sangrenta no Rio: enquanto imagens de corpos enfileirados na Penha tomavam o ar, a âncora e a equipe tentavam sem êxito contatar o presidente Lula — incomunicável em voo pelo fato de o avião da FAB não dispor de Internet. A ansiedade do jornalismo corporativo só se equipara a do governador Claudio Castro que na primeira coletiva (com a Operação ainda em andamento) já botava a culpa no governo federal. Como se aguardasse o desfecho letal recorde da Operação. Afinal, o principal planejamento das ações policiais foi midiático – uma bomba semiótica, com timing e sincronismo: na ausência de Lula que voltava com uma vitória da Malásia, vésperas da pré-COP30 no Rio e a expressão “terrorismo” reforçada por três fetiches das imagens televisivas: drones-bomba, blindados e GLO. Essa é a nova guerra híbrida dos EUA: sai o lawfare, entra o “big stick” da “guerra ao terrorismo” no quintal geopolítico da América Latina.

sábado, outubro 25, 2025

O ardil semiótico de Trump: o "Big Stick" como farsa, América Latina e "No Kings"


 

Se no futebol brasileiro há o velho ditado de que, em tempos de crise na Seleção, basta chamar o Chile para levantar o moral, na política externa dos Estados Unidos sob governos republicanos parece haver uma máxima semelhante: quando a popularidade despenca, chama-se a América Latina. Com bravatas militares, ameaças de intervenção e o velho “big stick” de Roosevelt em punho, Donald Trump reedita a cartilha diversionista de seus antecessores — transformando crises internas em espetáculo geopolítico, enquanto jornalistas se perdem na encenação cinematográfica e o verdadeiro jogo de poder acontece nos bastidores. Enquanto os protestos “No Kings” nos EUA tentam salvar as aparências da “maior democracia do planeta” com o ardil semiótico de figurar Trump como um mero psicopata político que abduziu a “democracia”. E não um subproduto de um sistema eleitoral elitista.

sábado, outubro 18, 2025

O ardil da bomba semiótica de Barroso e as viúvas carpideiras do jornalismo corporativo



Nas últimas semanas, Lula entrou no verdadeiro ciclo virtuoso de uma agenda positiva que se retroalimentava. Graças a ajuda insuspeita dos tarifaços e sanções de Trump que criaram a janela de oportunidade para Lula sair das cordas para adotar uma comunicação proativa. Mas entre notícias de que o FMI prevê nenhum crescimento para 2026 e os supostos dilemas fiscais do Governo em ano eleitoral, a grande mídia tenta fechar esse ciclo. E, num timing e sincronia perfeitos, o ministro do STF, Luís Roberto Barroso, dá a sua contribuição anunciando a aposentadoria antecipa. Uma perfeita bomba semiótica, para reacender o discurso das viúvas carpideiras de Biden e Kamala no jornalismo corporativo: reacender a ideia de o STF precisa aplicar o conceito de representatividade na escolha de magistrados do STF – do jornalismo ao entretenimento, reivindica-se a escolha de uma magistrada mulher. Negra, ainda melhor. Para além da discussão acadêmica sobre o tema da representatividade, o ardil dessa bomba semiótica está em outra cena. Talvez, no sincericídio de Angélica, na estreia do seu programa no canal GNT.

quinta-feira, outubro 09, 2025

O balcão de negócios de Trump e a paciência semiótica do jornalismo corporativo



“FLOOD THE ZONE!”, exortou certa vez o estrategista de comunicação Steve Bannon. Inundar a mídia e a opinião pública de tantos fatos e notícias contraditórios que ninguém entenda nada. Principalmente os jornalistas. Mas, aqui no Brasil, parece que essa estratégia atingiu não só a mídia. Inundou também a capacidade cognitiva do Clã Bolsonaro e seus assemelhados que, desesperados e sem entenderem nada, entraram em negação psíquica ao verem Trump em síntese química com Lula. O modus operandi trumpista está para além da ideologia: ele cria crises para transformá-las em balcão de negócios. Enquanto isso, a paciência semiótica do jornalismo corporativo é, mais uma vez, colocada à prova com outra recaída na Síndrome de Dr. Fantástico do governador de SP, Tarcísio de Freitas: emulando seu padrinho político, debochou das mortes por intoxicação de metanol que ocorrem no próprio Estado que governa.

quarta-feira, setembro 24, 2025

As aventuras semióticas em um ano pré-eleitoral



Que Trump é um agente do caos, todos já sabemos: a engenharia do caos é a essência da comunicação alt-right. “Flood the Zone!”, como sintetizou Steve Bannon: inundar a mídia com acontecimentos comunicacionais desconexos como jogo diversionista. Que muitas vezes nem a própria extrema-direita brasileira consegue entender. Do tarifaço ao discurso na ONU em que admitiu que rolou uma “química" entre ele e Lula, parece que Trump tirou o Governo brasileiro das cordas e deu de bandeja as armas semióticas que faltavam: a defesa da Soberania, Multilateralismo, ajudou a colocar as esquerdas nas ruas etc. Das milhões de visualizações do vídeo de Nikolas Ferreira, no início do ano, ao discurso de Lula na ONU da última terça-feira, testemunhamos uma verdadeira aventura semiótica num ano pré-eleitoral – o jogo da comunicação que parecia ganho para a extrema-direita até Trump embaralhar as cartas, obrigando a grande mídia a recalcular rotas e fazer o bolsonarismo aceitar a fórceps o jogo da despolarização cobrado pela banca financeira.

quarta-feira, setembro 10, 2025

Arena Itaquerão + Avenida Paulista = Guerra Híbrida


Como todos sabemos, não existem coincidências em Política. Principalmente em Semiótica. O que existem são “coincidências significativas”, sincronismos. Não há como passar desapercebido o sincronismo entre uma bandeira gigantesca dos EUA estendida no gramado da Arena Itaquerão do Corinthians, em evento da NFL na sexta-feira, e, 48 horas depois, a mesma ou análoga bandeira do tamanho de uma quadra de basquete estendida pelo ato pró Anistia na Avenida Paulista. Pouco importa se é a mesma e a prefeitura (que promoveu e bancou o evento de futebol americano) de Ricardo Nunes cedeu o pavilhão norte-americano para os seus apoiadores políticos no domingo. O que importa é a “coincidência significativa” reforçada pelo jornal New York Times: “bandeira americana é o novo símbolo da direita brasileira”. E também da classe média, para o qual foi voltado o evento da NFL – setores médios que apoiam o militarismo para solucionar a própria disforia. Enquanto isso, o telecatch do julgamento da “trama golpista” no STF é voltado para desmobilizar a esquerda através da Judicialização da política. A guerra híbrida brasileira foi ativada.

terça-feira, agosto 19, 2025

Mourinho, Karnal e Hytalo Santos: as facetas da Pós-meritocracia

 


O bem-sucedido técnico português de futebol Luís Mourinho. O historiador e palestrante corporativo Leandro Karnal. E o influenciador preso preventivamente Hytalo Santos, denunciado por outro influenciador (Felca) por produzir conteúdo sexualizado de crianças e adolescentes nas redes sociais. São diversas facetas do novo espírito do tempo que emerge em mais um salto mortal do capitalismo: a Pós-meritocracia. O primeiro, em um comercial da SportyBet, revela o paroxismo do individualismo do século XXI; o segundo, performa um personagem que ri da própria meritocracia no comercial do Bradesco para Pessoas Jurídicas; e o terceiro minimizado pela grande mídia como fosse uma notícia policial: um influenciador amoral que vê no conteúdo sexualizado um empreendimento não como outro qualquer, mas que possibilita enriquecimento rápido. Três facetas de um mesmo “zeitgeist”: a perda da confiança no futuro através da miragem da recompensa aqui e agora de um novo tipo de individualismo.

quinta-feira, agosto 14, 2025

'Efeito Felca': não-acontecimento, reposicionamento de discurso e big techs

 


Pode ser absurdo e paradoxal pensar que todo o hype em torno do vídeo das denúncias do influencer Felca (a adultização de crianças e jovens nas redes sociais) só beneficia o negócio das big techs. O chamado “Efeito Felca” (capaz de pautar a política nacional com projetos de lei na Câmara dos Deputados e uma PL do presidente Lula) rendeu a urgência da regulamentação das redes sociais. “Regulamentação”, reivindicação reativa das nações frente ao poder global das big techs. Mas uma reivindicação compatível aos negócios do Vale do Silício, porque tira de pauta aquilo que mais temem: o impacto geopolítico da ideia da soberania digital. Como a China, por exemplo, que possui suas próprias plataformas e redes. Assim como tentar que um leão vire vegetariano, tentar regulamentar redes sociais é ir contra a própria natureza mercadológica e lucrativa do negócio: ódio e perversões engajam muito mais do que o amor! Aprenderam que na Internet o produto é o próprio usuário. Efeito Felca: um não-acontecimento com características de sincronismo e timing, além de revelar um fenômeno comportamental típico das redes sociais: o reposicionamento de discurso, como nos casos de Felipe Neto e Reinaldo Azevedo.

quarta-feira, agosto 06, 2025

Demissões na Globo e a naturalização do 'modus operandi' do jornalismo de guerra



Muito já se escreveu sobre os males do jornalismo de guerra dos tempos do Mensalão e Lava Jato: destruição da Política, dissonância cognitiva, ascensão da extrema direita etc. Mas pouco se fala sobre os efeitos a médio prazo na prática profissional no campo jornalístico. Que só agora começamos a perceber com as ruidosas demissões de nomes notórios como Rodrigo Bocardi e Daniela Lima, ambos da Globo. Jornalistas que poderíamos considerar integrantes da “Geração Z” do Jornalismo – jornalistas profissionalmente nativos nos tempos do jornalismo de guerra. Cujo modus operandi era o jornalismo declaratório, o “colonismo” e suas relações promíscuas com as fontes e informantes de pauta. Que acabou se normalizando nessa nova geração. Ao ponto de jornalistas exporem esse  de forma autoindulgente e autoelogiosa, como em alguns episódios que envolveram Daniela Lima. E, involuntariamente, colocando em xeque a mitologia publicitária do jornalismo profissional: jornalistas que corajosamente apurariam e investigariam a notícia para o distinto público.

quarta-feira, julho 23, 2025

Semiótica Nem-Nem continua funcionando sem Tarcísio... porque ninguém quer Bolsonaro preso!

 


Apesar do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ter abandonado o papel de “Moderado”, as engrenagens da estratégia semiótica “Nem-Nem” (nem Lula, nem Bolsonaro, nem polarização) continuam funcionando na mídia. Como se estivesse à espera de algum fato novo. Enquanto isso, logo após as “sanções cautelares” do STF contra Bolsonaro, principalmente no que se refere às redes sociais, aconteceu o que era esperado: Bolsonaro vai ao Congresso fazer alopragem política: mostrar a tornozeleira eletrônica e vitimizar-se. E viralizar nas redes através de perfis de terceiros. Deixando “Xandão” irritado com a burla das sanções e a grande mídia desenrolando o novelo jurídico interpretativo sobre “liberdade de expressão”. Então, por que Bolsonaro não é preso preventivamente? Porque ninguém quer. Seja qual for o motivo, sempre passa pela questão midiática.

quinta-feira, julho 17, 2025

Turismo e os dejetos humanos e da civilização no documentário 'Desastre Total: Cruzeiro do Cocô'

 


A indústria do turismo promete para seus clientes experiências renovadoras, alegria, aventura e diversão. Para fugirem de suas rotinas cinzentas. Mas às vezes descobrimos, da pior maneira possível, que não importa o quão distante nós vamos. Carregamos conosco as mazelas da civilização. É o que nos revela o documentário Netflix “Desastre Total: Cruzeiro do Cocô” (Trainwreck: Poop Cruise, 2025): em 2013 um navio de cruzeiro (com mais de 4 mil pessoas e treze andares) ficou sem energia após um incêndio na casa das máquinas. À deriva no Golfo do México, estarrecidos, passageiros e tripulantes viram excrementos humanos tomando corredores e escorrendo paredes abaixo: sem energia, simplesmente o sistema de esgotos deixou de funcionar. De repente, o navio de cruzeiro virou o microcosmo de tudo aquilo do qual queremos fugir viajando: dos excrementos, sejam humanos ou sociais – lixo, pobreza ou, simplesmente, o outro. Até a mídia descobrir e tudo virar um show de horrores sensacionalistas e uma catástrofe de relações públicas.

terça-feira, julho 15, 2025

Tarifaço, Tarcísio e Dr. Fantástico: tiro sai pela culatra semiótica da grande mídia

 


Desde a privatização da Sabesp, no ano passado, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tornou-se um projeto semiótico para a grande mídia. O destemor como provou para a Faria Lima de que “ainda há espaço para privatizações” lançou-o à candidatura presidencial como “O Moderado”, a conclusão lógica da narrativa midiática “Nem-Nem” no esforço de, agora, despolarizar. Depois que a polarização política cumpriu o seu papel na guerra híbrida brasileira. A maquiagem semiótica para apagar da memória do distinto público as origens bolsonaristas e militares do Tarcísio, já estava pronta. Só não contavam com o imponderável: o tarifaço de Trump atingir o Brasil, assanhar a extrema-direita e fazer Tarcísio ter um espasmo comportamental, assim como o personagem de Kubrick “Dr. Fantástico”, interpretado por Peter Sellers: aquele cientista alemão na Sala de Guerra do Pentágono que tinha o tique incontrolável de erguer o braço em saudação nazista. Celebrou o tarifaço com boné da MAGA e tudo, jogando no lixo o esforço semiótico do jornalismo corporativo. Que nesse momento puxa a orelha do governador. Mas imagina um happy end: ainda haveria tempo para Tarcísio reagir, especulam alguns “colonistas” tentando diminuir o baixo astral. Enquanto Lula, mais uma vez, demonstra estar preso a outro arcabouço: o comunicacional.

terça-feira, julho 01, 2025

Caso Juliana Marins: "Media Life" e o herói da vida intensa das redes sociais

 


O jornalismo atual não está apenas atrás de notícias. Mas, principalmente, em busca de personagens e boas histórias. E o caso da morte trágica da jovem Juliana Marins (escorregou para um abismo durante uma trilha no vulcão Monte Rinjani, na ilha de Lombok, na Indonésia) que praticamente rivalizou com o espaço midiático da escalada da crise no Oriente Médio, é um exemplo flagrante. A maneira como a mídia deu forma e repercute os desdobramentos da tragédia confirma as teses radicais de Mark Deuze sobre o zeitgeist do século XXI: a “media life” – fenômeno em que os acontecimentos nascem e crescem dentro do ecossistema midiático das redes sociais e retroalimentados pelas mídias tradicionais. O fenômeno do turismo de aventura transforma a geografia em cenários instagramáveis e seus protagonistas em “heróis da vida intensa” – novos ascetas mundanos que oferecem seu sacrifício não a Deus, mas aos “likes” e engajamentos nas redes sociais. Criando uma perigosa normalização com heróis que ignoram riscos e perigos.

quarta-feira, junho 18, 2025

Cobertura da guerra Israel X Irã revela DNA golpista da grande mídia

 


Mais uma vez comprova-se o dito popular de que “o hábito do cachimbo entorta a boca”. Desde que a crise do Mensalão tomou forma em 2005, o jornalismo corporativo não pensa em outra coisa se não em desestabilizações políticas e golpes. Parece que o golpismo foi impresso indelevelmente no DNA da grande mídia. É o que nos revela a cobertura da GloboNews sobre a escalada do conflito entre Israel e Irã. A crise no Oriente Médio seria uma ótima oportunidade para aprofundar temas geopolíticos para o respeitável assinante do canal fechado. Mas somente duas questões norteiam a cobertura: as bombas de Netanyahu criarão um ponto de inflexão para a derrubada do regime dos aitolás ao estimular insurreições populares? Quando as consequências econômicas globais da crise no Oriente Médio baterão forte no governo Lula? E quando Netanyahu bombardeia uma TV estatal e ameaça a vida de uma mulher jornalista não há lamúrias em torno de valores sobre gênero ou liberdade de imprensa... afinal, em um país muçulmano só podem existir NÃO-mulheres e NÃO-imprensa...  

quarta-feira, junho 11, 2025

De "gorilas doidos varridos" a "frouxos": o telecatch do STF e o golpe militar híbrido

 


Numa entrevista em 1969, Elis Regina chamou os militares golpistas de 1964 de “gorilas doidos varridos”. Foi detida, interrogada e condenada a cantar o hino nacional em evento patriótico. No interrogatório sobre as investigações da trama do golpe, no STF, o tenente-coronel Mauro Cid falou que o golpe só não aconteceu porque “os generais são frouxos”. Na História os fatos ocorrem duas vezes, dizia Karl Marx, a primeira vez como tragédia e depois como farsa. Se no passado Elis Regina expressava perplexidade e tensão, hoje a declaração de Mauro Cid é confortante: ele quer que pensemos que o golpe só não saiu da caderneta do General Heleno e a Democracia foi salva pela incompetência dos atuais militares. Confortante para quem? Para a Faria Lima, enquanto vê o Governo refém do maior resultado do golpe militar híbrido (que já aconteceu e ninguém viu): o arcabouço fiscal. E para a esquerda, o alívio de terceirizar a práxis política com a judicialização. Deve estar acontecendo algo de muito errado quando vemos uma esquerda que fica parada, hipnotizada diante das telas de celulares e TV, acreditando estar testemunhando a História.

sábado, junho 07, 2025

Não-acontecimentos: o rompimento amoroso Trump-Musk e a fuga cinematográfica de Zambelli


De um lado, o barulhento rompimento amoroso entre Musk e Trump. Do outro a cinematográfica fuga por terra e ar da deputada federal Carla Zambelli, condenada a 10 anos de prisão pelo STF. De um lado, tudo começou com a piada e trocadilho do DOGE – uma entidade com status indefinido, mas que tocou a música da mídia: corte de gastos! Do outro, tudo termina com cheiro de pusilanimidade proposital da Justiça. Até a imprensa sabia o prefixo, horário de partida e chegada do voo de Zambelli. Por um incrível “golpe de sorte” (duas horas de diferença) o nome da deputada já constaria na lista da Interpol, e ela seria presa no aeroporto. Dois episódios distantes no espaço, mas dotados da mesma natureza: não-acontecimentos criados pela cartilha alt-right de comunicação – duas simulações de acontecimentos: nos EUA, para desviar a atenção das más notícias do governo Trump com as sucessivas derrotas na Justiça; e no Brasil, uma provocação para a esquerda não perceber o movimento de despolarização da Faria Lima com Tarcísio, o Moderado. E o recrudescimento da guerra híbrida dos EUA no Brasil.

quarta-feira, maio 14, 2025

Depois do Papa Francisco, é a vez de Pepe Mujica sofrer limpeza semiótica da grande mídia


A morte do líder esquerdista uruguaio Pepe Mujica revelou que a sua persona transcendeu as diferenças do espectro político. Tanto que jornalões e portais da grande mídia tiveram que colocá-lo nas manchetes principais como “emblemático líder da esquerda”. Mas o jornalismo corporativo não dá o braço a torcer. É nesse momento que entra em ação a costumeira criatividade semiótica e a piruetas retóricas dos “aquários” das redações. Afinal, o momento é delicado – estamos num ano pré-eleitoral. Em tempos de agenda neoliberal, suas referências guerrilheiras e marxistas foram tratadas como “paradoxos” de um “humanista”... quase um santo, em tempos de novo Papa. Ou ainda um pretexto para mais um recall da Lava Jato: “ele era de esquerda, sem corrupção”, como fez questão de frisar um “colonista” da TV. Além de Mujica ser submetido à mesma operação semiótica de limpeza ideológica do Papa argentino Francisco: o líder uruguaio tornou-se “ideogênico”: ideologicamente “fotogênico”, palatável, anódino, de um humanismo genérico e abstrato.

terça-feira, maio 06, 2025

Escândalo do INSS e eleições em SP: lentamente a ficha está caindo para a esquerda


Este “Cinegnose” já vem há algum tempo argumentando que a Comunicação-Propaganda é um beco sem saída para o Governo – não é à toa que é incentivada pela própria grande mídia: a necessidade de Lula ter uma comunicação institucional, profissional, competente, neutra etc. A alternativa a esse equívoco seria a Comunicação-Acontecimento: jogar no mesmo campo simbólico da extrema-direita. Só que com sinais invertidos. E não é que parece (pelo menos, parece) que estão ouvindo a este humilde blogueiro! Uma notícia (“De Dr. Dráuzio Varela a Raí, esquerda cogita ‘outsiders’ para o governo de SP nas eleições 2026”) e um artigo (“Como tirar o irmão de Lula das manchetes”, por Moisés Mendes, sugerem que, lentamente, começa a cair a ficha no campo progressista. De um lado, a necessidade da aplicação do storytelling no marketing político. E do outro, a expressão desesperada da necessidade de a esquerda romper com a hegemonia da pauta noticiosa e da agenda política da mídia corporativa.

quarta-feira, abril 30, 2025

O resgate de Regina Duarte e a "Festa da Firma" dos 60 anos da Globo: o que há por trás?


Enquanto a TV Globo tenta resgatar a bolsonarista atriz Regina Duarte, o Jornal Nacional despacha a apresentadora Renata Vasconcellos para a casa de telespectadores do telejornal. O que há em comum entre esses dois episódios? Além da comemoração dos 60 anos da TV Globo, como o projeto militar de monopólio da criação da primeira network brasileira beneficiou a Globo, permitindo-a controlar não só a pauta noticiosa, mas, principalmente, ter a hegemonia construção da memória afetiva do imaginário coletivo nacional. Se a Globo não mostrou, logo não aconteceu! Do arco da reapresentação de matérias jornalísticas antigas à reunião das vilãs mais icônicas da teledramaturgia na “Festa da Firma”, a Globo quer comemorar uma suposta fusão entre a biografia dos espectadores com a pauta do noticiário e entretenimento da emissora. O que explica o porquê da Globo, de repente, ficar tão interessada na crítica à comunicação do Governo Lula: quer mantê-lo na estratégia ineficaz de comunicação centrada na propaganda e marketing.

segunda-feira, abril 28, 2025

Síndrome do vídeo de casamento toma conta da transmissão do funeral do Papa


“É o pior momento, porque nada acontece!”, certa vez disse para mim um videomaker de cerimonias de casamento sobre os minutos da liturgia e da comunhão dos noivos diante do padre. A edição e montagem tem que ser criativa nesse momento para o vídeo não ser enfadonho. Mas para uma instituição de 2000 anos, é o momento simbolicamente mais importante. Mas na linguagem audiovisual não existe o simbólico. Apenas o instante e o simultâneo. A cobertura televisiva ao vivo do funeral do Papa Francisco também se ressentiu dessa “síndrome do vídeo do casamento”: se cada plano era rico em simbolismos e significados, foram esvaziados por uma abordagem bipolar: ou narrar estritamente o que já estávamos vendo ou ativar o clichê do “povo fala” e colocar em ação o “emocionômetro” de repórteres em busca de personagens que dessem a medida de “emoção” de cada momento. Pior do que a perda de qualquer curiosidade informativa, foi a estratégia semiótica da “ideogenia” – retirar do legado do Papa qualquer expressão materialista incômoda e substituir por clichês do neoliberalismo progressista: desigualdade, vulneráveis etc.

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