O “Clube do 27”
(formado por Amy Winehouse, Heath Ledger, Kurt Cobain etc.) e as “maldições” em
filmes como “Batman: O Cavaleiro das Trevas”, “O Exorcista” e “Superman”. Estranhas mortes prematuras de atores e celebridades e as lendas
sobre filmes “amaldiçoados” seriam a camada narrativa mais superficial do
lucrativo negócio da indústria do entretenimento que explora o inconsciente
coletivo (arquétipos e formas-pensamento) e que muitas vezes o resultado é
imprevisível, com mortes acidentais ou eventos que se transformam em
verdadeiros rituais públicos de sacrifícios. Para pesquisadores sincromísticos,
Hollywood atualmente é um centro de recrutamento e treinamento de atores
(“médiuns” com personalidades divididas) para incorporação de formas-pensamento
que ganham vida em escala global. Uma lista de cinco filmes onde a análise sincromística
tenta revelar o que está por trás de narrativas feitas para o entretenimento.
Certa
vez o ator e dramaturgo francês Antonin Artaud previu o advento de espécie de
mega-rituais ocultistas na mídia: “... surgirão truques de vodu global, em que
todas as consciências alertas participarão periodicamente. Forças estranhas
serão despertadas e transportadas para o cofre astral, para a cúpula escura que
é composta sobretudo por agressividade venenosa. Será uma opressão tentacular
formidável de uma espécie de magia pública que em breve aparecerá sem
disfarces”.
O
pesquisador em Sincromisticismo Jason Horsley alerta que a indústria do
entretenimento não lida apenas com criações técnicas como roteiros, montagens e
edições de produtos culturais. Por trás disso está a matéria-prima que dá vida
ao negócio: criações ficcionais que se tornam semi-autônomas ou
semi-conscientes quanto mais se tornam populares. Um reino imaginário carregado
de energias psíquicas onde atores e celebridades tornam-se “atratores
estranhos” ou médiuns através dos quais essas energias podem ser liberadas e
redirecionadas.
Para
Horsley: “Xamanicamente falando, as entidades (formas-pensamento criadas pela
pessoa ou por outros ligados a eles, como “fantasmas”, “ancestrais” e afins)
aguardam essa oportunidade
para assumir o controle da psique de uma pessoa e habitam seu corpo. Isso pode
ocorrer em formas dramáticas de crimes de paixão, colapso mental, etc. ou em
formas mais sutis, mas muito mais prevalentes, tais como
comportamento compulsivo, toxicomania, abuso sexual, e afins” – sobre isso clique
aqui.
|
Hollywood: uma instituição recrutadora de médiuns? |
Hollywood: um centro de recrutamento de médiuns
Acompanhando esse raciocínio,
Hollywood e toda a indústria do entretenimento teria sido concebida como uma
espécie de centro de recrutamento e treinamento de médiuns (indivíduos com
personalidades fragmentadas) onde através deles formas-pensamento são criadas,
ganham vida e possuem pessoas em escala literalmente global.
Michael Hoffman escreve: “A questão do controle da humanidade por
meio de símbolos esotéricos codificados dentro de espetáculos midiáticos ou
rituais é uma das coisas mais difíceis para as pessoas compreenderem. Por isso
que para os iniciados, as pessoas comuns são tratadas com desprezo absoluto e
chamadas de “profanos”, “gentios” e “goyim”” - HOFFMAN, Michael, Secret Societies and Psychological Warfare,
2001.
Por exemplo, na franquia Harry
Potter as pessoas ignorantes sobre magia são simplesmente chamado de
“trouxas” – “muggles”.
Estranhas morte prematuras de atores e celebridades e as lendas
sobre filmes “amaldiçoados” seriam a camada narrativa mais superficial desse
lucrativo negócio que explora o magma do inconsciente coletivo (arquétipos e
formas-pensamento) e que muitas vezes o resultado pode ser considerado
imprevisível, com mortes acidentais ou eventos que se transformam em
verdadeiros rituais públicos de sacrifícios.
Para os pesquisadores em Sincromisticismo partidários da hipótese
de assassinatos como sacrifícios rituais, tudo faria parte de cerimônias
intrincadas coreografadas: realizada pela primeira vez em escala íntima e
secreta entre os próprios iniciados, a fim de programá-los, e em seguida amplificados
pela mídia eletrônica.
Vamos analisar uma pequena lista desses episódios cinematográficos
que comporiam essas camadas narrativas superficiais que escondem estranhos
padrões e “coincidências” que despertam a atenção dos pesquisadores
sincromísticos.
5. O Clube do 27
É o nome dado a um grupo de celebridades que morreram precocemente
aos 27 anos ou próximo aos 30 como James Dean, Janis Joplin, Jimmy Hendrix,
Kurt Cobain, Heath Ledger e Amy Winehouse. Em todos os episódios não há
autópsias, causas definitivas da morte e os relatórios policiais são vagos.
Como sempre, essas mortes são associadas à biografias conturbadas por drogas,
álcool e péssimos relacionamentos que facilmente permite à opinião pública
pensar de forma tranquilizadora: “caso encerrado!”.
São estrelas jovens e carismáticas que repentinamente são erguidas
para a fama para depois morrerem de forma brutal e inesperada. Seriam mortes
premeditadas de algum tipo de mega-ritual perverso com o propósito de
sacrifício público assim como os antigos rituais de sacrifício humano da
antiguidade? Ou eles apenas não souberam lidar com a fama?
Filmes como O
Mundo Imaginário do Dr. Parnassus (2009) de Terry Gilliam sugerem
esse tema do sacrifício das celebridades, sincromisticamente no último filme de
Heath Ledger. Em uma cena importante vemos três celebridades que morreram
jovens: Rodolfo Valentino, James Dean e princesa Diana. “Essas pessoas... estão
todas mortas”. E responde Johnny Deep: “Sim ... mas, no entanto, são imortais.
Eles não ficarão velhos ou gordos. Não ficarão doentes ou fracos. Estão além do
medo, porque eles são ... eternamente jovens. São deuses ... e você pode se
juntar a eles. "Em seguida, ele acrescentou: "Seu sacrifício deve ser
puro."
E pensar que essas linhas de diálogo estavam destinadas à
interpretação de Heath Ledger...
Independente da possível intencionalidade dessas mortes, podemos
perceber que esses artistas lidavam com arquétipos de forte intensidade e que
facilmente podem destruir as personalidades fragmentadas de seus médiuns.
Por exemplo, estrelas do rock desempenham um papel
contraditório que reflete o nosso próprio inconsciente coletivo: têm que ser ao
mesmo tempo queridinhos da mídia e anti-establishment, icônicos e iconoclastas,
consumidores e consumíveis. Recusam-se em serem “vendidos” e ao mesmo tempo
partilham da ostentação do jet-set das celebridades. Ao contrário do arquétipo
do herói (conquistador e guerreiro), o rock star não tem ambições de redenção:
entrega-se à autodestruição como forma icônica de expiação coletiva do nosso
drama diário – a tensão entre o nosso Eu interior e o nosso Ego social.
4. A Maldição do Batman – O
Cavaleiro das Trevas
Claro que a tragédia mais lembrada sobre esse filme foi a morte do
intérprete do Coringa, Heath Ledger – ele próprio vítima de uma sequência de
atuações onde incorporou dois arquétipos mortais: o do Joker em Batman e o do
Enforcado em O Mundo Imaginário do Dr.
Parnassus. E sem falar em outras estranhas “coincidências” como o fato do
músico Tom Waits (que interpreta o Diabo no filme de Terry Gilliam) já havia
atuado com Jack Nicholson em Ironweed
(1987) que mais tarde interpretaria o próprio Coringa no Batman (1989) de Tim Burton.
Batman lida com o aspecto da Sombra do Herói – personagem que se
converte em herói a partir de um evento trágico que o faz construir seu próprio
senso de Justiça, tornando-se um antiherói. Um herói trágico não por vocação,
mas por uma imposição do destino.
A Sombra é o repositório dos aspectos mais obscuro de nós mesmos.
Sua força pode ser fatal como evidencia o mito da “maldição” desse filme: a
morte nas filmagens do dublê Conway Wickliffe num acidente em cena de
perseguição de carro e os incidentes que cercaram o chamado “Massacre
do Colorado” em 2012 – um atirador vestido de Coringa invadiu um cinema
em uma sessão do filme Batman: O
Cavaleiro das Trevas matando várias pessoas. Além do fato de que em um
capítulo da HQ de Frank Miller O
Cavaleiro das Trevas, publicada em 1986, vemos um personagem entrando
armado no cinema e atirando contra a plateia – sobre isso clique
aqui.
Além disso, o ator Christian Bale foi preso um pouco antes da
estreia do filme por agressão e tentativa de assalto.
3. A maldição do Superman
Outra bem conhecida com coincidências seriamente mortais está na
franquia dos filmes do Superman. Quatro atores morreram tragicamente depois de
estrelarem nos filmes, começando com George Reeves que morreu atingido por um
tiro de revólver aos 45 anos. Após estrelar em quatro filmes Superman, Christopher
Reeve ficou tetraplégico após um acidente montando um cavalo em 1995 e morreu
nove anos depois aos 52 anos.
Bud Colyer (que fazia a voz do cartoon do Superman em 1941) morreu
de problemas circulatórios aos 51 anos.
E Lee Quigley, que atuou como como o Superman bebê na produção de
1978, morreu aos 14 anos devido ao abuso com drogas e solventes.
Outros infortúnios menos mortais foi o caso de Richard Pryor que
estrelou o Superman III – pouco depois foi diagnosticado com esclerose múltipla.
E ainda Margot Kidder (que fez Lois Lane) que sofreu de transtorno bipolar e
Marlon Brando (Jor-El) que após o filme tornou-se recluso para dedicar-se a se
tornar um dos homens mais gordos do mundo.
Sobrevivente da destruição do seu planeta natal, na Terra Superman
torna-se poderoso, mais esperto do que qualquer terráqueo e nada o machuca.
Então, por que ele não domina a Terra como um rei e elimina o crime tornando-se
um ditador benevolente? Ela acredita no ser humano e se auto-sacrifica por nós.
Desde a criação do personagem, há uma conexão entre Superman e Jesus Cristo,
que ainda fica mais explícito no último filme do superherói – O Homem de Aço,
2013.
Mais um poderoso arquétipo onde morte como auto-sacrifício pode
ser um vetor sincromístico por trás da “maldição”.
2 – A “maldição” de O
Exorcista
Talvez o mais bem conhecido rumor sobre maldições que envolvem um
filme. Nove mortes, acidentais e naturais, estão associadas à produção
envolvendo elenco, equipe e familiares associados ao filme. Em seu papel
indicado ao Oscar como a mãe da menina possuída, Ellen Burstyn sofreu uma lesão
na coluna cervical em uma das cenas mais famosas do filme, onde foi jogada da
cama pela filha.
Além disso o ambiente das filmagens ficou tão assustador, com
vários acidentes inexplicáveis incluindo incêndios, que levou o diretor
Friedkin a chamar um padre de verdade para mitigar alguma possível má
influência.
E ainda há Linda Blair, a atriz que fez a menina possuída pelo
demônio, que tornou-se “amaldiçoada”: como atriz adulta nunca mais alcançou
sucesso, tornando-se envolvida com problemas ligados a drogas no final dos anos
1970. Ao longo dos anos 1980 e 1990 apareceu em vários filmes de terror de
baixo orçamento e, mais recentemente, tem se dedicado a escrever livros de
culinária vegan e ativismo pelos direitos dos animais. Até chegar ao ponto
onde, em uma campanha da PETA, apareceu com o slogan “As experiências com
animais fazem minha cabeça girar”...
As representações arquetípicas do Mal e do Demônio talvez cheguem
a assustar até o próprio, como sugere o filme O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus, onde o Diabo Tom Waits reclama
“nunca entendi direito esse negócio de magia negra!”.
Invenção da Igreja Católica para unificar os devotos pelo terror
(no gnosticismo o Bem e o Mal não são opostos, mas duas faces da mesma moeda,
intercambiáveis desde o início da Criação em um cosmos que está em queda desde
o início), o Mal e o Demônio se tornaram muito mais aglutinações de
formas-pensamentos dos vivos do que dos mortos.
Xamans, por exemplo, conduzem rituais de exorcismo para libertar
de uma pessoas “espíritos malignos” que acabam se confundindo com a própria
psique. Psicólogos e psiquiatras seriam o exorcistas modernos, enquanto a
indústria do entretenimento catalisa essas formas-pensamento cinematicamente.
Em certos momentos formam-se egrégoras tão densas que “amaldiçoam” produções
como O Exorcista e Poltergeist – filme também com histórico
de efeitos malditos.
1 – O Porsche 550 Spyder “Little Bastard” de James Dean
O filme Rebelde Sem Causa de 1955 está marcado para sempre pela morte
do proto-rebelde de todas as gerações James Dean em uma colisão frontal com seu
Porsche apelidado de “Little Bastard” em uma árvore apenas a um mês do
lançamento do filme.
O carro de James Dean
tornou-se um imediato fetiche que só fez aumentar a lenda de uma suposta
maldição: dois médicos chamados Troy McHenry e William Eschrid compraram partes
do "Littles Bastard" em 1956 e colocaram em seus carros de corrida - o
primeiro perdeu o controle e também morreu batendo em uma árvore; o segundo
sobreviveu a um capotamento. O filme de Cronenberg chamado Crash
- Estranhos Prazeres (1996) ilustra bem esse fetiche em torno de
James Dean: em uma sequência vemos um artista performático guiando uma
duplicata do Porsche de Dean, simulando o acidente para uma platéia sádica.
Além de James Dean a má sorte fatal acompanharam os atores Sal
Mineo e Natalie Wood: ele, com 37 anos, foi esfaqueado até a morte em 1976 em
um beco na West Hollywood e ela com 43 anos foi encontrada morta boiando ao
largo da ilha Catalina, na Califórnia.
Dentro da incipiente cultura pop na década de 1950, os “rebeldes
sem causa” James Dean e Marlon Brando foram mais do que materialização do arquétipo do Rebelde –
marcaram o início das tendências do pop que canalizam as tendências depressivas
dos jovens. Mais tarde teríamos punks, góticos, darks, emos etc.
No sentido junguiano, a Sombra do rebelde é o desvio das energias
da inovação, criatividade e contestação para a auto-destrutividade e
criminalidade: jovens stalkers de celebridades, Charles Mason matando Sharon
Tate em um ritual satânico supostamente inspirado na música dos Beatles Healter
Skalter, Mark Chapman matando John Lennon inspirado no livro O Apanhador do Campo de Centeio ou o
punk Sid Vicious diluindo heroína com a água de um vaso sanitário cheio de
vômito em uma festa em uma apartamento em Nova York.
Treinados sob a técnica do Método da Actor’s Studio, Dean e Brando
foram atores de uma era onde a indústria do entretenimento começava a entender
que o seu negócio não se limitava apenas ao poder da tecnologia e do dinheiro:
era necessário também atores que expressassem espontaneidade e performances
autênticas alimentada por aspectos sombrios de seus psiquismos – as perversões
privadas se transformarão em virtudes públicas.
Portanto, para a hipótese Sincromística a indústria do
entretenimento conteria três camadas narrativas simultâneas:
(a) A mais visível para todos: a luta particular dos artistas pelo
sucesso e para alcanças a excelência como ator – nesse plano encontramos apenas
coincidências e “maldições”;
(b) A narrativa das “bruxarias”: artistas são escolhidos e
preparados para uma grande trajetória oculta, dentro do qual fariam parte suas
vidas e mortes – aspectos do psiquismo pessoal são escolhidos para serem
oferecidos como rituais de sacrifício público, como bem demonstrou o filme O
Cisne Negro (2011) de Aronofsky onde uma bailarina com a personalidade
fragmentada é imolada no palco para a garantia de autenticidade da
interpretação da Rainha Cisne de Lago dos
Cisnes;
(c) O mito desenrolando no seu aspecto superior, transpessoal ou
arquetípico: uma narrativa profunda de formas-pensamento semi-conscientes que
possuem artistas, muitas vezes até consumirem totalmente seus próprios
“médiuns” – uma outra narrativa da batalha travadas por poderes na Terra que
usam os rituais mágicos de sacrifício da segunda camada como subterfúgio –
desvio de atenção.
Lembre-se... o próprio Diabo ignora o que seja “magia negra”.