segunda-feira, junho 15, 2015

"Veja", Simples Descolados e Coxinhas 2.0 gourmetizam festas juninas

O chamado “raio gourmetizador” atinge também as festas juninas, como mostra matéria da revista "Veja SP" em seu diligente trabalho semanal de elevar a moral da classe média. A complexa retórica dos “ingredientes” e das “harmonizações” agora constrói a mitologia do “rústico”, do “artesanal” e do “nativo” em quermesses e arraiais. Simples descolados e “coxinhas 2.0” (a versão autossustentável do coxinha tradicional) seriam os arautos de uma suposta simplicidade perdida pelo consumismo desenfreado de uma classe C sem educação. Parece que a “Teoria da Classe Ociosa” elaborada há cerca de 100 anos pelo economista Thorstein Veblen torna-se cada vez mais atual: a afetação sócio-linguística da gourmetização como um “trabalho ocioso” que busca reconstituir uma distinção de classes ameaçada pela política econômica neodesenvolvimentista. Com a midiatização da tendência, hoje a gourmetização assumiria um duplo papel: gourmetizar não apenas a elite, mas também as massas como função disciplinar e ideológica.


Chegamos às festas juninas onde nos quatro cantos do País se comemora os santos populares Santo Antônio, São Pedro e São João. Em seu diligente trabalho de elevação da moral de uma classe média que ainda vê nela alguma relevância, a edição da Veja São Paulo de 10/06/2015 quis nos mostrar que as festas juninas já não são mais as mesmas. Daqui em diante, expressões como “arraial” e “quermesse” se confundirão com balada para jovens aspirantes a uma suposta elite descolada.

Esqueça o quentão, o “buraco quente” (pão francês recheado de carne ao molho) com carne louca, o pinhão e a barraquinha de pesca. Pense agora em uísque, “buraco quente” recheado com carne de costela de boi da raça angus (porque “harmoniza” melhor com cervejas artesanais), pista de dança com DJs e sanduíches feitos diretamente de food trucks com letreiros em handshop

sábado, junho 13, 2015

No curta "Alma" o fascínio gótico pelos bonecos e brinquedos

Trabalhando desde 2002 na Pixar, o animador espanhol Rodrigo Blaas resolveu em 2009 colocar em prática algumas ideias pessoais que não podiam se encaixar nas produções comerciais do estúdio. O resultado é o curta “Alma” que trás para uma animação aquilo que a assepsia comercial da Pixar retira dos seus produtos: o Estranho e o Gótico, a essência do fascínio humano pelos bonecos, marionetes e, modernamente, androides, robôs e animações. Blaas devolve ao universo infantil dos bonecos e brinquedos o seu arquétipo central: a rememoração das relações homem/Deus – através da brincadeira e do jogo a rememoração da própria condição humana prisioneira em um universo onde alguém nos manipula.Curta sugerido pela nossa leitora Luiza Hernandez.

Rodrigo Blaas é um artista gráfico espanhol que trabalha nos estúdios da Pixar desde 2002, animando personagens como a Dory em Procurando Nemo, a dupla Luigi e Guido em Carros, as cenas de ação em Os Incríveis e a sequência final da luta do capitão da nave Axion contra o piloto automático em Wall-E. Depois de muito trabalho em equipe e aborrecido em ter muitas ideias que não podiam ser encaixadas nas produções de um estúdio mainstream, resolveu reunir alguns colegas para fazer um curta.

O resultado é Alma (2009), com uma protagonista infantil com olhar doce e um visual que lembra o estilo da Pixar. Mas as semelhanças param por aí: há algo de estranho, tão sinistro quanto a atmosfera dos episódios da clássica série de terror e mistério Além da Imaginação - veja o curta abaixo.

terça-feira, junho 09, 2015

A "maldição" do Coringa ameaça também o ator Jared Leto?

“Tenho medo de aproximar-me dele... Eu o conhecia antes dele ser o Coringa... não quero envolver-me com isso”, relatou o ator Scott Eastwood sobre a experiência de acompanhar Jared Leto ("Sr. Ninguém", "Clube de Compras Dallas") nas filmagens interpretando o Coringa, no filme “Esquadrão Suicida” com lançamento previsto para 2016. Vazam na Internet declarações de que, tal como Heath Ledger em “Batman: O Cavaleiro das Trevas”, Leto também não estaria conseguindo “abandonar o personagem”. Estaríamos acompanhando mais uma recorrência sincromística que envolve o sombrio palhaço do crime? Para muitos pesquisadores em Sincromisticismo, desde que o Coringa surgiu em 1940 nas HQs, o personagem transformou-se em uma forma-pensamento autônoma, envolvido em repetidos relatos de atores sobre o desconforto em interpretá-lo. Jack Nicholson ficou furioso por Ledger não tê-lo consultado sobre como lidar com o papel. “Bem, eu o avisei!”, teria dito ao saber da morte de Ledger. Jared Leto pode ser o próximo?

Considere essas duas declarações abaixo feitas durante a produção de dois filmes diferentes:

(a) “A performance de Heath Ledger interpretando o Coringa nos sets de gravação era tão assustadora que muitas vezes chegava a esquecer as minhas próprias linhas de diálogo” Michael Caine durante a produção do filme Batman: O Cavaleiro das Trevas;

(b) “Eu tinha medo de aproximar-me dele [Jared Leto] porque eu não queria me envolver naquilo que estava acontecendo. Eu o conhecia, antes dele ser o Coringa. Eu o conheci como Jared Leto. Não quero envolver-me com isso” (Scott Eastwood, sobre as filmagens do filme Esquadrão Suicida com Jared Leto interpretando o Coringa).

sábado, junho 06, 2015

Em Observação: "Strange Angel": a explosiva combinação da Ciência com o Ocultismo

Qual o interesse do diretor Ridley Scott ("Blade Runner", "Prometheus" e "Êxodus") em produzir a nova minissérie “Strange Angel” do canal AMC sobre a vida de um engenheiro químico inventor do combustível sólido usado em foguetes espaciais? Nenhum, não fosse a minissérie sobre a vida de Jack Parsons, co-fundador do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa e, ao mesmo tempo, ocultista e participante ativo da OTO (Ordo Templi Orientis), da Eclesia Gnóstica e seguidor do mago Aleister Crowley. A combinação literalmente explosiva entre Ciência e Ocultismo envolvia experiência com foguetes no deserto ao mesmo tempo em que realizava rituais pagãos durante os experimentos.  Para muitos ocultistas, o legado de Parsons teria ido muito além do aprimoramento da tecnologia que levou a NASA ao espaço. Ele também teria aberto estranhas portas dimensionais que influenciaram o século XX.

quinta-feira, junho 04, 2015

Nietzsche se encontra com Inteligência Artificial no filme "Ex Machina"


O roteirista e escritor Alex Garland (autor do livro “The Beach”, com versão cinematográfica em 2000) faz uma sombria estreia como diretor  no filme “Ex Machina” (2015). Sombria porque, ao contrário da tradicional abordagem cinematográfica sobre a Inteligência Artificial (entre a apologia e o apocalipse tecnológico), Garland apresenta uma abordagem verossímil e atual, onde a IA é o resultado de uma singularidade produzida pelo chamado Big Data produzido pelas redes sociais, celulares e dos algoritmos de busca de uma empresa chamada Blue Book – em tudo análoga ao Google. Tão verossímil que se torna assustador: a IA surgirá como um fenômeno pós-humano orientado apenas pela "Vontade de Potência", no sentido atribuído pelo filósofo Nietzsche – um ser unicamente governado pela vontade de realizar-se como potencia em si mesma, para além do Bem e do Mal, tornando o homem uma primitiva ferramenta de linguagem. E esse novo ser é um androide feminino. Filme indicado pelo nosso leitor Felipe Resende.

segunda-feira, junho 01, 2015

Diga-me com o que fazes metáforas e direi quem és

“O gigante acordou”, “Vem pra rua”, “Padrão Fifa” e a camiseta da CBF escolhida como símbolo da Pátria. Tantas vezes slogans publicitários e clichês midiáticos foram apropriados pelas manifestações anti-Governo Federal na ruas desde 2013 que chegou-se a uma situação irônica: após as prisões efetuadas pelo FBI em Zurique de cartolas do futebol mundial é irônico manifestações fazerem alusões a instituições notoriamente corruptas em protestos contra a corrupção.  Nas redes sociais simpatizantes desses movimentos respondem: foram apenas “leves metáforas”. Mas temos que admitir: diga-me com o que fazes metáforas e direi quem és. Há um fato semiótico novo – slogans e palavras de ordem deixaram o campo exclusivo da propaganda política para entrar no pastiche das apropriações de criações publicitárias. Porém, é da natureza do slogan publicitário interpelar muito mais o indivíduo do que o coletivo. Estamos acompanhando uma tendência de despolitização? 

“Não falamos para dizer alguma coisa, mas para obter um determinado efeito”
(Joseph Goebbels)

O escândalo da Fifa que resultou na prisão de sete cartolas, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin, sob acusação de manterem um sistema corrupto de propinas e lavagem de dinheiro com direitos de transmissão e comercialização de jogos criou uma inusitada ironia: desde as grandes manifestações de rua de 2013, passando pelos protestos contra a Copa em 2014 para os atuais panelaços e mobilizações anti-Dilma, palavras de ordem como “Padrão Fifa” (reivindicação por saúde e educação alusiva ao mesmo padrão dos estádios construídos para a Copa) e manifestantes em massa vestindo camisetas amarelas da CBF se transformaram em inesperada “piada pronta” – por que manifestações por transparência e combate à corrupção constroem slogans e palavras de ordens alusivas a instituições notoriamente corruptas?

Nas redes sociais os militantes e simpatizantes dos protestos respondem que essas analogias eram “leves metáforas” – o padrão exigido pela Fifa aos organizadores da competição deveria ser o mesmo para Saúde e Educação e as camisetas da CBF por conta da cor amarela, para representar a Pátria, sem partidarismos.

sexta-feira, maio 29, 2015

Pesquisadores da NASA e Oxford acreditam que Universo é um game de computador

Sempre ouvimos dizer que “a vida é um jogo”. Mas e se essa frase for mais do que uma metáfora e nesse exato momento estivermos todos nós vivendo em um jogo desenhado por alguém que está em algum ponto num futuro distante? Tão velha quanto a história humana, a ideia gnóstica de que a realidade é uma ilusão retorna através das leis da Inteligência Artificial e a evolução dos games de computador: Nick Bostrom, da Universidade de Oxford, e Richard Terrile, da NASA, apontam para evidências de que o Universo seria uma gigantesca simulação de um game de computador cósmico e que o salto qualitativo na capacidade dos nossos computadores nos permitiria repetir a experiência da simulação de mundos, assim como o nosso. Tal hipótese explicaria inconsistências e mistérios que cercam o nosso cosmos, como, por exemplo, a natureza da “matéria escura”. Ciência e gnosticismo mais uma vez se encontram, dessa vez no fascínio atual pelos games de computador. Pauta sugerida pelo nosso leitor André De Paula Eduardo.

De acordo com as teorias de dois pesquisadores também distantes no tempo e espaço, um acadêmico de Oxford (Inglaterra) e um cientista da NASA (EUA), haveria uma certeza matemática que estamos imersos em uma simulação intrincada criada por seres (aliens ou mesmo seres humanos) que existem em algum lugar distante no futuro a partir de 30 anos até cinco milhões de anos. Seríamos como um passa-tempo desses futuros seres, a sua versão de um roler-playing como um World of Warcraft.

Uma ideia alucinante com o velho toque da cosmologia gnóstica da antiguidade (o homem como prisioneiro em um cosmos criado por um demiurgo enlouquecido que se diz Deus), mas em suas defesas esses pesquisadores argumentam que a hipótese não é mais rebuscada do que acreditarmos na religião que nos diz que Deus criou as terras e os céu. Ou de que tudo surgiu de uma enorme explosão que começou a esticar o tecido do espaço como um balão, formando trilhões de galáxias e, por pura sorte, surgiu o ser humano, como nos informa a teoria do Big Bang.

domingo, maio 24, 2015

Parapolítica e subversão ocultista no filme "A Montanha Sagrada"

Em 1980 John Lennon concedeu entrevista à “Playboy” onde dizia que caíra fora dos Beatles porque eles teriam sido criados por “craftsmen” (termo ambíguo que pode designar tanto “artistas” ou “artesãos” quanto “iniciados ao ocultismo"). Sete anos antes Lennon ajudou a financiar o filme “A Montanha Sagrada” (1973) do chileno Alejandro Jodorowsky, sobre oito "craftsmen" (poderosos industriais e políticos) que são iniciados por um alquimista na busca da verdadeira fonte do Poder: a imortalidade e o aprimoramento espiritual. Verdadeiros magos negros donos dos mercados de armas, moda, arte, brinquedos, drogas e sexo. Pretendem alcançar a chamada “montanha sagrada” em uma distante ilha. Jodorowsky buscou no filme uma dupla subversão: denunciar a dimensão parapolítica onde magos ocultistas formariam a elite mundial que aplicaria sofisticadas técnicas psíquicas de controle social; e do outro didaticamente mostrar para os espectadores os passos da iniciação ocultista que poderia nos livrar das ilusões que nos prendem ao mundo material e ao julgo dessas elites ocultistas.

Depois de conseguir a atenção do público alternativo e das chamadas “sessões da meia-noite” em cinemas underground de Nova York com o filme El Topo (1970), o diretor chileno Alejandro Jodorowsky conseguiu o suporte financeiro de John Lennon e Yoko Onno para o seu projeto espiritual cinematográfico A Montanha Sagrada – a princípio, um filme que continuaria a temática de El Topo, isto é, sobre purificação, a descoberta da Verdade por trás das aparências do mundo (Maia) e, por fim, a constante busca pelo aprimoramento espiritual.

segunda-feira, maio 18, 2015

Com B.B. King morre a dialética negativa do Blues

B.B. King talvez tenha sido um dos últimos músicos a ver a guitarra elétrica não como um meio para demonstrar velocidade, técnica e virtuosismo (valores caros para a atual indústria do entretenimento que alimenta o mito dos artistas virtuosos e narcisistas que divertem o público), mas como instrumento para expressar os sentimentos antagônicos do Blues: dor/alegria, tristeza/redenção e melancolia/celebração. Sua morte não significou apenas a passagem de alguém que inspirou gerações de músicos de Jimi Hendrix a Steve Ray Vaughan. Morreu um pouco mais um tipo de gênero musical cujas origens anteriores à indústria do entretenimento conferia a sua arte uma, por assim dizer, “dialética negativa”: uma música que produzia alegria e diversão e, ao mesmo tempo, invocava a memória de que o Blues tinha surgido em meio à injustiça e segregação. B.B. King viveu ainda a tempo de ver o Blues se transformar em um standard de entretenimento que concilia a música com um mundo injusto no qual ela própria nasceu. 

Eu vou fazer as malas
E seguir o caminho
Sim
Eu vou fazer as malas
E seguir o caminho
Onde
Não há ninguém preocupado
E não tem ninguém chorando
(“Every Day I Have the Blues”, Elmore James)

Dizem que o nome da guitarra de B.B. King, Lucille, surgiu de um incidente em um show num salão de danças no Arkansas em 1949.

             Para aquecer o ambiente foi aceso um barril cheio de querosene, solução bastante comum naquela época. Durante o show dois homens começaram a brigar, esbarrando no barril que espalhou o conteúdo por todo lado e iniciando um incêndio. Com as chamas em todo salão, todos correram para fora do lugar quando B.B. King percebeu que na fuga deixara sua guitarra, a amada Gibson de 30 dólares. Voltou ao edifício em chamas e a recuperou. No dia seguinte soube que dois homens morreram naquele incêndio e o motivo da briga que iniciou a tragédia: o pivô de tudo teria sido uma mulher chamada Lucille.

sábado, maio 16, 2015

Série "El Ministerio del Tiempo" vai na contramão do tempo-espaço da era global

Desde “O Exterminador do Futuro” (1984) e “De Volta ao Futuro” (1985), as representações do tempo mudaram no cinema e audiovisual: o Tempo tornou-se mutante e aleatório como um hipertexto. Mas curiosamente, a série da TVE (a tevê pública espanhola) “El Ministerio Del Tiempo” (2015) vai na contramão desse imaginário sobre o tempo-espaço que caracteriza a atual era das tecnologias digitais e Globalização: ao contrário, a série de ficção-científica mostra o Tempo como um fenômeno unidirecional e imutável onde um ministério secreto do governo protege misteriosas portas do tempo de possíveis oportunistas que tentem alterar o passado em seu próprio benefício. Se o cinema é um documento do imaginário de cada época, a série espanhola parece apontar para uma reação contra o paradigma tempo-espaço que sustenta a financeirização e a Globalização. Mergulhada em uma crise econômica desde o fim da estabilidade da Zona do Euro, a Espanha nos oferece uma série que quer se apegar ao nacionalismo e à sua História como resposta à crise global.

                O leitor deve conhecer o mais famoso quadro do pintor espanhol Valazquez, Las Meninas de 1656 – composição enigmática que sugere um quadro dentro de um quadro, criando uma relação incerta entre observador e a obra. Quem é a figura no fundo atravessando um corredor que observamos através de uma porta aberta? O neto do pintor, Dom José Nieto Velazquez? Não, provavelmente algum viajante do Tempo de passagem que parou para observar a cena.

É o que sugere a série produzida pela tevê pública espanhola (TVE) Lo Ministerio Del Tiempo em uma rápida sequência onde é apresentado ao protagonista o maior segredo guardado pelo governo espanhol: portas e corredores do tempo existentes em um subterrâneo na cidade de Madrid – segredo de um rabino na Idade Média que, em troca de não ser expulso revelou o segredo para reis católicos. Uma rede de portas de origem misteriosa que se conecta com o passado dos reinos espanhóis.

domingo, maio 10, 2015

Em "White God" o cão é o espelho da crueldade humana


“Lassie” se encontra com “Planeta dos Macacos”. É o filme húngaro “White God”(Fehér Isten, 2014), uma fábula brutal sobre cães de rua que se insurgem contra os humanos cruéis e indiferentes. Hagen, um cão mestiço abandonado à morte por um pai mesquinho que quer separá-lo da sua filha, desce ao inferno da crueldade e desprezo humanos na ruas de Budapeste até organizar uma revolta com centenas de cães de um canil municipal. Uma fábula sobre o racismo e a intolerância? Metáfora política da Hungria atual? “White God” vai mais além: lembra para os ambientalistas e protetores dos direitos dos animais que suas batalhas serão vazias enquanto não entenderem uma sinistra dialética – a crueldade contra os animais e a Natureza é o espelho da própria crueldade humana com o outro, reflexo de uma sociedade marcada pela dominação e controle. 

sábado, maio 09, 2015

"Chappie", a consciência e a seringa hipodérmica

Depois do favelão e lixo nos quais o futuro se transformou em “Distrito 9” e “Elysium”, dessa vez com o filme “Chappie” (2015) Neil Blomkamp visita a pedra filosofal do gênero ficção científica: a Inteligência Artificial. O subtexto político dos filmes anteriores continua (África do Sul, Globalização e apartheid), mas dessa vez parece que Blomkamp cedeu ao “product placement” (inserção subliminar de produtos e marcas) e à agenda que orienta as produções do gênero pelos grandes estúdios: o tecnognosticismo - a ambição pós-humana de nos livrarmos da carne e do orgânico através de uma suposta transcendência espiritual possibilitada pelo escaneamento da consciência e a sua conversão em bytes. Ao contrário do filme “AI” (2001), também uma alusão à fábula de Pinóquio (uma máquina que quer se transformar em ser humano), aqui Chappie tenta emular sentimentos humanos, mas dessa vez através de uma consciência que se assemelha à metáfora da “agulha hipodérmica”. Se em “A.I.” a máquina queria acreditar naquilo que não podia ser visto ou sentido, em Chappie a máquina não tem sonhos – ela quer apenas imitar - filme sugerido pelo nosso leitor Joari Carvalho.

Chappie, do diretor Neil Blomkamp (Distrito 9 e Elysium), é um filme dentro de um subgênero do sci fi que os pesquisadores chamam de “ficção científica do Sul”: filmes em estilo realista monckmentary (feitos em estilo documentário mas em tom paródico) com atores e empresas de países considerados periféricos e com temas ligados às mazelas da globalização sócio econômica – privatização, imigrantes ilegais, favelização, exclusão, máfias internacionais etc.

O tom mais marcante desse subgênero é mostrar como a alta tecnologia (robótica, nanotecnologia etc.) convive de forma conflitiva com favelas, deterioração urbana, lixo, precarização do trabalho e sucateamento do Estado. O que torna os filmes desse subgênero potencialmente críticos em relação ao atual status quo da Globalização.

domingo, maio 03, 2015

Dez evidências de que o politicamente incorreto dos anos 80 e 90 moldou o século XXI


Nos anos 80 e 90 parecia que tudo era permitido: de apresentadoras de programas infantis da TV em trajes sumários a matinês com centenas de meninas rebolando tentando imitar os passos da banda “É o Tchan”. Tudo isso interrompido por intervalos publicitários onde marcas de chocolate eram associadas a meninos vencedores que conquistavam muitas namoradas. Essas décadas “politicamente incorretas” marcaram a infância e adolescência da chamada Geração Y, cujos membros são os líderes de opinião na atualidade. Qual a parcela de contribuição dada por essa cultura supostamente permissiva para a atual visão de mundo dessa geração? Foram décadas que, vistas pelo olhar politicamente correto atual, brindaram-nos com produtos culturais que sugeriam erotização precoce, pedofilia e exploração sexual em plena mídia de massas.  A partir de uma lista de dez evidências de uma época onde “tudo era permitido”, vamos tentar encontrar influências da infância politicamente incorreta na mentalidade atual da Geração Y.

Apresentadoras de programas infantis em trajes sumários apresentando bandas de hits com refrões de gosto duvidoso; nos intervalos publicitários, comerciais mostrando crianças ostentando orgulhosamente produtos e ridicularizando o telespectador-mirim que ainda não os compraram;  anúncios publicitários que comparavam uma boa apólice de seguro com um uísque de qualidade que lhe dá um ótimo dia seguinte; matinês em casas de shows onde meninas levadas pelos pais rebolavam sensualmente ao som da banda É o Tchan; comerciais infantis associando um chocolate com as conquistas amorosas em série em um acampamento cheio de meninas, etc.

Estamos falando das décadas de 80 e 90 que, para o nosso olhar atual globalizado e sensível a questões éticas e morais, foram épocas decididamente politicamente incorretas. São décadas que marcaram a infância e adolescência da chamada Geração Y – conhecida também como “geração do milênio” ou “geração da Internet”, nascidos após 1980 e, segundo outros, em meados dos anos 1970.

sexta-feira, maio 01, 2015

"Tropa de Elite" e "Guerra ao Terror": o São Jorge do BOPE e um Dragão que nunca existiu, por Claudio Siqueira

O que há em comum entre os EUA, com seu exército que massacra o Oriente Médio sob o pretexto de “Guerra ao Terror” e o BOPE ocupando as favelas cariocas? Além de serem endossados pela mídia em reportagens tendenciosas e filmes como “Tropa de Elite” e “Guerra ao Terror”, ao mesmo tempo está presente, nas formas mais sutis, o arquétipo de São Jorge e o Dragão. Desde o “Livro dos Mortos” egípcio, passando pela propaganda do império Romano até chegar na indústria do entretenimento atual dos filmes e HQs (Superman, Ultraman, Batman etc.), todos têm no ícone do “São Jorge, O Santo Guerreiro” a reedição por séculos de um poderoso arquétipo. Todos caçando monstros que só existem em sonhos.

* Claudio Siqueira é Estudante de Jornalismo, escritor, poeta, pesquisador de Etimologia, Astrologia e Religião Comparada. Considera os personagens de quadrinhos, games e cartoons como os panteões atuais; ou ao menos arquétipos repaginados.

Em Guerra ao Terror, filme vencedor de seis prêmios, Kathryn Bigelow fez o caminho inverso ao de James Cameron com seu Avatar, que mostra a vitória do oprimido; da favela, do Oriente Médio, do povo nativo contra o invasor. Não por acaso, ganhou apenas três.

Mas nada se compara ao filme Tropa de Elite. Por mais irônico que pareça, foi um sucesso por parte dos guerrilheiros urbanos citados no início deste ensaio. A continuação, Tropa de Elite 2, foi a maior bilheteria da história do cinema nacional, tendo sido o único a superar a marca de dez milhões de espectadores desde 1976, feito atingido por Dona Flor e Seus Dois Maridos.

sábado, abril 25, 2015

Retrospectiva 50 anos tenta exorcizar fantasmas da TV Globo através do "tautismo"

Competentes jornalistas como Caco Barcelos e Ernesto Paglia colocados frente a frente numa mistura de “Roda Viva” da TV Cultura com o “Galeria dos Famosos” do Domingão do Faustão. E todos confrontados com suas imagens do passado (mais novos, mais magros e com mais cabelos) na expectativa de que depois a câmera em close arranque algum tipo de emoção dos experientes profissionais. A retrospectiva “Jornal Nacional – 50 Anos de Jornalismo”, projeto idealizado pelo apresentador William Bonner (ansioso e sempre meneando a cabeça na tentativa de exorcizar os fantasmas da história da TV Globo), mostra de forma didática em seus cinco episódios o que foi o início e o que será o fim da hegemonia da emissora: o modelo melodramático de jornalismo que ajudou a encobrir informações no auge da ditadura e o tautismo (tautologia + autismo) atual como manobra desesperada para sobreviver aos novos tempos de queda de audiência.

Quando fazia a faculdade de jornalismo lá pelo início da década de 1980, minha geração via na TV Globo uma referência negativa para qualquer estudante que iniciava a carreira. Brincávamos com o tique melodramático dos repórteres que buscavam muito mais os sentimentos do entrevistado do que depoimentos objetivos da realidade. “O que você está sentindo?...”, era a pergunta clichê feita para a vítima de uma enchente no Sul do País naquele momento, com água até a cintura, dirigida por um repórter da Globo em uma canoa, protegido por uma capa de chuva e o rosto consternado.

terça-feira, abril 21, 2015

O Top 10 do bestiário neoconservador para o século XXI

Explosão populacional, antropologia criminal do século XIX, o hype dos assexuados, fantasmas vermelhos soviéticos e a fantástica revelação de que a Terra é plana e que há uma conspiração para esconder de todos essa verdade extraordinária. Prepare-se! O futuro poderá ser construído a partir de ideias que supostamente teriam sido superadas pelo progresso científico, processo civilizatório ou simplesmente pelas transformações políticas e sociais das últimas décadas. Ideias conservadoras que no passado foram criadas para deter mudanças ou revoluções, hoje são resgatadas pela mentalidade neoconservadora sob uma nova roupagem high tech, nova nomenclatura e o charme das teorias conspiratórias. O “Cinegnose” fez uma lista dos 10 principais renascimentos de ideias antigas e até sinistras que parecem encontrar o fértil terreno no radicalismo e fundamentalismo atuais.

sábado, abril 18, 2015

"Lost River": o estranho filme incompreendido pela crítica

Vaiado no Festival de Cannes e trucidado pela crítica, o filme de estreia na direção do ator Ryan Gosling, “Lost River” (2014), teve um destino injusto. Filmado em Detroit, Gosling transformou-a numa cidade gótica que lembra Louisiana pós furacão Katrina – crise econômica, ruínas e um mistério que envolve uma parte submersa pela construção de uma represa na fictícia cidade de Lost River. Por trás das camadas de estilizações da fotografia, personagens e cenografias (que fizeram a crítica chamar o filme de “um David Lynch de segunda mão”), estão alusões à crise econômica dos EUA pós explosão da bolha especulativa de 2008 combinados com misticismo gnóstico: qual o mistério que torna os protagonistas prisioneiros daquela cidade? O filme tem estreia prevista nos cinemas brasileiros em julho desse ano.

Recentemente poucos filmes foram tão destruídos pela crítica como Lost River, produção que marca a estreia na direção do ator Ryan Gosling -  A Passagem (2007) e Drive (2011). Quando estreou no Festival de Cannes em 2014 foi muito mal recebido pelo público: nos créditos finais a plateia respondeu com assovios e vaias como uma torcida irritada em um estádio de futebol. Depois disso Gosling e seu filme desapareceram e nada foi falado deles por dez meses.

Mas agora Lost River reaparece com nova edição (foram retirados 10 minutos da edição original) para ser exibido em alguns cinemas selecionados em Nova York e Los Angeles, além de canais de TV pay-per-view e arquivos torrent na Internet – no Brasil é esperado nos cinemas em julho.

sexta-feira, abril 17, 2015

"Whiplash" fala de qualquer coisa... menos de música

Corremos diariamente contra o tempo para atender aos valores da eficiência, desempenho e produtividade que regem a sociedade atual. Ao contrário, na música o tempo é uma ferramenta de expressão artística e não um inimigo. E também um meio para a improvisação e surpresa. Mas no filme "Whiplash" o tempo não é musical: é disciplina e performance – um baterista de Jazz iniciante tem que tocar cada vez mais rápido até sangue e suor caírem sobre o set do instrumento. Em um conservatório de Nova York, alunos de Jazz vivem sob o fascínio dos grandes virtuoses do passado sob a regência de um professor ditatorial e manipulador. Para eles, a música é disciplina e os mestres do  passado se tornaram virtuoses do Jazz porque foram disciplinados através aprendizado pela dor e humilhação. Em "Whiplash", a música se rende ao “no pain, no gain” – “sem dor, sem recompensa”, ao pé da letra – princípio opressivo da meritocracia atual.

Na música, e principalmente no Jazz, a expressão artística manifesta-se através de quatro recursos: Tempo, Sensação, Dinâmica e Prática. O Tempo é um recurso, é o ritmo através do qual nos entregamos à música; a Sensação é como o Tempo nos envolve – a sensação sinestésica da batida transformando o corpo do músico e o instrumento em uma coisa só; a Dinâmica são as forças que produzem o movimento determinando o quanto tal alto ou baixo tocamos ou cantamos; e a Prática tem a ver com disciplina e tenacidade.

A Prática refere-se a como o músico vai passar incontáveis horas aperfeiçoando sua arte para comunica-se sem esforço com aqueles ao redor, plateia e outros músicos. Assim como na linguagem oral e fonética, o músico passa muito tempo desenvolvendo seu vocabulário para ter capacidade de expressar sentimentos e emoções em um nível mais profundo.

sábado, abril 11, 2015

O Homem-Aranha e a auto derrota do PT

Em uma das suas intermináveis lutas na franquia Homem-Aranha, o super-herói, cansado e perplexo depois de mais uma batalha contra vilões bizarros, desabafa: “de onde vem toda essa gente?”. Diante das manifestações Anti-Dilma as esquerdas parecem tentar responder à mesma pergunta perplexa do Homem-Aranha:de onde vêm os manifestantes? Eleitores do Aécio? Classe média branca? Conspiração de magnatas do petróleo dos EUA de olho no pré-sal? Há um “elemento de auto derrota” histórico nas esquerdas, como afirmava o filósofo Herbert Marcuse – o pragmatismo e o economicismo que ignoram a base imaginária e psíquica do funcionamento das ideologias. Enquanto isso, a Direita sabe “de onde vem toda essa gente”: ouve a sociedade profunda por meio de pesquisas etnográficas que perscrutam os novos perfis psicográficos chocados pelo neodesenvolvimentismo do PT.

Depois de enfrentar o Homem-Areia que tentava roubar o dinheiro de um carro-forte, o Homem-Aranha dispara sua teia e salta para um topo de um prédio. Exausto, tira sua máscara e as botas cheias de areia depois de ter sido obrigado a se engalfinhar com o vilão. E então, o herói desabafa: “de onde vem toda essa gente?...”.

Essa é uma sequência do filme Homem-Aranha 3, mas o estado de espírito do herói ao mesmo tempo cansado e perplexo guarda suas analogias com as reações das esquerdas ao ver a escalada neoconservadora que culminou com os protestos anti-Dilma do dia 15 de março.

sexta-feira, abril 10, 2015

Em Observação: "Antes de Dormir" (2014) - o sono gnóstico do esquecimento

Cinema, percepção e memória têm uma longa parceria temática: se a percepção humana funciona como um mecanismo cinematográfico, como dizia o filósofo Henri Bergson, compreende-se o fascínio pelo tema da amnésia no cinema. De Hitchcook a “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças” de 2004, “Antes de Dormir” (2014) é mais um filme dessa longa tradição.  Lembra o clássico “Amnésia” (2000) de Nolan – uma mulher não consegue manter as memórias por mais de um dia e diariamente acorda sem saber onde está e também sem saber quem  é o homem que dorme ao seu lado. Perda das memórias levam sempre os protagonistas à condição paranoica. A paranoia é um estado alterado de consciência que pode levar tanto à autodestruição quanto à libertação das aparências que encobrem a realidade. A paranoia pode abrir duas portas: a narcísica ou a gnóstica. E é isso que o “Cinegnose” vai conferir no filme.

sábado, abril 04, 2015

Viajantes, Detetives e Estrangeiros vagam por Hollywood em "Mapas Para as Estrelas"


Hollywood tem uma tradição de filmes que mostra a cidade dos sonhos como um inferno de ganância, narcisismo e perversões. A crítica especializada tem considerado “Mapas para as Estrelas” de David Cronenberg como mais um filme com esse viés moralista sobre a indústria do cinema. Porém, ao lado do roteirista Bruce Wagner, Cronenberg foi muito além disso: conseguiu criar uma pequena galeria de personagens que consegue sintetizar os principais arquétipos que dão vida aos nossos sonhos: Viajantes, Detetives e Estrangeiros. E também a fragilidade emocional por trás de profissionais bem pagos para produzir o nosso entretenimento: a busca desesperada por amor, adoração e aceitação incondicional. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.

Cronenberg sempre foi fascinado pelas metáforas da invasão do corpo e a fragilidade da carne diante da tecnologia em filmes como Videodrome, Scanners, Crash ou eXistenZ. Seus filmes até podem sugerir cenas de horror, mas na verdade o diretor transita entre a comédia, o humor negro e o drama. Cronenberg está menos interessado em sangue, e muito mais na natureza monstruosa das nossas obsessões e desejos, na dificuldade de escaparmos de nós mesmos e como a sociedade cruelmente explora esse ponto fraco humano.

Guerra psíquica (Scanners), o domínio mental da TV (Videodrome) e games digitais mortais (eXistenZ) são algumas amostras dessa temática recorrente de como a sociedade é capaz de criar sistemas que envolvem tanto a carne como a alma. Mapas para as Estrelas é mais um filme desse veio crítico de Cronenberg. E dessa vez é o alvo é Hollywood, tal como descrito pelo roteiro de Bruce Wagner: um inferno de ganância, narcisismo e perversidade sexual.

quarta-feira, abril 01, 2015

Ação e Reação na crise da telenovela "Babilônia"

O que há em comum entre a física newtoniana e os estudos sobre psicopatologia do psicanalista Wilhelm Reich? Tudo, pelo menos no caso da atual crise de audiência da novela da TV Globo “Babilônia”. A rejeição de telespectadores e grupos evangélicos pregando o boicote à telenovela nas redes sociais (tudo motivado pelo beijo de um casal de idosas lésbicas) tem uma relação direta com a pesada atmosfera política atual alimentada diariamente pela TV Globo através do telejornalismo e teledramaturgia. Lei newtoniana de ação e reação: clima de intolerância e radicalismo político converte-se em conservadorismo moral, sexual e de caráter que atinge em cheio o principal produto da grade da TV Globo – a novela do horário nobre. Além disso, a crise de “Babilônia” guarda paralelos com outra crise global: a da novela “O Dono do Mundo” de 1991, também de Gilberto Braga, em um contexto pré-impeachment de Fenando Collor de Mello.

Toda ação resulta numa reação oposta e de igual intensidade. Não há como deixar de lembrar desse princípio clássico da física newtoniana na atual crise que envolve a novela do horário nobre da TV Globo chamada Babilônia. Depois dos 46 pontos que a novela anterior Império marcou na sua última semana, Babilônia despencou para 23 pontos. Portanto, abaixo da novela das 19h e do reality Big Brother Brasil. Isso, no horário mais caro da TV brasileira.

A novela de Gilberto Braga surge nas telas num momento onde se acirra a contradição vivida pela TV Globo: de um lado, nos últimos anos vem assumindo o papel de partido de ferrenha oposição política ao Governo Federal; e do outro, a necessidade comercial de reerguer a audiência em queda com a crescente concorrência da Internet e os novos dispositivos móveis de comunicação.

domingo, março 29, 2015

Cinco filmes amaldiçoados pelo sincromisticismo



O “Clube do 27” (formado por Amy Winehouse, Heath Ledger, Kurt Cobain etc.) e as “maldições” em filmes como “Batman: O Cavaleiro das Trevas”, “O Exorcista” e “Superman”. Estranhas mortes prematuras de atores e celebridades e as lendas sobre filmes “amaldiçoados” seriam a camada narrativa mais superficial do lucrativo negócio da indústria do entretenimento que explora o inconsciente coletivo (arquétipos e formas-pensamento) e que muitas vezes o resultado é imprevisível, com mortes acidentais ou eventos que se transformam em verdadeiros rituais públicos de sacrifícios. Para pesquisadores sincromísticos, Hollywood atualmente é um centro de recrutamento e treinamento de atores (“médiuns” com personalidades divididas) para incorporação de formas-pensamento que ganham vida em escala global. Uma lista de cinco filmes onde a análise sincromística tenta revelar o que está por trás de narrativas feitas para o entretenimento.

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