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domingo, maio 04, 2025

Série 'Black Mirror', Sétima Temporada: hipo-utopia e os futuros que nunca existiram

 


A grande questão que a crítica levanta sobre “Black Mirror” é: será que a série ainda tem algo a dizer num mundo atual em que Big techs e Big Pharmas parecem realizar os pesadelos distópicos do criador Charlie Brooker? Parece que muitos críticos ainda não entenderam a proposta da série: “Black Mirror” não mostra futuros distópicos, mas hipo-utópicos. Nunca assistimos a mundos futuros na série. O que existe é uma projeção hiperbólica do que já vivemos no presente. Nos divertimos porque vemos a nós mesmos em tragicomédias tecnológicas, supostamente ambientadas no futuro. E a Sétima Temporada continua com a proposta hipo-utópica. Seis episódios unidos por uma ideia geral: o que está em jogo é a capacidade de transferir ou copiar seu Eu completo, ou partes como fragmentos de memória ou neurais, para uma realidade alternativa, uma dimensão alternativa ou simplesmente para uma nuvem para armazenamento. Reflexo do mundo atual dominado pelas “Tecnologias do Ego” que buscam um Eu performático.

quinta-feira, abril 03, 2025

Filme 'Sociedade dos Talentos Mortos': a cultura Tiktok nos espera após a morte

 


O filme Netflix taiwanês, “Sociedade dos Talentos Mortos” (Dead Talents Society, 2024) procura reproduzir o mesmo impacto de Os Fantasmas Se Divertem, de Tim Burton, de 1988: o senso de inovação, novidade e humor subversivo, e a construção de mundo pós morte totalmente único. O filme revela a tendência do século XXI de ver a morte como evento absolutamente banal. Tão banal como o próprio cotidiano dos vivos que abandonamos após a morte. E na atualidade, os ansiosos desafios virais da cultura Tiktok. O Grande Além tomado por talk shows, celebridades e vídeos de influenciadores, reality shows sobre estilo de vida, programas de competição ou programas de caça-fantasmas. Fantasmas buscando fama e tentando se tornar lendas urbanas. Para evitar o esquecimento — no mundo dos fantasmas, um evento existencial que pode ser a segunda morte: o apagamento etérico.

segunda-feira, março 24, 2025

Minissérie 'Adolescência': no século XXI, o quarto é o lugar mais perigoso para o jovem ficar


Identidade, autoaceitação, inclusão, rejeição, amor etc. são questões atemporais da adolescência. No passado eram mal resolvidas em ritos de passagem para o mundo adulto. Hoje, ganham repercussão em tempo real nas redes sociais, fóruns e grupos de discussão. Que viraram caixa de ressonância para a frustração, cismogênese e supremacismo de raça e gênero como resposta. Enquanto professores e pais perplexos se perguntam: o que fazer com nossos alunos e filhos? Esse é o tema da minissérie Netflix “Adolescência” (Adolescence, 2025) sobre um garoto de 13 anos acusado de matar uma colega de classe. Nunca o próprio quarto passou a ser o lugar mais perigoso para um adolescente estar. Destilando ódio, baixa autoestima, à procura de um culpado nas telas. Enquanto as Big Techs turbinam e monetizam o mal-estar psíquico com a economia da atenção.

sexta-feira, março 07, 2025

A inteligência artificial demasiado humana na minissérie 'Cassandra'


À primeira vista, parece mais do mesmo. Apenas com um toque estilístico retrô. A casa inteligente mais antiga da Alemanha desperta sua IA dos anos 1970, Cassandra, depois de décadas, quando uma nova família se muda para lá. Ela realiza todas aquelas tarefas irritantes e mesquinhas - lavar a roupa, cortar a grama, preparar o café da manhã - mas as coisas parecem sinistras quando descobrimos que Cassandra possui uma agenda secreta. Esta é a minissérie alemã Netflix “Cassandra” (2025), que parece repetir o velho clichê das máquinas na ficção: depois de esotericamente adquirirem poderes sobrenaturais, veem humanos como seres descartáveis. Mas “Cassandra” vai muito além: quem codifica inteligências artificiais são humanos, que codifica nos algoritmos suas próprias mazelas, pessoais e de classe. “Cassandra” revela uma oportuna narrativa anti-fetichismo tecnológico – a tecnologia digital nada mais seria do que o demasiado humano amplificado em dimensões perversas e disfuncionais.

quinta-feira, março 06, 2025

A invenção do inimigo externo na Minissérie "Dia Zero': um projeto abortado da Netflix?



Os EUA sofrem um inesperado ciber ataque: um minuto a nação fica sem energia e comunicações. O suficiente para gerar o caos com pesadas perdas materiais e humanas. Com uma mensagem ameaçadora em cada celular: “Isso acontecerá novamente!”. Uma comissão especial, com poderes marciais, é criada para investigar. Um ex-presidente aposentado é chamado para chefiar a Comissão. Terá que se defrontar com uma escolha: ou protege a Nação com uma versão curativa do inimigo externo (a culpa é dos hackers russos) ou encara uma conspiração na própria casa. “Dia Zero” (Zero Day, 2025) parece uma minissérie pastiche de seis episódios costurados pelos algoritmos da Netflix. Mas com elenco tão estelar (primeiro filme para a TV de Robert De Niro) que parece outra coisa: um projeto abortado com a inesperada vitória de Trump e entregue editada apenas como minissérie –  originalmente seria uma produção com várias temporadas que hipernormalizaria um hipotético governo Kamala Harris.

sexta-feira, agosto 16, 2024

Série 'Sunny': incomunicabilidade e solidão na sociedade das tecnologias da informação



Como explicar o paradoxo de vivermos na sociedade das tecnologias da comunicação e informação na qual solidão, solipsismo e incomunicabilidade são problemas endêmicos? E para acrescentar mais uma variável nessa equação, temos agora a Inteligência Artificial, capaz de mascarar a experiência do luto e da finitude nas nossas vidas. De forma inusitada e divertida, a série Apple TV+ “Sunny” (2024 - ) aborda essas questões, no melhor lugar: o Japão, um país combinação entre tradições feudais com o dinamismo cultural e econômico do Capitalismo Tardio. Num futuro próximo no Japão, uma mulher tenta resolver o enigma do desaparecimento do marido e filho num acidente aéreo. Com a ajuda de um pequeno robô, cuja IA foi codificada pelo próprio marido para diluir o luto da futura perda. Uma descida para o submundo dominado por uma máfia Yakuza hightech.

sexta-feira, junho 07, 2024

Realismo capitalista e capitalismo distópico de Musk na série 'Fallout'


Seja no cinema como no audiovisual, o fim do mundo está ficando cada vez mais estranho. O fascínio de sabermos o que aconteceria após o apocalipse permanece. Porém, não temos mais o tom épico do apocalipse do século XX. Hoje impõem-se uma leitura mais introspectiva: como o que que restou da humanidade se comportaria sob pressão. O resultado é passagem do tom épico para o propagandístico: o fim do mundo sob olhar capitalista distópico do tipo Elon Musk e o realismo capitalista. É o exemplo da série Amazon Prime adaptada do videogame “Fallout” (2024-). Esteticamente é um mush-up dos arquétipos pop do século XX, de David Lynch ao western spaghetti de Sergio Leoni. Mas, dois séculos no futuro, mesmo depois do fim, o que restou mantém a viciosidade capitalista: guerras por fontes de energias não renováveis. Paz e fontes de energia livre não estão nos planos. Porque não geram lucros.

quinta-feira, junho 06, 2024

Alienígenas, acobertamento geopolítico e privatização no espaço na série 'O Sinal'


Enquanto o Oriente faz pousos bem-sucedidos de sondas na Lua, o Ocidente aposta na privatização das missões espaciais por bilionários como Musk, Bezos e Branson. Desde “Alien” (1979), o cinema e audiovisual vem narrando as consequências muitas vezes catastróficas dos interesses corporativos nas missões espaciais. A minissérie alemã Netflix “O Sinal” (Das Signal, 2024) é outra produção que entra nessa lista, colocando mais um ingrediente: no meio de uma missão privada na Estação Espacial Internacional (financiada por uma bilionária indiana), um sinal repetido chega do espaço profundo, uma voz infantil falando “olá”. É o início de conspirações no melhor estilo “Arquivo-X” que revela uma questão fundamental: como um mundo dividido entre interesses geopolíticos dos governos e a concentração da riqueza planetária numa casta de bilionários, como esse mundo poderá criar um consenso em torno de quem representará a Terra num possível contato com uma inteligência extraterrestre? 

quinta-feira, maio 16, 2024

Série 'Matéria Escura': por que o século XXI está tão obcecado pelo multiverso?


A vida é feita de escolhas que fazemos em momentos cruciais que irão nos definir para sempre. Desde que os paradoxos da mecânica quântica, o experimento imaginário do gato de Schrödinger e a sua interpretação de Hugh Everett que abriu a possibilidade da existência de muitos mundos com diferentes versões de nós mesmos, parece que a angústia do “para sempre” ficou ainda maior, na literatura e no cinema: será que fiz a escolha certa? E se fosse possível ver a escolha da minha outra versão? Poderia ter uma segunda chance? A série Apple TV “Matéria Escura” (Dark Matter, 2024-) é mais uma produção na onda atual de filmes sobre multiverso. Embora o impacto cultural dos enigmas quânticos esteja no século XX, é nesse século que a angústia da escolha é ampliada, no estranho zeitgeist que domina a atualidade. Um gênio da física bem-sucedido cria uma maneira de viajar pelo multiverso para trocar de lugar com o sua outra versão menos bem-sucedida, invertendo a premissa tradicional do gênero.

Essa não é minha linda casa/Essa não é minha linda esposa
Meu Deus! O que eu fiz?
(“Once a Lifetime”, Talking Heads)

terça-feira, abril 16, 2024

As mentiras de Tom Ripley são a única coisa real na série 'Ripley'


A série Netflix “Ripley” (2024) é bem fiel ao clássico da literatura policial de Patricia Highsmith, de 1955. Ao contrário da linda e fotogênica adaptação de 1999 com Matt Damon interpretando o trambiqueiro Ripley, a série liberta-se da representação hollywoodiana da maldade: ao contrário do vilão passional, quente e emocional, temos em “Ripley” o mal neutro, melancólico, apático, estoico, muito longe da loucura ou obsessão. Drenado de cor e emoção humana, reforçado pela belíssima fotografia em preto e branco. A história de Ripley, que vai até a Itália roubar a vida e identidade de um jovem herdeiro bilionário norte-americano, é narrada muito mais como um jogo: quanto mais Ripley percebe como bilionários simulam aquilo que não são, mais ele é provocado a provar que é mais esperto do que todos. Ironicamente, as mentiras de Ripley são a única coisa real num mundo de simulações e aparências.

segunda-feira, março 11, 2024

40 anos de 'Chaves': Commedia Dell'Arte, astrologia e pecados capitais, por Claudio Siqueira


Como dito pelo humilde blogueiro deste Cinegnose, estão fazendo 40 anos da estreia da série mexicana “Chaves” no Brasil, e nada mais justo do que homenagearmos alguns dos comediantes mais queridos da criançada latino-americana. Por incrível que pareça, nem mesmo essa comédia infantil deixa de ter suas eminências pardas ocultas. O Cinegnose vem falar mais um pouquinho sobre El Chavo del 8, a influência da Commedia Dell’Arte na confecção de seus personagens e como cada personagem representa um astro, sendo 7 cada um dos Pecados Capitais.

sábado, dezembro 30, 2023

A morte é a única coisa que nos une na série 'Fim'


A única certeza que nos acompanha por toda vida é que um dia vamos morrer. É aquilo que nos separa (nossos amores e amigos vão morrendo, deixando buracos em nossas vidas), mas ao mesmo tempo nos une: diante da morte somos todos iguais. Nessa trajetória em direção do fim, duas questões emergem: por que uma coisa tão boa como o amor, de repente não funciona mais? E por que, a certa altura, tudo de bom que a vida nos deu começa a ser retirado? Esses são alguns temas que ecoam na série original Globoplay “Fim” (2023). Tudo começa no velório com um grupo de amigos de longa data. Suas vivências, memórias, desilusões e, principalmente, a fugacidade do amor, da felicidade e a incomunicabilidade das relações humanas marcam a série. Fazendo lembrar a interpretação de Albert Camus ao Mito de Sísifo.

sábado, dezembro 02, 2023

'A Queda da Casa de Usher': Allan Poe e o acerto de contas cármico com a elite predatória


Com a proximidade das festas de final de ano, a área do cinema e audiovisual é tomada por contos morais otimistas sobre mudanças pessoais e reavaliações do significado da vida. Então, vá contra a corrente e encare uma série sobre execuções da justiça cármica dentro do universo do escritor gótico norte-americano Edgar Allan Poe. É a produção Netflix “A Queda da Casa de Usher” (2023), uma adaptação da obra escritor trazida para a era da Big Farma sobre a ascensão e o declínio de uma família americana bilionária cuja origem do império está num analgésico opiáceo que vicia e destrói a vida de milhões – obviamente inspirado no escândalo atual da Purdue Farma da família Sackler, responsável pela epidemia de opioides nos EUA com o analgésico OxyCotin. Os herdeiros Usher começam a morrer misteriosamente. Apontando para um tipo de escrutínio para além da Justiça terrestre: o horror metafísico dos fantasmas do consciência e do passado que vêm fazer o acerto de contas com a elite predatória.

sexta-feira, novembro 24, 2023

Determinismo quântico e existencialismo gnóstico na série 'Corpos'


Liberdade versus Determinismo foi um tema que sempre assombrou a Filosofia. Com a morte de Deus e da causalidade newtoniana por meio da Relatividade e da mecânica quântica, parecia que o livre-arbítrio tinha ganhado a discussão. Até surgir o paradoxo quântico do “Closed Timelike Curve” (CTC), linha do tempo fechada na qual se inspirou o clássico “Em Algum Lugar no Passado” (1980) - situações paradoxais nas quais partículas parecem ter surgidas do nada, revivendo o determinismo em um outro nível. A série Netflix “Corpos” (Bodies, 2023- ) eleva o paradoxo da CTC ao nível do existencialismo gnóstico da “Teodiceia”: é possível existir livre-arbítrio num mundo criado por um ser que tudo sabe? Quatro detetives em quatro períodos diferentes no tempo investigam um mesmo crime – um corpo que aparece numa mesma viela em Londres. Todos unidos em um loop tempo/espaço envolvido em uma conspiração em um ciclo fechado de 150 anos. 

sábado, outubro 07, 2023

'Na Mira do Júri': da canastrice da percepção ao fim do reality show



Reality shows e dramas sobre tribunais do júri são duas fixações da TV dos EUA. E elas se encontram na minissérie Prime Vídeo “Na Mira do Júri” (Jury Duty, 2023). Aqui acompanhamos um mix entre o mockumentary e o “media Prank” (“pegadinhas”): um voluntário se inscreve num suposto reality show sobre os bastidores de um tribunal do júri em um condado de Los Angeles. Mas o que ele não sabe é que ele é o alvo do experimento – todos ao redor, dos membros do júri ao juiz, réu e advogados, são atores profissionais. A minissérie lembra a condição de Jim Carey em “Show de Truman”. Porém, com duas diferenças fundamentais: aqui, o protagonista não nasceu no reality show. Por que então ele não percebeu a artificialidade do evento? A condição pós-moderna da “canastrice da percepção” está por trás. E se “Show de Truman” tinha muito a dizer sobre a ascensão do reality show, talvez “Na Mira do Júri” possa ser considerado o fim do próprio gênero reality show.

sábado, setembro 16, 2023

O mistério CosmoGnóstico da série 'Origem' faz microcosmo da condição humana


As narrativas CosmoGnósticas (protagonistas que se encontram prisioneiros em realidades artificialmente construídas ou acidentalmente criadas) estão deixando as telonas para ocupar as séries de TV. Um exemplo dessa tendência é “Origem” (From, 2022-), um candidato a pelo menos se equiparar a “Lost”, a série Cosmognóstica mais bem-sucedida – aplicando algumas fórmulas de “Lost”, “Origem” dá continuidade ao drama gnóstico de protagonistas presos em mundos que funcionam como microcosmos da condição humana. Um xerife caminhando por uma rua e tocando um sino que carrega em uma das mãos, avisando a todos para entrar nas suas casas antes de anoitecer, é a imagem indelével que abre a série – os mistérios de uma cidade em ruínas, aparentemente fora do tempo e espaço.

sábado, agosto 19, 2023

Toxicomania de minorias versus toxicomania de massas na minissérie 'Império da Dor'


A pior crise de saúde pública nos EUA, entre e epidemia da AIDS e a pandemia do coronavírus. Uma epidemia de opioides iniciada com o lançamento do analgésico OxyContin, em 1995, fabricado pela Purdue Pharma, que matou 500 mil pessoas nas duas últimas décadas. Como a família Sackler descobriu a pedra filosofal da Big Pharma: o ciclo vicioso da dor e prazer com uma simples pílula. Esse é o tema da minissérie Netflix “Império da Dor” (2023) que explicita toda a hipocrisia por trás do debate em torno das drogas: o diferente tratamento dado à toxicomania de minorias e a toxicomania de massas. A primeira, criminalizada e alvo de toda a condenação moral pelas mídias. E a segunda, a criação legalizada da dependência química em massa sob aprovação das agências federais que executam uma inversão mercadológica: primeiro inventa-se a droga, depois a doença.

quinta-feira, julho 13, 2023

Na série 'Silo' a verdade não está lá fora... foi esquecida



Baseado na trilogia literária "Wool", de Hugh Howey, a série Apple TV+ “Silo” (2023-) é uma ficção científica distópica que foge do clichê clássico “a verdade está lá fora” ao contar a história de um bunker de 144 andares abaixo da superfície com o que restou da humanidade num mundo pós-apocalíptico. A paranoia permeia todos os cantos do Silo e os habitantes estão sob constante vigilância. Todos perderam a memória da História: quem construiu o Silo, com qual propósito e como vieram parar ali. O esquecimento é incentivado e a curiosidade reprimida. Ninguém pode sair, a não ser condenados à morte, para morrerem envenenados pelo ar tóxico exterior. Mas, e se tudo for uma mentira totalitária? O problema é que a verdade em “Silo” não é aquilo que simplesmente se opõe à mentira.

sábado, julho 01, 2023

Sexta temporada de 'Black Mirror': o que resta à série dizer sobre nosso futuro?


Com três anos de atraso, chega a sexta temporada da série “Black Mirror” (2011-). Que enfrenta uma dúvida existencial: se o mundo real e a série atingiram um ponto tão elevado de convergência, o que resta à série dizer sobre o nosso futuro?  Parece que todos os dias vemos uma nova profecia de “Black Mirror” sendo realizada. Por isso, nessa sexta temporada há uma estranha atmosfera na maioria dos episódios: ao invés de imaginar futuros hipo-utópicos (futuros que projetam de forma exagerada mazelas já existentes no presente), vemos narrativas em uma espécie de futuro do passado ou histórias fora dos temas clássicos da série. O criador Charlie Brooker estaria encontrado seu limite: a estranheza do mundo parece superar a imaginação ficcional.

sexta-feira, junho 30, 2023

Na série 'Mrs. Davis' a vida com algoritmos é um gigantesco "McGuffin"


Durante séculos os seres humanos permitiram que aspectos vitais da sua vida fossem impulsionados e organizados pela religião. Mas o que aconteceria se algoritmos e a inteligência artificial passassem a ter esse mesmo tipo de poder de moldar o mundo? A vida se tornaria um gigantesco “McGuffin” - dispositivo narrativo na forma de algum objetivo ou objeto desejado que o protagonista persegue sem nenhuma explicação narrativa ou importância. Essa é a série cômica “Mrs. Davis” (2023- ): uma IA torna-se o tecido da vida cotidiana. Mas uma freira acha que há algo errado com algo tão onisciente e onipresente – seria como adorar um falso Deus. E planeja desligá-la, após encontrar o Santo Graal. “Mrs. Davis” é a série mais comicamente niilista da temporada: e se religião e tecnologia forem a mesma coisa?

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