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quinta-feira, setembro 25, 2025

'A Longa Marcha - Caminhe ou Morra': a adaptação do profético livro de Stephen King


Toda as manhãs acordamos com os contos motivacionais dos telejornais sobre pessoas que venceram com foco e resiliência. Porém, ainda vivemos em tempos nos quais essas pílulas de otimismo resolvem. Imagine em um futuro distópico em que uma América em depressão econômica precise de algo mais do que pérolas motivacionais na TV. Mas de uma competição em que os perdedores, que por algum motivo abandonam a prova, sejam literalmente punidos com um tiro mortal. Para levantar o moral da Nação e elevar o Produto Interno Bruto. Esse é o futuro imaginado por Stephen King, e adaptado por Francis Lawrence (“Jogos Mortais”), em “A Longa Marcha – Caminhe ou Morra” (The Long Walk, 2025). Um grupo de adolescentes participa de um concurso anual transmitido ao vivo, no qual eles devem caminhar em uma velocidade constante ou levar um tiro mortal por soldados que acompanham os competidores. O timing da adaptação ao cinema da primeira obra de Stephen King é perfeito: os EUA estão à beira de uma distopia muito próxima da ficção do mestre do terror.

sexta-feira, setembro 12, 2025

O horror cósmico Lovecraftiano foi o nosso futuro no filme 'Bunker'


Guerras e campos de batalhas por si só já são aterrorizantes. São poucos os filmes que acrescentam o elemento sobrenatural na conflagração militar. “Bunker” (2022) narra um contexto bem particular das terríveis guerras de trincheiras da I Guerra Mundial - péssimas condições sanitárias, lama, ratos e parasitas, que resultavam em doenças e sofrimento numa batalha estagnada. um grupo de soldados se encontra preso em um pequeno e claustrofóbico bunker. Enquanto esperam pelo resgate, eles começam a vivenciar estranhos eventos sobrenaturais. Mas de um horror bem particular: o horror cósmico Lovecraftiano que dá um significado simbólico – o início da “Era dos Extremos” do séculos XX e XXI em que a moralidade, dignidade e ética dos velhos campos de batalha são substituídos pela “guerra total”, amoral e tecnológica. Somente o horror cósmico de H.P. Lovecraft para representar esse novo mundo amoral e indiferente que estava surgindo.

sábado, setembro 06, 2025

'Faça Ela Voltar': quando a empatia aos vulneráveis inspira um conto de terror



O terror dos tempos do chamado “neo-liberalismo progressista” onde nunca se viu corporações e mídia tão preocupadas com palavras como “empatia”, “vulnerabilidade” e “capacitismo” dentro de regras e comportamentos. Até que os irmãos cineastas australianos Danny e Michael Philippou transformaram esses temas em inspiração para o subgênero de terror “body insertion” com o filme "Faça Ela de Volta" (Bring Her Back, 2025): explora com maestria nossos instintos protetores em relação aos vulneráveis, nosso medo da própria vulnerabilidade, a vergonha e a culpa do abuso e o miserável senso de lealdade dos sobreviventes para com seus agressores. Numa casa isolada um casal de irmãos adotados descobre que estão prisioneiros de um ritual aterrorizante que lida com o luto e a morte de uma forma bem peculiar.

sábado, agosto 30, 2025

Morte, carma e culpa na família atual em 'Hallow Road - Caminho Sem Volta'


Dois pais entram em uma corrida contra o relógio quando recebem um telefonema angustiante de sua filha tarde da noite depois que ela causou um trágico acidente de carro. Quase todo o filme se passa no interior do carro em tempo real, com os pais desesperados tentando manter contato telefônico com a filha, enquanto a tela do Waze vai dando instruções de rota e o tempo que falta para chegar ao destino, numa angustiante contagem regressiva. Aparentemente apenas um drama familiar. Mais aos poucos vai virando outra coisa: entra um ambíguo toque sobrenatural (morte e carma). É o filme “Hallow Road – Caminho Sem Volta (2025), do diretor britânico-iraniano Babak Anvari, onde a estrada é uma alegoria da incapacidade dos pais de se reconciliar com a verdade que os condena: a “família renitente” – a ideia idílica de pais como porto de segurança e que supostamente manteria os filhos blindados das consequências dos seus próprios atos. Incapazes de lidar com dilemas morais.

sexta-feira, agosto 15, 2025

Tirem os adultos da sala porque as crianças salvarão o dia em 'A Hora do Mal'


 

Zach Gregger é um diretor/roteirista que está chamando a atenção. Principalmente, porque seus filmes de terror (“Noites Mortais”) retiram o gênero da clássica matriz edipiana (sedução da inocência, culpa etc.) para tirar o horror de alegorias contemporâneas. Como em “A Hora do Mal” (Weapons, 2025) que parte da alegoria a um evento tão recorrente nos EUA que se tornou iconicamente pop: tiroteios em escolas. Aqui representado pelo desaparecimento de todas as crianças de uma sala de aula: em estado de transe, deixaram suas casas no meio da madrugada. Para desaparecerem. Uma pequena cidade que não consegue dar uma resposta ao trauma, a não ser procurar um bode expiatório, como a caça às bruxas na História. Crianças veem o mundo adulto, que deveria protegê-las, caótico e irracional. Alargando o abismo daquilo que a sociologia chama de “perda do elo geracional”. Parece que Gregger está querendo nos dizer: “tirem os adultos da sala, porque serão as crianças que salvarão o dia!”.

sexta-feira, agosto 01, 2025

Quando o mito da busca da alma gêmea vira horror corporal em 'Juntos'



Supostamente, no diálogo “O Banquete”, o filósofo Platão teria criado o Mito da Alma Gêmea: fomos separados em gêneros distintos por conta de Zeus temer o poder humano. Então, passamos a vida inteira atrás da contraparte perdida. Uma poética abordagem da questão do gênero, com o seu valor filosófico. Mas que a Geração Z (os nativos digitais) transformou num conto de horror corporal. É o filme “Juntos” (Together, 2025) que reflete a visão do amor dessa geração, não mais uma “busca de completude”, mas uma “jornada” na qual cada um tem que dar ao outro o espaço para a autorrealização. O amor vira uma questão de logística. Que às vezes pode se tornar “tóxica”. E virar uma claustrofóbica história de terror. Um casal, com sérias fissuras no relacionamento, decide se mudar para o interior para um novo recomeço. Mas um incidente sobrenatural altera drasticamente seu relacionamento, suas existências e, principalmente, suas formas físicas.

sexta-feira, julho 04, 2025

Em '1978' o horror cósmico de H.P. Lovecraft vai à ditadura militar argentina


Enquanto Argentina e Holanda faziam a final da Copa do Mundo, em um cárcere clandestino agentes da repressão militar interrogavam e torturavam presos políticos. Conseguem arrancar o endereço de uma “célula esquerdista”. Rumam até o local para fazer novos prisioneiros. O problema é que eles prenderam os “esquerdistas” errados. Na verdade, membros uma seita satânica em pleno ritual de conjuração do Demônio. Mas os levam achando serem apenas “comunistas pervertidos”. É o início de um mergulho no inferno. Este é o filme argentino “!978” (2024, disponível no MAX), um filme de gênero que usa esse pano de fundo histórico como base para sua narrativa, dando às cenas de violência apavorantes uma realidade ainda mais horrível – o horror cósmico Lovecraftiano. Levando o espectador a questionar se o maior mal em exibição é o sobrenatural ou o humano. 

quinta-feira, julho 03, 2025

A desconstrução gnóstica e metalinguística de 'Marshmallow'


À primeira vista o filme “Marshmallow” (2025) parece mais do mesmo, com um toque nostálgico dos filmes da chamada “Espantomania” dos anos 1980:  uma história de terror em um acampamento de verão sinistro em que crianças e monitores se tornam alvos de um slasher sobrenatural. Mas o filme se transforma em outra coisa, seguindo a desconstrução metalinguística e gnóstica da realidade na esteira de produções como “O Segredo da Cabana” (2011) e “Don’t Blink” (2014). Mas também desconstrói esse próprio subgênero do terror: por que Hollywood é tão obcecada por histórias de jovens em acampamentos de verão se tão poucas famílias na América põem seus filhos nesse tipo de programa de férias? E a desconstrução de “Marshmallow” nos responde: porque são histórias que cumprem as funções propagandística e ideológica para América irradiar para todo o planeta.

quinta-feira, junho 26, 2025

Os zumbis da Sociedade do Cansaço no filme 'Extermínio: A Evolução'



Dentro da Cineteratologia (o estudo das representações da monstruosidade e do mal no cinema e audiovisual) os zumbis têm uma posição de destaque: como as mudanças na sua caracterização ao longo tempo espelham as mudanças culturais e do imaginário da própria sociedade – das sociedades escravocratas e racistas, passando pelo pânico do terrorismo viral da virada do milênio, para a “sociedade do cansaço” (Byung-Chul Han) do século XXI. O filme “Extermínio: A Evolução” (28 Years Later, 2025), de Danny Boyle e Alex Garland (fechamento da trilogia “Extermínio” iniciada em 2002), além de fazer uma evidente alusão ao Brexit e o pânico da COVID-19, revela como o zeitgeist da sociedade do cansaço chega aos zumbis: “infecção” não seria o termo certo: os zumbis têm surtos híbridos de superexcitação, pânico e agressividade. Zumbis bipolares que espelham uma sociedade atual hiperativa e submetida à descarga sensorial, cansaço e depressão. Um vírus devastou o Reino Unido, tornando a ilha isolada da Europa continental e posta em quarentena forçada. Os sobreviventes eventuais têm que se virar sozinhos. Mas os zumbis parecem que estão evoluindo. Assim como os humanos. Por meio da hipernormalização.

sexta-feira, maio 23, 2025

Cultura mashup e gameficiação de Hollywood no filme 'Until Dawn: Noite de Terror'

 


A gameficação chegou a Hollywood com o sucesso estrondoso de “Minecraft Movie”. Porém, uma coisa é a adaptação fílmica de jogos eletrônicos. Outra coisa é a cultura mashup que resulta em filmes como “Until Dawn: Noite de Terror” (Until Dawn, 2025): baseado no popular videogame para PlayStation 4, lançado em 2015, com dinâmica slasher que tinha como fontes "Evil Dead II" e "Poltergeist", e de jogos como Resident Evil e Silent Hill, que já haviam sido adaptados para o cinema. Total mashup: um filme baseado em um jogo baseado em filmes, alguns dos quais baseados em jogos. O efeito é uma espécie de amnésia social: em um suporte de alta tecnologia, conteúdos mashups a partir de tudo que a velha mídia produziu são exibidos com aparência de novidade para uma geração cada vez mais nativa digital. Mas cumpre uma função social antiquíssima do ritual de passagem: jovens oferecidos em sacrifício para  sofrerem mortes cada vez piores com uma moral da história: o destino pune exemplarmente aqueles que ousarem a desafiar a ordem moral.

sábado, maio 17, 2025

Cinderela na cultura coaching vira um conto de horror em 'The Ugly Stepsister'


O filme “The Ugly Stepsister” (Den Stygge Stesøsteren, 2025), da diretora norueguesa Emilie Blichfeldt, é mais uma releitura de contos de fada da cinematografia recente. Ela pega o conto clássico dos irmãos Grimm, “Cinderela”, e inverte o foco: acompanhamos a história não mais do ponto de vista da heroína, mas da ótica da meia-irmã feia que a todo custo quer ser a escolhida do príncipe. Qual o preço da beleza? É quando o conto “Cinderela” se encontra com o horror corporal cronenbergiano. E também quando descobrimos que Cinderela, desde o início com os irmãos Grimm, foi uma história de horror. Até ser embelezada pela Disney. Mas os irmãos Grimm ainda buscavam ensinar para o leitor uma “moral da história”. Ao contrário da versão de Emilie Blichfeldt: vira um conto de advertência sobre zeitgeist atual da hegemonia das tecnologias do Eu da cultura coaching – gerir a si mesmo como marca para ter o maior impacto num mercado competitivo.

terça-feira, maio 13, 2025

Clichês do Blues e mitologia dos vampiros no terror racial 'Pecadores'



Desde “Corra!”, de Jordan Peele, o terror racial tornou-se um subgênero que vem chamando a atenção: série "Them", "Barbarian", "Us", "Clonaram Tyrone!" etc. Mas essa junção entre o racismo, o sobrenatural e o fantástico vai além dos limites, de quebra renovando a mitologia dos vampiros. Estamos falando do filme “Pecadores” (‘Sinners”, 2025), de Ryan Coogler (Creed, Pantera Negra). Dois irmãos gêmeos voltam financeiramente bem-sucedidos do submundo de Chicago, para sua cidade natal no Delta do Mississipi no início dos anos 1930. Dispostos a inaugurar uma casa noturna de Blues. Mas enfrentarão um mal ainda maior do que deixaram para trás: vampiros ancestrais brancos sedentos por uma música que apaga as fronteiras entre a vida e a morte. Enquanto Coogler renova a mitologia vampiresca, empilha clichês brancos sobre o Blues, como, por ex., supostos pactos diabólicos por trás dos bluesmen. Para reduzir a questão do racismo uma questão de viés cultural: a ignorância e teimosia de pessoas que ainda não perceberam que os tempos mudaram.

terça-feira, abril 22, 2025

A muleta tecnológica do pós-morte transmitido online no filme 'O Senhor dos Mortos'

Tirando fora as produções de cunho moralista e/ou religioso, o tema da morte vem sendo abordado pelo cinema e audiovisual por dois vieses tecnognósticos: ou pela tecnologia prometeica que tenta ressuscitar a carne (Frankenstein), ou pela tecnologia que promete a imortalidade através do atalho de uma consciência digitalizada que transcenderia a carne graças a um upload final. Mas o emblemático diretor canadense David Cronenberg criou uma terceira via em “O Senhor dos Mortos” (The Shrouds, 2024): um cemitério/mausoléu conectado à internet que permite aos visitantes assistirem ao apodrecimento gradual da carne até aos ossos, em tempo real, de seus entes queridos enterrados, por meio de um aplicativo criptografado para iPhone. Uma muleta tecnológica que transforma o processo de luto num evento voyeurístico no qual sexo e morte se transformam em duas faces de uma mesma moeda. Até o sistema ser atacado, e o cemitério depredado, por algum tipo de ativismo: ambientalista ou contra um suposto ateísmo tecnológico.

quinta-feira, abril 03, 2025

Filme 'Sociedade dos Talentos Mortos': a cultura Tiktok nos espera após a morte

 


O filme Netflix taiwanês, “Sociedade dos Talentos Mortos” (Dead Talents Society, 2024) procura reproduzir o mesmo impacto de Os Fantasmas Se Divertem, de Tim Burton, de 1988: o senso de inovação, novidade e humor subversivo, e a construção de mundo pós morte totalmente único. O filme revela a tendência do século XXI de ver a morte como evento absolutamente banal. Tão banal como o próprio cotidiano dos vivos que abandonamos após a morte. E na atualidade, os ansiosos desafios virais da cultura Tiktok. O Grande Além tomado por talk shows, celebridades e vídeos de influenciadores, reality shows sobre estilo de vida, programas de competição ou programas de caça-fantasmas. Fantasmas buscando fama e tentando se tornar lendas urbanas. Para evitar o esquecimento — no mundo dos fantasmas, um evento existencial que pode ser a segunda morte: o apagamento etérico.

sexta-feira, janeiro 24, 2025

Não existe perdão, só esquecimento no filme 'Pisque Duas Vezes'


O terror racial e o terror de gênero se encontram numa zona de combate brutal e sangrenta. É o filme “Pisque Duas Vezes” (Blink Twice, 2024, disponível na Prime Video) em que a assustadora mensagem de Jordan Peele em “Corra!” se combina com o terror da masculinidade tóxica de “Men”, de Alex Garland e atual tendência dos thrillers de vingança e luta de classes (“Parasita”, “O Menu”, “Triângulo da Tristeza” etc.). Uma desajeitada garçonete de coquetéis cai aos pés do bilionário tecnológico. Ele a convida, junto com sua melhor amiga, para um retiro na sua ilha privada tropical paradisíaca. Uma história que lembra Cinderela que aos poucos vai se tornando um conto de terror: há algo errado neste paraíso tropical. “Não existe perdão, só existe esquecimento” é o mote do filme que surpreende ao fazer alusões à interpretação gnóstica do Paraíso bíblico: os prazeres de um Jardim do Éden, serpentes, conhecimento e esquecimento.

sábado, janeiro 11, 2025

A recriação feminista de Frankenstein, hospitais e instituição total no filme '(Re)Nascer'


Há mais de 200 anos Mary Shelley publicava a primeira edição de “Frankenstein ou O Prometeu Moderno”. Sua fantasia prometeica estava assentada na tecnociência vitoriana (eletromecânica). Ao lado de “Pobres Criaturas”, de Yorgos Lanthimos, “(Re) Nascer” (Birth/Rebirth, 2023), de Laura Moss, é uma recriação feminista do conto atemporal de Shelley: só as mulheres conhecem a dor e o estresse de ter um corpo sujeito aos caprichos da natureza. Portanto, as mulheres estão mais próximas dos mistérios da concepção da vida – a eletricidade e as máquinas cedem ao paradigma orgânico. A recriação feminista de “(Re) Nascer” vai muito além do mito do cientista louco – quando uma patologista de um necrotério e uma enfermeira obstétrica se unem para ressuscitar a pequena filha e mantê-la viva a partir de privilégios nada éticos do sistema hospitalar, cairão naquilo que se chamava de “instituição total” – tecnologia disciplinar para manter os corpos sob o controle de uma finalidade totalitária.

sábado, janeiro 04, 2025

O horror de 'Nosferatu': o que você faz se o Mal beijar a esposa melhor que o marido?


O que você faz se o Mal beijar a esposa melhor que o marido? Certamente serão colocados em xeque toda racionalidade científica, a moralidade e a religião. Pode parecer grosseiro e simplista, mas este parece ser o argumento central de “Nosferatu” (2024), refilmagem do cineasta Robert Eggers (“A Bruxa”, “O Farol”) do clássico mudo “Nosferatu – Uma Sinfonia do Horror”, de 1922. Ao contrário do original, Eggers vai além de um conto sobre um vampiro: mais do que entidade das trevas, Nosferatu é o Mal puro capaz de distorcer a própria realidade. “Nosferatu” concentra-se no erotismo macabro e numa sexualidade melancólica e crepuscular que vai “além dos oceanos do tempo”. A representação ontológica do Mal e sua perturbadora conexão com o Erótico, o Orgasmo e a Morte - o erotismo como a afirmação da vida que se estende até a morte.

terça-feira, dezembro 03, 2024

'Sorria 2': a cultura das celebridades é o melhor lugar da viralização do Mal


Enquanto o filme anterior tomava o transtorno mental em veículo para uma entidade sobrenatural parasitária que vive da energia dos traumas, em “Sorria 2” (Smile 2, 2024) o Mal encontra a sua melhor performance na cultura das celebridades influencers, mais precisamente através do veículo dos traumas psíquicos de uma cantora pop. Ela está tentando retornar depois do inferno de drogas e depressão – o roteiro clássico fama. Mas não temos mais o Mal e nem a cultura da celebridade do século XX, mas o Mal viral, infeccioso e exponencial. Assim como os memes nas redes sociais. O Mal não precisa mais ser convidado para entrar, ele simplesmente infecta.

terça-feira, novembro 26, 2024

Aranha como objeto fóbico do medo e ansiedade coletiva europeia no filme 'Infestação'


Num curto espaço de tempo no cinema francês, tubarões e zumbis turbinados por drogas invadiram Paris. Agora é a vez de enormes e venenosas aranhas vindas do Oriente Médio, no filme “Infestação” (Vermine, 2023). Isso sem falar de filmes como “Colapso” (2019) e “Nocturama” (2016). Um conjunto populacional popular da periferia de Paris é colocado em quarentena quando é infestado por aranhas que crescem exponencialmente (em número e tamanho). Em sua maioria imigrantes, os moradores estão condenados a morrer junto com a infestação de aracnídeos. Desde a onda de atentados islâmicos que varreram a Europa, o continente precisa criar o objeto fóbico para expiar a ansiedade e medo coletivos. Ainda mais agora, com a ameaça da escalada da guerra nuclear da OTAN contra a Rússia.

sábado, novembro 23, 2024

Filme 'MadS': cancelamento do futuro e o niilismo zumbi eufórico


O mundo, particularmente a Europa, vive uma atmosfera de cancelamento do futuro: de um lado a urgência climática; do outro, a escalada da guerra da Ucrânia que resvala para um conflito nuclear. Sensação de cancelamento de futuro na Guerra Fria criou a estética do niilismo hiperativo da house music nos anos 1980. E o filme francês “MadS” (2024) inaugura o niilismo eufórico, o espírito do século XXI, através de um curioso mix entre os zumbis de George Romero e a hiperatividade eufórica de “Corra, Lola, Corra” (1998). Filmado em um único plano sequência e em tempo real, acompanha a noite de jovens numa festa de drogas, sexo e música, na qual o efeito lisérgico cria uma estranha desconexão na clássica mutação zumbi: tudo que acontece é apenas uma bad trip? Ou há algo pior - parece que o contágio oferece algum tipo de adrenalina. Do niilismo hiperativo do passado, agora temos zumbis niilistas eufóricos.

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