quarta-feira, outubro 26, 2016

Bizarro show da abertura de túnel na Suíça: Satanismo? Illuminatis? Ou evento sincromístico?


Depois de 17 anos de construção do túnel ferroviário mais longo do planeta que atravessa a base dos Alpes suíços, ligando aquele país à Alemanha, foi inaugurado no dia 01 de junho desse ano o “Gotthard Base Tunnel”. A cerimônia foi transmitida ao vivo pela grande mídia europeia como um grande show teatral multi-mídia. E o que críticos e espectadores descreveram nas redes sociais como “a cerimônia mais bizarra e confusa da História”: “ritual ocultista bizarro”, “satânico”, “manifestação pós-cristã da Nova Ordem Mundial”, “celebração Illuminati” diante de espectadores formados pelos mais altos dignitários da elite política europeia . Não precisa dizer que o evento incendiou a imaginação dos teóricos da conspiração. O fato é que o espetáculo teatral pareceu alguma coisa entre o “Teatro da Crueldade” de Artaud e a performance do grupo catalão “La Fura dels Baus. E turbinado por uma massiva simbologia hermética, pagã e religiosa. Sabemos que não é a primeira que lemos notícias sobre membros da elite global assistindo a rituais ou cerimônias ocultistas. Como interpretar esse estranho evento midiático, sem cair em um conspiracionismo rasteiro? Algumas hipóteses do Cinegnose: Sincromisticismo e Ecumenismo Pós-Moderno. Pauta sugerida pelo nosso leitor Antonio Manuel da Silva Filho.

A lenda é contada nos cantões suíços. Moradores pediram ajuda ao Diabo em pessoa  na construção de uma ponte para poderem atravessar um perigoso despenhadeiro naquele montanhoso país. O Diabo concordou, mas exigiu, em troca, a primeira alma da pessoa que atravessasse a ponte.

Ponte pronta, chegara a hora de honrar o sinistro compromisso. Mas os aldeões enganaram o Diabo e enviaram uma cabra no lugar de um homem para passar pela ponte. Enfurecido, o Diabo se dirigiu a uma grande pedra que pretendia jogar na ponte para destruí-la. Antes disso, uma mulher colocou a marca da cruz sobre a rocha, impedindo que o Diabo a tocasse. Percebendo a impossibilidade de punir aqueles que romperam o contrato, em seguida o Diabo desceu para o interior da montanha.

Foi inspirado nessa lenda que o diretor teatral alemão Volke Hesse concebeu a cerimônia de inauguração considerada por muitos a mais bizarra e confusa da história das inaugurações de grandes obras de engenharia.


Foi a cerimônia de abertura do projeto Gotthard Base Tunnel em 01 de junho desse ano, uma obra que levou 17 anos para ser concluída ao custo de 8,5 milhões de libras. O túnel tem 57 kms (o mais longo túnel ferroviário do mundo) através da base dos Alpes suíços, ligando a Suíça à Alemanha. Esse feito de engenharia encurta a viagem de trem entre os dois países em uma hora.

Celebração da “cultura alpina”


Mas, a estranha cerimônia parece ter ofuscado em muito a proeza de engenharia. Nesses últimos meses a Internet e as redes sociais estão explodindo em interpretações e denúncias de que, na verdade, tudo não passou de uma celebração satânica que comemorou a libertação do Diabo dos fundos da montanha para emergir ao mundo!

Ou seja, na verdade a cerimônia teria sido uma suposta celebração de um novo epílogo para aquela lenda transmitida oralmente pelos aldeões dos cantões suíços.

Para a BBC, a cerimônia foi uma “celebração da história da cultura alpina”. Para os cristãos, a apresentação do Satanás libertado e a conquista diabólica do mundo. E para os teóricos da conspiração, um inacreditável e explícito ritual illuminati.


Assistiram ao espetáculo altos dignitários europeus, entre eles o presidente francês François Hollande, o chanceler austríaco Christian Kern, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro-ministro italiano Matteo Renzi.

A cerimônia foi transmitida para todo o continente. E, segundo a própria BBC e o Daily Mail, a maioria do público ficou confusa e perplexa com o desempenho de 600 atores e dançarinos com figurinos, adereços e imagens simbólicas que sugerem temas do Apocalipse, paganismo e magia negra – atores representados trabalhadores do túnel mortos em acidentes sendo levados por um anjo andrógeno com imensas asas e uma estranha e enorme máscara de um bebê (certamente não era um “anjo de luz”), bestas cabras sugerindo atos sexuais, a presença de um cordeiro morto (o cordeiro de Deus?), homens cobertos por um tecido branco e transparente acompanhando como fossem seguidores de um “homem-cabra” sugerindo a imagerie de discípulos seguindo Jesus etc.

Vamos tentar analisar de forma objetiva essa cerimônia que, para começar a partir das fotos, já é logo de cara bizarra. Parece ser alguma coisa entre Teatro da Crueldade de Artaud, a percussão crua do grupo inglês Stomp e as acrobacias do grupo de teatro catalão La Fura dels Baus. Mas tudo turbinado com uma massiva simbologia mítico-ocultista e religiosa.


A Cerimônia


O espetáculo iniciou no túnel, no interior da montanha. Uma carruagem puxada por cinco cavalos sai veloz do interior do túnel. Com olhares fixos e rostos inexpressivos um grande grupo de mineiros, com macacões laranja, sai marchando como uma legião de zumbis. Na imagem projetada na parede ao fundo, um grande rosto com olhos como vigiando aquele grupo.

Trabalhadores que morreram nas obras são simbolizados por mineiros em véus brancos. Voa um estranho anjo com uma grande máscara de bebê deformado – um anjo recolhendo a alma das vítimas?

Salta um ator com o figurino de uma espécie de homem-cabra que ritualisticamente parece consumir o acasalamento com dançarinos velados. Durante essa sequência é projetado rosto de um ator “homem-cabra” com seus longos chifres em um fundo preto e vermelho e fogo absorvendo o entorno do rosto, enquanto três escaravelhos egípcios flutuam na frente da tela.

Repentinamente, tudo se transforma em um ritual pagão com atores em roupas negras e nas suas cabeças ninhos, plantas e árvores.


A cerimônia termina com o homem-cabra ressuscitado, após os atores cantarem uma canção que misturava germânico antigo com italiano. A figura híbrida homem/animal passa a ser adorado como a representação da tecnologia, indústria e a sociedade moderna.

Como interpretar tudo isso? Exposição explícita da simbologia Illuminati? Confirmação de que a elite global pactua com o Oculto? A celebração de uma Nova Ordem Mundial Satanista?

Teatro da agitação e Bohemian Grove


Em primeiro lugar, o diretor do espetáculo, Volker Hesse (premiado com a maior honraria do teatro suíço, o Hans Reinhart Ring), em uma entrevista dada a Swissinfo (SWI) explicou que seu estilo é o “teatro da agitação”, um teatro político. A certa altura, afirma, para arrepiar os leitores em busca de uma explicação, que “celebrou missas negras selvagens...”. Só não detalhou se ele se referia à suas produções teatrais ou à vida pessoal – clique aqui.

Por outro lado, casos de membros da alta elite político-financeira global participando de espetáculos sobre rituais bizarros não é nenhuma novidade. O mais notório e documentado é o evento anual promovido pelo Bohemian Grove, clube exclusivo masculino fundado em 1872 em Monte Rio, Califórnia.


Todo verão, no mês de julho, seus 2.500 membros participam de um “acampamento” no qual, além de participar de palestras sobre conjuntura mundial, assistem ao ápice do evento: um estranho ritual conhecido como “Cremation of Care”, realizado aos pés de uma estátua de coruja com 12 metros de altura. Cerimônia que, por anos, foi narrada pelo apresentador de TV Walter Cronkite.

Uma cerimônia “mística, religiosa, luciferiana e babilônica”, segundo o jornalista Alex Jones que, munido de uma câmera digital secreta, filmou todo o ritual no ano 2.000: banqueiros, políticos, executivos da grande mídia e atores de Hollywood estão lá, parados, observando sacerdotes em hobbies negros e vermelhos fazendo um estranho ritual – depositam em uma pira incendiária um boneco encenando um sacrifício humano em meio a cânticos e efeitos pirotécnicos. A filmagem de Alex Jones resultou no documentário The Dark Secrets Inside Bohemian Grove.

Ecumenismo Pós-Moderno


O que levou outro pesquisador, Jon Ronson, a concluir: “A minha impressão é que em tudo isso permeia uma sensação de imaturidade: imitadores de Elvis, assustadores rituais pseudo-pagãos e bebedeiras. Essas pessoas podem ter atingido o ápice das suas profissões, mas emocionalmente parecem ainda presos aos seus anos de faculdade” – veja RONSON, Jon, Them: Adventures with Extremists, Simon and Schuster, 2002, p. 321.

Outra interpretação possível: Ecumenismo Pós-Moderno. A elite há séculos persegue o ideal da criação de uma Nova Ordem Mundial Global. O fenômeno contemporâneo da chamada “New Age” (“Nova Era”, movimento espiritual  buscando a fusão Oriente/Ocidente ao mesclar autoajuda, psicologia motivacional, Budismo, Taoísmo e física quântica) é a construção de uma superestrutura espiritual que legitime uma ordem globalista baseada na liquidez, financeirização e  moeda sem pátria.

Uma nova religião, igualmente sem pátria, global, construída a partir do pastiche dos escombros das religiões monoteístas do passado (cristianismo, judaísmo, islamismo) e tradições herméticas e pagãs.

O Nazismo tentou fazer isso objetivando a “Nova Ordem”: a mescla de Budismo Tibetano, mitologia nórdica, paganismo e cristianismo.


Senhores dos seus próprios infernos


O Cinegnose não crê em “conspirações”, no sentido de uma ação arquitetada e friamente planejada por homens fechados em salas secretas traçando metodicamente planos. Esse humilde blogueiro crê numa realidade mais caótica na qual essa elite até tenta fazer isso: mas desperta forças tão explosivas (desse e do “outro mundo”) que acabam por criar conjunturas incontroláveis. As quais, claro, vão explodir nas costas das classes sócio-economicas inferiores.

Como chegamos a concluir em postagem anterior (clique aqui), podemos interpretar essa bizarra cerimônia na Suíça como um evento principalmente sincromístico. Partindo do argumento de Jon Ronson (a imaturidade e irresponsabilidade das elites) chegamos a estas conclusões:

(a)    De forma imatura e sensacionalista manipulam egrégoras, formas-pensamento ou arquétipos com forças reais (criações mentais que utilizam matéria fluídica capazes de criar formas autônomas no Plano Astral,) amplificando suas programações ocultas inadvertidamente através das mídias, produzindo esse “oceano de pensamentos” que constitui o contínuo midiático atmosférico. Em dadas circunstâncias podem entrar em contato com o mundo real, produzindo eventos ou conexões significativas como violência, guerras, assassinatos e demais formas perversas de comportamentos individuais ou coletivos – sobre isso clique aqui;

(b)   A manipulação dessa magia ritual, mitos e simbolismo antiquíssimos por uma elite política refletiria o desejo profundo desses indivíduos se libertarem da má consciência (culpa ou ódio) que os acompanha e dos poderes corporativos ou políticos aos quais devem se submeter. Em outras palavras, tentam se tornar os senhores dos seus próprios infernos. Assim como o famoso mago Aleister Crowley pretendia transformar o próprio Satanás em seu subordinado.




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