quarta-feira, dezembro 07, 2016
As oportunidades perdidas na série "Under The Dome"
quarta-feira, dezembro 07, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Tinha tudo para dar certo: uma adaptação de
livro do célebre Stephen King e narrativa repleta de alusões gnósticas,
esotéricas e políticas. De repente, de um profundo céu azul, cai sobre
Chester’s Mill uma gigantesca redoma invisível que isola a cidade do resto do
planeta. A redoma testará seus habitantes, retirando deles o melhor e o pior
que a natureza humana pode oferecer. Essa é a série “Under The Dome”
(2013-2015), do mesmo produtor de “Lost”. Mas o intrigante argumento (com a
marca de King ao explorar culpa, medo e o pecado dos personagens) não suportou ao
roteiro: uma colcha de retalhos repleta de eventos aleatórios e ricas alusões
gnósticas e religiosas que foram apenas jogadas para esticar a série por três
temporadas, sem desenvolver de forma consequente nenhuma ideia. O “Cinegnose” analisa as oportunidades perdidas de uma adaptação mal sucedida de Stephen
King.
terça-feira, dezembro 06, 2016
Globo expõe metástase do tautismo na tragédia da Chapecoense
terça-feira, dezembro 06, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Invasão de privacidade e exploração
sensacionalista das emoções são traços generalizados na cobertura de grandes
tragédias pela mídia. Porém, com a Globo há um elemento mais insidioso: depois
de décadas exercendo o monopólio político e comunicacional no País, sua
auto-centralidade entrou em metástase através do tautismo (autismo +
tautologia). A extensa cobertura da tragédia do desastre aéreo do time da
Chapecoense deixou mais explícito esse estado patológico no qual a emissora só consegue
olhar para além dos muros cenográficos do Projac através de referências que faz
de si mesma. Do “turbilhão de emoções” da narração do velório coletivo por Galvão Bueno à
insistência como repórteres e locutores tiveram que demonstrar a si mesmos
emocionados (chegando a fazer “selfies” com celulares), chorando e até
consolados pela mãe de um dos jogadores, é como se o tempo todo repetissem:
“tenho emoções, logo a tragédia é real!”. Chegando a um surreal “Efeito
Heisenberg”: o global Galvão Bueno narrando o outro global Cid Moreira lendo a Bíblia
com a mesma inflexão de voz com que lia as notícias do “Jornal Nacional” e narrava
as peripécias do Mister M.
domingo, dezembro 04, 2016
O "momento decisivo" na foto símbolo da aprovação da PEC 55
domingo, dezembro 04, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Nos dias recentes uma foto por câmera de
telefone celular viralizou na Internet e redes sociais: no salão da Câmara dos
Deputados alegres convivas entre comes e bebes, aparentemente indiferentes ao
que estava acontecendo para além da ampla vidraça: do outro lado do espelho d’água a
violenta repressão aos manifestantes contrários à PEC 55, em meio à fumaça das
bombas de gás. Sua autora, proprietária de uma empresa de comunicação
acostumada ao meio corporativo e relações com autoridades, não tinha a menor
intenção de fazer uma foto de denúncia. Mas, involuntariamente, atingiu aquilo que o fotógrafo Cartier-Bresson
chamava de “momento decisivo” e o semiólogo Roland Barthes de “punctum” - produtos visuais ou audiovisuais podem, dadas
certas condições, ganhar vida própria, tornarem-se autônomos e se desvencilhar
das pretensões informativas ou propagandísticas dos seus emissores. E no Cinema e na Pintura também há vários exemplos disso.
sexta-feira, dezembro 02, 2016
"Abandone a esperança aquele que por aqui entrar", diz o filme "Évolution"
sexta-feira, dezembro 02, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um menino chamado Nicolas vive em uma pequena
comunidade à beira do mar onde só existem mulheres adultas, todas estranhamente
inexpressivas, que cuidam de seus filhos, todos masculinos e da mesma faixa
etária. Ele desenha em seu caderno esboços de experiências que jamais poderia
ter vivido naquela comunidade. Junto com essas memórias, cresce a suspeita de
que todas aquelas mães escondem um terrível segredo: a obsolescência
sacrificial dos jovens. É o filme “Évolution” (2015, co-produção França,
Bélgica, Espanha), uma produção europeia que reúne os cinco elementos básicos
de uma narrativa gnóstica: estranhamento, esquecimento, paranoia e conspiração
de um sistema que não ama aquelas crianças. Lembrando o famoso aviso na entrada do Inferno da "Divina Comédia" de Dante Alighieri: “Abandone toda a esperança aquele que por aqui entrar”.
quarta-feira, novembro 30, 2016
Grande mídia no limiar da Parapolítica com Doria Jr. e Justus
quarta-feira, novembro 30, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em 2010, no programa “Show Business”, João
Doria Jr e Roberto Justus especulavam a possibilidade de ambos serem candidatos
a algum cargo público. Tudo em tom de brincadeira. Hoje, o primeiro já é
prefeito e o segundo cogita ser candidato à presidência em 2018, na esteira
de Trump, também ex-apresentador do reality Show “O Aprendiz”. Enquanto isso, a
crise política criada pelo demissionário ministro do MinC, Marcelo Calero, repercute na vida real o drama ficcional do filme “Aquarius” – Calero tentou faturar
politicamente na entrevista concedida ao “Fantástico” da Globo. Em política não
há coincidências: há conspiração ou sincronismo. E a junção estratégica
desses dois elementos chama-se Parapolítica. Enquanto a Política faz isso de
maneira empírica e irrefletida, a Mídia e Indústria do Entretenimento conseguem
fazer esse alinhamento de forma consciente. Justus, Trump e Doria Jr. têm a
interpretação naturalista: falam o tempo inteiro que não são políticos. São
“gestores” e “administradores”, assim como um ator faz o chamado “laboratório”
de um personagem para representar de forma naturalista o papel. Tão
naturalista, que passa acreditar na própria interpretação. Ao contrário do
político tradicional, que ainda vive a tensão entre a verdade e a mentira – a
dissimulação. É o limiar de um momento histórico: a guinada
para a midiatização da Política (Parapolítica), sem intermediários ainda
apegados ao jogo cênico teatral das aparências dissimuladas.
segunda-feira, novembro 28, 2016
Curta da Semana: "Poet Anderson: The Dream Walker" - como escapar das armadilhas dos sonhos?
segunda-feira, novembro 28, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O cinema sempre mostrou um interesse pelo mundo
dos sonhos. Certamente por que o dispositivo cinematográfico (projetor e tela)
simula a “tela mental” dos sonhos - o mundo onírico como projeções dos nossos
próprios medos, desejos e fantasias. Porém, a inconsciência dessa tela mental
pode nos tornar prisioneiros do “terror noturno” ou das formas-pensamento
plasmadas no mundo etérico. Esse é o tema do curta de animação “Poet Anderson –
The Dream Walker” (2014) dirigido por Tom DeLonge, ex-guitarrista da banda Blink-182.
O curta é mais um exemplo da tendência recente da abordagem dos sonhos no
cinema e audiovisual: a abordagem mais hermética e esotérica sobre os sonhos lúcidos. Curta sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.
sábado, novembro 26, 2016
Filme chinês "Kaili Blues" desafia espectador ocidental com sensibilidade budista
sábado, novembro 26, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Numa dos mais ousados planos-sequência do
cinema recente, 40 minutos acompanhando a viagem do protagonista no interior de
pequenos povoados da China, o diretor Gan Bi busca uma sensibilidade budista
mística sobre os pequenos eventos do cotidiano. O filme “Kaili Blues” (2015) é
um desafio para um espectador ocidental: enquanto estamos acostumados com um
cinema que tematiza as crises existenciais e da perda de identidade, o cinema
chinês de Gan Bi busca, ao contrário, o fluxo e a superfície das águas de um rio
– a crise surge quando tentamos buscar a permanência nas memórias e na própria
identidade. Ilusões que escondem o fluxo contínuo (“samsara”) da vida. Fluxo
tão desafiador como o plano-sequência no qual acompanhamos a viagem de um
médico que retorna a sua terra natal passando por uma estranha cidade.
quinta-feira, novembro 24, 2016
Por que Wall Street investe na deficitária indústria de Hollywood?
quinta-feira, novembro 24, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Franquias hollywoodianas como “Jurassic World”,
“Star Wars” e “Velozes e Furiosos” são celebradas pela grande mídia como responsáveis por supostos recordes históricos na indústria do cinema dos EUA. Porém, essa é a superfície
de uma auto-imagem que Hollywood faz questão de criar, girando em torno do
glamour do Red Carpet e mansões de atores-celebridades nas colinas de Beverly
Hills. Porém, a realidade é outra: apenas 5% dos filmes a cada ano são
rentáveis. O restantes fica entre pesadas perdas e a falência. Mas desde os
anos 1980 cresce o investimento dos fundos de Wall Street nos grandes estúdios
e independentes, apesar do negócio ser incerto e com lucros decrescentes diante
de filmes com orçamentos e retorno imprevisíveis. Por que os ricos fundos de
investimento de Wall Street continuam a financiar produções do cinema, quando poderiam investir em negócios mais seguros? É a pergunta que faz
o artigo “The Hollywood Economics” de Sophie Leech, do site “The Market Mogul”.
Afinal, qual é o tipo de lucro procurado por Wall Street? Financeiro ou
ideológico e político?
quarta-feira, novembro 23, 2016
Em "As Filhas do Fogo" o mundo dos mortos encontra os vivos em plena ditadura militar
quarta-feira, novembro 23, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Muitas vezes acusado de fazer filmes “vazios”
ou “sem brasilidade”, em pleno processo da abertura política na ditadura
militar o cineasta Walter Hugo Khouri escreveu e dirigiu o filme “As Filhas do Fogo”
(1978) com um casal lésbico como protagonista em uma clássica trama gótica na qual os universos
dos vivos e dos mortos se encontram, sob a trilha musical sombria e hipnótica
do maestro Rogério Duprat. Um momento onde a abertura a temas espiritualistas,
místicos e parapsíquicos andou ao lado da abertura política brasileira. Um
filme que vale à pena ser revisto, principalmente pela forma como Khouri
constrói uma trama que aspira à universalidade nas locações de Gramado e
Canela/RS – objetos, personagens e a natureza circundante que parecem encarnar
arquétipos tanto freudianos quanto gnósticos. Tudo isso no momento em que a
ditadura militar desmontava o cinema brasileiro por meio da Embrafilmes.
segunda-feira, novembro 21, 2016
Vídeo revela surto semiótico-esquizofrênico que se espalha pelo País
segunda-feira, novembro 21, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Compenetrada e
em tom de grave denúncia, um dos manifestantes que invadiram a plenária da
Câmara dos Deputados na semana da passada, pedindo “intervenção militar
institucional” no País, gravou um vídeo no qual aponta para um painel dos 100
anos da imigração japonesa dizendo: “cena nojenta, a nossa bandeira com o
símbolo vermelho...”, numa alusão a um suposto complô comunista para alterar a
bandeira nacional. Na verdade a bandeira era do Japão. E o círculo vermelho, o
simbólico Sol Nascente. O vídeo da manifestante viralizou nas redes sociais
como uma insólita gafe que, no máximo, provocaria apenas vergonha alheia.
Porém, é mais do que isso: é um sintoma de um País doente, um surto
semiótico-esquizofrênico. Patologia que, recentemente, acometeu até uma emérita
professora de Semiótica que viu nas ciclofaixas pintadas de vermelho uma cilada
subliminar do Comunismo em São Paulo. Originado no próprio cotidiano esquizoide
das classes médias (submetidas a mensagens contraditórias da sociedade de
consumo), e após ser açodada pela grande mídia para apoiar o recente golpe
político, hoje a patologia espalha-se endemicamente na sociedade expondo três
sintomas principais: paranoia, hebefrenia e catatonia.
sexta-feira, novembro 18, 2016
Em "Sid & Nancy" lixo e fúria no drama gnóstico do Punk Rock
sexta-feira, novembro 18, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Poucos meses
depois da suspeita de ter matado a própria namorada, Nancy Spungen, o baixista
da banda punk Sex Pistols, Sid Vicious, morreu numa overdose de heroína aos 21
anos. O que lhe valeu um lugar no panteão dos ícones trágicos, ao lado de James
Dean, Marilyn Monroe e Elvis Presley. Nele, lixo e fúria se encontraram em um
drama muito maior do que a história de um menino que não estava preparado para
a fama. “Sid & Nancy – O Amor Mata” (1986), de Alex Cox, mais do que um
Romeu e Julieta entre cuspes e palavrões, expõe um drama arquetípico para todas
as sociedades: o drama gnóstico do último grito de revolta do jovem antes de
ser sacrificado nos rituais de passagem para a vida adulta sem esperança. E
como a Luz espiritual do jovem (alegria, confiança, boa fé, fúria e revolta) é
roubada como combustível que dá vida a uma indústria de entretenimento vazia,
assim como mostrado em filmes gnósticos como “Show de Truman” e “Matrix” –
protagonistas prisioneiros para servirem de estoque de energia para manter funcionando
seja um reality show ou um mundo virtual.
quarta-feira, novembro 16, 2016
"Doutor Estranho" submete elementos místico-gnósticos ao clichê da quebra e retorno à ordem
quarta-feira, novembro 16, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Por um lado,
“Doutor Estranho” é uma evolução no universo Marvel: no lugar de super-soldados
e playboys tecnológicos, a magia e a inteligência. Mas do outro, a magia (com
referencias gnósticas e budistas) não é libertária mas destinada a manter a
“ordem natural”: a seta do Tempo, a entropia e a morte – justamente as falhas
cósmicas que o Gnosticismo de produções como “Matrix” ou “Sense8” e o budismo
tibetano (uma fonte de inspiração do personagem) denunciam como prisões na “Roda do Samsara” – ciclo vicioso da
morte/reencarnação. Em "Doutor Estranho" quem pretende romper com a ilusão são os vilões (a “Dimensão Negra” ) e os heróis são aqueles que punem quem pretende quebrar a
Ordem. "Doutor Estranho" explicita o clichê narrativo hollywoodiano que é o cerne
ideológico do entretenimento comercial: "quebra-da-ordem-e-retorno-à-ordem" – a luta para que a ordem seja mantida. Mas o que realmente
fascina o público no filme é o show da possibilidade de que a ordem será toda
mandada pelos ares. Até a magia colocar tudo no lugar.
segunda-feira, novembro 14, 2016
"Enter The Void", drogas e o Livro Tibetano dos Mortos
segunda-feira, novembro 14, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um cineasta ateu
que não crê em reencarnação faz um filme inspirado no “Livro Tibetano dos
Mortos”. Essa é a principal virtude de “Viagem Alucinante” (“Enter The Void”,
2009) do diretor argentino Gaspar Noé. Dessa maneira, o diretor consegue demarcar
a diferença entre filmes religiosos e doutrinários daqueles que nos desafiam a
pensar. “Enter The Void” é tão extremo, sincero e desafiador como a produção
anterior “Irreversível” (2002): as visões flutuantes sobre Tóquio a partir da alma do
protagonista que foi mortalmente baleado sob efeito da droga DMT, acompanhando
os três níveis de consciência pós-morte tais como descritas no livro tibetano.
Neon e profusão de luzes de uma Tóquio que mais parece uma máquina de pinball vão
acompanhar uma jornada espiritual de autoconhecimento em meio a sexo e
violência.
domingo, novembro 13, 2016
Curta da Semana: "Are You Lost In The World Like Me?" - o espelho negro do smartphone
domingo, novembro 13, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Mais um
protesto antissistema que parte do interior do próprio mainstream musical. É o
vídeo-clip “Are You Lost In The World Like Me?” do DJ norte-americano Moby. Uma
animação onde Disney parece se encontrar com Aldous Huxley. Um mundo distópico
de tecno-fatalismo no qual todos são escravos dos verdadeiros espelhos negros
narcísicos atuais representados pelas telas dos smartphones. Como todo produto
industrializado que quer ser anti-establishment, forma e conteúdo estão em
conflito – invoca o arquétipo do Estrangeiro (alienação e estranhamento) mas,
ao mesmo tempo, cria um melancólico conformismo com a previsível estética da
animação vintage e o retrô musical dos anos 1980. É a “Adgnose” na Publicidade
atual.
sábado, novembro 12, 2016
Tautismo e Sincromisticismo na profecia de "Os Simpsons"
sábado, novembro 12, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em 2000, o
cenário com Donald Trump presidente era o mais insano e ridículo que os
criadores de “Os Simpsons” poderiam imaginar. Para o criador Matt Groening
“estava além da sátira”. O episódio “Bart To The Future”, há 16 anos,
mostrando uma Lisa Simpson adulta eleita presidenta para tentar consertar o país
após um catastrófico governo Trump, viralizou nos últimos dias como uma
estranha profecia. A lembrança desse episódio fez parte de uma série de reações
tautistas (autismo + tautologia) ao inesperado terremoto Trump que parece ter
desligado alguma espécie de Matrix: depois de toda uma geração viver no
interior de um “efeito-bolha” liberal, globalizado e cosmopolita criado pelos
algoritmos da Internet e grande mídia (cujos centro espiritual são as startups
do Vale do Silício), de repente descobriu uma América profunda vivendo no
deserto do real – “hillbillies”, “rednecks”, “Hicks” e toda sorte de “white
trash”. E, como sempre, a grande mídia brasileira tautista tenta enxergar nos
EUA a repetição da crise política brasileira que ela própria ajudou a criar.
quinta-feira, novembro 10, 2016
Por que "O Aprendiz" está por trás das vitórias de Trump e Doria Jr.?
quinta-feira, novembro 10, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Depois da
vitória de Doria Jr. nas eleições à prefeitura em São Paulo, o reality show “O
Aprendiz” faz mais um vitorioso: Donald Trump, eleito presidente dos EUA para
surpresa da grande mídia. Mera coincidência? Principalmente em política, não há
causalidades, mas sincronismos. Há um gênio por trás desse evento sincrônico: o
britânico Mark Burnett, atualmente a figura mais poderosa no mercado global dos
reality shows televisivos, idealizador e produtor de franquias como “No Limite”
(“Survivor”), “O Aprendiz” (“The Apprentice”) e “The Voice”. Mas é na
trajetória de Burnett que podemos encontrar sincronismos entre a vida pessoal,
a narrativa desses reality shows e os seus subprodutos famosos: Dória Jr. e
Donald Trump. O gênio de Burnett foi expressar sua experiência de vida nos
shows televisivos que ele idealizou e produziu.
quarta-feira, novembro 09, 2016
O drama sobrenatural de uma perda inexplicável em "Absentia"
quarta-feira, novembro 09, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A cada ano
milhares de pessoas simplesmente desaparecem no mundo sem deixar pistas.
Misture esse dado estatístico real à influência do horror fantástico de H.P.
Lovecraft com a simbologia arquetípica dos túneis. O diretor independente Mike
Flanagan fez isso e resultou no filme “Absentia” (2011), um “terror silencioso”
que pode causar estranheza aos espectadores incautos acostumados ao “gore” da
violência e sangue. Como a dor psicológica da perda inexplicável evolui para o
medo do sobrenatural, em uma narrativa que mistura dramas familiares e
conjugais com o sobrenatural que jaz em
um túnel para pedestres no final da rua de um subúrbio de Los Angeles. Filme
sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.
segunda-feira, novembro 07, 2016
Tautismo da Globo "prevê" resultado de sorteio de mando da final da Copa do Brasil
segunda-feira, novembro 07, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Repercutido nas
redes sociais e dando a oportunidade para toda sorte de especulações, na semana
passada o noticioso da Globo “Hora 1” "previu" o mando da partida final da
Copa do Brasil, mais de 24 horas antes do sorteio público realizado na sede da
CBF no Rio de Janeiro. E a Globo “acertou” o resultado – a finalíssima será em
Porto Alegre. De jornalismo “de hipóteses”, a emissora passou para o jornalismo “de previsões”? Parajornalismo? Ou o tautismo
(autismo + tautologia) da Globo, que atualmente contamina o jornalismo,
telenovelas e esporte da emissora, banalizou-se? Ao ponto de ficção e realidade se
confundirem com a própria descrição que a emissora faz de si mesma, levando a
apresentadora Monalisa Perrone a espontaneamente externar o que já era corrente nos bastidores
do jornalismo global. Seria para a Globo (dona do futebol brasileiro) a “previsão” mais conveniente a seus interesses políticos e comerciais?
Principalmente depois do resultado das eleições em Belo Horizonte?
sábado, novembro 05, 2016
Neon e maquiagem mascaram a morte em "Demônio de Neon"
sábado, novembro 05, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O mundo da Moda
como máquina que tritura a inocência e juventude de modelos é um tema nada novo
no cinema. Mas ao contar a história de uma modelo iniciante que entra no
universo de estilistas e fotógrafos de Los Angeles que mais parece um clube
soturno relacionado com o ocultismo de Aleister Crowley ou o satanismo de
Charles Manson, o filme “Demônio de Neon” (2016) aproxima-se da mitologia gnóstica –
rostos robóticos e sorrisos frios de um mundo sem vida que necessita sugar
vitalidade e inocência dos mais jovens. Um mundo que necessita do neon e
maquiagem para criar a aparência de glamour e brilho, para atrair a juventude
que ponha em funcionamento um mundo que aprisiona a todos. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende
quinta-feira, novembro 03, 2016
O que há em comum entre Cosme e Damião, Halloween e Finados?, por Claudio Siqueira
quinta-feira, novembro 03, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Festa importada
dos Estados Unidos da América, muitos criticam o Halloween como um
estrangeirismo desnecessário. Nos dias 26 (para os católicos) ou 27 de setembro
(para o Candomblé e a Umbanda), comemora-se o dia de São Cosme e São Damião,
mas, ao contrário do que acusam os críticos do sincretismo, o santo doppelgänger
também é fruto de hibridismos gnósticos e representa um arquétipo astrológico.
Quais as conexões entre o sincretismo católico de Cosme e Damião, Halloween e o
Dia de Finados?
Anomalias semióticas no II Congresso do Movimento Brasil Livre
quinta-feira, novembro 03, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Há
algo estranho no material de divulgação do II Congresso Nacional do Movimento
Brasil Livre, a ser realizado esse mês em São Paulo. Um dos principais
protagonistas no impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o MBL divulga uma
rodada de palestras encabeçada pela foto do ministro do STF Gilmar Mendes. Mas
há anomalias semióticas: para começar, a foto com o rosto soturno e patibular do ministro emoldurado por uma composição gráfica de estilo visual vintage e retro-futurista que
lembra alguma coisa entre os créditos de um filme sci-fi dos anos 1970, os bitmaps
de um game Atari ou Nintendo ou capas de discos New Wave dos anos 1980. Para um
movimento que vê a si mesmo como o “novo” e o “futuro”, o que representa esse
irônico futuro retro-vintage? Ato falho? Ou há algo mais? A intenção de
produzir uma comunicação visual deliberadamente pastiche e de mal gosto para
ocultar alguma outra coisa?
segunda-feira, outubro 31, 2016
A Guerra Total de Donald Trump, UFOs e o hoax "Operação Firesign"
segunda-feira, outubro 31, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Aproveitando-se
do impacto do dilúvio de e-mails liberados pelo “Wikileaks” em outubro (muitos dos quais
associados ao tema UFO) e pelas declarações de Hillary Clinton de que o Governo
liberaria informações sobre a questão ufológica, Donald Trump partiu para a
típica estratégia Smart Power de guerra total: um documento intitulado
“Programa de Salvamento” produzido por uma empresa de Inteligência e estratégia
dos EUA, supostamente vazado pelos hacker ativistas “Anonymus” e viralizando na Internet, prevê cenários de False Flag que permitiriam suspender
as eleições. Um deles, seria a “Operação Firesign” criada pela NASA – por meio
de hologramas 3D projetados na alta atmosfera simular uma invasão
extraterrestre. Na verdade, plágio explícito de um episódio da série “Star Trek: A Nova Geração”.
Tudo parece bizarro e risível, não fosse parte da tendência da “Smart Power” na
Política atual – tornar crível ou ambíguo e viral estratégias políticas por
meio de narrativas ficcionais da indústria do entretenimento. Por todos os
lados vemos a chegada da estetização midiática da política. No Brasil, Doria Jr.,
Crivella, Temer etc., todos baseados em personagens e narrativas de
entretenimento.
domingo, outubro 30, 2016
Curta da Semana: "How to Make A Nightmare" - De onde vêm os pesadelos?
domingo, outubro 30, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O
Halloween está chegando, uma data festiva criada midiaticamente a partir da
matéria-prima dos nossos pesadelos. E de onde eles vêm? Do inconsciente? Ou...
alguém ou alguma coisa os produz para ao mesmo tempo se alimentar do nosso medo
e nos manter “na linha” nesse mundo? O curta “How To Make A Nightmare” (2014)
pretende abordar essa questão. O curta é mais uma evidência de como a
sensibilidade gnóstica vem transformando gêneros como o terror e
ficção-científica – se esses gêneros foram tributários do viés da psicanálise
freudiana, nos últimos tempos tudo está mudando: sonhos e pesadelos não são
mais produtos do inconsciente mas agora construções elaboradas por alguém que
não nos ama.
sábado, outubro 29, 2016
Não há fronteiras entre vivos e mortos em "Cemetery of Splendour"
sábado, outubro 29, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Soldados
em uma pequena cidade na Tailândia sofrem de uma estranha doença do sono. Todos
estão em uma enfermaria ligados a máquinas que ajudam a ter “bons sonhos” –
máquinas supostamente usadas pelo exército dos EUA no Afeganistão. Voluntários
e uma sensitiva tentam se comunicar com os soldados para compreender essa
estranha narcolepsia. Enquanto uma empresa de cabeamento escava buracos no
entorno do hospital, a sensitiva descobre que séculos atrás o local foi cenário
de sangrentas batalhas que ainda não terminaram no mundo espiritual: se
perpetuam e sugam a energia dos vivos. Esse é o filme “Cemetery of Splendour”
(2015) do diretor tailandês Apichatpong Weerasethakul cuja filmografia é
permeada pelos temas sobre vidas passadas, reencarnação e memórias. Passado e
futuro se misturam até questionarmos as fronteiras entre os vivos e os mortos,
seja no dia-a-dia, seja até na política.
sexta-feira, outubro 28, 2016
O bizarro show da abertura do túnel suíço: sintoma da cultura do narcisismo
sexta-feira, outubro 28, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A
bizarra e polêmica cerimônia de inauguração do Gothard Base Tunnel (o maior
túnel ferroviário do mundo ligando Suíça à Alemanha) está rendendo comentários
aqui no blog. O “Cinegnose” interpretou o evento pelo viés do
“Sincromisticismo” e do “ecumenismo pós-moderno”. Nosso leitor Wilton Cardoso
propôs mais uma interpretação, dessa vez associando a um sintoma psíquico da
atual sociedade de consumo: a chamada “Cultura do Narcisismo”, tese do norte-americano Christopher Lasch – haveria uma linha de continuidade entre o pastiche
religioso-mítico-ocultista da cerimônia do túnel suíço e o pastiche de produtos
como “Harry Potter”, “Senhor dos Anéis” etc.
quarta-feira, outubro 26, 2016
Bizarro show da abertura de túnel na Suíça: Satanismo? Illuminatis? Ou evento sincromístico?
quarta-feira, outubro 26, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Depois
de 17 anos de construção do túnel ferroviário mais longo do planeta que
atravessa a base dos Alpes suíços, ligando aquele país à Alemanha, foi
inaugurado no dia 01 de junho desse ano o “Gotthard Base Tunnel”. A cerimônia
foi transmitida ao vivo pela grande mídia europeia como um grande show teatral
multi-mídia. E o que críticos e espectadores descreveram nas redes sociais como “a cerimônia mais bizarra e confusa da História”: “ritual ocultista bizarro”,
“satânico”, “manifestação pós-cristã da Nova Ordem Mundial”, “celebração
Illuminati” diante de espectadores formados pelos mais altos dignitários da
elite política europeia . Não precisa dizer que o evento incendiou a imaginação
dos teóricos da conspiração. O fato é que o espetáculo teatral pareceu alguma
coisa entre o “Teatro da Crueldade” de Artaud e a performance do grupo catalão
“La Fura dels Baus. E turbinado por uma massiva simbologia hermética, pagã e
religiosa. Sabemos que não é a primeira que lemos notícias sobre membros da
elite global assistindo a rituais ou cerimônias ocultistas. Como interpretar
esse estranho evento midiático, sem cair em um conspiracionismo rasteiro?
Algumas hipóteses do Cinegnose: Sincromisticismo e Ecumenismo Pós-Moderno. Pauta sugerida pelo nosso leitor Antonio Manuel da Silva Filho.
segunda-feira, outubro 24, 2016
Uma viagem no tempo quântica e noir em "Synchronicity"
segunda-feira, outubro 24, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Nos últimos anos, os filmes sci-fi de baixo orçamento estão apresentando uma verdadeira revolução na abordagem do tema viagem no tempo: caros efeitos especiais digitais são substituídos por roteiros desafiadores e inteligentes; e a abordagem relativística (Einstein) do tempo é trocada pelos desafios e paradoxos do tempo quântico: dimensões paralelas com um número infinito de possibilidades coincidindo simultaneamente. O filme “Synchronicity” (2015) é mais um exemplo dessa tendência no gênero. O tema da viagem no tempo com referencias ao “sci-fi noir” do clássico “Blade Runner”, de Ridley Scott. Como nos filmes “noir” clássico, “Synchronicity” faz a narrativa girar em torno da mulher fatal, que é a encarnação cinematográfica do mito gnóstico de Sophia – uma mulher que serve de ponte para o protagonista atravessar os diversos mundos dimensionais em busca de si mesmo, enfrentando seus diversos “duplos”.
sexta-feira, outubro 21, 2016
"Computers for Everyone": houve uma falha na Matrix em 1965?
sexta-feira, outubro 21, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em
1965, uma obscura revista de história em quadrinhos inglesa para crianças e
jovens chamada “Eagle” publicou um artigo intitulado “Computers For Everyone”.
O texto previa com assombrosa exatidão o surgimento dos motores de busca na
Internet para os anos 1990 e serviços análogos aos atuais Netflix, Kindle e
Skype. Isso, cinco anos antes da pré-história da moderna Internet, a Arpanet em
1969. O que espanta é que foram profecias bem diferentes daquelas famosas de
escritores como Júlio Verne ou H.G. Wells: em pleno mundo analógico dos anos
1960, o artigo previa gadgets digitais como a Internet das Coisas. Apenas boa
futurologia? Ou haveria uma outra narrativa para a história da ciência e
tecnologia? Todas as invenções que irão estruturar o futuro já foram descobertas
e patenteadas. Elas são “desovadas” aos poucos, de acordo com necessidades
estratégicas de mercado, políticas ou militares. Poderiam assombrosas visões do
futuro como essas publicadas em um comic book isolado ser uma falha na Matrix?
Um verdadeiro déjà-vu?
quinta-feira, outubro 20, 2016
Netflix, Operação Lava Jato e o "Smart Power"
quinta-feira, outubro 20, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O
Netflix anunciou para o ano que vem uma série baseada na atual Operação Lava
Jato, em cartaz na grande mídia desde 2014, estrelada pelo protagonista Sergio
Moro. Curioso sincronismo entre uma operação, cujas ações sempre foram pautadas
por simbolismos e timing midiático, e uma série ficcional inspirada em evento
real ainda em evolução. Desde “House of Cards”, o Netflix vem protagonizando
recorrentes “coincidências significativas” – parece que suas produções pontuam
e até interveem na atual crise política brasileira. Coincidência? Ou estamos
testemunhando a nova política externa da chamada “Smart Power” (Hard Power +
Soft Power) implementada por Hilary Clinton no Departamento de Estado dos EUA
em 2009? Armas e bombas + indústria do entretenimento, produções midiáticas que
estariam além da mera imposição ideológica. Agora, sofisticada engenharia de
opinião pública onde eventos reais dialogam com narrativas ficcionais, até que
paradoxalmente a realidade se torne verossímil por meio da ficção: se virou
série, então é verdade!
terça-feira, outubro 18, 2016
O futuro já está entre nós no filme "Metropia"
terça-feira, outubro 18, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em
um futuro não muito distante a Europa foi interligada por uma massiva rede de
metro, o Estado sumiu e foi substituído por uma gigantesca corporação após o
crash financeiro e a crise energética e climática. Enquanto isso, as pessoas
isoladas nas suas casas se divertem vendo um game show televisivo com refugiados que disputam visto para legalizarem a situação na Europa. Quem
perde é ejetado para o mar. Parece com algo familiar? Essa é a animação sueca
“Metropia” (2009) uma paradoxal ficção científica na qual a sensação de futuro
deixa de existir. “Metropia” é uma “hipo-utopia”: o futuro já está entre nós,
no presente. Diferente das tradicionais distopias, essa animação é uma
“hipo-utopia”, a exemplo de filmes como “Distrito 9”: o futuro nada mais é do
que uma projeção hiperbólica das mazelas do presente – precarização do
trabalho, deterioração urbana, lavagem cerebral midiática, racismo e xenofobia.
sábado, outubro 15, 2016
O fim do Cine Brasília em Santos e o projeto oculto da grande mídia
sábado, outubro 15, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O
Cine Brasília, em Santos, litoral de São Paulo, foi o último cinema de bairro da
cidade a fechar suas portas. Com sua estética modernista que procurava emular a
Brasília de Oscar Niemeyer e, assim como todos os outros cinemas de bairro, foi
corroído por dois fatores que ajudaram a implantar no País o projeto da grande
mídia idealizado pelo Golpe Militar de 1964: concentração do lazer
exclusivamente na TV e, principalmente, a recessão econômica e hiperinflação.
Não é à toa que cinemas de bairro viraram supermercados, igrejas evangélicas ou
bingos – explorar a desesperança oferecendo alguma possibilidade de salvação,
seja para o bolso ou para a alma. Esse é o projeto oculto: quanto pior o País, melhor para a grande
mídia. Assim, sempre terá uma audiência deprimida e amedrontada. Por isso, fiel
e isolada dentro de suas casas diante do neuroléptico da TV. Sem renda para
usufruir do verdadeiro lazer, entretenimento e cultura oferecidos por cinemas e
teatros.
sexta-feira, outubro 14, 2016
Curta da Semana: "A Bicycle Trip" e "Velodrool" - Bikes e a viagem física e espiritual
sexta-feira, outubro 14, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A
bicicleta, tanto como prática desportiva ou meio de transporte, propicia um
duplo sentido de viagem: tanto espiritual quanto física. É sintomático que o
Dia Mundial da Bicicleta (19 de abril) nasceu após uma “viagem”: a celebração
do experimento científico do químico Albert Hofmann, o primeiro a sintetizar o
LSD e ingerir propositalmente o ácido antes de retornar para sua casa de bike.
Dois curtas celebram essa conexão entre o físico e o espiritual no ciclismo: o
curta de animação italiano “A Bicycle Trip” (2007) e o curta também de animação estoniano “Velodrool” (2016),
ambos trabalhos de conclusão de curso em cinema. O primeiro tenta recriar a
experiência de Hofmann. E “Velodrool”, o conflito entre o lúdico e espiritual
contra os interesses por trás da dopagem de atletas. Tudo em uma narrativa
delirante e surreal.
quinta-feira, outubro 13, 2016
Leitor do Cinegnose desconstrói nota informativa do Bank of America sobre a Matrix
quinta-feira, outubro 13, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Como explicar a adesão de profissionais dos mercados financeiros à hipótese de que vivemos em uma grande simulação computacional – a Matrix? Em postagem anterior o “Cinegnose” discutia quatro hipóteses que explicam o porquê de um anúncio sobre a probabilidade de vivermos em uma Matrix contida em nota informativa para clientes emitida pelo Bank of America Merrill Lynch no mês passado. Nosso leitor Wilson Cardoso sugeriu uma quinta hipótese bem interessante: mecanismo psíquico de projeção à nossa submissão ao capital financeiro.
quarta-feira, outubro 12, 2016
Tautismo agora ronda telenovelas da Globo
quarta-feira, outubro 12, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Depois do telejornalismo e do esporte, agora o tautismo (autismo+tautologia) chega às telenovelas da Globo. Em crise de audiência pelo desgaste do gênero e a concorrência das séries em streaming na Internet, a emissora apela para a autofagia tautista ao escalar os atores Luís Melo e Giovana Antonelli para o núcleo japonês de “Sol Nascente”, gerando protestos: atores brasileiros se passando por japoneses? "Yellowfaces" e preconceito?. A Globo manda às favas a verossimilhança, a própria essência de um roteiro ficcional, e prefere a sinergia entre o folhetim eletrônico e o mercado publicitário como reação desesperada à crise da telenovelas. Uma sinergia tautista que começa até a criar “coincidências significativas” e ricas de simbolismos como o ator Murilo Benício transformado em garoto-propaganda de uma empresa de investimentos. Sinal dos novos tempos: sai o Tufão (o desajeitado ícone da “Classe C” da Era Lula) e entra o investidor yuppie elegante.
terça-feira, outubro 11, 2016
Cineteratologia: a ciência dos monstros no Cinema
terça-feira, outubro 11, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Assim
como a Teratologia, ramo da ciência médica conhecida também como “ciência dos
monstros” (o estudo de como o meio ambiente pode produzir deformações pré-natal),
seria necessário um estudo sobre como as transformações dos ambientes
sócio-culturais alteram as expressões da monstruosidade e a sensibilidade ao
terror e o horror no cinema e audiovisual – a Cineteratologia. A partir de “A
Noite dos Mortos Vivos” (1968), de George Romero, acompanhamos a quebra o
paradigma da monstruosidade clássica e a criação de uma nova galeria de
monstros com mudanças estéticas (não são mais “disformes”, mas agora “informes”
– os chamados “monstros moles”) e éticas – o comportamento violento é
inimputável de qualquer julgamento moral. São apenas manifestações virais ou
predadores que lutam para sobreviver. Por que essa alteração na natureza da
monstruosidade moderna?
segunda-feira, outubro 10, 2016
Bank Of America anuncia probabilidade de estarmos vivendo na Matrix
segunda-feira, outubro 10, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Vivemos em uma gigantesca simulação semelhante à Matrix e nesse momento
bilionários estão financiando cientistas que pensam em uma saída. Essa
afirmação não foi feita por algum escritor de ficção científica, teórico da
conspiração ou filósofo. Ao contrário, foi anunciado como uma variável em
cenários futuros de investimentos em uma nota informativa distribuída para
clientes do Bank of America Merryl Lynch, uma das maiores instituições
financeiras dos EUA. Como assim? Profissionais supostamente realistas e pragmáticos
do mundo dos negócios levando à sério hipóteses de filósofos como Nick Bostrom
ou de físicos teóricos? Quais os efeitos dessa variável em um cenário futuro de
negócios em games, computadores, Realidade Virtual e Realidade Aumentada?
Alívio cômico em uma sisuda nota informativa? Sintoma de um espírito de época?
Ou além dos cientistas, os próprios operadores financeiros esbarraram em alguma
anomalia nos algoritmos que pilotam operações em milissegundos?
sábado, outubro 08, 2016
A armadilha quântica do tempo no filme "Arq"
sábado, outubro 08, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em um cenário distópico num mundo em crise energética e ambiental, um
engenheiro cria uma máquina que produz energia ilimitada. Mas que também produz
um efeito colateral imprevisto: o tempo ilimitado – um loop temporal que
aprisiona todos os personagens em uma torsão tempo-espaço. Esse é a produção
Netflix “Arq” (2016), um inteligente mix de “Feitiço do Tempo”, “Contra o
Tempo” e “Efeito Borboleta”. Mas o moto-contínuo de “Arq” é muito mais do que
uma máquina do tempo: os personagens são prisioneiros da própria “gravidade
quântica” – o mesmo acontecimento repetido diversas vezes cria uma “nuvem” de
possibilidades, assim como elétrons em torno do núcleo de um átomo. E somente a
memória e “déjà-vus” poderão tirar os protagonistas dessa nuvem, fazendo
emergir a seta do tempo nesse filme CronoGnóstico.
quarta-feira, outubro 05, 2016
Deus é um homem que enlouqueceu em "On The Silver Globe"
quarta-feira, outubro 05, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Astronautas chegam a um planeta parecido com a Terra com a missão de
povoá-lo e recriar a humanidade a partir do zero. Mas ao invés de se tornarem
livres, repetem, numa versão caricata e sombria, as mesmas mazelas que deixaram
na Terra: a religião, guerras santas, hierarquias, violência e o hedonismo das
drogas alucinógenas. Muitos críticos consideram o filme polonês “On The Silver
Globe" ("Na srebrnym globie", 1988) um “Star Wars com LSD”. Censurado pelo regime comunista polonês em
1977, o diretor Andrej Zulawski conseguiu finalizá-lo em 1988, mesmo com a
filmagem incompleta. Para solucionar o problema, o diretor transformou o filme
em um “found footage”. Por isso, as duas horas e meia do filme são para
espectadores curiosos e corajosos: Zulawski faz um mergulho caótico e lisérgico
no psiquismo de astronautas que tinham tudo para serem livres. Mas apenas
contaminaram aquele planeta com a “peste” que trazemos em cada um de nós.
segunda-feira, outubro 03, 2016
Com Doria Jr. mídia não quer mais intermediários
segunda-feira, outubro 03, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Desde a chamada “crise hídrica”, o Estado de São Paulo é o laboratório de
testes para tudo aquilo que espera o restante do País para o futuro. Lá, foi a
engenharia de opinião pública para demonstrar que a água é um bem escasso e
que, portanto, deve ser regulado pelo mercado como uma mercadoria qualquer. E o
Parque Victor Civita na cidade de São Paulo foi o seu showroom. Agora, o teste
bem sucedido do primeiro “gestor-midiático” vitorioso nas eleições municipais
de São Paulo. João Doria Jr. representa a impaciência da grande mídia em
cumprir sua agenda: chega de intermediários! Políticos tradicionais, com a sua
melodramática “mise-en-scène teatral”, não têm timing midiático. Doria Jr. é o
novo espécime da transpolítica futura: egresso do mundo da mídia e publicidade,
aquele que nega a si mesmo como político. Assim como aquela campanha
publicitária de um banco que foi adquirido pelo Itaú: “nem parece banco...”.
Enquanto isso, as esquerdas lamentam mais uma “revolução traída”.
domingo, outubro 02, 2016
A banalidade do Mal do ocultismo nazi no filme "O Cremador"
domingo, outubro 02, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um operador de um crematório na antiga Tchecoslováquia, às vésperas da
invasão nazista, é um respeitado e aparentemente equilibrado chefe de família
que recita nos jantares teses do Livro Tibetano dos Mortos, é obcecado em
budismo e reencarnação. E também acredita na missão messiânica da sua
profissão: acelerar o trabalho de Deus de fazer o homem retornar ao pó. Essa
mistura de cristianismo e budismo na sua cabeça vai encontrar o esoterismo nazi
que começa a se espalhar pelo país – a pureza da raça ariana cujas origens
milenares estariam no Tibete e a sabedoria guardada pelos lamas. O filme “O
Cremador” (Spalovac Mrtvol, 1969) do diretor tcheco Juraj Herz é um mergulho no
psiquismo da chamada “banalizadade do Mal”, motor psicológico do nazi-fascismo:
como um homem aparentemente equilibrado e sem precedentes violentos mistura
cristianismo, budismo e ocultismo nazi para se auto-investir com um propósito
sinistro: eliminar a dor e a impureza desse mundo através das fornalhas do seu
crematório.
sábado, outubro 01, 2016
Curta da Semana: "Waltz For One" - o medo do futuro
sábado, outubro 01, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Enquanto EUA e URSS disputam a corrida espacial dos anos 1960, um excêntrico milionário financia sua própria viagem espacial buscando quebrar o recorde de permanência solitária em orbita da Terra. Mas um irritante “beep” de mau funcionamento do sistema somado à claustrofobia e delírio no interior de uma minúscula cápsula ameaçam a missão. Esse é o curta “Waltz For One” (“Valsa para Um”, 2012), lançado pelo coletivo de artistas “Intellectual Propaganda”. É muito mais do que uma paródia aos cânones de filmes do gênero (entre eles, “2001” de Kubrick): é uma melancólica desconstrução do gênero ficção científica, enfraquecido na pós-modernidade porque perdeu a própria essência que o constituía - a visão confiante e utópica no futuro. O sintoma de uma sensibilidade atual marcada pela incerteza e temor em relação ao futuro.
sexta-feira, setembro 30, 2016
Branca de Neve e a mídia em "Blancanieves y Los 7 Enanitos Toreros"
sexta-feira, setembro 30, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Como recontar nos tempos atuais a velha estória da Branca de Neve dos Irmãos Grimm? Paradoxalmente, o diretor espanhol Pablo Berger optou narrar o conto clássico através de um filme mudo e em preto e branco. E mais: ambientada na década de 1920 do século passado. Mas com uma forte atualidade: é a década do surgimento da cultura da celebridade onde a madrasta má não tem inveja da Branca de Neve pela sua beleza. Mas porque se tornou uma toureira que ocupa mais espaço nas colunas sociais do que ela, uma celebridade fútil e vazia. “Blancanieves y el 7 Enanitos Toreros” (Branca de Neve e os 7 Anões Toureiros, 2012) é a mais surpreendente adaptação do velho conto cujo modelo atual acabou sendo a versão da Disney de 1937. Mas Pablo Berger cria uma versão mais cáustica, transitando entre o humor negro e a tragédia – como a inocência de Branca de Neve se perde na evolução da indústria do entretenimento, dos “freak shows” do século XIX para a cultura das celebridades atual.
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