
quarta-feira, fevereiro 10, 2016

Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um filme estranho, trash e psicodélico que confirma que o rock é um
gênero musical que sempre retirou suas energias da mitologia gnóstica
contemporânea: Detetives, Viajantes e Estrangeiros sempre vagando em nowhere –
o Espaço, o Deserto, o Lugar Nehum como símbolos da condição humana, assim como o
Major Tom de músicas de David Bowie. Dessa vez no filme “Christmas On Mars”
(2008, escrito e performado pela banda de rock indie “Flaming Lips”) vemos
Major Syrtis tentando superar uma crise de niilismo, psicose e paranoia que se
abateu sobre a tripulação de uma base marciana através da organização de uma
festa natalina. Mas terá que superar a confrontação com a “realidade cósmica” –
que o Universo foi criado por alguém que não nos ama.
“Ele está vivendo
a terceira etapa de um episódio psicótico. Está observando algo que realmente
não está ali... isso é causado pela confrontação com
a realidade cósmica”, explicam personagens que habitam uma colônia em Marte
sobre o comportamento do Major Syrtis – está parado, catatônico, olhando
através de uma das janelas da colônia dois técnicos trabalhando no solo
marciano.
Christmas On Mars inicia com o pensamento do Major Syrtis ao observá-los:
“parecem duas mariposas lutando pela sobrevivência... nunca conheceram uma
força do Universo que lhes mostrasse piedade”. A “realidade cósmica” para a
qual o Major Syrtis catatonicamente olha é “uma estranha máquina onde todos
estão presos”. O Espaço, para onde jamais o homem deveria ter ido porque lá são
destruídas todas as nossas crenças internas. Onde a Criação não demonstra a
menor piedade ou compaixão.