segunda-feira, outubro 10, 2016

Bank Of America anuncia probabilidade de estarmos vivendo na Matrix


Vivemos em uma gigantesca simulação semelhante à Matrix e nesse momento bilionários estão financiando cientistas que pensam em uma saída. Essa afirmação não foi feita por algum escritor de ficção científica, teórico da conspiração ou filósofo. Ao contrário, foi anunciado como uma variável em cenários futuros de investimentos em uma nota informativa distribuída para clientes do Bank of America Merryl Lynch, uma das maiores instituições financeiras dos EUA. Como assim? Profissionais supostamente realistas e pragmáticos do mundo dos negócios levando à sério hipóteses de filósofos como Nick Bostrom ou de físicos teóricos? Quais os efeitos dessa variável em um cenário futuro de negócios em games, computadores, Realidade Virtual e Realidade Aumentada? Alívio cômico em uma sisuda nota informativa? Sintoma de um espírito de época? Ou além dos cientistas, os próprios operadores financeiros esbarraram em alguma anomalia nos algoritmos que pilotam operações em milissegundos?

Se a teoria de que o Universo inteiro é, na verdade, uma simulação computacional partisse apenas de filósofos, físicos teóricos ou místicos, até poderíamos retrucar dizendo que tudo não passa de diletantismo de gente que não tem mais o que pensar. Pensaríamos até indicar esses cientistas ao famigerado Prêmio IgNobel – prêmio dado àquelas pesquisas científicas mais estranhas do ano que “fazem rir, e depois pensar”.

Mas quando essa mesma teoria é apoiada por profissionais do mundo pragmático dos mercados financeiros, aquela pulga atrás da orelha começa a incomodar. E, o que causa mais perplexidade, essa teoria torna-se uma das variáveis dos futuros cenários de investimentos.

De acordo com o Bank of America Merrill Lynch (BAML), uma das maiores instituições financeiras dos EUA, o plot que os irmãos Wachowski criaram para a trilogia Matrix está muito próximo da realidade.


Segundo a versão online do Daily Mail (clique aqui) e do Business Insider (clique aqui), nota informativa enviada aos investidores do BAML em seis de setembro diz que há entre 20% e 50% de chance de todos nós estarmos vivendo em uma Matrix – o que significa que todos nós, nossas vidas pessoais e financeiras, estão imersas em uma simulação.

O BAML chega a citar as  teses de Elon Musk, Neil deGrassi e do filósofo de Oxford Nick Bostrom – cujas ideias já foram discutidas nesse Cinegnoseclique aqui.

A nota descreve que no início desse ano, pesquisadores se reuniram no Museu Americano de História Natural para debater essa hipótese e diz:
Muitos cientistas, filósofos e líderes empresariais acreditam que há entre 20% a 50% de probabilidade que os humanos vivem em no interior de uma simulação computacional. Em abril de 2016, pesquisadores fizeram um encontro no Museu Americano de História Natural para debater a questão. O argumento é que estamos muito próximos de simulações foto-realistas em 3D nas quais milhões de pessoas poderão simultaneamente participar. É concebível que com os avanços atuais em inteligência artificial, realidade virtual e capacidade computacional, membros de uma civilização futura tenham decidido ‘rodar’ uma simulação da realidade para seus antepassados [ou seja, todos nós].
Infográfico da nota informativa do BAML mostrando cenários futuros, inclusive a possibilidade de estarmos vivendo em um mundo simulado

Cenários prováveis

Também a nota informativa do BAML destaca três cenários futuros prováveis que Nick Bostrom cria para a espécie humana: (a) extinção antes de chegar a fase “pós-humana”; (b) atingir a fase pós-humana, mas sem conseguir simular a história evolutiva; (c) já estamos na Matrix.

Ao mesmo tempo em que o BAML soltava essa nota informativa, a Business Insider especula, a partir de um artigo da revista New Yorker, que algumas das pessoas mais ricas e poderosas do planeta estão financiando cientistas para ajuda-los a sairmos dessa simulação.

Entre eles estão Elon Musk - fundador da Tesla Motors e da SpaceX – empresa que pretende enviar para Marte o primeiro voo espacial tripulado privado; além disso é sócio com Sam Altman da Open AI, empresa que estuda Inteligência Artificial. Inclusive, Sam Altman afirmou: “Ou nós escravizamos a IA, ou ela nos escraviza”.

Tad Friend, jornalista da revista New Yorker, afirma: “muitas pessoas no Vale do Silício estão obcecadas com a hipótese da simulação, o argumento que aquilo que experimentamos como realidade é de fato fabricado num computador. Dois bilionários da tecnologia chegaram a secretamente engajar com cientistas para trabalhar em livrar-nos da simulação” – leia “Sam Altman’s Manifest Destiny”, New Yorker.


Embora ainda não esteja claro quais as implicações que a confirmação da hipótese da simulação poderia trazer para o mundo dos negócios, fica a indagação: por que profissionais supostamente racionais e pragmáticos, em um mercado onde o cálculo realista das relações custo/benefício antecedem quaisquer curiosidades filosóficas ou metafísicas, repentinamente passam a se interessar por algo da filosofia, física e astrofísica? E mais, por uma teoria com evidente motivação gnóstica?

 Tal como fizeram o Daily Mail e a New Yorker, vamos fazer um exercício especulativo e formular algumas hipóteses.

(a) Senso de humor

No sisudo mundo dos negócios envolvendo games, computadores, Realidade Virtual (VR) e Realidade Aumentada (AR), o BAML quis fazer um pequeno alívio cômico: inserir uma variável absurda em cenários futuros em um infográfico. Ao lado do crescimento dos serviços baseado em AR e VR, games, gadgets e marketing, a insólita possibilidade de todos nós estarmos em um mundo tão simulado quanto os negócios.

Piada interna auto-referencial?

(b) Algo está acontecendo ou já aconteceu

Sabemos que o mercado financeiro global é uma verdadeira metafísica econômica. Se no passado a economia era uma questão de exploração do espaço (escravidão, renda da terra no Feudalismo, guerras colonialistas, imperialismo etc.), hoje o sistema financeiro explora o tempo.

Tantos os juros como a velocidades das decisões de compra e venda é uma questão de tempo: juros tem a ver com a relação risco/tempo e atualmente grande parte das negociações no mercado financeiro estão nas mãos de sistemas de algoritmos de alta frequência - (Negociações de Alta Frequência – NAF) emitem automaticamente ordens de compras e vendas de ações em frações de segundos. Exploram as pequenas oscilações de um ou vários ativos, às vezes em milisegundos.  O computador executa e toma decisões de uma maneira mais rápida do que uma pessoa faria.

A microinformática e da nanotecnologia surgem na hora certa como ferramentas para dominar a complexidade das interconexões simultâneas, o cálculo probabilístico das transações financeiras, da equalização das caóticas tendências nas jogadas em bolsas de valores e na análise dos tensos cenários econômicos. As tecnologias da informação permitem a integração complexa das praças financeiras de todo o mundo em tempo real.


Por exemplo, as operações da City londrina começam às 4h30 da manhã (hora de Nova York) e são suspensas às 11h. Wall Sreet abre duas horas antes, às 9h, local time, e fecha às 17h. Tóquio a substitui a partir das 16h30 até 1h da manhã (sempre segundo a hora de Nova York), e é seguido por Bahrein que abre à meia-noite e fecha às 6h, quando a City já retomou as atividades há 90 minutos .

Arrastado pela sucessão de fusos horários e pela interconexão dos computadores, o mercado financeiro mundial funciona as 24 horas do dia em instantânea onipresença.

Essa busca contínua do domínio do tempo por meio da combinação de algoritmos, computadores, tempo-real e nanotecnologia poderia ter criado situações análogas entre Física e Economia.

Assim como na física quântica a alta resolução do mundo das partículas sub-atômicas sugere um Universo não mais analógico, mas pixelado e fragmentado (sugerindo o limite da renderização da simulação), da mesma forma no mundo da financeirização a busca de variações de mercado em nano-segundos (onde fortunas podem ser criadas ou destruídas num piscar de olhos) poderiam ter batido na barreira da fronteira da simulação.

Algo como mostrado no filme O Décimo Terceiro Andar (1999) onde o personagem pega seu carro e guia pelo deserto até chegar no fim da renderização do seu Universo simulado.

Poderia a busca incessante pelo domínio e exploração do tempo nas velozes e precisas operações do mercado financeiro global ter criado um efeito colateral ou acidente? Acidentalmente operadores encontraram o limite da simulação no mundo microfísico dos nano-segundos? – sobre os limites de um universo simulado clique aqui.

Alguma coisa teria ocorrido ou está acontecendo nesse momento.


(c) Engenharia de opinião

O misto de empresário, futurista e visionário, o bilionário Elon Musk, anunciou na sua página do Twitter que será lançado neste mês um novo produto da Tesla Motors. Musk qualifica o novo produto como “inesperado”.

A adesão de Musk a essa discussão iniciada por cientistas e filósofos seria uma jogada mercadológica? Apenas para reforçar a aura entorno do seu nome associada ao futurismo dos carros autônomos da Tesla, viagens espaciais a Marte e IA?

O BAML tem interesse financeiros em investir nesses projetos?

(d) Espírito do Tempo

Agentes do mundo financeiro não são assim tão racionais como imaginamos. Como mostrou filmes como Wall Street (1987), O Lobo de Wall Street (2014) ou mesmo documentários como Inside Job (2010), o mundo financeiro é regido por um misto de messianismo místico, impulsividade e promiscuidade.

Com a virtualização da riqueza e volatização de títulos, papéis e números que aparecem em telas sem qualquer lastro com o mundo real, o apoio a essas teorias é o sintoma do zeitgeist (o espírito do tempo) de um setor da economia que dá as cartas do atual jogo geopolítico global.

Leia a quinta hipótese do nosso leitor Wilson Cardoso: clique aqui.

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