terça-feira, setembro 19, 2017
Atacante corintiano Jô foi vítima da "Pan Lava Jato" da Globo
terça-feira, setembro 19, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Pobre Jô!,
atacante corintiano que fez um gol com o braço e determinou a vitória do
Corinthians sobre o Vasco no último domingo. A Globo, com a sua tradicional
máquina de moer reputações para confirmar a pauta do jornalismo, elegeu o
atacante como caso exemplar de todas as mazelas que o País precisa sanar na sua
cruzada moralizadora anticorrupção. Lava Jato no futebol, pela honestidade no
esporte! Implantado na Alemanha e Portugal, lá o árbitro de
vídeo é uma decorrência da evolução natural da tecnologia no esporte. Mas aqui,
é resultado da narrativa global da "Pan Lava Jato" na qual todas as editorias do
jornalismo da emissora precisam ser encaixadas. Imolado em praça pública, Jô
foi mais uma vítima do “modus operandi” da TV Globo: escândalo moral de uma
suposta vitória injusta, o bate-bumbo dos seus apresentadores e comentaristas,
o pronto julgamento moral e sentença do atacante corintiano e, no final, a "delação premiada" do Jô para tentar se safar da condenação.
Mídia contamina fronteira entre sanidade e loucura em "O Sinal"
terça-feira, setembro 19, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Desde “A Noite
dos Mortos Vivos” (1968), filmes sobre pragas zumbis e contaminações virais se
consolidaram como um subgênero do terror com uma característica recorrente: o
foco narrativo sempre está nos sobreviventes ou cientistas que tentam salvar o
mundo através da racionalidade ou da coragem. “O Sinal” (The Signal, 2007) subverte
esse cânone do terror: o que aconteceria se um filme se concentrasse no ponto
de vista dos zumbis? Como eles veem a si mesmos? Para eles quais seriam as
fronteiras entre normalidade e loucura? O resultado é um filme sem
heróis: apenas pessoas normais que não possuem a menor consciência de que foram
contaminados por um misterioso sinal transmitido pela TV e dispositivos de
áudio como CD players e de comunicação como telefones e rádios. “O Sinal” apaga
a fronteira entre a normalidade e a loucura. Mas não espere zumbis canibais se arrastando
pelas ruas – apenas pessoas aparentemente normais e até com intenções altruístas.
Mas de repente podem matar impiedosamente aqueles que supostamente estejam no
caminho da sua felicidade. Outro filme sugerido pelo nosso implacável leitor
Felipe Resende.
domingo, setembro 17, 2017
Sexo e luto: Nietzsche, Wagner e as músicas mais tocadas nas rádios brasileiras
domingo, setembro 17, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Se até a
explosão do sertanejo e forró eletrônicos as músicas vivam no trinômio Festa,
Sexo e Amor, hoje a parada de sucesso parece viver uma atmosfera mais sombria: de
um lado, nas letras, processos de lutificação (perdas, separações etc.); e do outro
acumulação de uma tensão sexual neurótico-compulsiva. Se revisitarmos as
críticas que Nietzsche fez ao seu ex-amigo, o compositor Richard Wagner,
veremos que guardam uma similaridade com os tempos atuais. Nietzsche via na
música de Wagner uma arte feita para o “homem doente de si mesmo”, que
necessita de três estimulantes psíquicos para sobreviver numa cultura decadente: “a
brutalidade, o artifício e a candura idiotizante”. A estrutura musical da
música de Wagner (leitmotiv, cromatismo extremo etc.) foi precursora da moderna
música de sucesso da indústria cultural. Portanto, na atual trilha musical da
crise brasileira podemos encontrar os elementos Wagnerianos
denunciados por Nietzsche – fragmentação, a sedução, a memória sobreposta a
expressão das emoções, repetição e previsibilidade, o artifício, a brutalidade. Seriam os sinais de uma caminhada para
a “décadence” e niilismo similares a de uma Alemanha que Nietzsche via
caminhando a passos rápidos para o abismo nazi-fascista?
quinta-feira, setembro 14, 2017
A controvérsia da "Queermuseu", o software que detecta gays e a animação "Divertida Mente"
quinta-feira, setembro 14, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O cancelamento
unilateral da exposição “Queermuseu” em Porto Alegre após protestos de grupos
neoconservadores; o desenvolvimento de um software por pesquisadores da
Universidade de Stanford cujo algoritmo reconhece a orientação sexual e até a
tendência política através das feições faciais de uma foto; e a animação da
Pixar “Divertida Mente” (2015) cujo argumento foi inspirado em pesquisas
psicológicas da CIA. O atual “revival” do bestiário pseudocientífico do século
XIX (antropologia criminal de Lombroso, Eugenia de Galton etc.) favorecido pela
escalada planetária do neoconservadorismo está criando bizarras ligações
perigosas entre eventos aparentemente distantes no tempo e no espaço. O
cancelamento do “Queermuseu” é mais uma amostra do “zeitgeist” do século XXI: como
um zumbi que retorna dos mortos , o bestiário pseudocientífico anterior ao
século XX retorna com roupagem high tech (algoritmos e Inteligência Artificial)
ou sob o discurso da “nova política” das chamadas “revoluções coloridas”.
terça-feira, setembro 12, 2017
"Onde Está Segunda?" faz elogio subliminar do controle populacional
terça-feira, setembro 12, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em sua época,
filmes distópicos como “Farenheit 451” (1966) e “Planeta dos Macacos” (1968)
foram denúncias de como a sociedade estaria próxima de futuros sistemas
totalitários. Hoje, esse subgênero sci-fi entregou-se à crítica moralista, ao
maniqueísmo e a pura propaganda subliminar da agenda científica dominante. A produção
Netflix “Onde Está Segunda?” (What Happened to Monday, 2017) é o exemplo mais
flagrante: em um futuro próximo no qual a explosão populacional levou ao
esgotamento dos recursos do planeta e os alimentos transgênicos salvaram a
humanidade da fome, a Natureza veio cobrar seu preço – o efeito colateral dos
alimentos geneticamente modificados foi o explosivo nascimento de gêmeos,
agravando o problema populacional. É criada a “Lei de Alocação Infantil”: cada
casal pode ter apenas um filho. Os irmãos excedentes são confinados em ambiente
criogênico. E os cidadãos são submetidos a vigilância implacável de uma
agência. O filme deixa a
tese do controle populacional fora de qualquer crítica. A Ciência chega ao
Poder numa política de terra arrasada, sem qualquer discussão ou
questionamento. Congelar crianças (pobres) excedentes? OK! O problema é apenas
a cientista vilã que gerencia o processo: corrupta, má e ambiciosa. Filme sugerido pelo nosso leitor Dudu Guerreiro.
domingo, setembro 10, 2017
Santos à espera do tsunami no feriado de sete de setembro
domingo, setembro 10, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Cidade de
Santos/SP. Feriado nacional de sete de setembro. Esse humilde blogueiro em mais
uma caminhada pela cidade natal juntando lembranças da infância e juventude se
confronta com uma sucessão de sintomas de um País psiquicamente doente. Ao
redor do tradicional desfile cívico-militar na orla da praia, de singelas
selfies de famílias com filhos e cachorros tiradas com soldados em trajes de
ações de choques civis (talvez antevendo futuros distópicos) com reluzentes
espadas a pessoas transtornadas gritando xingamentos contra Lula, Dilma etc..
Tudo isso ao lado de sem tetos e catadores de latas de alumínio nos jardins da
praia replicando o mesmo ódio, dessa vez contra um escultor de areia acusado de
fazer uma estátua da Dilma... A ex-presidenta falou em “calmaria que antecede o
tsunami”. Mas talvez esse tsunami seja uma explosão de ressentimento sem
direção ou sentido, apenas à espera de um gatilho sócio-econômico. Um tsunami bem
longe da tradicional narrativa de “luta e resistência” tão apreciada pela
esquerda.
sexta-feira, setembro 08, 2017
Cinco evidências de que Bitcoin é uma religião
sexta-feira, setembro 08, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Criada em 2009,
Bitcoin é uma moeda digital controlada por uma rede peer-to-peer sem depender
de bancos centrais e com um mercado de bilhões de dólares. Bitcoin parece ser
movido por um ímpeto anarquista porque seus seguidores odeiam governos e
autoridades financeiras. Mas suas ações são espirituais, lembrando uma religião
com um Criador, messias profetas, confirmando a tendência humana de perceber no
dinheiro e valor atributos inerentemente mágicos e místicos. E como toda
religião, tem a cortina que esconde o Mágico de Oz: o “fetichismo da
mercadoria”, tal como diagnosticou Karl Marx no século XIX sobre o velho Capitalismo,
a cortina que esconde a reprodução da desigualdade. O “Cinegnose” lista cinco
evidências de que o Bitcoin é mais uma religião, porém mais “cool” do que a
Teologia da Prosperidade das igrejas neopentecostais. Porque Deus desceu ao
mundo não mais sob a forma de dinheiro, mas agora como Criptografia e
Matemática.
terça-feira, setembro 05, 2017
Poder, Nietzsche e fast food no filme "Obediência"
terça-feira, setembro 05, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O telefone toca
e uma estressada gerente de uma lanchonete fast food ouve a voz de um policial
avisando que uma atendente da loja roubou dinheiro de uma cliente que veio
prestar queixa. Nas próximas horas ela cegamente obedecerá as ordens de um
suposto policial ao telefone para além dos limites dos seus valores e
consciência. Baseado num caso real absurdo e bizarro em uma lanchonete
McDonald’s nos EUA, o filme “Obediência” (“Compliance”, 2012) narra como a
tendência humana de ceder à autoridade leva a atitudes tão irracionais como os
maiores crimes da História: nós apenas sempre “obedecemos ordens”. Se para
Nietzsche a consciência é a principal fonte de enganos como o medo e o espírito
gregário, “Obediência” politiza esse insight do pensador alemão: as organizações
sociais e corporativas verticalizadas nos tornam ainda mais vulneráveis. Mais
uma sugestão do nosso indefectível leitor Felipe Resende.
segunda-feira, setembro 04, 2017
Curta da Semana: "Epic Fail" - quando o deserto do real implode os algoritmos das redes sociais
segunda-feira, setembro 04, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Greg Barth é um
cineasta que em seus curtas e vídeo clips musicais combina, em estilo único,
minimalismo com surrealismo. Premiado em 2014 no Festival de Cannes, no recente
trabalho chamado “Epic Fail” (2017), Barth apresenta um honesto insight sobre
como a atual tecnologia da informação distorce a realidade política e social
por meio de verdadeiras realidades alternativas criadas pelos algoritmos das
redes sociais. Lugares falsamente tranquilizadores porque filtram apenas aquilo
que fortalece o que já pensamos. Em “Epic Fail” faz uma sátira disso ao
imaginar um cenário no qual a paz mundial foi colocada em votação. Enquanto os
comentaristas da TV têm um discurso pouco confiável como fake news, nas redes
sociais reina a indiferença, aversão à política e a busca por mais “likes” e
“seguidores”. Até o momento em que ocorre uma “Falha Épica”.
domingo, setembro 03, 2017
"Comunistas Fazem Sexo Melhor?": sexo em um país dividido
domingo, setembro 03, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A oposição entre Capitalismo e Comunismo durante a Guerra Fria não significou somente a divisão entre diferentes modelos econômicos e políticos. Mas também diferentes vidas sexuais em cada lado do muro que dividia a Alemanha. O documentário “Comunistas fazem Sexo Melhor? – Sexo na Alemanha Dividida” (2006) confirmaria décadas depois as teses da chamada Nova Esquerda alemã nos anos 1970 a respeito da exploração da sexualidade pela “indústria da consciência”: enquanto na Alemanha Oriental o sexo era francamente discutido nas escolas e na TV, no Ocidente a chamada “revolução sexual” teria sido apenas uma “revolução de vendas” com a expansão da indústria pornográfica e publicitária.
sábado, setembro 02, 2017
Em "Herostratus" a subversão vira mais um produto à venda
sábado, setembro 02, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um filme
esquecido por quase 50 anos e só recentemente lançado em DVD. E certamente o filme desconhecido mais influente na
história do cinema. Só para começar, inspirou Kubrick a criar o atormentado
personagem Alex do filme “Laranja Mecânica” de 1971. “Herostratus” (1967), o
primeiro e único longa metragem do diretor Don Levy, conta estória de Max, um
jovem poeta rebelde que num gesto para ele subversivo, vende seu próprio
suicídio para uma empresa de marketing como um espetáculo midiático para as
massas. Um retrato da revolta jovem na Grã-Bretanha do Pós-Guerra: jovens
presos entre os extremos de riqueza e pobreza, enquanto eram bombardeados por
efeitos psicológicos eroticamente carregados da publicidade e sociedade de
consumo. E como o marketing e a publicidade são capazes de diluir qualquer rebelião
e transformá-la em tendência de moda. Filme sugerido pelo nosso leitor Higor Camargo.
quinta-feira, agosto 31, 2017
O Pequeno e Irônico Dicionário para Aspirantes ao Mérito-empreendedorismo
quinta-feira, agosto 31, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Ok, vocês
venceram! Por isso, o “Cinegnose” vai dar uma ajuda aos aspirantes e adeptos da
nova religião do mérito-empreendedorismo (meritocratas + empreendedores) desse
admirável mundo novo, no qual maquininhas de crédito e débito substituíram da
Carteira de Trabalho por meio da inabalável fé de que, um dia, a força de trabalho se
transubstanciará em Capital. Para entender esse Mistério da transubstanciação
de uma categoria econômica em outra (que se equivale ao da Santíssima Trindade
ou da própria redenção de Cristo) é urgente dominar o jargão hermético dessa
seita – “foco”, “nicho”, “aplicativo”, “sustentabilidade”, “agregar”, “gestão”,
“inteligência” entre outros termos aparentemente inescrutáveis. Bem vindo à Metafísica
da Teologia desses novos tempos, através do “Pequeno e Irônico Dicionário para
Aspirantes ao Mérito-Empreendedorismo”.
terça-feira, agosto 29, 2017
Quando a família vira uma seita mística para o sucesso em "Der Bunker"
terça-feira, agosto 29, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Esse filme está
na lista dos filmes mais estranhos de 2016 do Cinegnose. Como fosse um bizarro
conto de fadas contemporâneo (no qual a casa da floresta é substituída por um
bunker da Segunda Guerra Mundial e a bruxa uma mãe possuída alguma entidade
alienígena), o filme alemão “Der Bunker” (2016) acompanha um físico quântico que
aluga um quarto em um velho bunker num lugar remoto, em busca da paz e silêncio para
suas pesquisas. Lá conhece uma família que é regida por uma estranha força. Pai
e mãe educam o filho com seus 30 anos que se veste com penteado e roupas
infantis e o tratam como tal – a família o educa de forma implacável sonhando com
o dia em que ele se tornará presidente dos EUA. Uma estranha combinação entre a
velha educação burguesa através da repetição e punição, a moderna meritocracia
globalizada e uma família atual que se transforma em seita bizarra voltada para o
modelos irreais de sucesso.
domingo, agosto 27, 2017
Na web série "The Vault" reality show é o rito de passagem pós-moderno
domingo, agosto 27, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O tema reality
show já foi virado pelo avesso em filmes e séries, quase se transformando num
sub-gênero. Quando pensávamos que o tema já estava esgotado, eis que surgiu a
web série “The Vault” (2011-2014) demonstrando que o tema ainda tem múltiplas
facetas para serem abordadas. No início “The Vault” parece uma espécie de "spin
off" do clássico “The Cube” (1997): jovens universitários estão na segunda fase
de um inédito reality show na qual cada participante está preso em uma sala
totalmente branca com objetos aparentemente arbitrários (relógios, bicicletas
ergométricas, aquários de peixes etc.). Todas as salas estão no interior de um
imenso cofre, totalmente isolado do mundo exterior. Os participantes devem resolver juntos o enigma em torno do propósito de todos aqueles objetos. “The
Vault” suscita uma reflexão sobre a função social dos atuais reality shows,
híbridos de processos seletivos corporativos: um mix de rito de passagem e
circo romano pós-moderno no qual cristãos agora são jogados contra leões do
próprio psiquismo humano. Série mais uma vez sugerida pelo nosso incansável leitor Felipe Resende.
sexta-feira, agosto 25, 2017
Publicidade brasileira convocada para educar as massas no "Brave New World"
sexta-feira, agosto 25, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Sempre
criticamos a Publicidade por esconder suas secretas pretensões sob camadas de
retórica, mitologias, tons pastéis, cores suaves e a atmosfera de um eterno
comercial de produtos matinais. Esqueça tudo isso! Em tempos atuais de crise
econômica e milhões de desempregados para os quais a solução inevitável
apontada são o empreendedorismo, “pejotização”, precarização profissional e
trabalho intermitente, a Publicidade brasileira foi convocada para educar as
massas através de comerciais francos, duros e agressivos. Ivete Sangalo flerta
com “losers” em pontos de ônibus para promover ensino à distância; Luciano Huck
e Rodrigo Faro em peças publicitárias de universidades explicitamente afirmam
que a profissão de professor é um bico para “aumentar a sua renda”; campanhas
do Uber defendem a “uberização” para você ter mais tempo de “fazer o que
gosta”; e o banco Santander assertivamente diz que a carteira de trabalho já
era e que no lugar ficou uma maquininha de pagamentos com cartões. Bem vindo ao
“Brave New World” da publicidade atual.
quarta-feira, agosto 23, 2017
A imortalidade é um monstro criado pela Ciência e Publicidade em "Proyecto Lázaro"
quarta-feira, agosto 23, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Se Jesus
ressuscitou Lázaro não para esse mundo, mas para a vida eterna, a Ciência
promete realizar esse milagre literalmente – clonagem, bioengenharia e
implantes biônicos ressuscitando humanos em estado criogênico. No filme
“Proyecto Lázaro” (2016), co-produção Espanha-França dirigida por Mateo Gil, um
jovem publicitário no auge do sucesso profissional, financeiro e amoroso,
descobre que está com um câncer em estado terminal, sobrando pouco tempo de
vida. Opta pela criogenia para ser ressuscitado 60 anos depois em um mundo bem
diferente, porém a realização do ideário da atual geração millenials: a religião ou
qualquer significado espiritual para a vida e a morte foram substituídos pela
Publicidade, marketing e Ciência. Mas o protagonista descobrirá da pior forma
possível que o drama da criatura do Dr. Frankenstein (ao qual foi negado o
direito de morrer) repete-se agora com ele. E que os velhos cientistas loucos
foram substituídos por corporações, acionistas e investidores. Filme sugerido
pelo nosso leitor Felipe Resende.
segunda-feira, agosto 21, 2017
Receita para fazer uma Revolução Popular Híbrida... mas não conte para a esquerda!
segunda-feira, agosto 21, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Primaveras”,
“levantes”, “jornadas”, “protestos”, não importa o nome. Egito, Ucrânia, Síria,
Brasil: em todos eles, a mídia corporativa viu os acontecimentos sob a
narrativa do “espontâneo”, do “novo”, da “renovação na política”. E sempre pelo
mesmo viés: a “velha política” não conseguiria dar mais conta das
insatisfações, principalmente dos jovens. O roteiro de todas essas “primaveras”
é praticamente idêntico (ONGs e fundações educacionais dando apoio financeiro e
operacional, jovens lideranças formadas em universidades dos EUA, faixas e
cartazes em inglês, vítimas em manifestações principalmente femininas,
vazamentos oportunos do Wikileaks etc.) sugerindo algo como uma receita de bolo
com ingredientes bem definidos. Propaganda,
branding management, técnicas avançadas de psicologia de massas fermentam toda
essa “espontaneidade” com objetivos geopolíticos bem definido contra o
governo-alvo. Mas não conte para a esquerda – afinal, tudo não passa de “teorias
conspiratórias”.
sábado, agosto 19, 2017
Curta da Semana: "Bullet In The Brain" - a gnose durante a morte
sábado, agosto 19, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Dizem que à
beira da morte assistimos a um filme sobre as nossas vidas. O curta “Bullet in
The Brain” (2001), adaptação do conto homônimo do escritor norte-americano
Tobias Wolff, mostra que talvez isso seja verdade, mas não da forma como
imaginamos. Um professor de Literatura cínico e amargo permite que a sua
metodologia de crítica profissional se estenda para sua própria vida cotidiana,
mesmo no meio de um assalto a um banco e com o cano de um revólver no seu
queixo. A velocidade da bala é menor que a velocidade das sinapses cerebrais, o
que lhe proporcionará surpreendentes segundos finais: a descoberta de
coisas que foram esquecidas na vida e a gnose durante a morte.
sexta-feira, agosto 18, 2017
Fellini acerta contas com o caos sócio-político em "Ensaio de Orquestra"
sexta-feira, agosto 18, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em sua obra,
Fellini sempre teve aversão ao tema da Política. Principalmente desde que
conheceu a obra do psicanalista Jung: preferiu representar no cinema o eterno,
o arquetípico e o inconsciente coletivo. Mas diante da turbulenta conjuntura
política da Itália nos anos 1970, Fellini resolveu fazer um acerto de contas
com a política no filme “Ensaio de Orquestra” (Prova d’Orchestra, 1978) – sobre as tumbas de papas e bispos em uma igreja do século XIII dotada de acústica perfeita, o
ensaio de uma orquestra transforma-se em metáfora do caos sócio-político
italiano naquele momento: os conflitos entre o maestro e a orquestra e dos
músicos entre si. Fellini confronta o eterno e o arquetípico (a religião, a
música e a História) com a fugacidade dos interesses políticos e individuais. E
com uma sombria conclusão: diante do temor do futuro, sempre optamos pela
manutenção do mesmo.
quarta-feira, agosto 16, 2017
Revisitando o 7X1 de Brasil e Alemanha: uma bomba semiótica na guerra híbrida?
quarta-feira, agosto 16, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Massacre de
Belo Horizonte”. “Mineiraço”. Ou ainda jocosamente “Mineiratzen” para nomear a
inacreditável goleada de 7X1 da Alemanha sobre o Brasil na semifinal da Copa do
Mundo no estádio do Mineirão em BH. Em meio a uma pesada atmosfera de
radicalização política e ideológica iniciada pelas “jornadas de Junho” de 2013
que deram início a chamada “Primavera Brasileira”, a goleada encaixou-se tão
perfeitamente em uma narrativa da mídia corporativa (um país à beira do abismo)
e na sinistra cadeia de eventos (a queda do guindaste na Arena Corinthians, o
“escândalo Edward Snowden, a queda de uma ponte em BH às vésperas do
“mineiraço” etc.) que incendiou a imaginação dos teóricos da conspiração.
Revisitado agora, três anos depois, a controversa goleada revela inúmeras
“coincidências” e “conveniências” para aquele momento: uma goleada geopolítica,
anomalias reveladas em vídeos, a “teratopolitização” tanto da presidenta Dilma
como do técnico da Seleção Felipe Scolari e, agora, o coincidente destino de
dois jogadores pivôs das “teorias conspiratórias” da época – Thiago Silva e
Neymar: os dois no time francês PSG, comprado por empresa de investimentos do
Qatar, sede da Copa do Mundo de 2022.
terça-feira, agosto 15, 2017
Como parar de fumar em cinco passos do vício ao Holocausto em "No Smoking"
terça-feira, agosto 15, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O primeiro
filme de Bollywood (a indústria cinematográfica da Índia) a fazer uma adaptação
de uma obra de Stephen King. Definitivamente “No Smoking” (2007) é um filme
para cinéfilos aventureiros e amantes do estranho. Parece até que David Lynch
encontrou-se com Bollywood – um thriller neo-noir psicodélico, com muito humor
negro, surrealismo, um guru irmão bastardo de Hitler e... cigarros. Um
arrogante homem bem-sucedido e fumante obsessivo compulsivo é ameaçado pela sua
esposa com o divórcio, depois de respirar tanta fumaça. Como largar o vício?
“No Smoking” oferece um método de cinco passos: consiga ajuda profissional,
envolva familiares e amigos, música, lembrar-se do Holocausto e, finalmente,
morra para si mesmo. Além do tema do nazi-fascismo, controle e vigilância da mente e da alma,
“No Smoking” faz também um curioso mergulho nas associações simbólicas do
tabaco e fumaça associados à alma e consciência.
sábado, agosto 12, 2017
O pesadelo meritocrático e tecnognóstico em "Advantageous"
sábado, agosto 12, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A atual safra
de filmes independentes de ficção científica é estranha e incômoda.
Principalmente porque mostra mundo futuros que mais parecem hiper-reais
espelhos do presente. Em “Advantageous” (2015) não vemos futurologia, explosões
ou thrillers turbinados por efeitos especiais, marcas do gênero. Mas um futuro
próximo no qual finalmente as mulheres galgaram os postos de comando e
prestígio, porém dentro de uma implacável ordem meritocrática onde não se trata
mais de “a cada um de acordo com seu mérito” – só há duas alternativas: vencer
ou perder. Se perder, viver escondido nas ruas ou na prostituição. Se vencer, fazer
parte de uma elite cuja juventude e beleza é a marca do marketing pessoal do
sucesso. Ameaçada pela demissão por ser considerada “velha” demais, uma
executiva de uma clínica avançada de saúde e estética vê-se desesperada com o
futuro da sua filha numa sociedade sem escolas públicas e com desemprego em
45%. Sem saída, oferece-se como cobaia a
um novo produto da clínica: a total digitalização da mente para ser transferida
a um novo corpo jovem e belo. Um filme sobre identidade e escolhas. Filme sugerido pela nosso leitor Gerônimo Numinoso.
quinta-feira, agosto 10, 2017
Três didáticos casos de guerra híbrida e bombas semióticas que a esquerda finge não ver
quinta-feira, agosto 10, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Três didáticos
casos sobre o alcance da atual guerra híbrida que a esquerda parece fingir que
não existe, encastelada na sua “estratégia política” ao dar corda para o
desinterino Temer supostamente se enforcar: o porquê das panelas não baterem
mais; o “conto maravilhoso” do ex-executivo que virou sem teto; e a minissérie
da TV Globo “Sob Pressão”. Três pequenos casos exemplares de como as bombas
semióticas, mobilizadas pela guerra híbrida, constroem a atual mitologia
meritocrática que vige no País legitimando as reformas do ensino, trabalhista e
previdenciária – uma mitologia que não nega a realidade, mas a pontua através
da ficção, despolitizando o debate e normatizando a crise como fosse mais um
desses desafios que surgem em nossas vidas, somente superados pelo esforço
pessoal.
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