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sábado, março 15, 2025

Pânico como valor no Capitalismo de Catástrofe e como mídia descobriu que Gleisi é mulher

Os leitores mais velhos devem lembrar dos ícones do sensacionalismo na TV: O Homem do Sapato Branco, Gil Gomes, programas O Povo na TV e Aqui e Agora etc. Essa linguagem sensacionalista ficou para trás, em uma época de outro capitalismo. Hoje, o rentismo e o Capitalismo de Catástrofe (capaz de imaginar o fim do mundo como oportunidade de comoditização) impõem uma mudança nesse clássico gênero midiático. É a ascensão do PÂNICO CAPITALISMO: o pânico elevado a valor cultural através do qual a sociedade e tendências políticas e econômicas são percebidas – Pânico Moral, Pânico Racial, Pânico Climático, Pânico Inflacionário, Pânico da Segurança Pública, Pânico Econômico etc. Com uma mais-valia ideológica: inverter relações de causa e efeito para...

sexta-feira, fevereiro 28, 2025

Na América não existe almoço grátis no filme 'O Brutalista'

Começa como um épico sobre arquitetura sobre um arquiteto que chega na América fugido da guerra e do holocausto. Uma terra de oportunidades e sedenta por arte. Para depois descobrir a ética americana do “não existe almoço grátis”: tanto o capitalismo quanto a arte são capazes de gerar experiências lindas e significativas. Mas combinados resultam em formas vazias e sem paixão. Indicado ao Oscar em dez categorias (entre eles, Melhor Filme, Ator e Direção), “O Brutalista” (The Brutalist, 2024) é sobre a história de um milionário novo rico contrata um gênio vanguardista fugido da guerra e do holocausto, e como ambos serão consumidos pela obsessão. Para, particularmente o arquiteto húngaro Lászlo, descobrir que a América vive um outro tipo de guerra:...

sexta-feira, janeiro 31, 2025

'Trilha Sonora para um Golpe de Estado': do Jazz às redes sociais, a música continua a mesma

“O fonógrafo de paraquedas, a mais nova arma da América jogado do céu com música pró-americana. O toca-discos pode ajudar a vencer a guerra fria”. O jornal NYT estampava essa manchete em 1955, celebrando a mais nova arma na Guerra Fria: o Jazz. O documentário belga “Trilha Sonora para um Golpe de Estado (Soundtrack to a Coup d'Etat, 2024, em cartaz no cinema) revela como a CIA e Departamento de Estado utilizavam os chamados “Embaixadores do Jazz”, músicos como Louis Armstrong, Nina Simone, Duke Ellington e Dizzy Gillespie, como cavalos de Tróia – junto com eles desembarcavam no país anfitrião espiões e mercenários para prepararem golpes de Estado. Como em 1961, na ex-colônia belga República Democrática do Congo: a chegada apoteótica de...

terça-feira, janeiro 21, 2025

Surrealismo, meditação e gnose em David Lynch

O surrealismo foi deixado para trás, lá no século XX, e hoje suas imagens viraram de pôsteres que decoram das casas de amantes da arte cult às psyOps publicitárias que fisgam o inconsciente do consumidores. Mas, em plena cena do chamado “cinema da meia-noite” dos anos 1970, David Lynch (que deixou esse mundo aos 78 anos no último dia 15) resgatou a essência incômoda do surrealismo: o cinema como instrumento para revelar como no cotidiano o psiquismo preenche aquele “gap” existente entre a alma e a realidade. Lynch foi o mestre em pegar histórias banais e transformá-las em labirintos obscuros de pistas falsas num mix de filme noir, gótico americano e humor negro. Em uma filmografia que surge o seu principal protagonista: o Detetive – no cotidiano...

quinta-feira, dezembro 26, 2024

Tom Hanks vira o Forrest Gump da Era Trump no filme 'Aqui'

Robert Zemeckis, o artífice de filmes emblemáticos como “De Volta Para o Futuro” e “Forrest Gump: O Contador de Histórias”, parecia ter nesse século perdido o talento, restrito a remakes como “Convenção das Bruxas” e “Pinóquio”. Em “Aqui” (Here, 2024), Zemeckis quer retornar à relevância perdida. Dessa vez, criando uma espécie de Forrest Gump na “nova” Era Trump com o espírito do futuro do pretérito da Era Reagan em “De Volta Para o Futuro”: o futuro baseado na nostalgia do resgate dos valores que fizeram uma América idílica que jamais existiu. E a presença obrigatória do “all american boy” Tom Hanks, sempre requisitado para esse papel. A presunção do filme é colocar a câmera em um lugar fixo para ilustrar todos os eventos que ocorreram numa...

sexta-feira, dezembro 20, 2024

Cibernética e a religião do controle no filme 'Herege'

Cada religião reivindica ter o verdadeiro caminho para Deus e a Salvação. Então, qual a religião verdadeira? E se nenhuma for verdadeira? Porque ao longo da História apenas replicaram uma narrativa original, cujo sentido verdadeiro foi se diluindo ao longo do tempo. E o Sr. Reed quer provar isso através de um jogo mental e mortal com duas cobaias: uma dupla de jovens missionárias mórmons. Barnes e Paxton parece que escolheram a pessoa errada para catequizar. Uma casa se transforma num experimento comportamental sobre crença, fé e controle. Sr. Reed quer descobrir nesse experimento perverso qual a verdadeira religião. Ecos de Norbert Wiener, o pai da Cibernética: a Teologia será substituída pela Teleologia, a fé pelo contro...

quinta-feira, dezembro 12, 2024

O espírito do Natal é duro de matar em 'Noite Infeliz'

Esses são os filmes que fazem a síntese do que chamamos “espírito do Natal”: as reprises de “Esqueceram de Mim” e as inúmeras adaptações da obra de Charles Dickens “Christmas Carol”. O Mal tentando invadir o lar e o Natal como oportunidade para fazermos uma reforma íntima moral. E tudo isso costurado pela figura aparentemente a-histórica do Papai Noel. O filme “Noite Infeliz” (Violent Night, 2022) junta tudo isso, acrescentando referência ao clássico “Duro de Matar” – um grupo de mercenários ataca a mansão de uma família rica justamente quando Papai Noel está entregando presentes. Ele terá que agir para salvar a noite de Natal – com uma marreta nas mãos. Aproximar a figura do bom velhinho da comédia “gore” talvez seja a coisa mais verdadeira...

sábado, novembro 23, 2024

Filme 'MadS': cancelamento do futuro e o niilismo zumbi eufórico

O mundo, particularmente a Europa, vive uma atmosfera de cancelamento do futuro: de um lado a urgência climática; do outro, a escalada da guerra da Ucrânia que resvala para um conflito nuclear. Sensação de cancelamento de futuro na Guerra Fria criou a estética do niilismo hiperativo da house music nos anos 1980. E o filme francês “MadS” (2024) inaugura o niilismo eufórico, o espírito do século XXI, através de um curioso mix entre os zumbis de George Romero e a hiperatividade eufórica de “Corra, Lola, Corra” (1998). Filmado em um único plano sequência e em tempo real, acompanha a noite de jovens numa festa de drogas, sexo e música, na qual o efeito lisérgico cria uma estranha desconexão na clássica mutação zumbi: tudo que acontece é apenas uma...

sexta-feira, outubro 25, 2024

Os relacionamentos dos vivos se deterioram mais rapidamente do que os zumbis em 'Lá Fora'

O subgênero hollywoodiano sobre o fim do mundo tem uma contradição cuja solução é sempre artificial: o apocalipse é de natureza coletiva, mas o espectador somente consegue se identificar com dramas pessoais. A solução é o clichê de protagonistas que, apesar de tentarem salvar o mundo, sempre arrumam um tempinho para uma discussão de relacionamento: salvar um casamento, reconquistar a ex-esposa ou o amor dos filhos. A produção Netflix filipina “Lá Fora” (Outside, 2024) inova o concorrido tema do apocalipse zumbi ao conseguir fazer uma união orgânica entre os tropos do subgênero zumbi e o quadro das consequências da deterioração de um casamento. Não é o apocalipse que afetou o relacionamento deles. São eles mesmos, confinados em uma fazenda para...

quinta-feira, outubro 17, 2024

'Daaaaaalí!': surrealismo com começo, meio e fim, mas não necessariamente nessa ordem

“Uma história deve ter um começo, um meio e um fim, mas não necessariamente nessa ordem”, disse Goddard. E o diretor de cinema mais surrealista da atualidade, o francês Quantin Dupieux, levou ao limite essa frase no filme sobre o gênio surrealista Salvador Dalí. “Daaaaaalí!” (2023) não é um filme biográfico – Dupieux ele adotou na montagem e edição fílmica a mesma abordagem do pintor surrealista para entregar um conto particularmente louco. Os surrealistas viam no cinema a expressão do inconsciente que revolucionaria uma sociedade burguesa e careta. Ironicamente, virou a matéria-prima da revolução publicitária, do pop e entretenimento. E ao ver a realidade superando o surrealismo de suas telas, no final da vida Dalí agarrou-se no personagem...

terça-feira, outubro 08, 2024

'Coringa: Delírio a Dois': a desconstrução musical do Palhaço do Crime e o espírito do tempo

O Coringa é o arquétipo mais forte da cultura pop e que paira sobre o tempo, desde quando surgiu nas HQs em 1940. Ao mesmo tempo, a narrativa sobre o Coringa varia de acordo com o espírito do tempo: do Palhaço do Crime psicodélico dos anos 1960 à versão cerebral e adulta de Heath Ledger. “Coringa” (2019) de Todd Phillips espelhou a Era Trump e a onda de ódio e ressentimento do populismo de direita através da Deep Web, fóruns e chans online. Por sua vez, em “Coringa: Delírio a Dois” (2024) Todd Phillips está agora na era de Biden, Kamala e Novos Democratas. Nessa continuação a persona do Coringa deve ser desconstruído em números musicais comandados por Lady Gaga. Aqui, Arthur Fleck é uma colagem de expectativas alheias: um doente mental? Um...

terça-feira, outubro 01, 2024

O horror do fardo da autoconciência e da obsolescência em 'A Substância'

Filmes críticos sobre como nos sentimos (em particular, as mulheres) esmagados por padrões de beleza impossíveis e pela hiperfixação da sociedade na juventude não é novidade. Mas “A Substância” (The Substance, 2024) não é uma crítica genérica: a diretora Coralie Fargeat abre fogo contra a cultura atual das promessas prét-à-porter de beleza e juventude – a cultura Ozempique. Com a propaganda que promete a chance de “se sentir como você mesmo novamente”, barato e com resultados rápidos. Uma atriz premiada que se tornou cinquentona vê sua vida perder o controle ao ser discretamente afastada pela indústria do entretenimento sempre em busca de “carne nova”. Espelhos e sociedade da imagem criam o fardo da autoconsciência e da obsolescência. E um...

quinta-feira, setembro 19, 2024

'Os Fantasmas Ainda se Divertem': como Tim Burton transforma o Gótico em entretenimento

Assim como as animações da Walt Disney, Tim Burton tem a habilidade de transformar temas sombrios em entretenimento. Se em Walt Disney são os temas do abandono e separação, no caso de Tim Burton seus filmes transformam o Gótico americano de Edgard Allan Poe e Herman Melville em diversão para que o sonho americano dê risadas de si mesmo. Em “Os Fantasmas Ainda se Divertem” (Beetlejuice Beetlejuice, 2024), Burton retorna aos seus efeitos práticos e brinquedos analógicos para levar o Estranho, o Fantástico e o Sobrenatural para a típica família suburbana disfuncional: se no primeiro filme de 36 anos atrás a protagonista era a filha adolescente melancólica e depressiva, agora temos uma nova filha adolescente – também melancólica e depressiva, mas...

quinta-feira, setembro 12, 2024

'Armadilha': Shyamalan entre a inverossimilhança e o gap geracional

Será mesmo um estádio lotado com 20 mil pessoas para assistir ao show de um ícone pop o melhor lugar para se prender um homem desconhecido? Para M. Night Shyamalan, sim! Todo roteiro ficcional faz um pacto de suspensão da incredulidade com o espectador. Através da verossimilhança. Mas “Armadilha” (Trap, 2024) força muito a barra – o FBI transforma um estádio em uma grande armadilha para capturar um notório serial killer. Com referências a Hitchcock e Brian De Palma, Shyamalan parece ter transformado o seu último filme em veículo para sua filha, cantora e compositora. Ainda assim, “Armadilha” suscita dois temas do século XXI: a transformação das celebridades em influencers e a ausência simbólica do pais pelo aumento do gap geracional.&nb...

sexta-feira, agosto 16, 2024

Série 'Sunny': incomunicabilidade e solidão na sociedade das tecnologias da informação

Como explicar o paradoxo de vivermos na sociedade das tecnologias da comunicação e informação na qual solidão, solipsismo e incomunicabilidade são problemas endêmicos? E para acrescentar mais uma variável nessa equação, temos agora a Inteligência Artificial, capaz de mascarar a experiência do luto e da finitude nas nossas vidas. De forma inusitada e divertida, a série Apple TV+ “Sunny” (2024 - ) aborda essas questões, no melhor lugar: o Japão, um país combinação entre tradições feudais com o dinamismo cultural e econômico do Capitalismo Tardio. Num futuro próximo no Japão, uma mulher tenta resolver o enigma do desaparecimento do marido e filho num acidente aéreo. Com a ajuda de um pequeno robô, cuja IA foi codificada pelo próprio marido para...

sexta-feira, agosto 09, 2024

Sincromisticismo, religião e pornografia no filme 'MaXXXine'

Para os pesquisadores em Sincromisticismo, Hollywood é uma gigantesca corporação que recruta médiuns para, sob as bênçãos do Método da Actor’s Studio, incorporarem formas-pensamento retirada do inconsciente coletivo da humanidade. Para, a partir dessa tese, surgirem caricaturas de teorias conspiratórias que denunciam um suposto satanismo para destruir o Ocidente, é um passo. Esse é o pano de fundo do fechamento da trilogia de Tie West, “MaXXXine” (2024), uma homenagem ao terror slash dos anos 1970, agora ambientado em meados dos anos 1980. Agora, Maxine tenta sair dos filmes pornôs e virar estrela no mainstrem hollywoodiano – como sempre, deixando um rastro de sangue. “MaXXXine” revela como pornografia e religião estão estranhamente muito próximas....

sexta-feira, junho 28, 2024

Uma guerrilha epistemológica entre a mesa e o fogão no filme 'Histórias de Cozinha'

Cozinha é um lugar alquímico: ingredientes são mixados para transmutar em algo totalmente outro. Um espaço confessional onde conversas e conexões acontecem. Como, então, transformar esse espaço num objeto de observação científica: um observador “neutro” do alto de um cadeirão observando movimentos e ergonomia doméstica para tabular os dados em rígidos modelos matemáticos numa pesquisa industrial da década de 1950. Esse é o filme escandinavo “Histórias de Cozinha” (Salmer fra kjøkkenet, 2003). Uma espécie de rali científico levado com um humor sutil, no qual o observador estoicamente tenta manter a neutralidade para não comprometer os dados que coleta, enquanto o observado conspira num tipo de guerrilha epistemológica para sabotar o experim...

quinta-feira, junho 20, 2024

O Medo e a ansiedade coletiva europeia no filme 'Sob as Águas do Sena'

A premissa da produção Netflix francesa “Sob as Águas do Sena” (Sous la Seine, 2024) é seriamente abusurda. Mas esse é praticamente um pré-requisito dos filmes de tubarões nos dias de hoje - em um mundo pós-Jaws (premiado clássico de Spielberg), não há chance de fazer o maior filme de tubarões de todos os tempos. Então, em vez disso, os cineastas apostam em argumentos involuntariamente engraçados: fugindo das mudanças climáticas e do plástico jogado nos oceanos, um enorme tubarão evolui, adapta-se à agua doce, e aparece no rio Sena, em plena Paris, às vésperas de uma competição de triatlo com cobertura mundial. Filme-catástrofe é um subgênero hollywoodiano por excelência. Mas quando vemos uma produção francesa abraçando...

quinta-feira, junho 13, 2024

Amor, família e catástrofe do tempo na Era Reagan em 'Peggy Sue - Seu Passado a Espera'

Depois de vários anos de experimentos estilísticos com novos processos cinematográficos e resultados desiguais, em 1986 Francis Ford Coppola decidiu fazer apenas um filme: “Peggy Sue – O Seu Passado a Espera” (Peggy Sue Got Married). Seguindo a receita narrativa de Spielberg e Zemeckis (histórias contadas para “crianças de qualquer idade”), Coppola embarca num enredo semelhante a “De Volta para o Futuro”, mas em um tom de conto de fadas adulto: uma mulher participa do baile comemorativo dos 25 anos da turma de formatura do ensino médio e desmaia. Quando acorda, descobre que voltou a 1960 e habita seu próprio corpo adolescente, mas com a consciência adulta. É a oportunidade da segunda chance para dirimir os arrependimentos do presente. Como...

sexta-feira, junho 07, 2024

Realismo capitalista e capitalismo distópico de Musk na série 'Fallout'

Seja no cinema como no audiovisual, o fim do mundo está ficando cada vez mais estranho. O fascínio de sabermos o que aconteceria após o apocalipse permanece. Porém, não temos mais o tom épico do apocalipse do século XX. Hoje impõem-se uma leitura mais introspectiva: como o que que restou da humanidade se comportaria sob pressão. O resultado é passagem do tom épico para o propagandístico: o fim do mundo sob olhar capitalista distópico do tipo Elon Musk e o realismo capitalista. É o exemplo da série Amazon Prime adaptada do videogame “Fallout” (2024-). Esteticamente é um mush-up dos arquétipos pop do século XX, de David Lynch ao western spaghetti de Sergio Leoni. Mas, dois séculos no futuro, mesmo depois do fim, o que restou mantém a viciosidade...

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