quinta-feira, março 16, 2017
"Radio Free Albemuth" politiza o Gnosticismo e vai além da ficção científica
quinta-feira, março 16, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em um passado alternativo em 1985, Mark
Chapman matou Mick Jagger ao invés de John Lennon e os EUA vivem sob o domínio de
um Estado totalitário. Um grupo subversivo planeja incitar a revolução por meio
de hits musicais com mensagens subliminares.
E o líder, produtor da gravadora, é inspirado por epifanias
místicas enviadas pela VALIS (“Vasto Sistema Vivo de Inteligência Alienígena”)
por meio de um satélite que secretamente orbita o planeta. Esse é o filme
“Radio Free Albemuth” (2010), a melhor adaptação cinematográfica já feita de um
livro do escritor gnóstico Philip K. Dick. Uma produção que conseguiu ir além
dos cânones da ficção-científica (que sempre orientaram as adaptações hollywoodianas
de K. Dick – robôs, aliens e planetas distantes), traduzindo para a tela as
especulações filosóficas que sempre inspiraram o escritor: Gnosticismo, Cabala,
Hermetismo e Budismo. Mas, principalmente, como K. Dick, através da sua obra, conseguiu politizar o
Gnosticismo através do tema da paranoia.
quarta-feira, março 15, 2017
O Marketing paranormal no filme "Branded"
quarta-feira, março 15, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Imagine um expert em Publicidade que enxergasse muito mais do que promoção, preço, produto e ponto de venda no Marketing. Um expert que descobrisse que a guerra das marcas pelo mercado e pela mente dos consumidores não é meramente retórica através de símbolos, imagens e estímulos visuais – é uma gigantesca batalha travada por monstros gelatinosos em forma de balões em um invisível plano astral da humanidade. O Marketing Paranormal! Esse é apenas um dos temas levantados pelo filme “Branded” (2012), co-produção Rússia/EUA que mistura temas teosóficos com a provocativa tese de que Lênin teria inventado o Marketing em 1918: o Comunismo teria sido o produto e a KGB a “polícia da marca”.
terça-feira, março 14, 2017
Tautismo da Globo vê na virada do Barça lição motivacional para brasileiros
terça-feira, março 14, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O final de domingo é um momento
reconhecidamente depressivo para os telespectadores que repentinamente voltam a
lembrar da segunda-feira. Nesse momento, a TV ataca com vídeos de pets
engraçados e acidentes domésticos, ou, como no caso da Globo, também vídeos
“motivacionais”. Como na introdução do “Fantástico” desse domingo na qual a
virada histórica do time do Barcelona na “Champions League” serviu de mote para reunir
várias outras histórias para provar que “o impossível acontece” e que “jamais
podemos desistir” como fossem lições de moral para todos enfrentarem o baixo
astral da vida e do próprio País. Ao sugerir que histórias sobre atletas e
profissionais de alto nível poderiam ser fontes de inspiração moral e
motivacional para os telespectadores comuns, revela a natureza da linguagem
televisiva: o discurso metonímico ou “lateral” que vem se tornando crônico com
o crescimento da doença do “tautismo” (autismo + tautologia) na grande mídia. A
consequência é a “motivação” através do esquecimento e despolitização do
telespectador, além da introjeção da culpa pelas mazelas do cotidiano.
sábado, março 11, 2017
A fronteira final: neoliberalismo vai ao espaço com Elon Musk
sábado, março 11, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“O Espaço, a fronteira final...”. Os leitores
devem conhecer a introdução dos episódios da série Jornada nas Estrelas. Mas
dessa vez, não teremos o Capitão Kirk ou o Sr. Spock. Mas o jovem empresário
Elon Musk que promete com a empresa SpaceX levar turistas para dar volta na Lua
e colonos para Marte e além. Cientistas e operadores de Wall Street o
qualificam como alguma coisa entre “fraude” e “máquina de queimar dinheiro”,
embolsando verbas públicas enquanto faz intrincadas manobras societárias com suas empresas como a Tesla Motors e a SolarCity. Em
muitos aspectos lembra a trajetória do ex-oitavo homem mais rico do planeta,
Eike Batista. Mas a retórica de Musk enche os olhos da grande mídia: é o “Tony
Stark da vida real”, pronto para provar como os velhos valores do capitalismo
(competição e mercado) podem ser combinados com economia sustentável e
“tecnologias limpas” do século XXI. Ele promete levar o neoliberalismo à última
fronteira. Mais do que ninguém, Elon Musk sabe como são voláteis as fronteiras
entre a especulação do mundo das finanças e da mídia.
quinta-feira, março 09, 2017
O suicídio ao vivo de uma estrangeira em "Christine"
quinta-feira, março 09, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em 15 de julho de 1974, ao vivo, no Canal 40
de Sarasota, Flórida, a jornalista investigativa Christine Chubbuck leu uma
breve nota. Sacou um revólver, colocou atrás da orelha e puxou o gatilho. O
filme "Christine" (2016) busca o porquê esse histórico suicídio diante das
câmeras procurando fugir dos tradicionais clichês: depressão, solidão,
frustração profissional diante das pressões do sensacionalismo televisivo,
machismo e misoginia que dominavam as redações nos anos 1970 etc. “Christine” se desvia dessas armadilhas narrativas ao privilegiar uma abordagem mais existencial
e gnóstica: há uma constante e insuperável sensação de deslocamento e alienação
de uma personagem que não encontra lugar nesse mundo, muito além de ideologias,
profissão e vida pessoal. Christine sempre foi uma Estrangeira mesmo nos
ambientes mais familiares porque sempre pressentiu que estava em um jogo cujo
propósito ela nunca entendeu. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.
terça-feira, março 07, 2017
Curta da Semana: "Night Mayor" - Aurora Boreal, Nikola Tesla e a energia livre
terça-feira, março 07, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Quando pensamos em Modernidade o que lembramos? Tecnologia, velocidade, capitalismo, urbanidade, eletricidade, o cinema. Um verdadeiro turbilhão para onde somos transportados quando assistimos ao curta “Night Mayor” (2008) do canadense Guy Maddin. Misturando o atual estilo do falso documentário (mockumentary) com a linguagem e fotografia do cinema mudo, Maddin nos conta a história de um inventor bósnio que em 1939 descobriu no Canadá que a Aurora Boreal é na verdade constituída por melodias e imagens. E que poderiam ser transmitidas livremente pelas linhas telefônicas através do “Telemelodium”. Mas o governo não vai gostar muito dessa invenção... O curta é uma pequena obra-prima claramente inspirado no inventor croata Nikola Tesla que pagou com a própria vida uma descoberta feita em 1899 que poderia colocar em risco o Capitalismo: a energia livre.
segunda-feira, março 06, 2017
O Barão de Munchausen, reforma da Previdência e a lógica do refém
segunda-feira, março 06, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O material de propaganda do PMDB cujo slogan
é “Se Reforma da previdência não sair, tchau Bolsa Família, adeus Fies, sem
novas estradas, acabam programas sociais”, mais do que desespero de um governo
que corre contra o relógio (Lava Jato e Eleições 2018) revela a natureza do
Estado contemporâneo: o terrorismo e a lógica do refém. Se antes o terrorismo
era restrito a territórios como aeroportos e embaixadas, agora tornou-se
prática de governo: todos nós somos reféns sob a estratégia da chantagem dos
rombos e dívidas que se transforma na nova função do Estado. Lógica que se
sustenta em um mito, assim como aquele que o Barão de Munchausen, no filme
clássico de Terry Gilliam de 1988, destruiu: não existem exércitos turcos por
trás dos muros que mantém a cidade submissa pelo medo e a ignorância.
sábado, março 04, 2017
"Terminus": o sci-fi que anteviu Era Trump
sábado, março 04, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O EUA empreendem o Projeto Terminus de
ocupação permanente do Irã por tropas americanas. O que só faz aumentar a tesão
diplomática com Rússia e China, disparando a contagem regressiva para uma
guerra nuclear. Enquanto isso um estranho meteorito cai em uma cidadezinha no
interior dos EUA, onde vivem desempregados e veteranos da guerra no Irã,
amputados e paralíticos, que lutam para sobreviver em meio a depressão
econômica. Este é o sci-fi australiano “Terminus” (2015) sobre um futuro próximo que
poderia muito bem ser o presente. Um filme que representa mais um
sintoma do crescente sentimento anti-Globalização – a percepção de que enquanto
sofremos no dia-a-dia para conseguir tocar as nossas vidas, lá em cima os
poderosos tramam a nossa própria destruição em seus jogos de guerras e das
altas finanças. Em 2015, “Terminus” antecipou o mal-estar que criaria muitos
subprodutos, assim como a atual Era Trump.
quinta-feira, março 02, 2017
O homem se tornará irrelevante diante de algoritmos e aplicativos?
quinta-feira, março 02, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em uma entrevista para a "Wired Magazine", o
historiador e escritor Yuval Harari alertou para o perigo da humanidade em
pouco tempo se tornar “irrelevante” e “redundante” diante dos avanços da
Inteligência Artificial. Dessa vez, não mais através das distopias como a do computador
HAL 9000 que tenta matar a tripulação de uma nave no filme “2001” ou por replicantes
que perseguem um policial no filme “Blade Runner”. Mas agora por meio dos
aplicativos e algoritmos que “compreendem melhor nossos desejos e sentimentos
do que nós mesmos”. Porém, o discurso de Harari atira no que vê e acerta no que
não vê – só podemos achar que os algoritmos são realmente inteligentes se o
próprio homem rebaixar ou tornar mais flexível o conceito de “inteligência”. A
fala de Harari faz parte de uma nova narrativa publicitária das corporações
tecnológicas: projetar para o futuro distopias que sempre fascinaram a
humanidade por toda a História: ver a si própria substituída por
duplos tecnológicos como reflexos em espelhos, fotografias, frankensteins,
golens, robôs, replicantes e, agora, aplicativos.
terça-feira, fevereiro 28, 2017
"Envelopegate": por que "La La Land" não ganhou o Oscar de Melhor Filme?
terça-feira, fevereiro 28, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O que há por trás do chamado “Envelopegate”,
a histórica gafe da troca dos envelopes de premiação do Melhor Filme no Oscar
2017? Certamente, “La La Land” era o favorito da crítica especializada,
consciente da lógica da premiação da Academia de Cinema na última década da Era
Obama. O seu anúncio foi um “ato falho” cometido por uma empresa (a
PricewaterhouseCoopers - PwC) cujo auditor minutos antes postava fotos dos bastidores
da cerimônia no Twitter. Ironicamente, uma das empresas responsabilizadas em
2008 pela crise financeira por ter sido “desconcertadamente negligente”. Se
Hillary Clinton tivesse ganho as eleições, e junto com ela o “neoliberalismo
progressista”, assistiríamos à vitória de “La La Land”. Mas “Moonlight: Sob a
Luz do Luar” foi a premiação “the last minute rescue” que
serviu de bala para o canhão apontado diretamente na cara de Donald Trump. E o
pior é que, ao contrário dos roteiro de filmes hollywoodianos, nessa história
não há fronteiras que separem os mocinhos dos bandidos.
domingo, fevereiro 26, 2017
História do beijo do Kama Sutra a Hollywood
domingo, fevereiro 26, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O cinema não inventou o beijo. Apenas o
tornou mais icônico nas relações dos amantes. Porém, Hollywood deu continuidade
a uma, por assim dizer, ocupação semiótica da boca e do beijo atribuindo a eles
novas representações simbólicas de velhos significados: distinção de classes,
de gêneros e substituto do ato sexual. Da mesma forma, o hindu “Kama Sutra” não
inventou o beijo, mas atribuiu a ele a comunhão erótica que o Ocidente fez
questão de reprimir e controlar desde os persas e romanos, submetendo-o à ordem
do Poder. No cinema, o beijo transformou-se na alienação do desejo ao
submetê-lo ao espectador voyeur que, com a boca aberta, também espera o beijo.
Porém, a pipoca sublima a compulsão enquanto nos filmes atuais ou o beijo se
submete à performance e eficácia ou à reconciliação dos casais diante do
apocalipse nos filmes-catástrofe.
sábado, fevereiro 25, 2017
Uma jornada espiritual felina em "Virei um Gato"
sábado, fevereiro 25, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Apesar de contar com dois vencedores do Oscar
(Kevin Spacey e Christopher Walken) a comédia romântica familiar “Virei um
Gato” (Nine Lives, 2016) foi destruída pela crítica: o que esses atores
consagrados estão fazendo nessa catástrofe? Eles devem ter contas pesadas para
pagar! Mas para o Cinegnose esse filme é um trunfo que confirma uma tese: desde
que o Gnosticismo deixou de ser uma exclusividade de filmes cults e foi adotada
pelos filmes populares a partir dos anos 1990, os elementos gnósticos deixaram
de figurar apenas em sci-fis e dramas cerebrais, para também incursionar em
comédias, thrillers e outros gêneros. Por trás de camadas de clichês de uma comédia popular,
“Virei um Gato” nos conta a narrativa gnóstica de transformação íntima através
da jornada espiritual no corpo de um gato e, principalmente, por um “salto de
fé” ao mesmo tempo literal e simbólico, a exemplo de filmes gnósticos mais sérios como “Vidas em
Jogo” (1997) e Vanilla Sky (2001).
quinta-feira, fevereiro 23, 2017
Fissuras no monopólio da Globo: Atletiba, blocos de rua e impeachment no Corinthians
quinta-feira, fevereiro 23, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O muro do monopólio da Rede Globo está
trincando. Nos últimos dias, uma série de fissuras começaram a surgir: o
histórico cancelamento do clássico Atletiba como reação ao monopólio das
transmissões esportivas da emissora; o impeachment mal sucedido no Corinthians, no ápice de recorrente pauta negativa da emissora envolvendo a arena do Itaquerão; e o
crescimento exponencial do carnaval de blocos, atraindo verbas publicitárias
que migram do sambódromo para as ruas, ameaçando um dos principais produtos oferecidos
pela emissora ao mercado. Por trás dessas fissuras estão tecnologias de
convergência, mídias sociais, empreendedorismo e competição. Tudo aquilo que o
telejornalismo e colunistas globais raivosamente defendem como o futuro ético
para o País. Mas que, na prática, o monopólio tautista da Globo foge, assim
como o diabo foge da cruz.
terça-feira, fevereiro 21, 2017
Comercial vende carro e ética na política detonando bomba semiótica
terça-feira, fevereiro 21, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Bombas semióticas 2, A Missão! O Império
Contra-ataca! Após as recentes pesquisas revelarem que Lula está mais vivo do
que nunca, liderando com folga todos os cenários eleitorais para 2018, e que ainda
seus principais adversários estão se desgastando com a evaporação do mar de
rosas que, acreditava-se, seria o País pós-impeachment, o complexo
jurídico-midiático reage. Depois de novos vazamentos seletivos e busca de mais
espécimes assustadores do “Brasil profundo” para figurar na capa de revistas
semanais, retiram mais uma vez do paiol midiático a artilharia pesada das
bombas semióticas. Dessa vez, em um comercial para TV da GM Brasil no qual se
posiciona sobre temas como “ética” e “política” para vender o novo Chevrolet
Cruze. Mais uma vez, a tática de engenharia
de percepção – por meio de gestalt, cores e a palavras metonimicamente
contaminadas, bombas semióticas criam um pano de fundo para tornar mais crível
o cenário político do momento. Reforçam subliminarmente pautas, slogans e
clichês disseminados liminarmente pela grande mídia. Um exemplo de como a
criação publicitária torna volátil a fronteira entre consumo e cidadania.
domingo, fevereiro 19, 2017
Curta da Semana: "The Crossing" - os subterrâneos do terror
domingo, fevereiro 19, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Uma mulher tenta desesperadamente ligar para
seu namorado, sentindo-se culpada por um desentendimento que poderá colocar fim
na relação. É tarde da noite, e ela desce as escadarias de uma passagem
subterrânea para, lá dentro, encontrar o Mal. Ou a si mesma. Esse é o curta
russo “The Crossing” (2016) que explora um dos temas preferidos do terror: os
subterrâneos. Porões, metrôs, garagens subterrâneas, tuneis etc., ao mesmo
tempo que nos fascinam, também nos apavoram. O medo que pode ser tanto
interpretado como um arquétipo gnóstico (a metáfora da condição humana
prisioneira nesse mundo), como compreendido pelo viés psicanalítico: nos
subterrâneos está o nosso inconsciente – culpas e traumas dos quais queremos
nos livrar. Mas o reprimido sempre retorna, transformado em monstros e pesadelos.
sábado, fevereiro 18, 2017
Por que o mundo tem que acabar?
sábado, fevereiro 18, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Diariamente o mundo acaba diante dos nossos
olhos, seja no cinema na atual safra de filmes-catástrofe, em séries de TV
sobre Nostradamus, previsões “científicas” de algum tipo de futura catástrofe
ambiental ou em algum “hoax” descrevendo cometas, asteroides ou planetas
errantes que cairão sobre a Terra. A última, foi sobre um pedaço do Planeta X
que supostamente cairia no último dia 16. Por que o mundo tem que ser
destruído? No passado, todas religiões possuíam uma Escatologia: alguma
narrativa sobre o fim dos tempos onde os maus seriam punidos e os bons salvos.
Mas essas religiões se tornaram “líquidas”: sob os escombros das antigas
religiões salvacionistas viraram pastiches que se rendem ao utilitarismo das
necessidades do presente: “teologia da prosperidade”, “cabala do dinheiro” ou o
islamismo dos homens-bomba. Esqueceram-se do futuro. Por isso, essa nova
religião “líquida” e ecumênica precisa criar uma nova Escatologia, uma
narrativa midiática sobre o “fim dos tempos” que junte convicções
eco-ambientais, geofísica e astrofísica. A “Neoapocalíptica” como estratégia de
marketing.
quinta-feira, fevereiro 16, 2017
Abelhas, ocultismo e TV em "Wax or The Discovery of Television Among The Bees"
quinta-feira, fevereiro 16, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O primeiro filme feito para a Internet que estava apenas começando e produzido numa inédita ilha de edição não-linear. No longínquo ano de 1991 o
diretor David Blair produziu “Wax or The Discovery of Television Among The
Bees” um estranho filme para cinéfilos
corajosos o suficiente para se aventurar em bizarrices hipertextuais sobre
abelhas da Mesopotâmia, ocultismo esotérico, histórias da Bíblia, Guerra do
Iraque e simuladores de voo militar da NASA. Esse filme independente é um
documento histórico da motivação tecnognóstica e esotérica que sempre esteve
por trás do desenvolvimento da ciência computacional, ciberespaço e
cibercultura. Em tom de documentário, Blair conta a história do neto de um
entusiasta de uma sociedade dedicada à comunicação com os mortos, engenheiro de
software na base de mísseis de Los Alamos, EUA, que cria uma conexão mística
com abelhas (através da “BeeTV”). Para depois ser transportando para uma dimensão
mística (o ciberespaço?) na qual verá a Guerra do Iraque sob o ponto de vista
do carma e reencarnação... e receberá uma importante missão.
terça-feira, fevereiro 14, 2017
A celebração da troca do desejável pelo possível em "La La Land"
terça-feira, fevereiro 14, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Por que “La La Land - Cantando Estações” é o
grande favorito ao Oscar? Porque está sintonizado com o espírito do tempo desse
início de século: nostálgico, vintage, metalinguístico e com um amargo
realismo. O filme capta a essência do gênero musical clássico, levando o clichê
de “quebra e retorno a ordem” (pessoas que dançam, cantam e sonham, mas que
depois voltam à realidade como se nada tivesse acontecido) ao limite. A nostalgia pela era de ouro de Hollywood
e do jazz são o consolo para um casal que vê seus sonhos desapontados. Misturando
alusões a filmes musicais clássicos, “La La Land” é uma fábula de como o amor
nos dá força para realizar o possível. Mas, ao mesmo tempo, pode entrar na
contabilização dos sacrifícios de termos perdido tudo aquilo que era desejável.
domingo, fevereiro 12, 2017
Sete filmes que anteviram a crise da segurança no Espírito Santo
domingo, fevereiro 12, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O cinema e o audiovisual parecem ter o
estranho poder de prever cenários futuros: a eleição de Donald Trump, o
atentado ao WTC em 2001, o atentado na Maratona de Boston em 2013, a hegemonia
econômica da China etc. em filmes e séries como “”Os Simpsons, “Americathon” ou
“Lone Gunmen”. No auge do neoliberalismo de Reagan e Thatcher nos anos 1980,
filmes como “Robocop” e “Max Headroom” apresentavam futuros distópicos, efeitos
colaterais das políticas de austeridade e privatizações que agora acompanhamos
ao vivo nas ruas do Estado do Espírito Santo – no vazio do poder público
sucateado, as ruas são dominadas por crimes, saques e assassinatos. O Exército
chegou para ocupar as ruas. Mas será que o próximo passo, seguindo a cartilha
neoliberal, é a privatização das forças de segurança, assim como a OCP
(“RoboCop”), MNU (“Distrito 9”), Tetravaal (“Chappie”) ou a NYPC (“From The
Future With Love”)? Acompanhe a lista de sete filmes que anteviram cenários
futuros nos quais o Brasil está entrando.
sábado, fevereiro 11, 2017
Em "Black Mirror" a tecnologia é espelho sombrio de nós mesmos
sábado, fevereiro 11, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A narrativa corporativa e publicitária sobre
as tecnologias da informação sempre foi a da “estrada para o futuro”, uma
estrada que supostamente nos conduzirá ao paraíso da comodidade, no qual todo
conhecimento que necessitarmos estará ao
alcance de um clique ou de um toque na tela. Mas a série britânica Black
Mirror (2011- ) vai na contra mão: sem ser tecnofóbica, mostra futuros próximos, mas estranhamente atuais, onde paradoxalmente a tecnologia evoluiu tanto que
atingiu um ponto de inutilidade e disfuncionalidade. Os seis episódios da
terceira temporada de 2016 mostram o “vanish point” de gadgets como mídias
sociais, realidade aumentada, dispositivos móveis e games: o ponto de viragem
tecnológico no qual a racionalidade se converteu em mal estar psíquico, crime,
ódio e anomia. A expansão das redes de informação foi muita mais rápida que a
produção de conteúdo (conhecimento). E a lacuna foi preenchida por espelhos sombrios de nós mesmos.
quarta-feira, fevereiro 08, 2017
Os mortos da escravidão ainda assombram o Brasil em "O Diabo Mora Aqui"
quarta-feira, fevereiro 08, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“O Diabo Mora Aqui” (2015), de Dante Vescio e
Rodrigo Gasparini, filia-se a uma nova safra de filmes de terror brasileiros
como “Quando Eu Era Vivo”, “Trabalhar Cansa” e “Mar Negro” – produções
nacionais que procuram uma terceira via entre a paródia e o “filme de arte”:
filmes com “cara de cinema” por seguirem as convenções do gênero, porém com uma
abordagem brasileira com folclore, religiosidade e lendas urbanas nacionais.
Filmes que revelam a essência do gênero do terror, principalmente o
“exploitation”: um atalho para o inconsciente coletivo de um país e de uma
cultura. No caso de “O Diabo Mora Aqui”, com a clássica narrativa de jovens em
uma fazenda num lugar remoto no interior de São Paulo que sem querer libertam o
Mal, revela como o Brasil supostamente moderno e globalizado ainda é assombrado
pelos fantasmas do seu inconsciente coletivo: o passado escravocrata que não
consegue ser redimido condenando-nos ao ciclo vicioso de ódio e autodestruição.
segunda-feira, fevereiro 06, 2017
"Medo e Delírio em Las Vegas" faz acerto de contas com a utopia psicodélica
segunda-feira, fevereiro 06, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
"Medo e Delírio em Las Vegas” (Fear and
Loathing in Las Vegas, 1998) foi o início do acerto de contas do diretor Terry
Gilliam com a sua geração (a utopia psicodélica de que as drogas abririam as
portas da percepção nos libertando de realidades opressivas), encerrado com o
filme “Contraponto” (Tinderland) em 2006. O filme baseou-se no livro
homônimo de Hunter Thompson, o marco do
chamado “Jornalismo Gonzo” no qual a ficção seria mais poderosa do qualquer
tipo de reportagem objetiva. Mas parece que toda uma geração esqueceu do alerta
do escritor maldito Charles Bukowski: atualmente a realidade supera qualquer
imaginação literária. Como centro espiritual de uma cultura planetária, Las
Vegas incorporou (através da tecnologia) todos os delírios lisérgicos, não mais
para libertar, mas agora para fazer as pessoas consumirem e perder dinheiro em
mesas de jogos. Mais tarde, toda a indústria do entretenimento colocaria em
prática a distopia de Las Vegas. Os heróis lisérgicos dos anos 1960-70 acabaram
se transformando em nostálgicos freaks, impotentes diante dos delírios de LSD
emulados pelas casas noturnas e raves.
domingo, fevereiro 05, 2017
Curta da Semana: "Being Batman" - o homem que acredita ser o próprio Cavaleiro das Trevas
domingo, fevereiro 05, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
No começo esse humilde blogueiro achava que o
curta “Being Batman” (2016), de Ryan Freeman, fosse mais uma sátira sobre o
super-herói. Até perceber que o curta é um documentário com um personagem real
que vive na cidade de Brampton, em Ontário, Canadá. Um homem que acredita ser o
próprio Batman e que os acontecimentos trágicos da sua vida fizeram-no se
conectar sincronicamente ao personagem fictício de Bruce Wayne. Todas as noites
Stephen Lawrence sai da sua “batcaverna” a bordo de uma réplica do batmóvel do
filme de 1989 de Tim Burton para vigiar as ruas da cidade. No curta “Being
Batman” Lawrence dá depoimentos sobre a sua vida como Batman. Mostra sua casa
transformada em batcaverna, suas armas e a rotina noturna. Isso não é cosplay:
Lawrence diz ser o próprio Batman!
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